Salve o Ralph
Salve o Ralph

Salve o Ralph ou Save Ralph, ganhou a atenção em massa da internet logo que foi lançado, ao mostrar o simpático coelho Ralph, apresentando um pouco da sua rotina de “trabalho”, em um documentário bastante perturbador e instigante.

O curta-metragem de quatro minutos foi publicado mundialmente através do You Tube, no dia 6 de abril de 2021, sendo produzido totalmente em Stop-Motion por Spencer Susser (que também assina a direção), Jeff Vespa, Lisa Arianna.

Salve o Ralph é estrelado por um verdadeiro elenco de peso, contando com as vozes soberanas de Taika Waititi, Ricky Gervais, Zac Efron, Olivia Munn, Pom Klementieff e Tricia Helfer.

O curta foi recebido com aclamação por parte da crítica especializada, que elogiou o alto nível de detalhes e comparou os designs dos personagens com os do filme “O Fantástico Sr. Raposo de 2009, descrevendo-o como um filme “perturbador, comovente, manipulador e poderoso”.

No vídeo, que é dublado pelo ator Rodrigo Santoro na sua versão em português, o simpático coelho Ralph é entrevistado por uma equipe de filmagem para um documentário e apresenta sua rotina diária como “cobaia” em um laboratório.

Logo no início, ele já mostra algumas sequelas deixadas pelos testes absurdos a que é obrigado a se submeter, para que as pessoas possam utilizar seus produtos de beleza tranquilamente.

“Mas no final das contas, está tudo bem! fazemos isso pelos humanos.”

A produção faz parte da campanha #SaveRalph, idealizada pela Humane Society International (HSI), para conscientizar e proibir os testes em animais, fazendo uma abordagem inteligente e original, além de uma dura crítica (mais do que necessária) à indústria de cosméticos e a situação dos animais nos laboratórios em todo o mundo.

O vídeo ainda faz um apelo final:

“Nenhum animal deveria sofrer e morrer em nome da beleza.”

Vale muito a pena conferir, mas já adiantamos que apesar do visual ser incrivelmente rico em detalhes, e até mesmo “fofo”, o curta contém algumas imagens bem perturbadoras, e particularmente, não é apropriado para as crianças.

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Os testes realizados em animais, são utilizados como medida de segurança para que uma substância seja aprovada para o consumo humano.

Os produtos são geralmente cosméticos de beleza e higiene pessoal, mas podem ser também, remédios, pomadas, vacinas e até mesmo produtos de limpeza doméstica.

Os ensaios são feitos para se obter parâmetros sobre as reações danosas que um determinado produto pode causar ao organismo. Veja alguns exemplos de experimentos que são normalmente realizados em um laboratório desse tipo:

Teste Draize/Teste de irritação ocular

Geralmente feito em coelhos, o teste consiste em imobilizar e manter o olho do animal aberto para que seja possível pingar substâncias. Pode causar dor, vermelhidão nas córneas, inchaço, hemorragia ocular e cegueira.

Teste de irritação cutânea

As cobaias têm o pelo raspado e a pele levemente esfolada para receber o produto, são observados por dez a quinze dias consecutivos para concluir se existem danos na pele. Pode causar vermelhidão, coceira, irritação na pele, inflamações e queimaduras.

Teste de fototoxicidade

O pelo é raspado e o produto é aplicado, com a pele do animal sendo exposta aos raios ultravioletas. Esse teste tem a finalidade de saber se o produto em questão é perigoso para a pele se exposto ao sol. Pode causar vermelhidão, descamação da pele e queimaduras.

Teste de toxicidade

Os animais são forçados a ingerir o produto por meio de um tubo na boca que vai diretamente até o estômago. Geralmente são utilizados os macacos, por terem uma anatomia muito semelhante à do ser humano.

Pode causar dor, convulsões, diarréias, sangramentos e lesões internas. Mas o principal objetivo é levar o animal à morte, para se determinar qual a dose máxima que é suportável para o organismo.

Este ensaio é conhecido como DL50 (Dose Letal 50%), pois metade dos animais vão a óbito, o restante que sobreviveu é sacrificado.

A legislação vigente no Brasil

A campanha #SaveRalph é focada em 16 países prioritários, incluindo Brasil, Canadá, Chile, México, África do Sul e 10 nações do sudoeste asiático, onde os testes em animais ainda estão liberados.

Salve o Ralph
Imagem: Testes em coelhos/ Humane Society International

Mas a iniciativa está sendo levada para lugares que já estão com a proibição em vigor, como na Europa, onde autoridades tentam explorar brechas legais para continuar testando ingredientes em cosméticos, de acordo com a legislação química.

Os testes com animais no Brasil são definidos por meio da Lei 11.794, de 8 de outubro de 2008, cabendo à ANVISA apenas verificar a apresentação de dados que comprovem a segurança dos produtos que são registrados na agência.

Apesar da existências de selos internacionais que indicam que um produto não foi testado em animais, no Brasil a Abiphec, uma entidade que reúne fabricantes de cosméticos e produtos de uso pessoal, afirma que a informação não é obrigatória e vai da decisão de cada empresa.

O deputado federal Ricardo Tripoli (PSDB-SP), é autor de um projeto de lei há anos parado na Câmara que prevê, entre outros pontos, a obrigatoriedade de informar sobre testes em animais nas embalagens dos cosméticos.

Estados como o Amazonas, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo já têm leis que proíbem o uso de animais em determinadas indústrias.

Um dos casos que mais chamaram a atenção no Brasil, aconteceu em outubro de 2013, quando dezenas de ativistas invadiram o laboratório do Instituto Royal, localizado na cidade de São Roque, no estado de São Paulo.

Lá foram encontrados 178 cães da raça Beagle, sete coelhos e mais de 200 camundongos, além de diversos equipamentos e arquivos de pesquisa.

O Instituto teria recebido R$ 5,3 milhões da União para a criação, manejo e fornecimento de roedores e cães para serem utilizados em toxicologia pré-clínica para avaliação de segurança e periculosidade de novas moléculas candidatas à uso terapêutico.

O mesmo projeto contava com outro laboratório, localizado em Porto Alegre, dentro do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

O Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA), órgão de caráter normativo, consultivo, deliberativo, recursal e integrante do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, é o responsável pela elaboração de normas de utilização animal de forma humanitária para fins de pesquisa e ensino.

Além disso, o CONCEA também estabelece critérios para funcionamento e instalações de biotérios, centros de criação e laboratórios para experimentação animal, sendo necessário o credenciamento das instituições que realizam esse tipo de pesquisa.

Desde 26 de outubro de 2015, há um acordo de cooperação técnica entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e o Conselho Federal de Medicina Veterinária, que estabelece esforços conjuntos para o monitoramento das instalações nas instituições que mantêm ou produzem animais utilizados em pesquisa ou ensino.

O mesmo acordo também prevê a fiscalização da mão de obra envolvida na manipulação dos animais e o registro diário dos procedimentos realizados.

Salve o Ralph
Imagem: Salve o Ralph/ Reprodução

A importância de “Salve o Ralph” e da iniciativa do HSI

O diretor do curta-metragem Salve o Ralph, Spencer Susser levanta questões importantes sobre a iniciativa do Humane Society International:

“É muito importante que Ralph pareça real, pois ele representa os incontáveis animais que sofrem todos os dias… #SaveRalph será uma luz para os países que ainda fazem testes em animais, levando-os em direção ao futuro livre de crueldade animal que o público e os consumidores esperam.”

Segundo a HSI, o coelho é o animal que mais sofre com os testes realizados na indústria de cosméticos. Eles são amarrados pelo pescoço, tendo produtos cosméticos e seus ingredientes pingados nos olhos e na pele raspada das costas.

Os porquinhos da Índia e ratos também são usados como cobaias, com produtos químicos espalhados nas peles raspadas e nas orelhas. Os animais não recebem alívio da dor e são mortos no final dos testes.

Desde que o vídeo foi divulgado na internet, uma lista com marcas populares e que ainda testam em animais foi divulgada, com isso começou um movimento para que esses produtos não sejam mais comprados, até que essas marcas tomem uma providência quanto ao assunto.

Para identificar se um produto não faz teste em animais, o indicado é sempre se atentar ao seu rótulo, em que deve conter um selo cruelty free. Ao comprar, o indicado é sempre se atentar ao rótulo, que deve conter qualquer um destes logotipos:

Cruelty Free
Imagem: Selos Cruelty Free e Veganos/ Divulgação

Vale ainda prestar a atenção, se além das marcas, as próprias empresas às quais elas pertencem também seguem os mesmos princípios em suas fábricas.

Já existem muitas marcas veganas e cruelty-free no mercado, tanto nacional como internacional, que possuem produtos de altíssima qualidade.

Empresas como, Natura, Da Horta, Granado, Quem disse Berenice, Jequiti, L’aqua di Fiori, Água de Cheiro e Contém 1G, são algumas das que se comprometem a não fazer testes em animais.

Você que é favorável à causa, e deseja fazer algo a mais pela iniciativa, pode também deixar sua assinatura digital na petição criada pela Humane Society International em parceria com a ONG Te Protejo.

Além disso, é possível denunciar empresas que não adotam nenhum tipo de método alternativo de teste e são totalmente adeptas ao uso de cobaias, para o Conselho Nacional de Controle e Experimentação Animal (CONCEA).

E aí, o que achou do nosso conteúdo? Qual é a sua opinião sobre a importância de Salve o Ralph para a iniciativa contra os testes feitos em animais?

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