O filme “Senhor dos Aneis: A Guerra dos Rohirrim”, narrado por Éowyn, reconta a história de Héra, a filha do famoso Rei Helm Martelo-de-Ferro, quase dois séculos antes dos acontecimentos de Bilbo e Frodo. Héra é uma moça resoluta, que desafia as funções tradicionais de nobreza feminina ao aspirar a se tornar uma escudeira. Freca, tenta forçar um matrimônio político entre Héra e Wulf, um antigo amigo de infância. Helm se sentido ultrajado o desafia, e com um potente soco, acaba com a vida de de Freca. O élo que Rohan tinha com o povo das colinas foi quebrado com os homens das colinas, assim, selando o destino de Rohan.
Anos mais tarde, Wulf reaparece como comandante dos Dunlendings, agora uma força militar selvagem e estruturada. Simultaneamente, Héra percebe o começo de um movimento obscuro que prenuncia a ascensão de Sauron: orcs coletando aneis de corpos mortos.
A guerra deflagra. Depois de traições e perdas devastadoras, incluindo os irmãos de Héra, Helm comanda uma resistência desesperada, lutando com os punhos até congelar de pé — uma cena que se transforma em lenda.
Posteriormente Hera, planeja uma fuga de seu povo no castelo através da passagem secreta que descobriu. Porém, ela teria que ficar para trás para atrasar Wulf. Enquanto o Forte da Trombeta é cercado, Héra assume o papel principal: enfrenta Wulf em batalha, vence-o e salva a sua gente com bravura e sagacidade.
A sua vitória marca o começo de uma nova era em Rohan, onde Fréaláf assume a coroa, inspirado por ecos do heroísmo do passado.
O longa-metragem exalta a natureza rebelde de Héra, elevando as “mulheres de escudo” ao patamar de emblema de bravura. Finalmente, ela se liberta, encontrando Gandalf — uma conexão sutil para o que está por vir.
Direção de arte de Senhor dos Aneis: A Guerra dos Rohirrim
Senhor dos Aneis: A Guerra dos Rohirrim se destaca por seu estilo e estética que remete bastante obras japonesas, como por exemplo o traço da Studio Ghibli. Uma das primeiras coisas que chamam a nossa atenção, é a quantidade frames do filme, isso tirou um pouco da fluidez da animação, mas ao mesmo tempo a tornou mais orgânica. Daniel Falconer, o diretor de arte desse filme, publicou um livro sobre o trabalho artístico da arte do filme, prática bem comum de algumas produções voltadas à comunidade artística.
Vale ressaltar que a produção conta com a produção do estúdio Sola Digital Art, o mesmo que produziu “Rick and Morty” em 2024, e “Blade Runner: Black Lotus”. O trabalho explora bastante a perspectiva atmosférica, isso deixa as cenas com muito mais profundidade. Um exemplo disso, é logo no começo do filme, onde vemos Hera cavalgando em uma vasta planície rodeadas de montanhas.
Ademais, os conceituados artistas conceituais Alan Lee e John Howe, Eles contribuíram nas trilogias anteriores, “Senhor dos Aneis: A Sociedade do Anél”, “Senhor dos Aneis: As Duas Torres”, “Senhor dos Aneis: O Retorno do Rei”. voltaram para criar os designs do filme.
O trabalho conjunto com a Weta Workshop especializada em design conceitual e fabricação foi essencial para produzir uma obra verdadeiramente consistente. Dessa forma, podemos contemplar uma obra que resgata atmosferas dos filmes clássicos como Senhor dos Aneis de 1978, e uma estética moderna da cultura japonesa. Assim, o longa traz um sentimento de nostalgia e modernidade ao mesmo tempo.
Roteiro de Senhor dos Aneis: A Guerra dos Rohirrim
O roteiro adaptado de Senhor dos Aneis: A Guerra dos Rohirrim foi escrito por Phoebe Gittins, Arty Papageorgiou, Jeffrey Addiss e Will Matthews é rico e se destaca pelo mistério, terror e drama. Não dá para deixar de notar que essa trama tem bastante elementos em comum com Game Of Thrones.
Elementos emblemáticos como inverno rigoroso, mortos vivos, necromancia estão presentes em ambas as obras. Há algum motivo para justificar isso, ou é só coincidência? A verdade é que Inverno, mortos-vivos e necromancia são recorrentes em ambas as obras, pois são símbolos característicos da fantasia épica. Os dois escritores utilizam esses símbolos para abordar a ameaça iminente, o conflito entre vida e morte, e a vulnerabilidade da civilização. Diversas outras obras usam esse elementos como obstáculos contra o heroi. Por exemplo, filmes como “As Cronicas de Narnia”, e “A Lenda de Beowulf”.
A forma como cada roteirista somaram esforços para organizar esses eventos de uma forma bem adaptada para uma animação de 2h e 14m, evitou que a narrativa do filme se tornasse superficial, e rica em misticismo.
Elemento O Senhor dos Aneis Game of Thrones Significado Inverno rigoroso O frio vem do Norte e acompanha o avanço da escuridão O lema “Winter is Coming” marca a ameaça constante e mortal dos Caminhantes Brancos O inverno simboliza o medo do fim, da morte e da estagnação Mortos-Vivos Nazgûl, os Espectros do Anel e os mortos de Dunharrow White Walkers e wights, mortos reanimados por magia sombria São metáforas da corrupção, do medo da morte e da violação da ordem natural Necromancia Aspectos como animais cadavéricos e a ascensão de Helm como um monstro Os Caminhantes Brancos revivem os mortos para formar exércitos, e o rei da noite Representa o uso do poder para dominar a morte — um tabu universal
Em foi baseado em Senhor dos Aneis: A Guerra dos Rohirrim?
Não há um arco detalhando a guerra dos Rohirrim na trilogia de livros. No entanto, no volume 3, “O Senhor dos Aneis: O Retorno do Rei”, especificamente no arco “A Casa de Eorl” e também “A Segunda Era”, a história dessa guerra foi mencionada. Essa parte conta a história da linhagem dos reis de Rohan, incluindo Helm Martelo.
Ainda que não detalhado, eventos como, a invasão de Rohan pelos Dunlendings, o cerco ao Abismo de Helm, o destino trágico de Helm e como ele virou uma lenda, e a fundação simbólica do Abismo de Helm como fortaleza histórica. Posto isso, podemos notar que o filme expandiu bastante os eventos canônicos, em uma trama bem aprofundada.
Cronologia das Principais Obras de Senhor dos Aneis
“O Senhor dos Anéis” já possui várias adaptações animadas e cinematográficas, e cada uma delas são produzidas para envolver até o mais leigo com relação a esse universo. eventos. Para tudo ficar simples, pense em cada era como uma temporada séria, onde a contagem dos anos de cada uma se reinicia.
Senhor Dos Aneis: Aneis de Poder – Uma das obras mais populares atualmente é a série “Senhor dos Aneis: Aneis de Poder”, ela se passa na “segunda era” a partir de 1600 anos. E conta a relação de Sauron e os Elfos, e a importância disso para criar os emblemáticos aneis que permeiam toda a história. E em 3441 Sauron é derrotado pela união de humanos e Elfos marcando o fim da segunda era.
A Guerra dos Horririn – Essa guerra acontece na “Terceira Era” no ano de 2758
O Hobbit – 183 anos depois Bilhões é convocado por Gandalf, que podemos ver na Trilogia “O Hobbit”. Expedição à Montanha Solitária liderada por Thorin, Bilbo e Gandalf. Smaug é morto. Sauron é expulso de Dol Guldur. O Um Anel é encontrado por Bilbo.
O Senhor dos Aneis – 17 anos depois Bilbo passa o anel de Sauron para Frodo, e a mais icônica trilogia é contada, “O Senhor dos Aneis”. Frodo parte numa jornada até Mordor para destruí-lo, enfrentando perigos, tentações e a sombra de Sauron. Com a ajuda de Sam, ele cumpre a missão e põe fim à ameaça do Anel.
Em resumo, essa é a sequência cronológica das mais relevantes obras do universo de “Senhor do Aneis”. E uma das coisas mais interessantes do universo criado por J.R.R Tolkien, é que a cada breve passagem, conta uma história com margem para grandes Spin Offs. Por isso, a franquia é uma das mais ricas já criadas até os dias de hoje.
Melhores Cenas desse Filme
Acima de tudo, “O Senhor dos Aneis: A Guerra dos Rohirrim” é uma aventura épica retratada pela lente da ilustração de animação que rendeu cenas alucinantes. Como por exemplo, a traição de Lord Thorne, uma dos acontecimentos decisivos para o desfecho da trama. Outros cenas inesquecíveis no filme são:
Mûmakil contra o vigia da água: Quando Erra e Fréaláf estão cavalgando nas terras de Rohan, são surpreendidos por um elefante colossal, Mûmakil. Hera corre para a floresta, atraindo o monstro, e atira uma lança no meio de um lago. Em pouco tempo um Polvo gigantesco submerge da água, puxando o paquiderme e o engolindo inteiro com muita facilidade.
Uma morte gloriosa: Hera acha uma passagem secreta e eventualmente encontra seu país, que revela sua série de investidas solo, contra os homens de Wulf. Em um momento os dois se veem encurralados, e tentam voltar ao castelo. Helm se sacrifica por Hera, e luta durante um dia e uma noite contra o exército de Wulf, perdendo a luta para o inverno, e amanhecendo gloriosamente como uma estátua de gelo.
“Tudo por amor”: No último ato Wulf demonstra sua natureza covarde e desonrosa. Hera afirma que ele só irá herdar o trono, se derrotá-la em um combate. Relutante, ele não vê outra saída e os dois lutam. No fim, mesmo demonstrando piedade, Wulf não desiste de sua obsessão e Hera o mata, esmagando o pescoço de Wulf com um escudo.
Inegavelmente, as cenas desse filme são muito mais que sequências épicas de ação, são uma representação alegórica da coragem em tempos de desespero. Por exemplo, Éowyn joga o escudo de uma “shieldmaidens” para Hera. Esse escudo, que acompanhou as mulheres que foram para a guerra na defesa de Rohan, não sobrou mais nenhum de seus homens de pé.
Trilha Sonora de “Senhor dos Aneis: A Guerra dos Rohirrim”
O compositor canadense Howard Shore criou a trilha sonora de “Senhor dos Aneis: A Guerra dos Rohirrim”, juntamente com Stephen Gallagher. Shore possui um extenso histórico de contribuições na indústria cinematográfica. Álbuns de longas como, “O Silêncio dos Inocentes”, o “Aviador”, e “Ed Wood” foram compostos pelo canadense.
O músico também compôs para “Senhor dos Aneis” e o “Hobbit”, é por isso que as melodias deste filme se assemelham aos filmes clássicos. Além disso, Stephen Gallagher, o editor musical deste filme, também trabalhou nos filmes clássicos e preservou a identidade musical.
Um exemplo que ilustra bem esse compromisso com a identidade musical original da franquia é “Ride of the Rohirrim”. Composta por Stephen Gallagher, essa faixa evoca diretamente o estilo criado por Howard Shore na trilogia original. O uso de ritmos ritmos galopantes, evocando a sensação de avanço e bravura.
Esta canção, utilizada numa das sequências de combate no Forte da Trombeta, representa o legado de Helm, a bravura de Hera e a tradição guerreira do povo de Rohan. Por isso, esse álbum contribuiu substancialmente para manter a obra com o mesmo apelo dos filmes clássicos
Conclusão
“Senhor dos Aneis: A Guerra dos Rohirrim” foi uma das adaptações animadas mais prazerosas que já assisti. A estética do filme, os diálogos, e o ritmo elaboradamente acelerado nos prende em uma trama épica, mas ainda sim profunda.
“Você não busca uma aliança, você busca um trono”, essa frase pronunciada por Helm diz muito sobre a mensagem do filme. A arrogância do rei, trouxe a morte de seus filhos, o declínio do seu povo, e a quebra de uma aliança de décadas. A história do filme foi muito bem desenvolvida em cima de emoções como obsessão, fúria e arrogância. Por fim, espero que essa análise tenha contribuído de alguma forma para a sua percepção de “Senhor dos Aneis: A Guerra dos Rohirrim”. Até a próxima!