Passageiros
Passageiros/Teaser - Imagem: Columbia Pictures / Sony Pictures Entertainment

“Passageiros”, se passa em um futuro onde a Terra enfrenta um colapso ecológico, a nave Avalon conduz 5.000 colonos e 258 tripulantes em estado de hibernação para o planeta Homestead II, numa viagem que dura 120 anos. Em apenas 30 anos, um impacto com um asteroide avaria a nave, despertando o engenheiro Jim Preston de forma precoce. Ele passa um ano sem conseguir dormir e isolado, tendo apenas um barman android como companhia, até se deparar com Aurora Lane, uma escritora ainda em sono profundo. Arrasado pela solidão, Jim faz uma escolha polêmica: despertar-lhe, sem revelar a verdade.

Aurora, a princípio, pensa ter sido vítima de um engano, mas ao descobrir a verdade, fica furiosa e se distancia de Jim. Posteriormente, a tensão entre eles se atenua quando Gus, um oficial também acordado por um erro, revela que a nave apresenta danos significativos devido ao choque com o asteroide. Gus concede a Jim e Aurora acesso aos sistemas limitados da nave antes de morrer.

Em conjunto, eles lidam com uma crise no reator de fusão, onde Jim quase perde a vida ao tentar ventilar manualmente o plasma instável, mas Aurora o salva. Depois de restabelecerem os sistemas da nave, Jim oferece à Aurora a única cápsula de hibernação que funciona, porém ela opta por continuar ao seu lado, abraçando a vida que construíram juntos.

O final do filme mostra a tripulação acordando 88 anos mais tarde e se deparando com Avalon transformada em um paraíso vivo, repleto de árvores, pássaros e uma modesta cabana. Aurora registrou sua trajetória, demonstrando que, mesmo com a perda de um futuro assegurado, ela e Jim encontraram um objetivo: estabelecer uma nova existência a bordo, onde o amor e a bravura desafiaram o destino estabelecido.

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Roteiro do Filme

Jon Spaihts escreveu o roteiro desse filme, do zero. Inegavelmente, é nítido que o roteiro de “Passageiros” foi inspirado em conceitos que vem se popularizando cada vez mais. Por exemplo, iniciativas de colonização planetária por parte de empresas privadas, teoria do caos, e dilemas éticos e científicos. 

Proposta de nos imergir em uma trama tão complexa, é verdadeiramente forte. O dilema de “arrastar outra pessoa, para o mesmo problema que o seu, a fim de não se sentir sozinho”, explorada em obras como “Sunshine”, “O Poço”, e “A Caixa”, se mostra um conceito muito instigante. Mas, Jon Spaihts aborda isso de maneira mais restrita e focada nessa história. O roteirista escreveu bem uma trama conflituosa que trata em lidar com egoísmo, sobrevivência, solidão extrema e responsabilidade moral.

Direção de Arte e Cinematografia do Filme Passageiros

Dyas é o designer de produção do filme, também indicado ao Oscar por A Origem e O Destino de uma Nação (Passageiros foi outra indicação). Ele liderou a criação visual de “Passageiro”.

Um dos pontos mais fortes do filme são as cores vibrantes e o contraste enorme que as luzes causam. O filme consegue equilibrar bem iluminação quente, com cores avermelhadas e escuras. Um exemplo que ilustra bem isso, é a introdução do android Arthur juntamente com o seu cenário. O bar é um ambiente luxuoso, dourado, com tons quentes como vermelho, laranja e âmbar — remetendo a um conforto clássico, quase como um hotel art déco.

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As luzes são bastante difusas, isso realça bastante a sensação de acolhimento e segurança da na Avalon, e à medida que surgem defeitos na nave, as luzes começam a oscilar quebrando cada vez mais a harmonia da trama.

Além disso, o trabalho de Rodrigo Prieto também foi essencial para a construção do grande apelo visual que o filme apresenta. Em resumo, a sua abordagem é extremamente expressiva e emocional, balanceando a estética sci-fi com uma sensibilidade quase pessoal, particularmente nas cenas entre Jim e Aurora. 

Apesar da estética visual desse filme ser verdadeiramente deslumbrante, toda a estética vibrante e saturada expressa um ambiente positivo e sci-fi, será que o filme não poderia ter um apelo emocional ainda mais impactante se os valores e a arte tivesse seguido um caminho oposto? Durante o resto da análise você poderá observar diversos elementos que divergem bastante com a proposta do filme.

Cenas deletadas do filme Passageiros 

Na versão Blu-Ray do filme Passageiros, há algumas cenas que foram cortadas. Em suma, essas cenas aprofundam um pouco mais a relação entre Jim e Aurora. Além disso, expande um pouco as possibilidades dentro da nave Avalon. Alguma dessas cenas deletadas são:

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  1. “Sem novas bebidas”: Uma interação adicional entre os personagens no bar da nave.
  2. “Criador de memória”: Explora momentos de nostalgia e lembranças dos personagens.
  3. Petíscos e Coqueteis“: Mostra uma refeição compartilhada, destacando a tentativa de normalidade na situação incomum.
  4. “Beijo na cabine de fotos”: Uma cena romântica que aprofunda o vínculo entre os protagonistas.

Segundo o site Entertainment Tonight, os bastidores do filme revelaram que Jon Spaihts planejou um final bem mais sombrio. Nessa versão, durante uma falha crítica na nave Avalon, os sistemas da nave reiniciam prematuramente, resultando na ejeção das cápsulas de hibernação dos 5.000 passageiros restantes no espaço, levando à morte de todos eles. Esse desfecho enfatizava as consequências das ações dos protagonistas e adicionava uma camada trágica à narrativa.

Crítica 

Particularmente falando, a maior parte das críticas sobre esse filme realmente são coerentes. As opiniões giram em torno, não da história do Filme, escrita por Jon Spaihts, mas como foi mostrada. Por exemplo, o filme começa como ficção científica introspectiva e depois vira um romance leve ou até um thriller de ação, o que gerou confusão de tom. 

Uma obra que poderia ter um apelo dramático maior do que obras como “A Chegada”, “Perdido em Marte”, ou até mesmo “Interestelar”, se mostrou desperdiçada por uma série de decisões que atrapalharam a atmosfera introspectiva. 

Ao incluir, excessivamente, elementos de ação e romance, o filme perdeu muito impacto, diluindo em uma obra palatável para um público mais simples. Talvez isso tenha sido uma decisão comercial, mas ao ter optado por esse caminho a SONY perdeu a chance de marcar a indústria cinematográfica com uma das propostas mais profundas do cinema. 

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O resultado disso é que o filme desempenho bem entre o grande público por exemplo no IMDB, alcançando 7/10 estrelas em uma escala de 473 mil votos. Por outro lado, o filme não se posiciona ao lado de grandes referências no gênero de ficção científica e drama.

Curiosidades por Trás do filme Passageiros

Muito além de sua trama futurista e dilemas morais, Passageiros (2016) esconde uma série de detalhes interessantes que passaram despercebidos por muitos espectadores. No filme “Passageiros”, há diversas curiosidades. Por exemplo, a voz da inteligência artificial da máquina médica da nave Avalon foi dublada pelo próprio roteirista/criador da história do filme, Jon Spaihts. Algumas outras curiosidades por trás dessa produção são:

Referência a “O Iluminado”: O cenário do bar, no qual Jim sempre recorria apoio emocional a Arthur, muito se assemelha ao bar clássico presente no filme “O Iluminado”. Em ambos os filmes, os bartenders usam smokings vermelhos.

Melhor roteiro de 2007: A Black List é uma lista anual que reúne os melhores roteiros de Hollywood. Em 2007 o roteiro de “Passageiros” conquistou seu espaço nessa lista.

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Escala para protagonizar o filme: Um dos atores que foi cogitado para o papel de Jim, foi Keanu Reeves 

Folclore arturiano: “Avalon” é uma ilha lendária associada ao descanso eterno e à imortalidade nas lendas arturianas — uma metáfora sutil para a promessa de uma nova vida no planeta-colônia.

Ao mergulhar nos bastidores de Passageiros, percebemos que sua narrativa vai além do romance espacial, explorando camadas de referências culturais. Dessa forma, decisões criativas ousadas e detalhes que conectam a obra a um imaginário coletivo mais amplo, da ficção científica aos mitos clássicos.

Trilha sonora do filme

Thomas Newman, o compositor que recebeu 14 indicações ao Oscar, foi o músico que produziu a trilha sonora de Passageiros. O músico já produziu músicas para grandes sucessos como “Procurando o Nemo”, “Wall-E”, “Histórias Cruzadas” “007 Operação Skyfall”, e “Elementos”. 

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Em geral, o álbum desse filme é caracterizado por melodias eletrônicas, que remete bem ao universo Sci-fi. O sentimento que elas provocam é de algo contemplativo. Esse álbum é marcado por uma abordagem atmosférica que evoca a vastidão do espaço e o conflito moral de Jim.

Newman utilizou elementos sonoros sutis e estruturas minimalistas para criar uma ambientação que complementa bem a narrativa do filme. Por exemplo, a música “Rate 2 Mechanic”, ilustra muito bem o que foi falado.

Dessa forma, em vez de buscar grandiosidade sonora, o compositor apostou em sutilezas que traduzem o silêncio do espaço e a complexidade ética das escolhas humanas. O resultado é uma experiência sonora que não apenas acompanha o filme. Mas o aprofunda, provando que, no cinema, a música pode ser tão reveladora quanto as imagens.

Conclusão

“Uma vida para ser vivida com outra pessoa não é uma vida desperdiçada.” Essa frase encapsula o cerne de Passageiros: a solidão como ameaça silenciosa, o amor como escolha e o peso das decisões quando ninguém mais está olhando. Ao final, o filme nos convida a refletir não apenas sobre o futuro da humanidade no espaço. Mas, sobre o que torna a vida, em qualquer lugar do universo, verdadeiramente significativa.

Em última análise, “Passageiros” tem uma história incrível, que poderia ser contada de uma forma melhor. Espero que essa análise tenha sido útil para você de alguma forma. Continue acompanhando a Proddigital Pop, e até a próxima!

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