Nosferatu
Nosferatu - Imagem: Focus Features/Studio 8

Nosferatu, inicia com Hutter, agora recém casado com uma bela jovem chamada Ellen, tem um bom emprego de agente imobiliário, e vive uma boa vida na cidade de Wisborg. A garota vem tendo sonhos mórbidos a dias, e acredita que isso pode ser um mau presságio. Um dia seu estranho chefe, Knok, o convoca para direcioná-lo a um novo cliente valioso e com muito poder aquisitivo, que deseja comprar uma residência em Wisborg. Ellen, de forma relutante, concorda com a ideia do marido viajar para Transilvânia a fim de fechar o acordo.

O agente imobiliário parte em seu longo caminho até a o castelo. Antes de escurecer, Hutter encontra um pequeno povoado, de ciganos, e lá pede um lugar para repousar. Ele fala aonde quer chegar e todos se assustam, pois temem a figura que habita no castelo. 

À noite, Hutter acorda com uma movimentação estranha lá fora, os ciganos estão lavando uma jovem em cima de um garanhão, um tipo de ritual. Hutter segue o grupo sem ninguém vê, o grupo para e reza para que a garota seja levada como oferenda para a figura do castelo. Após uma noite assombrosa, Hutter acorda em sua cama, percebendo que todos da noite passada desapareceram.

Enquanto isso, Orlok viaja para Wisborg a bordo de um navio infestado de ratos portadores da peste, causando devastação na cidade. Ellen começa a sofrer visões e ataques misteriosos, levando o Dr. Sievers a buscar ajuda de um cientista ocultista, von Franz, que identifica Orlok como um Nosferatu. Com a praga se espalhando e Orlok ameaçando destruir Wisborg, Ellen percebe que ape

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Sacrificando-se, Ellen seduz Orlok e o mantém ocupado até o amanhecer, quando a luz do sol o destroi. Com a morte do vampiro, a cidade se liberta da praga, mas Ellen também perece nos braços de Thomas.

Direção do Filme Nosferatu

Robert Eggers esteve à frente desse longa metragem, e para entender melhor a forma como o cineasta trabalha podemos levar em conta os seus trabalhos anteriores. Como por exemplo, “A Bruxa” e o filme “O Farol”, são obras que conectam o sexualismo à pulsão de morte e a transgressão. Essas produções foram os dois últimos lançamentos do diretor até então.

Eggers parece ter preservado essa essência em Nosferatu, e isso tornou o filme bem diferente do esperado. Antes que você diga que são ideias sem sentido, a ligação entre desejo e a morte foi amplamente trabalhada pelo filósofo Georges Bataille. E desde o final do século XIX até as primeiras décadas do século XX, esses conceitos geram discussões e polêmicas. São conceitos tão latentes nos filmes de Eggers, sobretudo nessa produção, que se assemelha demais com algumas teorias presentes no livro “Erotismo”.

Em Nosferatu, o cineasta conseguiu trabalhar o desejo reprimido nos personagens e a transgressão através da morte. Dessa maneira, ele construiu uma narrativa profunda e desconfortável para o público. É difícil definir se isso é bom ou ruim, a palavra que descreve bem esse filme não é terror, não é gore, é desconforto e espanto.

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O trabalho de Robert Eggers foi excepcional se o que ele queria, era causar desconforto no espectador. Não superou o clássico de 1922, mas também não ficou muito abaixo, ficou diferentemente bom. Portanto, acredito que essa nova versão vai contribuir muito para alavancar a carreira do cineasta, e conquistar ainda mais entusiastas do cinema gótico.

Crítica Sobre Nosferatu

Algumas cenas no filme são um pouco desnecessárias, como por exemplo a cena da assinatura. Porque, a música de fundo, a expressão de Hutter projetam uma sensação de tensão para algo simples e trivial. A obra como um todo é impactante. Contudo, o filme peca pelo excesso de erotismo, como de costume dado o histórico de produções dirigidas por Robert Eggers. O apelo excessivo para a sexualidade marca as principais obras de sua filmografia. Como por exemplo, “O Farol”, “A Bruxa”.

Além disso, esperava que o design do conde Orlok fosse mais fiel à versão de 1922. Em outras palavras, o figurino ficou muito caprichado, mas a aparência de Orlok de 1922 é o principal elemento que eternizou o personagem na cultura pop. Esses foram os únicos pontos baixos do filme, ao meu ver.

Os pontos fortes vão desde a fotografia, até o roteiro adaptado. Os efeitos visuais do filme, são muito bem feitos, como a cena em que a sombra da mão do conde Orlok paira sobre a cidade de Wisborg. A troca de foco para dar ênfase a objetos do terceiro ao segundo plano também é um ponto forte.

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Nesse sentido, o conceituado diretor de fotografia, Jardim Blaschke, fez um trabalho excepcional. O filme tem uma facilidade imensa em guiar a nossa visão para elementos importantes da narrativa, como a transição do close up da cara de Hutter para o contrato que estava prestes a assinar. 

A cinematografia de Nosferatu juntamente com o roteiro trouxe um tom ainda mais alinhado com o gênero de terror, góticos, e suspense, se comparado a versão de 1922. Portanto, esses elementos dão potencial para tornar o filme bem quisto pelo público e pela crítica, ao passar dos anos.

Diferenças Entre a Primeira e a Segunda Versão

Percebi que umas das maiores mudanças do primeiro filme para essa nova versão, é o tom. O primeiro filme “Nosferatu, uma Sinfonia do Horror” apela para alívios cômicos, e apesar de ainda ter uma atmosfera sombria, as cenas não eram tão carregadas de suspense, quanto o novo filme dirigido por Robert Eggers.

A pousada: 

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  • Na Primeira Versão, o agente imobiliário resolve parar em uma pousada. Em um certo momento ele menciona o nome Orlok e todos ficam espantados, dão um livro sobre vampiros para o rapaz. Mas, o mesmo segue seu caminho, cetico. Antes de chegar ao castelo, não quer mais prosseguir, o obrigando a ir a pé.
  • No segundo filme, Hutter a caminho do castelo do conde encontra uma vila de ciganos que conhecem e temem o nome Orlok. Naquela noite eventos macabros acontecem, e na manhã seguinte, tanto o povoado de ciganos quanto o seu único cavalo sumiram misteriosamente. Por isso, ele segue a pé.

Chupada no dedo:

  • Na primeira versão, Hutter está preparando seu lanche na mesa de refeição, no lar do Conde Orlok. Ele corta o dedo e, descaradamente, o vampiro começa a lamber o sangue que escorre.
  • Na segunda versão, acontece o mesmo incidente. Mas, ao invés de vermos Orlok chupando o dedo do agente imobiliário.

Prof. Albin Eberhart, o alquimista:

  • Na primeira versão, não há personagens importantes que ajudam Hutter e Ellen, contra Orlok
  • Na nova versão, Prof. Albin Eberhart se compromete em encontrar Orlok a fim de destruir a raiz de todo mal.

Essas foram algumas diferenças do filme dirigido por Friedrich Wilhelm Murnau e o filme dirigido por Robert Eggers. Portanto, os dois filmes tem suas qualidades e merecem o devido reconhecimento.

Curiosidades do  Filme Nosferatu

Para os fãs de Orlok, cada aspecto meticuloso soma para formar uma produção cinematográfica inesquecível. Desde a atuação incrível de Bill Skarsgård, a belas locações, o filme aborda de uma forma marcante a jornada de Hutter e Ellen. Confira algumas curiosidades que tornam essa releitura um dos melhores clássico do cinema:

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Bil Asgard afetado por Orlok: O ator disse que quer fazer um papel tão macabro quanto o do personagem conde Orlok, exigiu muito de seu emocional. Além disso, exigiu muito de sua capacidade de interpretar, pois a quantidade de próteses usadas em seu figurino também dificultaram suas expressões.

Versão estendida: A versão em Blu Ray de Nosferatu possui 4 minutos de cena, a mais que a versão lançada nos cinemas.

Locais: A obra foi filmada em Praga, por isso, a arquitetura que vemos no longa foi inspirada na cidade. De fato, foi um elemento que remete ao período medieval que permeia o filme.

Reconhecimento ilustre: O cultuado diretor Chris Columbus, foi um dos produtores do filme, e destacou o desempenho incrível de Bill Skarsgård. 

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Castelo de conde Orlok: Algumas cenas foram filmadas dentro do castelo Rozmitál. A paleta de cores e o tom de luz e sombras adaptados pela edição, tornou o castelo de Orlok um perfeito covil trevoso.

Essas foram alguns fatos interessantes que rodeiam a produção do filme. Se formos pesquisar, encontraremos inúmeras curiosidades sobre o longa-metragem Portanto, isso nos dá a ideia do nível de compromisso do diretor em fazer dar certo esse projeto.

Melhores Cenas do Filme Nosferatu

“Nosferatu” rendeu diversas cenas marcantes, e ricas em terror psicológico. O filme tem uma estética incrível, de fato, um prato cheio para os entusiastas do cinema gótico. Cenas viscerais, sombrias, e trágicas compõem uma trama familiar para quem assistiu “Nosferatu, uma Sinfonia do Horror”, porém diferente, com uma atmosfera ainda mais séria e obscura. Algumas das melhores cenas do filme são:

Recepção dos ciganos: Quando Hutter parte para a Transilvânia, resolve parar em uma vila de ciganos para passar a noite. Nessa noite, eventos sobrenaturais acontecem e ele repentinamente desperta em sua cama. Essa cena é uma amostra da intenção do diretor em fazer um filme gótico de época. As últimas obras que assisti, que apresentaram uma cenografia tão bela assim foi em “O Lobisomem” é “A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça

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Nupcial sangrenta: No último ato, na terceira e última noite, Orlok aparece no quarto de Ellen para consumar seu pacto com a jovem. Ele começa a despi-la e se aproveita de seu corpo e seu sangue. Ellen consegue encantá-lo até o raiar do sol, os primeiros feixes de luz batem na pele de Orlok, o mesmo começa a vomitar sangue e sangrar por todos os orifícios do corpo. Por fim, Ellen não resiste a noite nefasta que e morre, juntamente com o vampiro por cima de seu corpo.

Nosferatu ofereceu cenas incriveis e teatrais, apesar de explorar desnecessariamente cenas de sexo explicito. Portanto, essa releitura do clássico de 1922, tem um bom ritmo e não é cansativo pois os intervalos entre as cenas de ação são curtos, e possui cenas ricas em qualidade.

Trilha Sonora de Nosferatu

A trilha sonora de Nosferatu, composta por Robin Corolan. As faixas deste álbum são um ponto forte do filme. Se destacam por compassos lentos, e melodias suaves. Uma das faixas que podemos destacar é “Once Upon A Time” tocada, geralmente, quando Ellen recebia Orlok em seus sonhos. Ela tem o mesmo estilo das melodias produzidas por caixinhas de música. O acompanha as cenas de Ellen dormindo e dá às cenas um tom lúdico e sinistro. 

É por meio desse som que as memórias, do pacto de Ellen e Orlok, começam a surgir. Melodias de Caixinhas de músicas eventualmente são usadas em filmes de terror, pois além de remeterem a memórias de infância. Além disso, são sons inquietantes e repetitivos que no contexto certo podem reforçar um clima assombroso. Podemos ver essa técnica em filmes como “Invocação do Mal”, “Annabelle”, “Mama”, entre vários outros filmes.

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Outro exemplo de como a trilha sonora ajuda a nos imergir mais na trama é quando ouvimos “Herr Knock”. Na cena em que Knok está no centro de um pentagrama invocando o nome de Orlok, essa música é tocada, e a medida que a câmera se aproxima do personagem o tom da música aumenta, tornando a cena sufocante. Em última análise, a trilha sonora de Nosferatu contribui fortemente para nos envolver na história.

Conclusão

“Professor, meus sonhos ficam mais sombrios. O mal vem de dentro de nós ou de fora?” – Nosferatu. Essa pergunta, levantada por Ellen quando estava sendo importunada por Orlok, nos convida a refletir sobre o que há dentro de cada um de nós. Orlok representa como: Cobiça: Desejo por algo que pertença a outros – Possessão: Vontade de controlar tudo e todos – Opressão: Repreender tudo que vai contra nossa vontade. Todos esses conceitos estão presentes em cada um de nós, pois são desejos que nascem a partir da inveja, medo, e raiva. 

Particularmente, acredito que o filme seja um convite para observar tudo que está reprimido em nós mesmos. Assim, uma vez que Alle, Hutter, e Professor Albin reconheceram o que significava todo aquele mal que assolava Wisborg, puderam repreendê-lo através da razão

Essa foi mais uma análise, espero que tenha expandido a sua perceção sobre Nosferatu. É um filme gótico incrível, e que tem um potencial gigante de se perdurar ao longo dos anos na cultura pop. Até a próxima!

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