“Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes” começa com Edgin Darvis, antes de ser preso, integrou os Harpistas até perder sua esposa para seguidores de um Mago Vermelho. Com sua filha Kira e a parceira Holga Kilgore, começou a viver de furtos ao lado do feiticeiro Simon, do trapaceiro Forge e da maga Sofina. Edgin buscou a Tábua do Despertar para trazer sua esposa de volta durante uma invasão, porém foi preso junto com Holga, enquanto os outros conseguiram fugir.
Após dois anos, eles escapam da prisão e descobrem que Forge ascendeu ao cargo de Lorde de Neverwinter, usando Kira contra seu pai. Sofina é revelada como uma Maga Vermelha, encarregada de sua captura. Ao ordenar a execução da dupla, Kira e Forge fogem e decidem resgatar Kira e desmascarar Forge. Para isso, eles convocam Simon e a druida.
A missão requer o Elmo da Disjunção, um artefato mágico que o paladino Xenk Yandar manteve em sua posse após escapar de Thay, território controlado por Szass Tam e seu exército de mortos-vivos. Após pegarem o elmo, Xenk exige que Edgin utilize qualquer recompensa em prol do povo.
Embora Simon tenha dificuldades em controlar o Elmo, o grupo opta por usar um cajado de teletransporte para arrombar o cofre de Forge. Contudo, são obrigados a lutar nos Jogos do Sol Alto. Ao fugirem, descobrem que Sofina pretendia converter a multidão em mortos-vivos. Com astúcia, dispersam a riqueza de Forge pela cidade, esvaziando o estádio antes que a magia se completasse.
Simon ultrapassa suas próprias limitações e, com o auxílio de Kira, neutraliza a magia de Sofina, vencendo-a. Holga, gravemente ferida, é trazida de volta à vida por Edgin com a Tábua do Despertar, representando a nova família que construíram. Enquanto Forge acaba encarcerado em Revel’s End, o grupo é aclamado como heroi.
Direção de Dungeons And Dragons: Honra Entre Rebeldes
O filme “Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes” foi dirigido pela dupla Jonathan Goldstein e John Francis Daley. Os dois profissionais já tinham uma carreira promissora com roteiro e direção em filmes de comédia. Por exemplo, a dupla dirigiu outros filmes de sucessos como “A Noite do Jogo”, “Quero Matar Meu Chefe”, e “Férias Frustradas”. Além disso, a dupla contribuiu para o roteiro de “Homem-Aranha: De Volta ao Lar”.
Em “Dungeons And Dragons: Honra Entre Rebeldes”, o humor foi bastante trabalhado, o timing das piadas são precisos. Por exemplo, na cena em que Edgin e Holga fogem agarrados a um pássaro gigante, o público acompanha a fuga caótica acreditando que se trata de uma situação de vida ou morte. Em seguida, o juiz declara que os absolveria dos crimes, convertendo a tensão em risos. Esse contraste evidencia como o filme controla o timing cômico, aproveitando a expectativa do público para entregar a piada no momento perfeito e equilibrar ação e humor de maneira orgânica.
Outros pontos fortes do filme é o figurino. A figurinista foi Amanda Monk conseguindo expressar o estilo clássico dos RPGs sem tornar os personagens caricatos ou rebuscados. E não dá para deixar de mencionar os efeitos visuais alucinantes do filme. Dan Seddon supervisionou os efeitos visuais de “Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes”, com contribuições de estúdios como ILM e MPC Film.
Sob sua direção, o filme apresentou criaturas memoráveis, como o dragão Themberchaud. Além disso, magias vibrantes, se harmonizam com os cenários reais. Há muito mais para ser destacado nesse filme, o filme é divertido, tem uma boa trama, e é esteticamente impactante.
Easter Eggs de Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes
Uma das coisas mais impressionantes de “Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes”, é a quantidade de Easter Eggs trazida dos jogos clássicos. Por exemplo, o selo de Mordenkainen que bloqueia a porta do tesouro no filme. Mordenkainen é um dos magos mais poderosos da série de jogos clássicos. Outros detalhes incluídos nesta adaptação são:
Urso coruja: Uma das criaturas clássicas e originais de Dungeons & Dragons é o urso-coruja (Owlbear). Ele fez sua estreia na edição de 1975 do jogo, baseado em miniaturas de monstros japoneses que Gary Gygax (um dos criadores de D&D) usava em suas mesas.
Cenários trazidos de D&D: Cenários extraídos diretamente do lore dos Reinos Esquecidos, o cenário mais popular de D&D. Neverwinter já é conhecido nos videogames e jogos de mesa, e Revel’s End é uma prisão apresentada em suplementos recentes.
Dunchalcor, e armas mágicas: No último ato, Holga toma posse de um machado incandescente de fogo. Essa arma forjada por anões, é um dos itens mais icônicos dos jogos.
Caverna do Dragão: Durante os Jogos do Sol Alto, surgem aventureiros trajados de maneira idêntica aos personagens principais da série animada Caverna do Dragão (Dungeons & Dragons, 1983). Ao término do filme, não foi esclarecido se eles conseguiram escapar ou se foram mortos na arena.
Esses foram alguns dos inúmeros elementos trazidos dos jogos clássicos. De fato todos esses easter eggs provam o compromisso que os diretores tiveram com o universo de D&D. Portanto, essa atenção com detalhes mínimos é uma das melhores coisas da adaptação.
Comparação com outras versões
No final de “Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes” vemos que personagens da série animada Caverna do Dragão aparecem. Muitos não sabem, mas a série animada, produzida pela Marvel Studios, TRS, e Toei, é baseada diretamente no universo de D&D. Além disso, há outras adaptações cinematográficas de D&D, que não se popularizaram tanto, algumas delas são:
Dungeons & Dragons – A Aventura Começa Agora: A trama desse filme gira em torno de Savina, uma feiticeira, que usa seus poderes em prol do bem. Ela perde sua liderança para um necromante. Após isso ela busca se aliar com dragões para derrubar o tirano.
Dungeons & Dragons 2 – O Poder Maior: Malore e Berek partem com uma missão, impedir que Damodar domine o mundo. O mago diabólico se tornou um perigo após se apossar de uma orbe mágica com energia poderosa.
Dungeons & Dragons: The Book of Vile Darkness: Essa versão cinematográfica de D&D conta a história de um guerreiro que perde seu pai para um Dragão. Porém, o guerreiro une uma equipe a fim de resgatar seu pai.
Todas essas versões, apesar de criativas, não foram bem recepcionadas pela crítica. “Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes”, foi a única versão bem adaptada do game. Vale ressaltar que histórico de adaptações de baixa qualidade, pode ser um dos fatores que atrapalham a bilheteria desse filme.
Orçamento e bilheteria
Quando se fala de bilheteria de “Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes” você deve pensar que o filme foi um dos maiores sucessos comerciais do ano. Essa sensação é causada, possivelmente, pela marca forte que se consolidou na indústria de games. Porém, o filme arrecadou US$ 208 milhões. Isso não foi uma receita esperada, levando em conta o seu custo, estimado em US$ 150 milhões.
Para ser justo, Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes esteve em cartaz durante o mesmo período de filmes de grande sucesso como “John Wick: Baba Yaga“, Super Mario Bros. e Creed III, lidando com uma concorrência acirrada. Embora tenha sido considerado um dos melhores filmes de 2023, recebendo críticas e respostas do público muito positivas, a arrecadação não correspondeu às expectativas. Isso torna mais difícil a possibilidade de uma sequência no futuro próximo.
Crítica
Apesar de não ter se tornado um sucesso comercial, Dungeons & Dragons foi muito bem recebido pela crítica. Os pontos mais elogiados do filme giram em torno da direção de arte, design de produção, e fidelidade aos jogos clássicos. O reflexo disso tudo está em grandes portais como IMDB, lá o filme 7.2/10 estrelas.
“Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes”, apesar de ter um tom satírico conseguiu trabalhar bem os conflitos internos de cada personagem. A relação entre Edgin e Kira, mostra que o filme é mais do que um show de comédia. A forma como os dois têm a relação quebra é um dos núcleos principais que apontam para o desfecho do filme. Só após uma longa jornada de construção e desconstrução, a equipe toda alcança a sua redenção. O desenvolvimento da trama é um dos pontos que mais cativa, e torna esse filme uma das melhores adaptações de RPG do cinema.
Melhores cenas de Dungeons And Dragons: Honra Entre Rebeldes
Uma das maiores qualidades de Dungeons & Dragons; Honra Entre Rebeldes é a direção de arte. Isso possibilitou a criação de cenas deslumbrantes. Por exemplo, ao chegarem à cidade subterrânea, Edgin e seu grupo são recebidos por uma atmosfera visual impressionante: sombras profundas e misteriosas contrastam com os tons frios de azul e verde, iluminados por luzes douradas. A disposição em planos abertos enfatiza a pequenez dos heróis frente às enormes galerias e pontes suspensas, acentuada pela perspectiva arquitetônica que direciona o olhar para o infinito. Trata-se de uma cena que captura de maneira perfeita o espírito de exploração e grandeza característico de uma campanha de D&D. Algumas das outras cenas mais incríveis do filme são:
Themberchaud, o dragão obeso: Ao chegarem emuma parte ainda mais profunda de Underdark. Edgings e os outros são surpreendidos por assassinos thayanos enviados por Sofina. MAs tudo fica ainda pior quando a confusão desperta uma dragão colossal e obeso. A cena se destaca pelo realismo do monstro e pela cinematografia bem elaborada.
Caverna do Dragão: Uma das maiores surpresas do filme foi ter incluído os principais personagens de caverna do dragão, nos jogos do sol. Presto, Hank, Eric, Diana, e Bobby foi a penúltima equipe a ser eliminada. Mas o pouco tempo que aparecem, roubam totalmente a atenção.
Batalha contra o necromante: Todos os RPGs de mesa tem um evento em comum, um necromante poderoso. A batalha final contra Sofina é um exemplo de referência aos jogos de tabuleiro.
A combinação de cenários grandiosos, ação dinâmica e pequenos detalhes do mundo vivo cria uma experiência imersiva que transcende o mero espetáculo visual, fazendo com que cada descoberta e desafio parecem genuinamente parte de uma campanha épica, pronta para ser explorada em cada nova sessão.
Vai ter continuação?
Até o momento não há nenhum pronunciamento da Paramount de uma possível continuação de “Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes”. Porém o próprio roteiro do filme deixou pontas soltas para uma possível sequência. Por exemplo, embora a feiticeira Sofina tenha sido derrotada, o culto dos Magos Vermelhos de Thay continua ativo, indicando a possibilidade de uma ameaça ainda mais grave.
Além disso, há notas oficiais que confirmam os planos da Hasbro em expandir o universo de Dungeons & Dragons por meio de uma série live-action. Inicialmente desenvolvida para a Paramount+, a produção foi cancelada em 2024, passou por reformulação criativa e agora está sendo relançada com a Netflix como plataforma parceira.
Trilha sonora de Dungeons And Dragons: Honra Entre Rebeldes
A trilha sonora de “Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes”, foi composta por Lorne Balfe. Esse músico já produziu álbuns para grandes sucessos como, por exemplo, “Tempestade Planeta em Fúria”, “Bad Boys Para Sempre”, e “Top Gun: Maverick”. Em suma, o álbum dessa adaptação, não demonstrou um estilo tão coerente com um conto medieval.
Um exemplo é a faixa “Journey to Neverwinter”, que usa arranjos grandiosos de orquestra lembrando o cinema de aventura moderno. Mas, não recorre a instrumentos típicos medievais como alaúdes, violas, harpas e flautas barrocas, que poderiam remeter mais diretamente ao universo clássico da fantasia medieval.
O único ponto desse filme que, inegavelmente, poderia ser melhor é a trilha sonora. Pouco ouvimos músicas genuinamente medievais. Balfe utiliza temas grandiosos com metais, cordas e percussão intensa para dar a sensação de aventura clássica, em sintonia com o espírito de campanhas de RPG. Acima de tudo, D&D é um universo medieval épico, e essa atmosfera poderia ser realçada principalmente pelas músicas, o que não foi feito.
Conclusão
Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes se sobressai pelas suas coreografias de combate impecáveis, notadamente no emocionante confronto final contra Sofina, que mescla uma ação intensa com uma narrativa clara. Ademais, o filme emprega de forma magistral os elementos e as regras do jogo clássico, integrando feitiços, itens e táticas típicas de RPG para entrelaçar a narrativa de maneira cativante.
No final das contas, essa adaptação não se sustenta apenas pelo espetáculo visual, mas principalmente por sua representação sensível de família, amizade e união, evidenciando que a verdadeira força dos heróis reside nos vínculos que formam ao longo da jornada. Uma aventura que diverte, toca o coração e exalta o espírito de cooperação do universo D&D. Até mais!