Em Distrito 9 (2009), uma nave alienígena surge sobre Joanesburgo, África do Sul, em 1982. Dentro dela, encontra-se uma população extraterrestre debilitada, apelidada de “camarões” devido à aparência. Incapazes de partir, são realocados para um campo de refugiados improvisado chamado Distrito 9, que, com o tempo, torna-se uma favela superlotada e violenta. A corporação privada MNU (Multi-National United) assume o controle, mas seu interesse real é explorar a tecnologia alienígena, utilizada apenas por indivíduos com DNA das criaturas.
Wikus van de Merwe, funcionário administrativo da MNU, é designado para liderar uma operação de remoção dos alienígenas para o mais isolado Distrito 10. Durante a missão, encontra Christopher Johnson, um alien que há anos coleta um fluido essencial para ativar a nave de comando. Ao manipular o recipiente, Wikus é exposto ao fluido e começa a sofrer uma mutação que transforma parte de seu corpo em anatomia alienígena.
Capturado pela MNU, ele descobre que seu DNA híbrido permite operar armamentos alienígenas. A corporação decide usá-lo como cobaia, mas ele escapa e busca refúgio no Distrito 9. Desesperado por uma cura, procura Christopher, que promete ajudá-lo caso possa partir com a nave para a nave-mãe e retornar com auxílio em três anos. Wikus ajuda a recuperar o fluido da MNU, mas, no processo, percebe a urgência de salvar Christopher e seu povo.
No clímax, Wikus usa um exoesqueleto alienígena para enfrentar os mercenários da MNU e garantir a fuga de Christopher e seu filho. Ferido e em transformação completa, ele é deixado para trás. Christopher promete voltar para curá-lo. O filme encerra com o Distrito 9 demolido e os aliens no Distrito 10, enquanto um alien anônimo, sugerido ser Wikus, fabrica uma flor metálica, sinal de que sua humanidade persiste.
Direção do filme Distrito 9
“Distrito 9” foi dirigido por Neill Blomkamp, esse foi o primeiro longa-metragem dele. Além disso, a produção do filme incluiu Peter Jackson, diretor de “O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel”. “Distrito 9”, nasceu a partir de um curta-metragem que o próprio Blomkamp havia feito em 2005 chamado Alive in Joburg, que explorava a ideia de alienígenas vivendo como refugiados em Joanesburgo.
Blomkamp optou por fazer um filme em formato de documentário, tornando nossa conexão com a trama muito mais íntima e envolvente. Por exemplo, logo no início do filme conhecemos a casa, a esposa, e os colegas de trabalho de Wikus.
O cineasta já havia usado esse estilo de documentário no curta “Alive in Joburg” (2005), que serviu como base para o longa. No curta, Blomkamp misturava entrevistas falsas, imagens de arquivo e câmera de mão para falar de aliens vivendo em Joanesburgo, exatamente a mesma estética que ele levou para o filme, só que expandida e com orçamento de estúdio.
Além disso, o CGI, supervisionado por Dan Kaufman, coordenou o trabalho de integrar as criaturas e a tecnologia alienígena às filmagens reais. Já a direção de arte digital e parte do design das criaturas vieram da colaboração entre a Weta Digital e a equipe de Neill Blomkamp, que já tinha experiência com estética “sci-fi suja” vinda de seus comerciais e curtas.
Em que foi baseado Distrito 9
O curta-metragem Alive in Joburg (2005), de Neill Blomkamp, serviu de inspiração para o filme Distrito 9. Nele, alienígenas são retratados vivendo como refugiados em Joanesburgo, utilizando-se do estilo documental para abordar a xenofobia.
Ao desenvolver essa ideia para o filme longo, Blomkamp também se apoiou em eventos históricos da África do Sul, especialmente o Apartheid e a expulsão forçada de habitantes do District Six, em Cape Town, durante os anos 1970. Dessa forma, o filme combina ficção científica com acontecimentos reais, convertendo a segregação e o preconceito contra minorias em uma metáfora envolvendo extraterrestres.
Diferenças entre o filme e o curta metragem
Há algumas diferenças substanciais entre Distrito 9 e o curta-metragem de 2005, “Alive in Joburg”, que inspirou o filme. Diferenças que vão muito além só da estrutura narrativa, ou dos efeitos especiais que estão nela. Por exemplo, a armadura Robô gigante que Wikus usa para destruir os militares no final do filme, tem um design bem mais rústico no curta metragem.
Além disso, o filme vai além da crítica a xenofobia e segregação, Nesse sentido, o longa-metragem trabalha o comportamento do governo e de uma grande corporação frente a um cenário drástico. A falta de ética de ambas as partes se mostra como um dos elementos narrativos mais chocantes do filme. Em “Alive in Joburg” não há a presença de um protagonista, a obra tem foco apenas em mostrar os atritos entre humanos e aliens.
Desse modo, o curta-metragem serve como um retrato social experimental, enquanto o longa-metragem amplia essa premissa com uma narrativa mais elaborada que mescla crítica política, dilemas morais e elementos de ação, solidificando *Distrito 9* como uma obra única no gênero de ficção científica contemporânea.
Crítica
O público e a crítica receberam bem o filme Distrito 9, elogiando seu estilo documental realista, a atuação de Sharlto Copley e sua abordagem social sobre segregação e xenofobia. No IMDb, a média é de 7,9/10; no Metacritic, 8,3/10; e no Rotten Tomatoes, 82% de aprovação do público. A combinação de ação, suspense e crítica social foi vista como inovadora para o gênero, estabelecendo o filme como um marco da ficção científica contemporânea, apesar de algumas críticas específicas em relação ao desenvolvimento de personagens secundários.
Esse filme apresentou uma das melhores produções de ficção científica já lançadas no cinema. Isso rendeu à obra grandes prêmios como BAFTA na categoria de melhor efeitos visuais. Além disso, ganhou Saturn Awards, em várias categorias como melhor filme de ficção científica, e melhor ator (Sharlto Copley). Podemos concluir que Distrito 9 foi muito bem recebido pelo público, em geral.
Orçamento e bilheteria de Distrito 9
Um dos fatos mais interessantes por trás desse filme é que custou míseros US$ 30 milhões, essa quantia chega a ser ridícula. Se levarmos em conta o padrão de gasto da indústria cinematográfica. “Distrito 9” arrecadou cerca de US$ 210 milhões no mundo todo, sendo US$ 115 milhões na América do Norte e US$ 95 milhões no restante do globo.
O valor representou quase sete vezes o seu orçamento de US$ 30 milhões, transformando o longa em um sucesso inesperado de bilheteria e em um exemplo marcante de como a ficção científica pode ser lucrativa mesmo sem grandes astros ou investimentos gigantescos.
Se ranquearam os filme mais rentável do ano, e levarmos em conta o custo benefício, veremos que Distrito 9 performou bem comercialmente como, “Avatar”, “Harry Potter e o Enigma do Príncipe”, e “Era do Gelo: O Despertar dos Dinossauros”. Dessa maneira, “Distrito 9”, se tornou um dos maiores sucessos comerciais do ano.
Vai ter continuação
No momento, *District 10*, continuação de *Distrito 9*, ainda não entrou oficialmente em produção. Neill Blomkamp, juntamente com a coautora Terri Tatchell e o ator Sharlto Copley, já desenvolveu roteiros e debate abertamente a viabilidade do projeto, expressando interesse em prosseguir com a narrativa de Wikus e dos alienígenas.
Contudo, o diretor tem mostrado dúvidas quanto ao momento, ou até mesmo se, realmente produzirá o longa, é que não existe um cronograma definido. O projeto continua em um estado incerto, causando expectativa entre os fãs que esperam há anos, sem garantias de que a sequência será realizada. Isso deixa o futuro de “Distrito 10” envolto em incertezas e esperanças.
Trilha sonora do filme
Clinton Shorter ganhou reconhecimento internacional com a trilha sonora de Distrito 9, sua obra mais notável e aclamada. No entanto, após esse sucesso, ele seguiu uma carreira consistente em Hollywood sem alcançar o mesmo impacto em grandes produções. Além de atuar em séries de TV como The Expanse, ele compôs trilhas sonoras para filmes como 2 Guns (2013), Pompeii (2014), Colossal (2016) e Contraband (2012). Apesar de ter criado um portfólio diversificado, Distrito 9 continua sendo seu trabalho mais icônico e lembrado tanto pelo público quanto pela crítica.
Em suma, a trilha sonora do filme combina sons eletrônicos, percussões intensas e influências africanas. Isso construiu uma atmosfera tensa e realista que intensifica o caráter quase documental da história. A faixa principal, “District 9”, mescla percussão africana, elementos eletrônicos e tonalidades sombrias, gerando um clima de tensão e emoção. Portanto, essa fusão reflete o impacto dramático e o clima distópico que caracteriza o filme.
Conclusão
“Distrito 9” apresenta muitas perspectivas. Por exemplo, a forma como humanos encaram indivíduos aparentemente diferentes, como grandes entidades sejam governamentais ou privadas podem ser perversos, ou como o desconhecido pode, de fato, apresentar uma real ameaça, já que as motivações dos aliens não foram reveladas.
Contudo, há uma perspectiva que chama minha atenção e que não é tão evidente no filme. Apesar da marginalização e desumanização que enfrenta, Christopher Johnson (Alien) permanece resoluto e determinado, construindo uma nave no subterrâneo e buscando retornar ao seu lar.
Sua atitude representa a resistência contra sistemas opressivos, demonstrando que, mesmo quando a sociedade tenta moldar ou reduzir uma pessoa a um estereótipo, é viável manter a racionalidade, a esperança e a própria essência. Dessa forma, “Distrito 9” não só expõe preconceitos e injustiças, como também exalta a habilidade de permanecer íntegro diante das adversidades. Até a próxima!