CANNES, FRANÇA - 18 DE MAIO: Werner Herzog participa da estreia do filme
IMAGEM - arp

Werner Herzog é um renomado cineasta alemão e um dos mais importantes diretores da história cinematográfica. Com mais de 60 anos de atividade, ele conta com diversos trabalhos notáveis, como os filmes Fitzcarraldo, Aguirre: a Cólera dos Deuses, O Enigma de Kaspar Hauser e Nosferatu: Phantom der Nacht.

Neste artigo, vamos mergulhar juntos na biografia e carreira de Werner Herzog, e conhecer mais sobre esse nome de destaque dentro da indústria do cinema, que tanto contribuiu para seu desenvolvimento e evolução nas últimas décadas. Acompanhe!

Fatos rápidos sobre Werner Herzog

  • Nome completo – Werner Stipetić
  • Nacionalidade – Alemão
  • Data de nascimento – 5 de setembro de 1942
  • Pais – Elisabeth Stipetić e Dietrich Herzog
  • Famoso como – cineasta

Quem é Werner Herzog?

Werner Herzog é um consagrado cineasta alemão, sendo considerado um dos maiores diretores da história do cinema. Um ponto interessante é que além da direção, roteiro e produção de filmes, Herzog também trabalhou como ator em diversas de suas obras (Geschichten vom Kübelkind (1971), Julien Donkey-Boy (1999), Jack Reacher (2012), The Mandalorian (2019), dentre outros.

Fora do universo do cinema, ele ainda conta com diversas outras vocações, como a de autor, tendo escrito livros como Fitzcarraldo: The Original Story, The Twilight World e Every Man for Himself and God Against All: A Memoir. Além disso, ele também trabalha como narrador/dublador, com participações em obras como em Lições da Escuridão, Dinotasia, The Boondocks, Metalocalypse e The Wind Rises.

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Biografia de Werner Herzog

Infância

Werner Herzog nasceu em 1942, na cidade de Munique, capital do estado alemão da Baviera, em plena Segunda Guerra Mundial. Filho de pais de origem croata, os intensos conflitos da época marcaram sua infância, tanto que ainda bem jovem se viu em meio a um bombardeio aliado, que mostrou os perigos que o mundo fora de sua vila escondiam.

Por causa da guerra, ele cresceu inicialmente refugiado na vila bávara de Schrang, nos Alpes Chiemgau (território alemão), onde as condições eram bastante precárias. E a fase inicial de sua vida tornou-se ainda mais complicada porque seu pai abandonou sua família quando ele ainda era criança.

Foi somente aos 12 anos de idade que Werner retornou para Munique, junto a sua família. Nessa época, passaram a dividir um apartamento com Klaus Kinski, que se tornaria, no futuro, um grande aliado em seus trabalhos, protagonizando diversas obras suas.

Um ponto interessante é que ele só veio descobrir a existência do cinema ou dos filmes em si quando um projetista passou na escola que ele estudava em Schrang. Mas, após seu primeiro contato, já definiu que seu futuro era trabalhar como cineasta.

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Início de carreira

Enquanto finalizava o ensino médio, Werner Herzog trabalhou como metalúrgico, a fim de levantar a grana necessária para produzir seus filmes, já que nenhuma produtora queria assumir seus projetos.

Assim, quando terminou sua etapa escolar básica, ele realizou algumas viagens para outros países, com os mais variados objetivos, seja aprender inglês (Inglaterra), Estados Unidos da América (para estudar na Universidade Duquesne, onde não finalizou seu curso), e México.

O início de sua carreira como cineasta, de todo modo, se deu quando ele tinha por volta de 19/20 anos de idade. Foi nessa época, mais especificamente em 1962, que ele dirigiu seu primeiro curta, o filme Herakles, que faz uma releitura bem diferente do mito de Hércules.

Nos 10 anos seguintes, ele continuou a produzir e aperfeiçoar suas técnicas, estando a frente de curtas e longas, como Spiel im Sand (1964), Die beispiellose Verteidigung der Festung Deutschkreutz (1967), Lebenszeichen (1968), Letzte Worte (1968), Maßnahmen gegen Fanatiker (1969), Die fliegenden Ärzte von Ostafrika (1969), Auch Zwerge haben klein angefangen (1970), Fata Morgana (1970), Niedrig gilt das Geld auf dieser Welt (1970), Behinderte Zukunft (1971) e Land des Schweigens und der Dunkelheit (1971).

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Na época, Herzog, juntamente com outros cineastas, como Rainer Werner Fassbinder e Wim Wenders, foi responsável por liderar o chamado Novo Cinema Alemão, um movimento com documentaristas que filmavam obras de baixo orçamento, sendo bastante influenciados pela Nouvelle Vague francesa.

Um dos métodos empregados pelo diretor era de escalar, junto aos atores profissionais, moradores da própria localidade. E foi assim que ele conseguiu alcançar destaque em meio ao cinema na época.

O primeiro grande marco de sua carreira

Já com uma boa bagagem e alguns trabalhos bastante conhecidos, Werner Herzog dirigiu o primeiro grande marco dentro de sua carreira em 1972, quando esteve à frente do filme Aguirre, der Zorn Gottes, gravado no Peru.

Um ponto interessante, aliás, é que, enquanto gravava o filme, uma mudança no itinerário fez com que sua reserva no voo 508 da LANSA fosse cancelada. O avião, enquanto fazia sua viagem, acabou sendo atingido por um raio e caiu. Somente uma pessoa sobreviveu (Herzog documentou a história da sobrevivente no documentário Wings of Hope (1998).

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Consolidando seu nome na indústria cinematográfica

Depois de Aguirre, Werner Herzog dirigiu diversos novos filmes, muitos dos quais obtiveram importante destaque, como O Enigma de Kaspar Hauser (1974), Stroszek (1976), Nosferatu: Phantom der Nacht (1979) e Woyzeck (1979). De toda forma, vale uma referência especial para o filme Fitzcarraldo, de 1982, um dos mais importantes e conhecidos de sua carreira.

Nas décadas que se seguiram, o cineasta consolidou seu nome com um vasto catálogo de obras. Assim, ele foi rompendo as barreiras do cinema alemão, e alçando voo nos Estados Unidos, como Cobra Verde (1987 – filme esse que foi rodado na região Nordeste do Brasil), Gekauftes Glück (1988), Hinter dem Horizont (1998), Mein liebster Feind (1999), Invincible (2001), O Homem-Urso (2005), Happy PeopleA Year in the Taiga (2010), Jack Reacher – O último tiro (2012) e Deserto em Fogo (2016).

Parceria com Klaus Kinski

Um ponto destacável dentro da biografia de Werner Herzog é a sua parceria de longa data com o ator alemão Klaus Kinski, que era um grande amigo de infância seu (como mencionado, eles chegaram a morar no mesmo apartamento quando jovens).

Kinski, aliás, conseguiu consolidar sua carreira através de suas atuações nos filmes de Herzog, protagonizando algumas de suas mais renomadas obras, como Nosferatu: Phantom der Nacht, Fitzcarraldo e Aguirre, der Zorn Gottes. O ator morreu no ano de 1991, quando tinha cerca de 65 anos de idade, vítima de um infarto agudo do miocárdio.

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Projetos recentes e futuros

Como diretor, Werner Herzog esteve à frente recentemente de filmes como Fireball: Mitos, cometas e meteoros (2020), The Fire Within: A Requiem for Katia and Maurice Krafft (2022) e Theatre of Thought (2022). Quanto a seus projetos futuros, o cineasta está produzindo Fordlândia (ainda sem data de estreia), que fala sobre o poderoso fabricante de automóveis americano Henry Ford e da criação da Fordlândia em solo brasileiro.

Vida pessoal

Quanto à sua vida pessoal, Werner Herzog casou-se quatro vezes, tendo, ao todo, 3 filhos dessas relações conjugais. Foram elas:

  • Martje Grohmann, com quem se casou em 1967. Juntos, eles tiveram Rudolph Amos Achmed, em 1973, o primogênito do cineasta;
  • Eva Mattes, com quem teve sua única filha mulher, Hanna Mattes, em 1980;
  • Christine Maria Ebenberger, com quem se casou em 1987, e teve seu terceiro e último filho, Simon David Alexander Herzog, em 1989; e
  • Lena Pisetski (agora Lena Herzog), sua atual esposa, com quem casou-se em 1999, mas mantinha um relacionamento desde 1995. O casal vive nos Estados Unidos da América, mais especificamente em Los Angeles.

Quais são os principais trabalhos de Werner Herzog?

Depois de conhecer um pouco mais sobre a biografia do cineasta, iremos mais a fundo em suas principais obras. Acompanhe!

Aguirre, a Cólera dos Deuses (1972)

Aguirre, der Zorn Gottes (que chegou no Brasil como Aguirre, a Cólera dos Deuses) é uma obra-prima cinematográfica de Herzog, que mergulha nas profundezas da ambição e da loucura.

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O filme transporta os espectadores para 1561, quando uma expedição espanhola ousada, liderada por Don Pedro Urzúa e seu segundo em comando Lope de Aguirre, busca desbravar os Andes em busca da lendária El Dorado, a cidade do ouro.

No entanto, a jornada toma um rumo sinistro quando Aguirre se rebela. Assim, aprisionando Urzúa e proclamando Dom Fernando de Gúzman como o imperador da mítica cidade. À medida que a expedição desce o Rio Orinoco em uma balsa, Aguirre se afunda em sua própria ambição desenfreada. Ele vai perdendo-se em devaneios enlouquecidos de glória.

Como mencionado, essa foi sua primeira grande obra, e possui um enorme destaque dentro do catálogo de filmes do diretor. Nela, ele consegue tecer uma narrativa intensa, explorando os limites da natureza humana quando confrontada com o poder e a obsessão.

No elenco, os nomes mais relevantes são os de Klaus Kinski, como Lope de Aguirre, Helena Rojo, como Inés de Atienza e Ruy Guerra, no papel de Don Pedro de Urzúa.

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O Enigma de Kaspar Hauser (1974)

O Enigma de Kaspar Hauser (título original: Jeder für sich und Gott gegen alle) narra uma jornada que se inicia com um jovem acorrentado, alimentado por um enigmático guardião.

Em meio às sombras, o prisioneiro brinca com um simples cavalo de madeira, cujo nome é sua única palavra conhecida: “cavalo”. O guardião anseia que Kaspar Hauser, como é nomeado, aprenda a ler e a escrever, fornecendo-lhe papel e tinta.

A narrativa toma uma reviravolta quando Hauser é liberado em 1828, na cidade de Nuremberg, com uma carta misteriosa. Entregue à perplexidade dos habitantes, ele é aprisionado em uma torre. Inteligente e não violento, Hauser é moldado por uma família e um padre, onde amplia seu vocabulário.

Ao som do Adagio de Albinoni, a dualidade do mal e da traição divina é ecoada na natureza desértica, sob a frase: “Cada um por si, Deus contra todos”. Neste cenário paradoxal, Hauser, mantido trancado por quinze anos, surge como uma potencial ameaça ao poder em Baden, já que, muito provavelmente, pertencesse à nobreza e, agora, começava a tomar consciência das coisas.

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O filme é mais um grande destaque na filmografia de Werner Herzog, sendo, sem dúvidas, um dos mais celebrados pela crítica e também pelo público.

Nosferatu: Phantom der Nacht (1979)

Nosferatu: Phantom der Nacht é uma obra sombria e hipnotizante que se passa no século XIX, na pitoresca Wismar, Alemanha. A história gira em torno de Jonathan Harker, um agente imobiliário que parte para a Transilvânia sob as ordens de seu excêntrico chefe, Renfield, ignorando as advertências de sua esposa Lucy e dos habitantes locais.

A narrativa ganha uma aura de inquietação quando uma misteriosa senhora entrega a Jonathan um livro que alerta sobre uma criatura noturna que assombra a região.

Ao chegar ao castelo do Conde Drácula, Harker é recebido por um ser estranho e pálido. E o contrato firmado entre eles desencadeia uma série de eventos macabros, com Drácula aprisionando Harker enquanto orquestra sua jornada para Wismar, colocando em xeque o futuro de Lucy.

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Um ponto interessante é que esse é um filme que se baseia diretamente no livro de Bram Stoker, criador do Drácula, mas homenageia, não deixando de ser um remake, de Nosferatu: Eine Symphonie des Grauens (1922), do diretor F. W. Murnau.

Quanto ao elenco, Werner Herzog faz nova parceria com o ator Klaus Kinski, que dá vida ao vampiro. Além disso, traz outros nomes importantes, como Isabelle Adjani, no papel de Lucy Harker, e Bruno Ganz, como Jonathan Harker.

Fitzcarraldo (1982)

Um das suas obras mais conhecidas, sem dúvidas é Fitzcarraldo. Um filme que desvenda a épica busca de Brian Sweeney Fitzgerald (Fitzcarraldo). Ele nutre um sonho audacioso de construir uma casa de ópera em Iquitos, remota cidade no alto Amazonas.

Inspirado pelo tenor Enrico Caruso, ele decide obter fundos para sua visão construindo uma fábrica de gelo. Após o financiamento providencial da dona do bordel local, ele adquire um imenso barco fluvial, determinado a descobrir uma rota inexplorada para transportar borracha.

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A narrativa ganha vida enquanto Fitzcarraldo, em um estado de quase delírio, conduz seu navio através de colinas e selvas. Assim, sacrificando vidas humanas e enfrentando um sofrimento avassalador. O filme, marcado pela obsessão, transcende a busca material, explorando os limites do espírito humano em sua jornada épica.

Aqui, é novamente Klaus Kinski, seu mais importante parceiro, quem dá vida ao personagem principal. E o elenco conta também como nomes como o do ator brasileiro José Lewgoy, como Don Aquilino e Miguel Ángel Fuentes, como Cholo.

Prêmios e indicações

Em sua longa carreira, Werner Herzog já foi bastante condecorado por suas obras, recebendo, por exemplo, o prêmio de melhor diretor no Festival de Cannes, em 1982, por Fitzcarraldo. Além disso, o Urso de Prata de Melhor Primeira Longa Metragem na Berlinale do ano de 1968; uma Ordem do Mérito da República Federal da Alemanha; dentre outros, com indicações ao BAFTA e ao Oscar.

Como foi possível observar, Werner Herzog é um nome importantíssimo dentro da indústria do cinema. Além disso, ainda tem muito a contribuir para a evolução desse setor.

Carioca, estudante de Direito, servidora pública e apaixonada por vídeo games, tecnologia e cultura pop em geral. Tenho como hobbies consumir e produzir conteúdos relacionados a esses temas que me interessam, e adoro passar horas adquirindo conhecimento sobre os assuntos que mais gosto, tanto que mantenho um canal no Youtube sobre games há 4 anos. Meu contato com inglês vem de longa data, quando notei que para ter acesso a todo um universo de informações, dominar a língua era fundamental.

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