Não podemos negar que a introdução de Darkseid, foi uma das coisas mais incríveis no Snyder Cut de Liga da Justiça. A versão do filme que foi para os cinemas não continha as cenas em que o vilão aparecia.
Mas quem na verdade é esta figura tão importante para o universo da DC Comics e que foi capaz de se tornar um vilão tão expressivo na história da editora? E qual é a relevância dele para o futuro da DC no cinema?
Nesta análise, vamos responder essas e mais perguntas sobre um dos maiores rivais do Superman que também está sempre dando muito trabalho para toda a Liga da Justiça.
É praticamente impossível passar pela história das HQs sem nos depararmos com alguma das criações de Jack Kirby. Aqui não poderia ser diferente, sendo que Darkseid é um dos frutos do período em que o autor esteve trabalhando para a DC Comics.
Um dos maiores vilões da editora é também o governante supremo de Apokolips, um tirano sádico, agressivo e sem piedade que invadiu e conquistou vários mundos. Como parte da raça dos Novos Deuses, ele busca escravizar à todos utilizando o poder da Equação Anti-Vida.
Darkseid surgiu pela primeira vez na revista Superman’s Pal Jimmy Olsen #134, lançada em novembro de 1970 e acabou se tornando um dos principais antagonistas da Saga do Quarto Mundo.
É um dos inimigos mais formidáveis de Nova Gênese e também de toda a Liga da Justiça, sempre determinado a aniquilar o livre arbítrio existente entre as civilizações e culturas espalhadas multiverso.
A saída de Jack Kirby da Marvel e o nascimento do Quarto Mundo
Para entendermos a origem de Darkseid, é necessário conhecermos um pouco sobre como nasceu o Quarto Mundo e sobre quem são Os Novos Deuses. Tais conceitos foram criados por Jack Kirby e acabaram se tornando um dos pilares do universo cósmico da DC.
Em 1970, o autor saía da Marvel para trabalhar na DC Comics, com a chance de ter total liberdade para criar novos personagens e histórias. Ficar à vontade era realmente tentador para uma fonte infinita de ideias, como o próprio Stan Lee o descrevia.
Após quase uma década escrevendo importantes e influentes histórias de personagens que se tornaram icônicos, Kirby decidiu deixar a Marvel, e muito por conta dos anos de desgaste com a empresa.
Esse incômodo era ainda maior quando o assunto era ficar à sombra de Stan Lee em relação aos lucros do trabalho da dupla. O quadrinista sofria por causa da falta de controle criativo e financeiro.
Jack Kirby passou anos lutando por uma remuneração decente e viu algumas de suas criações virarem desenhos animados e produtos licenciados sem receber pelos direitos, sendo remunerado por página produzida.
Conhecendo seu descontentamento, a DC Comics fez uma proposta tentadora e ainda permitiu que ele criasse, escrevesse e editasse os seus próprios títulos. Tudo isso sem precisar trabalhar em Nova York, uma vez que ele havia se mudado para a Califórnia nesta época.
Foi nessa fase que ele começou a desenvolver a Saga do Quarto Mundo, estabelecendo a poderosa raça dos Novos Deuses, que era dividida em duas porções completamente opostas uma da outra.
“No dia em que o Hagnarok chegou, todos os antigos Deuses morreram e o mundo em que eles viviam se dividiu em dois planetas tão diferentes quanto a luz e as trevas, a virtude e a devacidão.”
Os residentes de Nova Gênese eram liderados pelo benevolente Isaia, o Pai Celestial, enquanto os habitantes de Apokolips se curvavam ao tirano Darkseid, o Deus que detinha o poder da Força Omega.
Em poucas palavras, O Quarto Mundo de Kirby se resume em uma ópera espacial que retrata a eterna luta entre o bem, representado por Nova Gênese e o mal na figura de Apokolips.
Os conceitos utilizados nesta história vão desde ficção científica até antigas mitologias, além de religiosidade e ocultismo. O autor conseguiu utilizar todos estes elementos e compor um universo que seria expandido mais tarde e se tornaria o alicerce para vários arcos de sucesso da editora.
Inicialmente, o autor estava disposto a compor uma saga completa com os títulos que formariam o núcleo do Quarto Mundo, sendo eles, “New Gods”, “Forever People”, “Mister Miracle” e o já existente Superman’s Pal Jimmy Olsen.
Contudo, a revista do Senhor Milagre acabou se tornando muito mais popular entre os leitores na época e a DC achou melhor dar mais destaque ao personagem, fazendo com que a grande saga idealizada por Jack Kirby fosse colocada de lado por algum tempo.
É importante frisar, que nos dias de hoje é comum vermos grandes arcos que contam sua história através de vários títulos diferentes, mas naquela época este tipo de abordagem era uma abordagem completamente revolucionária para o universo das HQ’s.
O surgimento dos Novos Deuses
“No início, o universo era vazio e destituído de forma, onde grandes quantidades de energia nasciam e imediatamente sucumbiam. Enquanto isso, o que era disforme esforçava-se para encontrar seu contorno.
A existência desprovida de razão ou sentido, ansiava por um propósito, e disto nasceu aquilo que é eterno, aquilo que está em tudo e além de tudo, A Fonte.”
A Fonte é basicamente uma espécie de consciência cósmica onipotente, que no início dos tempos, ao perceber a grandiosidade do universo, deu origem a um único planeta gigantesco, conhecido apenas como Mundo.
Neste planeta completamente selvagem, as primeiras formas de vida se desenvolveriam e os seres que nascessem ali seriam extremamente poderosos devido a sua atmosfera primordial. A evolução destes Deuses iria dar início ao que chamamos de Segundo Mundo.
Porém, depois de muitas eras, as divindades entrariam em uma grande guerra de níveis catastróficos, destruindo por completo aquela realidade. Este evento foi chamado de Ragnarok e seria responsável pela morte de todos os antigos Deuses.
O Ragnarok fez também com que aquele mundo entrasse em colapso e o resultado foi uma grande explosão cósmica sem precedentes. A radiação residual daquele mundo se espalhou, levando as sementes dos antigo Deuses por todos os cantos do multiverso.
Cada micro-fragmento continha tanta energia concentrada, que foi capaz de originar bilhões de galáxias e civilizações inteiras. Uma dessas pequenas partes seria responsável pelo nascimento da Terra e outros pedaços maiores, pela criação de reinos como Asgard, Olimpo e até mesmo do Céu e do Inferno.
O Terceiro Mundo havia sido criado, porém uma grande porção da massa original daquele antigo planeta ainda estava inteira e precisava se dividir por causa da imensa quantidade de energia acumulada.
Esta divisão deu origem a dois planetas completamente diferentes um do outro, que foram chamados de Nova Gênese, que concentrava toda a bondade e prosperidade e Apokolips que continha toda a maldade e perversidade.
Nesses dois mundos que se localizavam além dos limites do multiverso, cresceria uma raça de seres muito poderosos que ficou conhecida como Os Novos Deuses, e este seria o Quarto Mundo.
Isia, O Pai Celestial, comandava Nova Gênese com toda sua benevolência e sabedoria enquanto o sádico e doentio Darkseid, liderava Apokolips com mãos de ferro e incitava cada vez mais a guerra que se impôs entre os dois planetas.
A origem de Darkseid
Darkseid é o maior déspota espacial da DC e um dos mais temidos inimigos da Liga da Justiça. Ele é considerado por muitos fãs, como o ser mais cruel de todo o multiverso e a própria personificação da tirania.
O vilão foi criado pela “lenda” Jack Kirby e apareceu pela primeira vez na revista “Superman’s Pal, Jimmy Olsen #134″ em novembro de 1970, onde teve apenas uma minúscula participação, sendo melhor desenvolvido em “Forever People #01″ lançada em 1971.
Segundo o historiador e quadrinista Mark Evanier, Jack Kirby queria que o rosto de Darkseid se parecesse com o do ator Jack Palance e o seu caráter fosse como o de Adolf Hitler, sendo que o mundo de Apokolips seria uma metáfora da Alemanha Nazista.
Assim como Hitler, Darkseid é um megalomaníaco e fascista, que vê a cada cidadão apenas como uma extensão do estado e de si próprio. Sua sociedade é altamente militante, com crianças sendo doutrinadas desde pequenas para se tornarem guerreiros subordinados.
O vilão da DC tem mais de uma história de origem nos quadrinhos, mas a versão mais aceita pelos fãs, se passa em uma minissérie escrita por John Byrne e publicada em 1997 que leva o nome de “A origem de Darkseid“.
Na HQ conhecemos os primórdios da família real de Apokolips, que é governada pela Rainha Heggra. Ela tem dois filhos, sendo que Drax é o mais velho deles e possui a sucessão ao trono.
Drax é um pacifista e todos sabem que quando ele assumir a liderança, a guerra contra Nova Gênese chegará ao seu fim. Ele é o único que tem o direito de descer às profundas fossas de Apokolips e dessa forma obter acesso à Força Omega.
Uxas entretanto, é o mais novo dos filhos da Rainha Heggra e além de ser muito ambicioso, não compartilhava dos mesmo ideais de paz de seu irmão. Ele achava que Drax era fraco e que Nova Gênese deveria sucumbir ao seu domínio e ser destruída.
Com a ajuda de seu comparça Desaad, ele sabota a armadura que Drax usaria para acessar a Força Omega, causando sua morte eminente. Uxas se atira nas profundezas que concentram todo o poder do planeta, onde é modificado por sua energia divina que provém da Fonte.
O déspota teve sua genética alterada e sua pele ficou com aspecto rochoso, se tornando a figura conhecida por Darkseid. Seu plano de traição também contou a articulação da Rainha Heggra, pois ela acreditava que Apokolips não poderia ser governada por alguém pacífico como Drax.
Apesar de sua vilania, Darkseid foi capaz ainda de apaixonar por Suli e com ela teve um filho chamado Kalibak. Porém, a rainha maquiavélica acreditava que a natureza bondosa da jovem cientista iria atrapalhar os planos da família e ordenou seu assassinato.
Esse fato fez com que Darkseid se tornasse ainda mais amargurado e desprovido de qualquer traço de bondade ou piedade que ainda pudesse existir em seu coração.
Os poderes de Darkseid e a Equação Anti-vida
Ao se atirar nas profundezas e receber a energia concentrada nas fossas de Apokolips, Darkseid teve acesso a poderes divinos e consequentemente ao controle da poderosíssima Força Omega.
Esta quantidade absurda de poder, provém diretamente da Fonte que foi também responsável pela criação de toda a vida no multiverso. Através desta força, o vilão se tornou muito poderoso, ao ponto de colocar várias civilizações sob seu domínio.
Darkseid possui super-força e resistência em níveis absurdamente colossais, chegando facilmente a vencer o Superman. Como todos os Novos Deuses, ele não envelhece normalmente, sendo que vem travando centenas de batalhas ao longo dos séculos.
Sua resistência é grande o suficiente para suportar bombas nucleares, lasers e balas, bem como sobreviver aos golpes dos seres mais fortes de toda a galáxia. Além disso, é imune à maioria, senão a todas as doenças, sendo um dos seres mais difíceis de ser morto no universo DC.
A inteligência de Darkseid é algo também sobre-humano, o que faz dele é um grande cientista e um exímio estrategista. Ele pode aumentar a sua densidade corporal, alterando seu tamanho da maneira que quiser.
Mesmo com todas essas habilidades a sua disposição, o vilão ainda tem sob seu aparato, os Raios Omêga, que acabaram se tornando sua marca registrada. Se trata de uma rajada que é disparada de seus olhos e que pode mudar de direção, fazendo curvas e perseguindo seus alvos.
Mas ao contrário do que muitos pensam, esse raio não tem somente o efeito de desintegrar, mas também pode alterar a matéria, curar, teleportar ou dispersar através do espaço-tempo, sendo que até mesmo os alvos abatidos podem ser ressuscitados de acordo com a vontade de Darkseid.
Além de tudo isso, o vilão ainda possui vários aliados e generais poderosos, como é o caso do Lobo da Estepe, a Vovó Bondade e o ardiloso Desaad. Como se não fosse o bastante, ele ainda tem o domínio sobre um gigantesco exército de Para-demônios que são geneticamente criados nos laboratórios de Apokolips.
A Equação Anti-Vida
Darkseid almeja acima de tudo, encontrar e controlar a Equação Anti-Vida para que desse modo, possa subjugar a todos os seres do universo à sua própria vontade. Esse é o principal objetivo do vilão, mas não é tão fácil entender como uma ideia tão abstrata funciona.
Este conceito também foi criado originalmente por Jack Kirby, sendo citado pela primeira vez em 1971, na primeira edição da revista “The New Gods”, e desde então, vem sendo desenvolvido por outros autores, sobretudo nas histórias envolvendo Darkseid.
A Equação Anti-Vida é algo que dá ao seu usuário a capacidade de controlar todas as formas de vida sencientes do universo, destruindo suas vontades individuais e fazendo com que eles se curvem a um propósito maior.
Segundo o próprio Jack Kirby, a fórmula nada mais é, do que uma metáfora para todas as ideologias totalitárias existentes no mundo. Do Comunismo de Josef Stalin, Mao Tsé-Tung e Fidel Castro ao Nazismo de Adolf Hitler:
“Se alguem controlasse sua mente e você não pudesse mais pensar por si próprio, você não seria mais você mesmo, mas sim, algo sob comando.. Você como indivíduo, estaria morto.. Isto é a Anti-Vida.”
Darkseid acredita que todos seres os humanos possuem fragmentos da Equação Anti-Vida dentro de sua mente e para encontrar cada um deles, precisaria vasculhar a cabeça de todos os moradores do planeta Terra.
Na saga “Crise Final” escrita por Grant Morrison e publicada entre julho de 2008 e janeiro de 2009, finalmente podemos ver o vilão decifrando a formula e fazendo uso de seu poder.
Nesta incrível história, a equação aparece como um emaranhado de ângulos e formas geométricas que demonstram como deve ser a interação entre os seus vários elementos para que o efeito funcione de fato.
O autor conseguiu até mesmo expressar a fórmula de uma maneira que os leitores pudessem entender e tentar encontrar algum sentido. Veja abaixo:
“Solidão + Alienação + Medo + Desespero + Autovalorização ÷ Zombaria ÷ Condenação ÷ Mal-Entendido × Culpa × Vergonha × Falha × Julgamento
n = y, onde ‘y’ = Esperança, ‘n’ = Loucura, Amor = Mentiras, Vida = Morte, Ser = Darkseid“
Quando Darkseid finalmente completa a Equação Anti-Vida e começa a utilizar seu poder em todos os habitantes da Terra ele faz a seguinte proclamação:
“Todos são um em Darkseid, pois este corpo poderoso é a minha igreja.. quando eu ordeno a sua rendição, eu falo através de três bilhões de vozes.. quando eu fecho meu punho para esfacelar a sua resistência, faço isso através de três bilhões de mãos.. Quando eu olho em seus olhos e despedaço seus sonhos, faço isso através de seis bilhões.. E assim você rasteja.. e implora.. e morre.. morre por Darkseid“.
Entretanto, uma abordagem muito utilizada nas histórias da DC Comics, é transformar os conceitos abstratos em entidades sencientes. A mesma coisa já aconteceu com a Equação Anti-Vida na minissérie “Odisseia Cósmica”, escrita por Jim Starlin e publicada entre 1988 e 1989.
Descobrimos em certo ponto da história, que a Equação Anti-Vida é um organismo vivo muito poderoso e que nem mesmo o próprio Darkseid seria capaz de controla-la. Essa versão “viva” da equação é banida da Via Láctea pelo Senhor Destino.
A magia das HQ’s está no fato de cada autor acrescentar camadas aos personagens criados no passado e utilizar seus elementos incríveis para criar novas histórias.
Contudo, alguns artistas vão além, sendo capazes de elevar o nível desses conceitos ao seu máximo. A consequência disso, é que o universo não para de crescer, como se fosse um organismo vivo em constante evolução.
E aí galerinha, depois de todas as informações sobre Darkseid e o legado de Jack Kirby na DC Comics, deu aquela vontade de ler todas as grandes sagas que envolvem o vilão, não é mesmo?
Então não marque bobeira!!!
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