O Capitão Nascimento é um dos personagens mais ilustres do cinema nacional, e que ajudou a elevar o status de Tropa de Elite como um dos filmes mais importantes já produzidos no Brasil.
Neste artigo, vamos conhecer um pouco mais a fundo o Capitão Nascimento, entender sua biografia, construção do personagem, relevância e muito mais. Acompanhe!
Quem é o Capitão Nascimento?
Capitão Nascimento, que vem do nome Roberto Nascimento, trata-se de um personagem fictício que protagoniza os filmes brasileiros Tropa de Elite 1 e 2. Ele conta com interpretação pelo ator Wagner Moura e, juntamente com o sucesso das obras, conseguiu ganhar um status de ícone pop no Brasil, sendo considerado um tipo de herói, apesar de, na verdade, sua construção ser uma crítica a ações violentas da polícia.
Em Tropa de Elite, o Coronel Nascimento, como também é chamado, atua inicialmente como um capitão do BOPE, chegando ao cargo de Subsecretário de Segurança, integrando o serviço de inteligência da Polícia do Rio de Janeiro.
Biografia ficcional do personagem
Roberto Nascimento nasceu no dia 7 de setembro de 1965, na cidade do Rio de Janeiro/RJ, onde cresceu. Ele entrou no corpo da Polícia Militar de seu estado em fevereiro do ano de 1987, quando tinha 21 anos de idade. Na época, ingressou sendo aluno-oficial dentro da Academia de PM Dom João VI. Dois anos mais tarde, chegou ao cargo de Aspirante a Oficial.
Em 1997, aos 31 anos, o Capitão Nascimento já completava uma década junto a PM do Rio, exercendo a função de chefia da Equipe Alfa do BOPE. Com o trabalho intenso, no entanto, passou a apresentar sinais de estresse.
Foi nesse período, aliás, que nasceu seu filho, Rafael, fruto do casamento que mantinha com Rosane. E, apesar da alegria da eminente chegada do primogênito, isso agravou bastante a situação, principalmente pelo fato do capitão viver cada vez mais longe do seu lar, devido ao trabalho. A relação com sua esposa se deteriora cada vez mais e ele passa então a procurar alguém para substituí-lo.
Anos mais tarde, com cerca de 40 anos de idade e já separado de Rosane, o Capitão Nascimento chega ao cargo de Tenente-Coronel. Após ganhar popularidade depois de uma ação fracassada no Bangu I, acaba entrando para o serviço de inteligência da Polícia do Rio, onde se dá conta da relação direta entre a política e o crime organizado no estado. Tudo isso enquanto tenta se aproximar do filho Rafael, com quem mantém muito pouco contato após a separação.
A criação do Capitão Nascimento
Os créditos pela criação do personagem se dividem entre o cineasta responsável pelos dois filmes Tropa de Elite, José Padilha, e seus co-roteiristas, Rodrigo Pimentel e Bráulio Mantovani. Além disso, os profissionais da preparação do elenco, Fátima Toledo e Paulo Storani, tiveram bastante contribuições para esse processo de elaboração.
Há muitas especulações, aliás, de que o próprio Rodrigo Pimentel, que já foi policial militar e membro do BOPE, tenha sido a inspiração para o Capitão Nascimento. A informação, no entanto, é negada por ele e pela produção, que criaram o personagem através de fragmentos de diversos outros perfis.
Algumas das características marcantes do Capitão Nascimento, por exemplo, surgiram durante a preparação do elenco. Paulo Storani, que também também trabalhou no BOPE, foi de quem o personagem herdou a postura, como o ato de levantar o rosto quando fala (sinal de liderança) e muitos dos seus bordões.
Embora não tenha uma única inspiração direta, houve sim uma pessoa real que serviu como base para o surgimento do mesmo: Ronaldo Pinto. Ele foi comandante do BOPE nos anos 90, e, cansado do trabalho, começou a procurar alguém para substituí-lo, chegando ao nome de Rodrigo Pimentel.
Roubando a cena
É praticamente impossível assistir Tropa de Elite e imaginar um roteiro onde o Capitão Nascimento seja um coadjuvante na história. No entanto, era exatamente um papel secundário que o personagem teria na trama original.
Inicialmente, o filme teria um foco principal em André Mathias (André Ramiro), tanto que realmente ele é um personagem de destaque e de grande relevância na obra. A montagem original não convenceu os produtores, que conseguiram perceber que as intervenções feitas pelo capitão davam um ar muito diferenciado ao filme. Muito disso, deve-se à própria atuação de Wagner Moura (não à toa, é um dos melhores atores do país) que roubava a cena sempre que aparecia.
Esse destaque acabou levando a uma alteração na estrutura do filme, dando ao Capitão Nascimento o protagonismo. O personagem acabou ficando também com o papel da narração em off, que teria como ator o próprio Mathias.
Herói ou ícone pop?
Considerando o contexto original, o Capitão Nascimento foi criado como uma forma de crítica a ações violentas da polícia. Isso pode ser observado em cenas onde o personagem se utiliza de métodos de tortura ou dá a “sentença de morte” a criminosos que deveriam ser presos. A inviabilidade de sua vida também se evidencia, tanto que ele não consegue salvar o fim de sua família.
Ao chegar aos cinemas, no entanto, ele acabou adquirindo um ar mais de herói, sendo extremamente bem recebido por grande parte do público. A situação já ocorreu algumas vezes na indústria, a exemplo do caso mais famoso, que é a de Dom Corleone, de O Poderoso Chefão, um mafioso, mas com grande apelo popular.
Considerações finais
Como foi possível observar, o Capitão Nascimento é um personagem extremamente marcante dentro do cinema nacional, e que conseguiu realmente tornar-se um fenômeno pop no Brasil. Dono de uma construção complexa, houve boa recepção pelo público, ganhando um status que, em tese, não se criou para possuir: a de um herói nacional. Tudo isso, graças a um trabalho muito bem elaborado pela equipe, e muito bem interpretado por Moura.
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