Os membros do Sindicato dos Atores dos Estados Unidos (SAG-AFTRA) votaram quase que unanimemente na noite dessa segunda-feira, 25 de setembro, em favor de autorizar o início de uma greve do sindicato contra as 10 maiores empresas produtoras de video-games dos Estados Unidos. Segundo o resultado divulgado da votação, 98.32% dos membros do SAG-AFTRA votaram a favor da autorização para o início da paralisação.

Fran Drescher, presidente da SAG-AFTRA, em protesto durante a Greve do Sindicato dos Atores. Foto de Gary Baum/THR Staff.
Fran Drescher, presidente da SAG-AFTRA, em protesto durante a Greve do Sindicato dos Atores. Foto de Gary Baum/THR Staff.

“É hora de as empresas de videogame pararem de jogar e levarem a sério a possibilidade de chegar a um acordo sobre este contrato. O resultado desta votação mostra que os nossos membros compreendem a natureza existencial destas negociações e que agora é o momento para estas empresas – que estão ganhando bilhões de dólares – darem aos artistas um acordo que continue a garantir que atuar em video games seja uma carreira viável”, disse Fran Drescher, presidente do SAG-AFTRA.

O negociador chefe do SAG-AFTRA, Duncan Crabtree-Ireland, disse que apesar da resistência das empresas, ele está esperançoso quanto a possibilidade de se chegar a um acordo. “Após cinco rodadas de negociação, ficou bastante claro que as empresas de videogame não estão dispostas a se envolver de forma significativa nas questões críticas: compensação prejudicada pela inflação, uso não regulamentado de IA e segurança”, disse ele, que complementou dizendo que continuava “esperançoso de que conseguiremos chegar a um acordo que satisfaça as necessidades dos membros”. Crabtree-Ireland finalizou dizendo que os membros do sindicato já estão cansados de serem explorados e que “se estas empresas não estiverem dispostas a oferecer um acordo justo, a nossa próxima parada será nos piquetes.”

Duncan Crabtree-Ireland discursa em apoio as greve do Sindicato dos Atores (SAG-AFTRA) e do Sindicato dos Roteiristas (WGA) na sede do SAG-AFTRA em Los Angeles, Califórnia, em 14 de julho de 2023. Foto de Gilbert Flores/Variety via Getty Images.
Duncan Crabtree-Ireland discursa em apoio as greves do Sindicato dos Atores (SAG-AFTRA) e do Sindicato dos Roteiristas (WGA) na sede do SAG-AFTRA em Los Angeles, Califórnia, em 14 de julho de 2023. Foto de Gilbert Flores/Variety via Getty Images.

A autorização para greve não significa, no entanto, que a paralisação começará imediatamente. Ela apenas quer dizer que a mesa diretora do SAG-AFTRA tem agora autorização de seus membros para iniciar uma paralisação a qualquer momento se as negociações com as empresas falharem. O acordo que garante que os membros do Sindicato continuem trabalhando, chamado de “Interactive Media Agreement” (ou “Acordo de Mídia Interativa”, na tradução literal para o português), já venceu há quase um ano e até agora um novo acordo não foi assinado.

Motivos da greve: Inteligência artificial e compensações financeiras

Assim como ocorre no caso das greves dos roteiristas e atores de cinema e televisão, além das questões, envolvendo compensações financeiras e melhores condições de trabalho, uma das questões centrais das discussões é o uso de inteligência artificial, que vem crescendo bastante e ameaçando o trabalho desses profissionais. Um dos principais temores, tanto de roteiristas quanto de atores, é de que seu trabalho seja substituído por ferramentas de inteligência artificial ou mesmo que, seja reutilizado, sem sua permissão, por produtoras e estúdios.

Atores da indústria do videogame protestam em frente a Warner Bros. Studios in Burbank, Califórnia, em 3 de novembro de 2016, durante a greve que durou quase 1 ano. Foto de AP/REX/Shutterstock (9080385a)
Atores da indústria do videogame protestam em frente a Warner Bros. Studios in Burbank, Califórnia, em 3 de novembro de 2016, durante a greve que durou quase 1 ano. Foto de AP/REX/Shutterstock (9080385a)

“Mais uma vez, a inteligência artificial está colocando nossos membros em risco de redução nas oportunidades de trabalho. E mais uma vez, o SAG-AFTRA está a enfrentar a tirania em nome de seus membros”, disse Drescher, ao anunciar a aprovação da autorização para início da greve. Deixando claro, mais uma vez, que esse é um problema central nas paralisações ocorridas até agora nos Estados Unidos.

Audrey Cooling, porta-voz das empresas de videogame, se manifestou dizendo que: “Todos nós queremos um contrato justo que reflita as importantes contribuições dos artistas representados pelo SAG-AFTRA em uma indústria que oferece entretenimento de primeira classe a bilhões de jogadores em todo o mundo. Estamos negociando de boa-fé e esperamos chegar a um acordo mutuamente benéfico o mais rápido possível.”

Membro do Sindicato dos atores (SAG-AFTRA) fazem protesto em apoio a greve de roteiristas.
Membro do Sindicato dos atores (SAG-AFTRA) fazem protesto em apoio a greve de roteiristas.

Se a greve realmente ocorrer, as dez empresas mais afetadas serão: a Activision Productions Inc., a Blindlight LLC, a Disney Character Voices Inc., a Electronic Arts Productions Inc., a Epic Games, Inc., a Formosa Interactive LLC, a Insomniac Games Inc., a Take 2 Productions Inc., a VoiceWorks Productions Inc. e a WB Games Inc. Lembrando que a última paralisação feita pelos membros do SAG-AFTRA trabalhando na indústria do videogame ocorreu entre outubro de 2016 e setembro de 2017 e durou 340 dias. Além disso, atualmente, os membros do SAG-AFTRA já estão em greve há 74 dias contra os principais estúdios de Hollywood.

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