A temporada de premiações de 2025 nem sequer terminou e a de 2026 já está começando. Isso porque, nessa quinta-feira, 13 de fevereiro, começa oficialmente o Festival de Cinema de Berlim, que é um dos mais importantes do mundo. E é nesses festivais que estream diversos filmes que, no ano seguinte, irão competir pelas principais premiações da temporada. Só para se ter uma ideia, sete dos dez filmes indicados ao Oscar de Melhor Filme desse ano estrearam em festivais no ano passado.
A Substância, Emilia Pérez e Anora estrearam no Festival de Cannes, onde Anora, inclusive, acabou vencendo a Palma de Ouro. Já O Brutalista e o brasileiro Ainda Estou Aqui estream no Festival de Veneza. Por último, Conclave e Nickel Boys estrearam no Festival de Telluride, nos Estados Unidos. Isso sem falar em inúmeros outros filmes que não estão indicados a Melhor Filme, mas estão indicados em diversas outras categorias do Oscar ou mesmo indicados em outras premiações importantes e que também estrearam em grandes festivais mundo a fora.
Por ser o primeiro grande festival do ano, o Festival de Berlim acaba por, de forma não oficial, abrindo a temporada de premiações. Mesmo que a temporada do ano anterior ainda não tenha acabado, críticos e profissionais de cinema já ficam de olho nos filmes que estream no festival e que podem eventualmente chamar a atenção, se tornando assim produções que estejam entre as melhores do ano e que com isso possam eventualmente serem competitivas na temporada de premiações do ano seguinte.
Festival de Berlim – O caçula dos grandes festivais europeus
Fundado em 1951, o Festival de Berlim é o mais novo entre os três grandes festivais europeus. Fundado logo depois da Segunda Guerra Mundial, em Berlim Ocidental, o festival foi ideia de Oscar Martay, um oficial da Alta Comissão Aliada, uma organização criada pelos Aliados para a supervisão da reconstrução da Alemanha Ocidental. A ideia de Martay foi aceita pelos militares norte-americanos, que ajudaram a financiar a primeira edição do Festival de Berlim
Essa primeira edição começou em 6 de junho de 1951 e o primeiro filme exibido no festival foi o clássico do suspense de Rebecca, a Mulher Inesquecível (1950), de Alfred Hitchcock. Essa primeira edição do Festival de Berlim teve cinco vencedores do Urso de Ouro, um fato que jamais voltaria a ocorrer, já que nas edições seguintes apenas um filme por ano acabaria por vencer o famoso prêmio.
Durante os anos 1950, antes da construção do Muro de Berlim, uma seleção dos filmes do festival era exibida em Berlim Oriental. Já depois que o muro já havia sido construído, alguns filmes da mostra principal ainda eram exibidos na televisão na Alemanha Oriental. Durante os anos 1970, o Festival de Berlim passou por polêmicas e momentos difíceis que, inclusive, colocaram seu futuro em dúvida. Isso fez com que o festival passasse por diversas reformas.
Com o passar dos anos, o Festival de Berlim foi se consolidando cada vez mais como um dos principais do mundo. A partir do ano 2000, o festival passou também a se dedicar cada vez mais a promover o cinema europeu e também o cinema independente. Nos últimos anos, assim como todos os outros grandes festivais europeus, o Festival de Berlim se tornou cada vez mais importante tanto para o cinema comercial quanto também para a temporada de premiações. Se tornando assim, uma espécie de plataforma para lançamento de alguns dos melhores filmes da temporada.
Filme de Tom Tykwer abre o Festival de Berlim desse ano
A edição desse ano do Festival de Berlim começa na quinta-feira, 13 de fevereiro, e se encerra no domingo, 23 de fevereiro. Assim, serão cerca de uma semana e meia de festival. O drama The Light, do diretor alemão Tom Tykwer será o primeiro filme exibido no festival desse ano. A produção, no entanto, será exibida fora de competição na mostra “Gala Especial”. Além de The Light, outras produções importantes também estrearam nessa mostra, como o novo filme de Bong Joon-ho, a ficção científica Mickey 17, que é estrelada por Robert Pattinson.
Já na mostra principal, 19 produções concorrem ao prestigiado Urso de Ouro, principal prêmio do Festival de Berlim. Entre eles, o novo filme do consagrado diretor norte-americano Richard Linklater, a biografia musical Blue Moon, sobre os últimos dias do compositor Lorenz Hartl e também o novo filme do aclamado cineasta sul-coreano, Hong Sang-soo, o drama What Does That Nature Say to You.
Além disso, esse ano, a atriz norte-americana Tilda Swinton receberá o Urso de Ouro Honorário pelo conjtunto de sua obra. O júri da mostra principal desse ano é presidido pelo cineasta norte-americano Todd Haynes e conta ainda com a atriz chinesa Fan Bingbing, com a atriz e cineasta alemã Maria Schrader, com o cineasta argentino Rodrigo Moreno, com o diretor franco-marroquino Nabil Ayouch, com a figurinista alemã Bina Daigeler e com a autora e crítica de cinema norte-americana Amy Nicholson. São eles que irão escolher os vencedores dos principais prêmios do Festival de Berlim desse ano, incluindo o Urso de Ouro.
Brasil também está representado no Festival de Berlim desse ano
O Brasil está bem representado no Festival de Berlim desse ano. Na mostra principal, o país possui duas produções concorrendo pelo Urso de Ouro: a ficção-científica O Último Azul, novo filme do diretor pernambucano Gabriel Mascaro, que conta com a atuação de Rodrigo Santoro, e a comédia dramática Kontinental ’25, do diretor romeno Radu Jude, que é uma co-produção de diversos países, incluindo, o Brasil.
Além disso, a documentarista brasileira Petra Costa, presidirá o júri da mostra de documentários do festival. Costa dirigiu, entre outros filmes, o documentário Democracia em Vertigem, que foi indicado ao Oscar de Melhor Documentário em 2020. Na mostra principal, o Brasil também está representado com o drama A Melhor Mãe do Mundo, da já consagrada diretora paulista Anna Muylaert. O país também está representado na mostra de curta-metragens com o drama Anba dlo, de Luiza Calagian e Rosa Caldeira.
Ademais, na mostra Panorama, será exibido o thriller erótico Ato Noturno, dos cineastas gaúchos Marcio Reolon e Filipe Matzembacher, que conta a história de um caso amoroso entre um ator e um político. Já na mostra Forum Estendida, duas produções brasileiras serão exibidas, Cartas do Absurdo, de Gabraz Sanna e Zizi (ou Oração da Jaca Fabulosa), de Felipe M. Bragança. Além disso, na mostra Forum Especial, será exibido o clássico Iracema: Uma Transa Amazônica (1975), de Jorge Bodanzky e Orlando Senna.
Para terminar, na mostra Geração, será exibido o filme A Natureza das Coisas Invisíveis, de Rafaela Camelo e na mostra Geração 14plus serão exibidos Arame Farpado de Gustavo de Carvalho e Hora do Recreio, de Lúcia Murat. Além disso, o filme Atardecer en América, de Matías Rojas Valencia, que também será exibido nessa mesma mostra é uma co-produção brasileira. Por último, ainda na mostra Geração 14plus será exibido em sessão especial a série De Menor, de Caru Alves de Souza, que é baseada em um filme de 2013, dirigido pelo mesmo cineasta.
Como você pode ver, o cinema brasileiro estará muito bem representado no Festival de Berlim desse ano. Confira abaixo os filmes que serão exibidos nas principais mostras de edição desse ano e também os integrantes dos júris das principais mostras.
Mostras
MOSTRA PRINCIPAL
- Ari de Léonor Serraille – França, Bélgica
- Blue Moon de Richard Linklater – Estados Unidos, Irlanda
- O Último Azul de Gabriel Mascaro – Brasil, México, Chile, Holanda
- Dreams de Michel Franco – México, Estados Unidos
- Dreams (Sex Love) de Dag Johan Haugerud – Noruega
- Girls on Wire de Vivian Qu – China
- Hot Milk de Rebecca Lenkiewic – Reino Unido, Grécia
- The Ice Tower de Lucile Hadžihalilović – França, Alemanha, Itália
- If I Had Legs I’d Kick You de Mary Bronstein – Estados Unidos
- Kontinental ’25 de Radu Jude – Romênia, Brasil, Suiça, Reino Unido, Luxemburgo
- Living the Land de Huo Meng – China
- El mensaje de Iván Fund – Argentina, Espanha
- Mother’s Baby de Johanna Moder – Áustria, Suiça, Alemanha
- Reflection in a Dead Diamond de Hélène Cattet e Bruno Forzani – Bélgica, Luxemburgo, Itália, França
- The Safe House de Lionel Baier – Suiça, Luxemburgo, França
- Timestamp de Kateryna Gornostai – Ucrânia, Luxemburgo, Holanda, França
- What Marielle Knows de Frédéric Hambalek – Alemanha
- What Does That Nature Say to You de Hong Sang-soo – Coreia do Sul
- Yunan de Ameer Fakher Eldin – Alemanha, Canadá, Itália, Palestina, Catar, Jordânia, Arábia Saudita
BERLINALE GALA ESPECIAL
- After This Death DE Lucio Castro – Estados Unidos
- Um Completo Desconhecido de James Mangold – Estados Unidos
- Köln 75 de Ido Fluk – Alemanha, Polônia, Bélgica
- The Light de Tom Tykwer – Alemanha, França
- Late Shift de Petra Volpe – Alemanha, Suiça
- Lurker de Alex Russell – Estados Unidos, Itália
- Mickey 17 de Bong Joon-ho – Estados Unidos, Coreia do Sul
- The Narrow Road to the Deep North (série) de Justin Kurzel – Austrália
- The Thing with Feathers de Dylan Southern – Reino Unido
BERLINALE ESPECIAL
- All I Had Was Nothingness de Guillaume Ribot – França
- Ancestral Visions of the Future de Lemohang Jeremiah Mosese – França, Lesoto, Alemanha, Arábia Saudita
- A Melhor Mãe do Mundo de Anna Muylaert – Brasil, Argentina
- Das Deutsche Volk de Marcin Wierzchowski – Alemanha
- Friendship’s Death (1987) de Peter Wollen – Reino Unido
- Honey Bunch de Madeleine Sims-Fewer e Dusty Mancinelli – Canadá
- A Letter to David de Tom Shoval – Israel, Estados Unidos
- Islands de Jan-Ole Gerster – Alemanha
- Leibniz – Chronicle of a Lost Painting de Edgar Reitz e Anatol Schuster – Alemanha
- My Undesirable Friends: Part I — Last Air in Moscow de Julia Loktev – Estados Unidos
- No Beast. So Fierce de Burhan Qurbani – Alemanha , Polônia, França
- The Old Woman with the Knife de Min Kyu-dong – Coreia do Sul
- Shoah (1985) de Claude Lanzmann – França
PERSPECTIVAS
- BLKNWS: Terms & Conditions de Kahlil Joseph – Estados Unidos
- The Devil Smokes (and Saves the Burnt Matches in the Same Box) de Ernesto Martínez Bucio – México
- Eel de Chu Chun-Teng – Taiwan
- Growing Down de Bálint Dániel Sós – Húngria
- How to Be Normal and the Oddness of the Other World de Florian Pochlatko – Áustria
- Little Trouble Girls de Urška Djukić – Eslovênia, Itália, Croácia, Sérvia
- Mad Bills to Pay (or Destiny, dile que no soy malo) – Joel Alfonso Vargas – Estados Unidos
- Punching the World de Constanze Klaue – Alemanha
- The Settlement de Mohamed Rashad – Egito, França, Alemanha, Catar, Arábia Saudita
- Shadowbox de Tanushree Das e Saumyananda Sahi – Índia, França, Estados Unidos, Espanha
- That Summer in Paris de Valentine Cadic – França
- Duas Vezes João Liberada de Paula Tomás Marques – Portugal
- We Believe You de Arnaud Dufeys e Charlotte Devillers – Bélgica
- Where the Night Stands Still de Liryc Dela Cruz – Itália, Filipinas
BERLINALE CLÁSSICOS
- Perseguidor Implacável (1971) – Don Siegel – Estados Unidos
- Vestida de Azul (1983) – Antonio Giménez-Rico – Espanha
- A Deusa (1934) – Wu Yonggang – China
- Anjos do Inferno (1930) – Howard Hughes e James Whale – Estados Unidos
- Agonia de Amor (1947) – Alfred Hitchcock – Estados Unidos
- Smile at Last (1985) – Leida Laius e Arvo Iho – União Soviética
- Solo Sunny (1980) de Konrad Wolf e Wolfgang Kohlhaase – Alemanha Oriental
- The Wife of Seisaku (1965) de Yasuzô Masumura – Japão
RETROSPECTIVA
- Bloody Friday (1972) – Rolf Olsen – Alemanha Ocidental, Itália
- The Brutes (1970) – Roger Fritz – Alemanha Ocidental
- Carnations in Aspic (1976) – Günter Reisch – Alemanha Oriental
- Deadlock (1970) – Roland Klick – Alemanha Ocidental
- Don’t Cheat, Darling! (1973) – Joachim Hasler – Alemanha Oriental
- The Girls from Atlantis (1970) – Eckhart Schmidt – Alemanha Ocidental
- Hat Off When You Kiss (1971) – Rolf Losansky – Alemanha Oriental
- Jonathan (1970) – Hans W. Geißendörfer – Alemanha Ocidental
- Lady Dracula (1978) – Franz Josef Gottlieb – Alemanha Ocidental
- One or the Other of Us (1974) – Wolfgang Petersen – Alemanha Ocidental
- Orpheus in the Underworld (1973) – Horst Bonnet – Alemanha Oriental
- Rocker (1972) – Klaus Lemke – Alemanha Ocidental
- Spare Parts (1979) – Rainer Erler – Alemanha Ocidental
- Strange City (1972) – Rudolf Thome – Alemanha Ocidental
- A Ternura dos Lobos (1973) – Ulli Lommel – Alemanha Ocidental
Jurados
MOSTRA PRINCIPAL
- Todd Haynes, Cineasta norte-americano – Presidente do Júri
- Fan Bingbing, Atriz chinesa
- Maria Schrader, Atriz e cineasta alemã
- Rodrigo Moreno, Cineasta argentino
- Nabil Ayouch, Cineasta franco-marroquino
- Bina Daigeler, Figurinista alemã
- Amy Nicholson, Autor e crítica de cinema norte-americana
MOSTRA PERSPECTIVAS
- Meryam Joobeur, Cineasta tunisiano
- Aïssa Maïga, Atriz francesa
- María Zamora, Produtora espanhola
MOSTRA DE CURTA-METRAGENS
- Dascha Dauenhauer, Compositor alemão
- Jing Haase, Produtor dinamarquês
- Phạm Ngọc Lân, Produtor e cineasta vietinamita
MOSTRA GERAÇÃO
- Emma Branderhorst, Cineasta holandesa
- Ikoro Sekai, Curador do Festival Internacional de Cinema de Toronto
- Aslı Özarslan, Cineasta alemão
MOSTRA DE DOCUMENTÁRIOS
- Petra Costa, Cineasta brasileira
- Lea Glob, Cineasta dinamarquesa
- Kazuhiro Soda, Cineasta japonesa