Ainda Estou Aqui fez história no Oscar. A produção brasileira recebeu três indicações ao Oscar desse ano, incluindo uma histórica indicação a Melhor Filme. Feito nunca antes obtido por nenhum filme brasileiro. Além disso, Ainda Estou Aqui também foi indicado a Melhor Atriz e a Melhor Filme Estrangeiro. Nessas duas últimas categorias a indicação era até esperada, já a indicação na categoria mais importante do Oscar pegou quase todo mundo de surpresa.
A batalha de Ainda Estou Aqui será dura em todas as três categorias, já que o filme não é considerado favorito em nenhuma delas. No entanto, o feito da produção brasileira já é histórico e eleva o cinema brasileiro a um outro nível. Isso porque, desde 1998, um filme brasileiro não era indicado a Melhor Filme Internacional, ou seja, uma ausência de quase 30 anos. Coincidentemente, o último filme brasileiro indicado nessa categoria foi Central do Brasil, drama dirigido por Walter Salles que também é o diretor de Ainda Estou Aqui.
Além disso, a única vez que um intérprete brasileiro foi indicado ao Oscar foi também em 1998, quando Fernanda Montenegro foi indicada a Melhor Atriz, justamente por seu desempenho em Central do Brasil. Agora, Fernanda Torres repete o feito de sua mãe. Mas o mais impressionante mesmo foi a indicação a Melhor Filme. Nunca um filme brasileiro, nos 96 anos de existência do Oscar, havia recebido uma indicação nessa categoria que é a mais importante da premiação mais importante do cinema.
Nem mesmo Cidade de Deus, que recebeu quatro indicações ao Oscar em 2003, incluindo, uma indicação a Melhor Direção, conseguiu tal feito. Lembrando sempre que, na época, apenas cinco produções eram indicadas a Melhor Filme, atualmente, o número de indicados dobrou. Talvez, se naquela época, fossem dez os indicados, como é hoje, Cidade de Deus, teria conseguido realizar o feito, que foi hoje realizado por Ainda Estou Aqui. O fato é que o que o filme de Walter Salles obteve hoje nunca foi obtido por nenhuma produção brasileira.
Emilia Pérez também faz história no Oscar 2025
Com as 13 indicações obtidas hoje, Emilia Pérez também fez história no Oscar. Nenhum outro filme “estrangeiro” havia recebido tantas indicações ao prêmio mais importante do cinema mundial. Apesar de Emilia Pérez ser uma produção francesa, a grande maioria dos diálogos do filme são em espanhol. Assim como Ainda Estou Aqui, a obra também recebeu indicações a Melhor Filme e Melhor Filme Internacional. Nessa última categoria, inclusive, Emilia Pérez deve ser o principal adversário do filme brasileiro.
Em segundo lugar no número de indicações ao Oscar desse ano estão O Brutalista e Wicked, com dez indicações cada um. Como esperado, Wicked foi indicado em praticamente todas as categorias “técnicas”. E apesar de ter recebido uma indicação a Melhor Filme, é dificil ver a produção levando a estatueta para casa nessa categoria. Já O Brutalista recebeu indicações em quase todas as categorias “artísticas” e, a princípio, é favorito a levar o Oscar de Melhor Filme para casa. Claro que tudo isso pode mudar até 2 de março, quando acontece a cerimônia de entrega da premiação.
Já Um Completo Desconhecido e Conclave receberam oito indicações ao Oscar, cada um, e têm boas chances em diversas das categorias “artísticas”. Conclave, no entanto, sofreu um grande baque ao não ser indicado a Melhor Direção, o que reduz bastante suas chances de vencer o Oscar de Melhor Filme. A produção, contudo, tem boas chances de vencer Melhor Roteiro Adaptado, mas para isso terá que derrotar justamente Um Completo Desconhecido e Emilia Pérez, no que promete ser uma batalha dura.
Por último, temos três outros grandes filmes de 2024 que ficaram um pouco para trás no número de indicações: Anora, Duna: Parte 2 e A Substância. Anora, começou a temporada como um dos grandes favoritos ao Oscar, depois de sua vitória no Festival de Cannes do ano passado, mas vem perdendo força desde então. Já Duna: Parte 2 é uma das mais elogiadas produções de 2024, mas tudo indica que o filme só será competitivo em categorias técnicas, apesar de sua indicação a Melhor Filme. Por último, temos A Substância que vem ganhando força nas últimas semanas. O filme, que é uma produção independente do MUBI, já fez muito em obter as cinco indicações que recebeu ao Oscar, incluindo indicações a Melhor Filme, Atriz, Direção e Roteiro Original.
Confira abaixo todos os indicados ao Oscar 2025:
Melhor Filme
- Anora – Produtores: Alex Coco, Samantha Quan e Sean Baker
- O Brutalista – Produtores: Trevor Matthews, Nick Gordon, Brian Young, Andrew Morrison, Andrew Lauren, D.J. Gugenheim e Brady Corbet
- Um Completo Desconhecido – Produtores: Fred Berger, James Mangold e Alex Heineman
- Conclave – Produtores: Tessa Ross, Juliette Howell e Michael A. Jackman
- Duna: Parte Dois – Produtores: Mary Parent, Cale Boyter, Tanya Lapointe e Denis Villeneuve
- Emilia Pérez – Produtores: Indicados a serem determinados
- Ainda Estou Aqui – Produtores: Indicados a serem determinados
- Nickel Boys – Produtores: Indicados a serem determinados
- A Substância – Produtores: Indicados a serem determinados
- Wicked – Produtor: Marc Platt
Melhor Direção
- Sean Baker – Anora
- Brady Corbet – O Brutalista
- James Mangold – Um Completo Deconhecido
- Coralie Fargeat – A Substância
- Jacques Audiard – Emilia Pérez
Melhor Atriz
- Cynthia Erivo – Wicked
- Karla Sofia Gascón – Emilia Pérez
- Mikey Madson – Anora
- Demi Moore – A Substância
- Fernanda Torres – Ainda Estou Aqui
Melhor Ator
- Adrien Brody – O Brutalista
- Timothée Chalamet – Um Completo Desconhecido
- Colman Domingo – Sing Sing
- Ralph Fiennes – Conclave
- Sebastian Stan – O Aprendiz
Melhor Atriz Coadjuvante
- Monica Barbaro – Um Completo Desconhecido
- Ariana Grande – Wicked
- Felicity Jones – O Brutalista
- Isabella Rossellini – Conclave
- Zoe Saldaña – Emilia Pérez
Melhor Ator Coadjuvante
- Yura Borisov – Anora
- Kieran Culkin – A Verdadeira Dor
- Guy Pearce – O Brutalista
- Jeremy Strong – O Aprendiz
- Edward Norton – Um Completo Desconhecido
Melhor Filme Internacional
- Ainda Estou Aqui (Brasil) – Falado em Português – Dirigido por Walter Salles
- A Garota da Agulha (Dinamarca) – Falado em Dinamarquês – Dirigido por Magnus von Horn
- Emilia Pérez (França) – Fa,ado em Espanhol – Dirigido por Jacques Audiard
- A Semente do Fruto Sagrado (Alemanha) – Falado em Persa – Dirigido por Mohammad Rasoulof
- Flow (Letônia) – Sem diálogos – Dirigido por Gints Zilbalodis
Melhor Longa – Metragem de Animação
- Robô Selvagem – Chris Sanders e Jeff Hermann
- Divertida Mente 2 – Kelsey Mann e Mark Nielsen
- Flow – Indicados a serem determinados
- Wallace & Gromit: Avengança – Indicados a serem determinados
- Memórias de um Caracol – Adam Elliot e Liz Kearney
Melhor Roteiro Original
- Anora – Sean Baker
- Brutalista – Brady Corbet e Mona Fastvold
- A Verdadeira Dor – Jesse Eisenberg
- Setembro 5 – Moritz Binder, Tim Fehlbaum e Alex David
- A Substância – Coralie Fargeat
Melhor Roteiro Adaptado
- Um Completo Desconhecido – James Mangold e Jay Cocks; Baseado no livro “Dylan Goes Electric!” de Elijah Wald
- Concalve – Peter Straughan; Baseado no romance “Conclave” de Robert Harris
- Emilia Pérez – Jacques Audiard; Baseado no libreto da ópera “Emilia Pérez” de Jacques Audiard
- Nickel Boys – RaMell Ross e Joslyn Barnes; Baseado no romance “The Nickel Boys” de Colson Whitehead
- Sing Sing – Roteiro de Greg Kwedar e Clint Bentley; História de Greg Kwedar, Clint Bentley, Clarence Maclin e John “Divine G” Whitfield; Baseado no livro The Sing Sing Follies de John H. Richardson
Melhor Documentário em Longa-Metragem
- Diários da Caixa Preta – Shiori Itō, Eric Nyari e Hanna Aqvilin
- No Other Land – Basel Adra, Rachel Szor, Hamdan Ballal e Yuval Abraham
- Porcelain War – Brendan Bellomo, Slava Leontyev, Aniela Sidorska e Paula DuPré Pesmen
- Trilha Sonora Para um Golpe de Estado – Johan Grimonprez, Daan Milius e Rémi Grellety
- Sugarcane: Sombras de um Colégio Interno – Indicados a serem determinados
Melhor Trilha Sonora Original
- O Brutalista – Daniel Blumberg
- Conclave – Volker Bertelmann
- Emilia Pérez – Clément Ducol e Camille
- Wicked – John Powell e Stephen Schwartz
- Robô Selvagem – Kris Bowers
Melhor Canção Original
- “El Mal” – Emilia Pérez – Música de Clément Ducol e Camille; Letra de Clément Ducol, Camille e Jacques Audiard
- “The Journey” – Batalhão 6888 – Música e Letra de Diane Warren
- “Like a Bird” – Sing Sing – Música e Letra de Abraham Alexander e Adrian Quesada
- “Mi Camino” – Emilia Pérez – Música e Letra de Camille e Clément Ducol
- “Never Too Late” – Elton John: Never Too Late – Música e Letra de Elton John, Brandi Carlile, Andrew Watt e Bernie Taupin
Melhor Fotografia
- O Brutalista – Lol Crawley
- Duna: Parte Dois – Greig Fraser
- Emilia Pérez – Paul Guilhaume
- Maria – Ed Lachman
- Nosferatu – Jarin Blaschke
Melhor Montagem
- Anora – Sean Baker
- O Brutalista – David Jancso
- Conclave – Nick Emerson
- Emilia Pérez – Juliette Welfling
- Wicked – Myron Kerstein
Melhores Efeitos Visuais
- Alien: Romulus – Eric Barba, Nelson Sepulveda-Fauser, Daniel Macarin e Shane Mahan
- Better Man – A História de Robbie Williams – Luke Millar, David Clayton, Keith Herft e Peter Stubbs
- Duna: Parte Dois – Paul Lambert, Stephen James, Rhys Salcombe e Gerd Nefzer
- Planeta dos Macacos: O Reinado – Erik Winquist, Stephen Unterfranz, Paul Story e Rodney Burke
- Wicked – Pablo Helman, Jonathan Fawkner, David Shirk e Paul Corbould
Melhor Figurino
- Conclave – Lisy Christl
- Wicked – Paul Tazewell
- Nosferatu – Linda Muir
- Um Completo Desconhecido – Arianne Phillips
- Gladiador II – Janty Yates e Dave Crossman
Melhor Maquiagem e Penteado
- Um Homem Diferente – Mike Marino, David Presto e Crystal Jurado
- Emilia Pérez – Julia Floch Carbonel, Emmanuel Janvier e Jean-Christophe Spadaccini
- Nosferatu – David White, Traci Loader e Suzanne Stokes-Munton
- A Substância – Pierre-Oliver Persin, Stéphanie Guillon e Marilyne Scarselli
- Wicked – Frances Hannon, Laura Blount e Sarah Nuth
Melhor Design de Produção
- O Brutalista – Design de Produção: Judy Becker; Decoração de Set: Patricia Cuccia
- Conclave – Design de Produção: Suzie Davies; Decoração de Set: Cynthia Sleiter
- Duna: Parte Dois – Design de Produção: Patrice Vermette; Decoração de Set: Shane Vieau
- Nosferatu – Design de Produção: Craig Lathrop; Decoração de Set: Beatrice Brentnerová
- Wicked – Design de Produção: Nathan Crowley; Decoração de Set: Lee Sandales
Melhor Som
- Um Completo Desconhecido – Tod A. Maitland, Donald Sylvester, Ted Caplan, Paul Massey e David Giammarco
- Duna: Parte Dois – Gareth John, Richard King, Ron Bartlett e Doug Hemphill
- Emilia Pérez – Erwan Kerzanet, Aymeric Devoldère, Maxence Dussère, Cyril Holtz e Niels Barletta
- Wicked – Simon Hayes, Nancy Nugent Title, Jack Dolman, Andy Nelson e John Marquis
- Robô Selvagem – Randy Thom, Brian Chumney, Gary A. Rizzo e Leff Lefferts
Melhor Curta-Metragem em Live-Action
- A Lien – Sam Cutler-Kreutz e David Cutler-Kreutz
- Anuja – Adam J. Graves e Suchitra Mattai
- I’m Not a Robot – Victoria Warmerdam e Trent
- The Last Ranger – Cindy Lee e Darwin Shaw
- The Man Who Could Not Remain Silent – Nebojša Slijepčević e Danijel Pek
Melhor Animação em Curta-Metragem
- Beatuitul Men – Nicolas Keppens e Brecht Van Elslande
- In the Shadow of the Cyrpess – Shirin Sohani e Hossein Molayemi
- Magic Candles – Daisuke Nishio e Takashi Washio
- Wander to Wonder – Nina Gantz e Stienette Bosklopper
- Yuck! – Loïc Espuche e Juliette Marquet
Melhor Documentário em Curta Metragem
- Death by Numbers – Kim A. Snyder e Janique L. Robillard
- I am Ready, Warden – Smriti Mundhra e Maya Gnyp
- Incident – Bill Morrison e Jamie Kalven
- Instruments of a Beating Heart – Ema Ryan Yamazaki e Eric Nyari
- A Única Mulher na Orquestra – Molly O’Brien e Lisa Remington