Batman de Tim Burton
Imagem: Batman de Tim Burton/ Divulgação

O filme Batman do diretor Tim Burton é uma das primeiras superproduções de super-heróis de todos os tempos. O longa foi responsável por dar início a uma nova era de blockbusters, que elevaram o nível do cinema da época para um novo patamar.

Foi em 1989 que a Warner decidiu tirar o projeto do papel, e como resultado, a glória dessa obra ficou registrada na mente de uma geração inteira de fãs, ajudando a construir o legado de um dos maiores personagens de todos os tempos.

O tom e a temática foram fortemente influenciados pelos aclamados arcos dos quadrinhos “Batman: A Piada Mortal, de Alan Moore e Brian Bolland, e “Batman: O Cavaleiro das Trevas”, de Frank Miller.

O Cavaleiro das Trevas
Imagem: O Cavaleiro das Trevas/ Frank Miller

O filme também adapta a história de origem do icônico vilão Coringa, contada na HQ “O Homem do Capuz Vermelho” de 1951, em que um ladrão cai acidentalmente no tanque de produtos químicos de uma fábrica, ficando com a pele branca, os cabelos verdes e os lábios vermelhos, além de se transformar em um psicopata louco.

Porém no longa dirigido por Tim Burton, os roteiristas resolveram fazer uma pequena mudança no enredo original, ao apresentar o personagem inicialmente como um gângster chamado Jack Napier.

Nos dias de hoje, os filmes baseados em quadrinhos se tornaram a fonte mais rentável e bem sucedida de Hollywood, mas se olharmos para 30 anos atrás, a realidade era completamente diferente.

Os estúdios não levavam esse tipo de produção a sério, e o próprio público encarava o gênero como sendo infantilizado e até mesmo brega. Muito disso acontecia, devido à dificuldade que se tinha em alcançar uma qualidade aceitável nos efeitos visuais.

Antes de Batman de Tim Burton, a imagem mais popular que se tinha do personagem era a interpretada por Adam West no seriado da década de 1960, que apesar de ser icônico, era uma produção mais voltada ao humor.

Hoje em dia, a série se tornou uma obra bastante reconhecida pelos fãs, ganhando status cult. Um longa-metragem no mesmo formato foi feito em 1966, que se tratava praticamente uma extensão do programa de TV.

O interessante é que antes de chegar nas mãos de Tim Burton, o filme de 1989 quase seguiu os moldes do seriado, e por pouco não teve Bill Murray interpretando o Batman e Eddie Murphy como Robin.

Na época, até mesmo o diretor Ivan Reitman de “Os Caça-Fantasmas” foi cotado para estar à frente da produção, deixando bem claro que existia inicialmente, a intenção de se fazer uma adaptação mais bem humorada.

Entretanto, com a implantação do novo projeto, o desejo dos produtores Peter Guber e Jon Peters era fazer uma obra com os pés mais fincados no chão, mas sem esquecer que ainda se tratava de uma adaptação de histórias em quadrinhos.

batman-tim-burton
Imagem: Batman de Tim Burton/ Reprodução

Essa mistura entre fantasia, sobriedade e elementos voltados para um público mais adulto, além de um tom bem mais sério e sombrio, foi um diferencial importante para o longa alcançar o sucesso.

[wpdiscuz-feedback id=”0jprypmww5″ question=”O que vc acha da escolha de Michael Keaton para o papel de Batman?” opened=”0″]Contudo, quando Michael Keaton foi divulgado como protagonista, sofreu uma onda de boicotes por parte dos fãs. Mais de 50 mil cartas foram enviadas para a Warner em manifesto contra a escolha, por se tratar de um ator que vinha basicamente de comédias e não tinha o porte físico que o personagem exigia.[/wpdiscuz-feedback]

Para amenizar a situação, o estúdio se viu obrigado a divulgar imagens de Keaton utilizando o novo traje, pois os fãs imaginavam que o ator vestiria o mesmo collant típico, como foi na série de TV e também aquele usado por Christopher Reeve em “Superman: O Filme” de 1978.

A ideia da armadura foi realmente revolucionária, e colocava o personagem que não possui poderes sobre-humanos como os outros super-heróis, em uma posição de vantagem, se tornando inclusive à prova de balas.

Talvez seja muito difícil para a geração atual, entender o tamanho do fenômeno cultural que Batman se tornou, em uma época em que os grandes eventos cinematográficos eram escassos, sendo que os materiais promocionais do filme começaram a ser divulgados pelo estúdio um ano antes da estreia, até mesmo no Brasil.

Como resultado, o longa foi um sucesso crítico e financeiro, arrecadando cerca de US$ 410 milhões nas bilheterias ao redor do mundo, recebendo várias indicações ao Saturn Award e uma indicação ao Globo de Ouro, além de faturar um Oscar na categoria “Melhor Direção de Arte”.

Batman também inspirou a aclamada série “Batman: The Animated Series” e abriu o caminho para o universo dos filmes animados da DC, influenciando Hollywood nas técnicas de desenvolvimento dos filmes de super-heróis até os dias de hoje.

Batman- The Animated Series
Imagem: Batman- The Animated Series/ Reprodução

A escolha de Tim Burton para a direção

Depois de muitos diretores serem considerados pelo estúdio, o comando da produção acabou ficando nas mãos de Tim Burton, um cineasta novato, que vinha do setor de animação da Disney, com apenas dois longas-metragens na bagagem.

O diretor havia trabalhado anteriormente nos filmes “As Grandes Aventuras de Pee-Wee” de 1985 e “Os Fantasmas se Divertem” de 1988, que também era estrelado por Michael Keaton.

Até então não havia muito precedente para o que foi feito em Batman, já que na época todos os estúdios viam as histórias em quadrinhos como um material muito arriscado.

A não ser a própria Warner Bros., que foi muito elogiada e também lucrou bastante com o aclamado “Superman: O filme” de 1978. Essa foi a primeira vez que uma produção tratou esse gênero com seriedade, chamando a atenção, tanto dos adultos quanto das crianças.

O diretor Richard Donner fez com que todos acreditassem na possibilidade de que um homem podia voar, e no elenco estavam grandes atores da época que davam o seu respaldo, trazendo bastante credibilidade ao projeto.

Porém, em Batman o estúdio adotaria de vez o estilo sombrio e o visual gótico, que englobou a construção de Gotham City e sua direção de arte, o visual dos personagens, e sem contar com a clássica e imponente trilha sonora composta por Danny Elfman.

O visual do longa mistura elementos típicos do cinema “noir” à uma criminalidade pulsante, bem parecido com o que se fazia nos filmes de gangsters da década de 1930, com seu visual composto por sombras e cenários de angulações distorcidas.

Gotham City
Imagem: Gotham City/ Batman de Tim Burton

O próprio design de Gotham City é uma referência à filmes como “Metrópolis” de 1927 e “Das Cabinet des Dr. Caligari” de 1920. Apesar ser filmada em um estúdio, a cidade é literalmente outro personagem no roteiro.

Vários críticos na época como Roger Ebert, defendiam a opinião de que o filme não era indicado para crianças:

“Não é apenas um filme sombrio ou noir, mas existe um grande nível de hostilidade e raiva neste filme, um grande nível de sentimentos ruins. É um filme extremamente perturbador”.

Tim Burton enxerga Bruce Wayne como portador de dupla identidade, expondo apenas uma delas ao público, enquanto esconde a outra embaixo de uma máscara. Ele precisa utilizar seu alter ego (Batman) para forçar os limites da justiça civil, ao lidar com certos tipos de criminosos, como o Coringa por exemplo.

Ao discutir sobre o tema central do filme, o diretor faz a seguinte síntese:

“Todo o filme se trata de um duelo completo entre loucos… É uma briga entre duas pessoas perturbadas… O Coringa é um personagem tão grande porque qualquer um que opere no exterior da sociedade, tem a liberdade de fazer o que quiser… A insanidade é uma maneira assustadora de não estar vinculado às leis da sociedade.”

A escolha do elenco

Ao escolher Michael Keaton para viver o protagonista, Tim Burton procurava por um homem comum que fosse extremamente identificável, e que ao mesmo tempo conseguisse deixar fluir seu lado negro e assustador.

A proposta de entregar algo completamente fora do padrão, e que fugia do estereotipo, se mostrou muito bem sucedida e Keaton permanece como a versão do Batman preferida por muitos fãs, até os dias atuais.

Imagem: Michael Keaton/ Batman de Tim Burton
Imagem: Michael Keaton/ Batman de Tim Burton

Quanto ao Coringa, Jack Nicholson só topou interpretar o vilão por ter caído em uma “pegadinha” da Warner. Esperando que o ator aceitasse a proposta, o estúdio divulgou falsos rumores, insinuando que Robin Williams iria ficar com o papel.

Assim que Nicholson ficou sabendo, decidiu rapidamente que iria participar do projeto, e Williams por outro lado não gostou nada de ter sido usado como isca.

O ator fecharia um contrato bastante vantajoso, onde receberia um percentual da bilheteria mundial, ao invés de um salário fixo, já conseguindo enxergar desde o início, que o sucesso da superprodução seria estrondoso.

Jack Nicholson acabou embolsando cerca de US$60 milhões de dólares para viver o palhaço do crime, o que é considerado até os dias atuais, como sendo um dos maiores cachês pagos a um ator, na história do cinema.

Kim Basinger, também não topou de primeira viver a repórter Vicki Vale, sendo substituída pela atriz Sean Young (Blade Runner – O Caçador de Androides), que chegou a gravar algumas cenas.

Mas em uma delas, na qual precisava montar a cavalo, a atriz sofreu um pequeno acidente, no qual caiu e fraturou a clavícula, precisando se afastar definitivamente das gravações.

Basinger foi chamada novamente às pressas, e depois de reajustes na oferta salarial, topou encarar o desafio. Além disso, ela insistiu para que os roteiristas aumentassem sua participação no filme.

Na cena final em que ocorre o duelo entre Batman e Coringa na Catedral de Gotham, Vicki Vale ficaria de fora da cena, mas o desfecho foi diferente por conta de sua insistência em aparecer um pouco mais no longa.

O enredo do filme Batman de Tim Burton

Quando criança, Bruce Wayne presenciou o brutal assassinato de seus pais, causado por um jovem criminoso chamado Jack Napier. O menino jurou naquele momento, proteger a cidade dos malfeitores e livrar Gotham City da mão dos criminosos.

Anos mais tarde, o garoto tornou-se o temido Batman, um super-herói fantasiado de morcego que assombra os criminosos e auxilia a polícia a desvendar diversos crimes. Paralelo a isto, Wayne mantém sua imagem pública como o playboy bilionário, dono da Wayne Enterprises.

Imagem- Batman de Tim Burton
Imagem: Batman de Tim Burton/ Reprodução

Nessa época, Gotham City encontrava-se sob domínio do chefe do crime, conhecido como Carl Grissom. Apesar dos esforços do promotor Harvey Dent e do comissário James Gordon, a polícia local também foi tomada pela corrupção.

O repórter Alexander Knox e a bela fotógrafa Vicki Vale passam a investigar os rumores sobre uma sombria figura vestida de morcego, que anda aterrorizando os criminosos da cidade.

Eis então que surge a figura de Jack Napier, que possui ligação com Carl Grissom. Durante um de seus crimes, Napier acaba sendo atingido por uma bala e cai em um tonel contendo uma desconhecida substância química.

Mais tarde, Napier se transforma no palhaço do crime chamado Coringa, um perigoso psicopata capaz aterrorizar Gotham City e seus habitantes. Agora, somente o Batman poderá dar um fim aos planos maléficos do vilão, e colocá-lo definitivamente atrás das grades.

A importância do Batman na cultura POP

O Batman foi criado pelo roteirista Bill Finger e pelo desenhista Bob Kanee apareceu pela primeira vez em Detective Comics #27, na história “O Caso da Sociedade Química” publicada em 1939.

É uma longa jornada de mais de 80 anos em que o personagem vem protagonizando diversas histórias em quadrinhos, filmes, séries de TV, animações, games e diversos outros produtos relacionados à cultura POP.

Detective Comics #27
Imagem: Detective Comics #27/ DC Comics

É difícil explicar o amor dos fãs pelas histórias do Batman, mas algumas teorias já levantadas, sugerem que isso aconteça por ele ser o único humano entre os integrantes da Liga da Justiça, algo que o aproxima muito do público.

Outra boa explicação para isso, seria as grandes obras que o herói já protagonizou nas HQ’s, como por exemplo, os arcos “Batman: A Piada Mortal” de Alan Moore, ou mesmo “O Cavaleiro das trevas” e “Batman: Ano Um“, ambas escritas por Frank Miller, assim como muitas outras.

Mas talvez o principal motivo seja pelo personagem que está por trás da máscara, pois mesmo que seja dono de um verdadeiro império, e tenha todo o tipo de tecnologia à sua disposição para usar como quiser, Bruce Wayne ainda é uma criança traumatizada pela morte dos seus pais.

Além disso, a galeria de vilões do Batman é a melhor de todas, e com certeza a mais peculiar também. Praticamente todos eles tiveram camadas bem desenvolvidas ao longo dos anos, além de serem brilhantemente desequilibrados de alguma forma.

A lista é gigantesca, mas entre os melhores, podemos destacar Coringa, Pinguim, Bane, Hera, Exterminador, Mulher Gato, Charada, Capuz Vermelho e Ra’s Al Ghul, onde cada um deles tem uma história particular e significativa na história do herói

Batman
Imagem: Coringa/ DC Comics

Além disso, o Batman é um personagem completamente “possível”, sendo não veio de outro planeta, não é fruto de mutação genética e não tem superpoderes. Ele é um cara normal, que tinha todos os motivos para não se importar com os problemas no mundo, mas que decide usar a inteligência e seu dinheiro para ajudar os mais fracos.

O herói é o próprio senso da justiça, que defende uma cidade inteiramente mergulhada na corrução e na criminalidade, e talvez por esse motivo, represente tão fortemente as pessoas que sofrem as concequencias da violência urbana enfrentada todos os dias.

Batman é um dos super-heróis mais importantes da história da DC Comics, e com certeza um dos personagens mais amados de todos os tempos. Fica aqui nossa homenagem à este grande ícone da cultura POP.

E aí cinéfilos, depois dessa aula sobre o filme Batman do diretor Tim Burton, bateu aquela vontade de revisitar essa belíssima obra do cinema, não é mesmo? Deixe sua opinião pra gente nos comentários!!

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