Chihiro Ogino, uma menina de dez anos, está a caminho de sua nova casa com os pais quando o pai opta por um atalho que os conduz a um túnel conectado a uma cidade aparentemente deserta. Ao explorarem o lugar, os pais descobrem comida em um restaurante deserto e começam a se alimentar, porém acabam se transformando em porcos. Chihiro, apavorado, encontra Haku, um garoto enigmático que a avisa para ir embora antes do pôr do sol. Quando o mundo espiritual se manifesta, ela se vê aprisionada e impossibilitada de atravessar o rio que ressurgiu.
Haku a aconselha a solicitar um trabalho ao caldeireiro Kamaji, que a encaminha para Yubaba, a feiticeira que comanda a casa de banhos. Yubaba obriga Chihiro a assinar um contrato e retira uma parte de seu nome, passando a chamá-la de Sen. Agora confinada, Sen enfrenta funcionários hostis, mas conta com o apoio de Kamaji e Lin.
Ela ajuda um espírito contaminado, que retribui sua bravura com um bolinho encantado. Sem querer, Sen permite a entrada do Sem-Rosto, um espírito solitário que se torna agressivo ao devorar comida e trabalhadores. Nesse meio tempo, Haku aparece machucado depois de roubar um selo da bruxa Zeniba, irmã de Yubaba. Sen usa parte do bolinho para salvá-lo e decide devolver o selo para desfazer a maldição.
Com Sem-Rosto e Boh, o filho de Yubaba transformado em rato, Sen viaja de trem até Zeniba, que a acolhe. No retorno, Haku a leva voando, e Sen se lembra de que ele é o espírito do rio Kohaku, libertando-o de vez.
De volta à casa de banhos, Sen passa no teste final de Yubaba, recupera seu nome e salva os pais. Ao retornar ao mundo humano, Chihiro segue para a nova casa transformada pela experiência.
Direção de A Viagem de Chihiro
“A Viagem de Chihiro” é mais um dos filmes icônicos da Ghibli. Hayao Miyazaki esteve a frente desse filme, como diretor. O cineasta dirigiu outros filmes emblemáticos, que se popularizaram bastante no cinema ocidental. Por exemplo, “Meu Amigo Totoro”, “Princesa Mononoke”, “O Castelo Animado”, entre muitas outras animações incríveis.
A direção de *Chihiro* utiliza personagens de aparência bizarra como uma estratégia para nos impactar. Por exemplo, o Sem-Face, no filme, ele representa solidão, desejo de pertencimento e a influência do ambiente sobre o comportamento dele. A aparência dele, causa bastante estranheza.
Além disso, “A Viagem de Chihiro” apresenta um clima reflexivo. Os gestos realistas retratam o desenvolvimento da protagonista, com bastante energia. Miyazaki optou em mesclar o real e o fantástico de forma natural e concentra-se em questões de identidade, maturidade e natureza. Som e silêncio intensificam a emoção de forma contida.
É notória, a semelhança da trama entre “A Viagem de Chihiro” e “Alice no País das Maravilhas”. menina jovem, mundo estranho, criaturas simbólicas, jornada de identidade. Mas oficialmente. Porém, Miyazaki nunca citou “Alice no País das Maravilhas” como influência direta. Tal semelhança não passa de mera coincidência, o próprio cineasta já falou em entrevista que queria criar uma história voltada para o público infanto juvenil especificamente meninas, com profundidade emocional. Por fim, a animação ficou tão boa que é capaz de encantar até o mais rústico dos homens.
Orçamento e bilheteria
“A Viagem de Chihiro”, assim como a maioria dos orçamentos da Ghibli, está estimada em US$ 19 milhões. O filme teve um desempenho comercial ótimo, arrecadando US$ 395 milhões. “A Viagem de Chihiro” é o maior sucesso comercial do Studio Ghibli, arrecadando cerca de US$ 395 milhões no mundo. Tornou-se o filme japonês de maior bilheteria da história por quase 20 anos. Mesmo obras populares como O Castelo Animado e Ponyo não alcançaram seus números. É também o filme mais premiado do estúdio.
A Viagem de Chihiro estreou no Japão em julho de 2001, competindo com outros grandes lançamentos do verão, como “Pokémon 4Ever”, “Final Fantasy: The Spirits Within”, “Jurassic Park III” e “Pearl Harbor”, além de filmes remanescentes como Atlantis e o popular Crayon Shin-chan. Apesar de disputar a atenção do público com filmes de franquias consolidadas, A Viagem de Chihiro foi um dos maiores destaques comerciais de 2001.
Crítica
A Viagem de Chihiro teve recepção bastante positiva por parte da crítica e do grande público. A Viagem de Chihiro recebeu elogios dos críticos por sua imaginação visual, direção meticulosa e animação caprichada. Além da protagonista realista, eles abordam questões de identidade, ganância e amadurecimento. Embora seja raro para o público ocidental, o ritmo contemplativo é considerado uma força.
Podemos ver o reflexo da opinião de boa parte do público em grandes portais. Por exemplo, no Rotten Tomatoes essa animação alcançou uma aprovação de 96% em uma escala de 250 mil votos. No IMDB, esse filme alcançou 8.6/10 estrelas em uma escala impressionante de 938 mil votos.
Com essa mescla de habilidades técnicas e sensibilidade narrativa, A Viagem de Chihiro se firmou tanto como um marco da animação japonesa quanto como uma obra que pode dialogar com diversas gerações e culturas. A mensagem universal do Studio Ghibli e sua força criativa são confirmadas pelo seu impacto duradouro.
Melhores cenas de A Viagem de Chihiro
Yoji Takeshige, diretor de arte de A Viagem de Chihiro, cria cenários detalhados e atmosféricos que funcionam como personagens. Sua estética rica, misteriosa e imersiva fortalece o impacto emocional e visual do filme. Essa estética, proporcionou cenas lúdicas com grande apelo ao sentimento de libertação. Por exemplo, as icônicas cenas de Chihiro voando sobre o mundo espiritual nas costas de Haku em forma de dragão, enquanto o vento atravessa seu rosto. A cena combina leveza, liberdade e emoção, simbolizando lembrança, cura e conexão entre os dois. Algumas das outras cenas mais memoráveis do filme inclui:
A chegada em Salém: O Parque Termal Aburaya, a casa de banhos dos deuses — representa o choque de Chihiro com o mundo espiritual. Sua chegada revela mistério, beleza ritual e uma atmosfera de transição entre infância e maturidade.
Sem-Face, o disforme: Na cena do ataque do Sem-Face, a criatura assume uma forma grotesca: corpo inflado, boca enorme e movimentos desajeitados. Ele engole funcionários em meio a gritos e caos, espalhando ouro falso. Seu visual bizarro, máscara imóvel contrastando com a massa negra pulsante, cria uma atmosfera inquietante e surreal dentro da casa de banhos.
A queda do Dragão: Chihiro encontra Haku ferido, cura-o com o bolinho mágico e o liberta da maldição. Depois, voa em suas costas pelo céu, redescobrindo sua ligação com o rio Kohaku e com sua própria identidade.
A estética visual, emocional e simbólica de A Viagem de Chihiro faz com que cada instante se torne uma experiência sensorial intensa. Não se trata apenas de imagens bonitas: são metáforas vivas que abordam identidade, transformação e liberdade. A obra de Takeshige e Miyazaki conduz o espectador por uma viagem interna tão intensa quanto a de Chihiro.
Trilha sonora de A Viagem de Chihiro?
O álbum da trilha sonora de A Viagem de Chihiro (Spirited Away, 2001) foi composto por Joe Hisaishi, colaborador frequente de Hayao Miyazaki e responsável por praticamente todas as trilhas dos filmes do Studio Ghibli desde Nausicaä do Vale do Vento (1984). O reconhecimento crítico é complementado pela trilha sonora de Hisaishi e pelo simbolismo da narrativa.
A faixa principal de A Viagem de Chihiro é “Always With Me”. Em termos musicais, a melodia é simples e cíclica, baseada em acordes suaves de piano e orquestrações sutis de cordas. Essa configuração evoca uma sensação de nostalgia e esperança, espelhando a trajetória interna de Chihiro, que passa do medo e da incerteza ao crescimento e à autodescoberta. No filme,apresenta uma tonalidade bem aberta e suave em música é Sol Maior.
“Always With Me” se transformou em uma das músicas mais icônicas do Studio Ghibli. Composta por Joe Hisaishi, a melodia suave e tocante reflete a sensibilidade poética de Miyazaki. A música tornou-se um símbolo da identidade estética e emocional do estúdio, sendo amplamente utilizada em vídeos e publicações online.
Conclusão
Ao final, Sem-Face abandona sua voracidade e agressividade após ser guiado por Chihiro para longe da casa de banhos. Ao chegar à casa de Zeniba, ele se depara com um ambiente sereno, acolhedor e humano, que demonstra sua sensibilidade e fragilidade.
Ele escolhe ficar ali, ajudando Zeniba nas atividades diárias, demonstrando que seu anseio não é consumir, mas ser acolhido. Esse final destaca o caráter simbólico do filme: a verdadeira mudança acontece quando uma pessoa encontra um lugar onde pode ser autêntica, sem máscaras, imposições ou exploração, apenas sendo vista e entendida. Até a próxima!















