A Origem
A Origem - Imagem: Warner Bros

“A Origem” é um thriller de ficção científica que investiga as complexidades do compartilhamento de sonhos, liderado por Dom Cobb e seu parceiro Arthur, especialistas em extrair informações da mente subconsciente nos sonhos. 

Um poderoso homem de negócios chamado Saito, oferece a Cobb uma chance de se redimir se caso concordasse em realizar uma inserção na mente do seu maior oponente comercial. Cobb relutantemente concorda, e inicia um recrutamento de seus conhecidos, cada um com uma especialidade que é capaz de agregar muito ao plano de inserção.

Esta missão levou a equipe a criar múltiplas camadas do sonho, camada por camada, implantando a ideia na mente de Robert Fisher, o herdeiro de um império empresarial. No entanto, o subconsciente de Cobb é assombrado por sua falecida esposa, Mal, que representa uma ameaça constante para ele. Todo o plano submete a equipe a armadilhas que afetam não só no mundo dos sonhos mas também no mundo físico, como por exemplo, ficar preso no “Limbo”.

O filme chega ao ápice quando Cobb e a equipe se encontram na terceira camada do subconsciente de Bob Fischer. Enquanto o dono do sonho está prestes a acordar, todos lutam para sair o mais rápido possível. Quando acordam do sonho notam que todo trabalho na mente de Bob, teve um bom resultado. No final, Cobb vai ao encontro de seus filhos, mas antes gira um pião na mesa e antes que o objeto parasse de girar o filme corta para os créditos deixando a dúvida de que se aquilo era realmente real.

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Assim, as fronteiras entre sonho e realidade tornam-se confusas, criando uma atmosfera de suspense e intriga. Somos levados por uma dimensão lúdica enquanto os personagens lutam contra seus próprios demônios e enfrentam dilemas angustiantes. Isso nos desafia a questionar nossas próprias percepções e crenças.

Diretor de A Origem

Christopher Nolan em uma conferência
Christopher Nolan em uma conferência – Imagem: Warner Bros.

Christopher Nolan é um diretor com um estilo bem extremo, acho que esta é a palavra perfeita para definir o elemento mais marcante de sua carreira, a exploração dos cenários. A forma como ele apresenta cenas grandiosas sem o uso de efeitos CGI torna seus filmes mais próximos da realidade do que qualquer outra obra. Um exemplo disso é a explosão do Hospital de Gotham City no filme “Batman: O Cavaleiro das Trevas”.

Em “A Origem” podemos ver isso, e ironicamente vemos projeções de cenários surreais de uma forma real e livre de computação gráfica. Por exemplo, no momento em que Arthur (Joseph Gordon-Levitt) está em um corredor, aquele lugar começa a rotacionar como se de alguma forma estivesse suspensa. Posto isso, realmente foi projetada uma plataforma que possibilita girar um compartimento. Em entrevista, vemos Nolan mencionar exatamente neste ponto. Nesse sentido, até a estreia deste filme não haviam obras tão bem desenvolvidas em torno de Sonhos.

Outro ponto incrível do filme é que a própria história foi criada pelo cineasta. Posto isso, não só a atmosfera pesada do filme como a personalidade conflituosa do protagonista reforçam ainda mais essa identidade cinematográfica intrincada do diretor. Outros exemplos que você poderá notar tais características são: “Insonia”, “Tenet”, e “Amnesia”.

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Através deste filme podemos contemplar uma perspectiva original e diferente que mescla ação e suspense. Em conclusão, o diretor tem um histórico impecável de filmes e “A Origem” agrega ainda mais essa lista de obras geniais.

Proposta de A Origem

Marion Cotillard interpretando Mal no filme "A Origem"
Marion Cotillard interpretando Mal no filme “A Origem” – Imagem: Warner Bros. Pictures

Com um tema complexo e interessante, somos envolvidos por monólogos bem escritos que se aprofundam no impacto que as ideias causaram em uma pessoa. Em suma, a proposta do filme trata da inserção de ideias. 

De forma engenhosa, Christopher Nolan criou um meio cativante de fazer a “implementação de ideias” nessa história. Em “A Origem”, o controle abstrato é uma dinâmica muito criativa.

Além de um roteiro incrível, os mistérios que o filme apresenta no segundo ato são capazes de nos prender profundamente. Por exemplo, quando Cobb afirma ter implementado uma ideia na mente de outra pessoa, até então isso não era impossível, a questão é: Que ideia, Coob anexou a outra pessoa? Quem era essa pessoa afinal?. Pontas soltas são elementos muito usados em romances, e sem dúvidas cria uma trama misteriosa que não abre espaço para o tédio. 

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A mensagem subjacente, portanto, é que mesmo no contexto da tecnologia avançada e da realidade distorcida, os conflitos ideológicos e emocionais fundamentais têm o poder de transcender as fronteiras da ficção e nos afetar profundamente verdadeiramente.

Referências em Outras Obras

Como uma obra que se popularizou bastante na cultura pop, “A Origem” serviu de inspiração para outras obras. Além disso, podemos ver essas homenagens presentes com mais frequência em obras de humor. Referências bem caricatas e cômicas que beiram o absurdo mas que claramente se baseiam neste filme. E é claro que não poderíamos deixar de citar:

South Park: Em um dos episódios de South Park, mais especificamente no episódio 10 da temporada 14, acompanhamos Stan que acaba preso dentro de um sonho de outro personagem. O episódio todo se assemelha muito a dinâmica de “A Origem”.

Os Simpsons: Em uma das icônicas aberturas dos Simpsons, Bart, como sempre está de castigo escrevendo várias frases no quadro. Nesse episódio, vemos ele escrevendo a seguinte frase: “when i slept in class, it was not to help Leo Dicaprio”. A tradução desta frase é “Quando eu dormia na aula não era para ajudar Leonardo Dicaprio”. 

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Rick e Morty: No episódio 1 da segunda temporada de Rick e Morty, os mesmos entram nos sonhos do professor Goldenfold. O plano é implantar a ideia de dar notas melhores de matemática à Morty. E à medida que as coisa vão dando errado os dois trapalhões mergulham mais e mais fundo nas camadas do subconsciente do professor, bem como acontece em “A Origem”.

Se você não deu risadas com a piada feita nos Simpsons, então você tem que rever seriamente o seu conceito de engraçado. Brincadeiras à parte, essas são uma das poucas referências que me deparei na TV, e muito possivelmente há uma infinidade espalhadas por séries e filmes da cultura pop. Se você conhece alguma referência, então compartilhe conosco nos comentários!

Melhores Cenas de A Origem

Com as infinitas possibilidades de um mundo cujo os limites são definidos somente pela imaginação, o “A Origem” mostra várias cenas inesquecíveis. Esses pedaços da trama que escondem conceitos controversos, desenvolvem os personagens e revelam também suas motivações. Algumas dessas cenas se tornaram tão memoráveis que vale muito a pena destacá-las:

Arquitetos de sonhos: Quando Cobb apresenta Ariadne pela primeira vez ao conceito de controle de sonhos, a garota mostra uma aptidão enorme para a manipulação. A cena ainda mostra uma das funções principais da personagem, que é aprender junto com o espectador sobre aquele mundo. Isso é uma boa forma de explicar sobre aquele universo sem tornar os diálogos expositivos.

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Inundação: Logo no início do filme Cobb está dentro do sonho de Saito, e no final quando está prestes a acordar, uma inundação começa a invadir pelas janelas. Antes de se afogar, Coob acorda dentro de uma banheira cheia de água, seu amigo o derrubou lá dentro pois essa era única maneira de abordá-lo de imediato. 

Preso por décadas em um sonho: No início do filme vemos Cobb sendo capturado por capangas de um velhinho. No ato final do filme é revelado que este velhinho é Saito, e ele passou décadas preso no sonho até Cobb ir resgatá-lo. Essa organização complexa nos eventos reforça mais um ponto inteligente do roteiro.

Corredor Giratório: Mais um exemplo dos efeitos práticos feita pela produção deste filme é o momento em que o corredor começa agora e tudo começa a flutuar. Aqui, Arthur (Joseph Gordon-Levitt) executa uma cena impressionante suspensa por cordas. O efeito de gravidade zero torna essa cena ainda mais peculiar.

Em conclusão, todas as cenas tem uma coisa em comum, é o uso magistral da criatividade, e podemos ver nitidamente isso tanto no roteiro quanto nos efeitos práticos do filme. 

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Elenco de A Origem

O elenco principal de “A Origem” é, sem dúvidas, um dos pontos mais altos do filme. Isso porque, o trabalho entrelaçado dos atores no filme é visivelmente convincente. O jeito como ele interage entre si reforça muito uma certa intimidade e conforto. Posto isso, não há exemplo maior na trama do que a própria relação de Cobb e Ariadne, construída desde o zero, e foi se consolidando gradualmente no decorrer do filme. Além disso, alguns atores se destacam por seu forte carisma, como:

Leonardo DiCaprio como Cobb: Em uma entrevista ao ilustre Tribute Movie, Dicaprio ressaltou a atenção e comprometimento que teve durante dois meses descobrindo as possibilidades que o universo de “A Origem” oferece. O resultado deste comprometimento é o que vemos no filme: Um personagem que representa a figura do governante interpretado de maneira muito convincente.

Eliot Page como Ariadne: Ariadne é uma garotinha inexperiente e inconsequente. Contextualizando de maneira superficial, ela tem um papel importante na história, que é relembrar o protagonista sobre as coisas que realmente importam. O jeito impactante que Elliot Page deu vida a personagem resultou em conquistas como MTV Movie Awards no ano de 2011.

Tom Hardy como Eames: O ator se destaca em algumas cenas, a mais memorável é quando toda a equipe está na camada mais escondida do subconsciente de Bob Fischer. Ele dá vida a Eames (O Personagem Indiferente), e conseguiu expressar bem aquilo que Eames aparentava ser, trazendo à tona uma personalidade mais humana.

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Seria difícil resumir os outros personagens em tão pouco espaço, cada um deles são figuras únicas com muito a oferecer. Como exemplo, podemos mencionar Cillian Murphy que interpreta Bobby Fischer, e acrescenta um drama alternativo de rejeição e família. Em conclusão, Marion Cotillard, Ken Watanabe, Michael Caine, e Joseph Gordon-Levitt também tiveram performances incríveis.

Crítica

Christopher Nolan em uma conferência
Christopher Nolan em uma conferência – Imagem: Warner Bros.

Como uma obra que explora um mundo fantasioso e lúdico, “A Origem” obteve uma margem enorme para a implementação de conceitos profundos e enigmáticos. Antes de destacar algum exemplo sobre isso, vale ressaltar que uma obra cinematográfica vai muito além de demonstrar cenas de ação frenética, ou dramas caricatos que não despertam emoção alguma. Posto isso, alguns dos temas mais intrigantes dentro do filme são Ideias e Contágio Mental, que ascende não só um sentimento de fascínio como também nos causa tensão emocional.

A inserção corrida de vários personagens importantes se mostra um dos pontos mais negativos do filme. Apesar de tudo, é possível se conectar com a maioria destes personagens. Por outro lado, todos estes fatores fizeram o filme precisar de muitos cortes e transições e isso dificulta um pouco acompanhar uma trama que já é complicada. 

Ademais, tudo isso fez essa produção cair nas graças do público, rendendo críticas muito positivas da maior parte das pessoas. Assim, em uma escala assustadora de 2 milhões e meio de votos, este “A Origem” alcançou 8,8 estrelas no IMDB.

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“Todo filme deve ter seu próprio mundo, uma lógica e sentir que se expande Além da imagem exata que o público está vendo.” Christopher Nolan. Essa frase genial do diretor se faz presente em todas as suas obras, principalmente em “A Origem”. Por fim, é justamente esse aspecto que torna o filme tão fascinante.

Explicação do final de A Origem

Falando como um fã, “A Origem” poderia ser uma das maiores patifarias dos cinemas. Isso porque, ao decorrer da obra, somos preparados e instigados por uma sequência tensa de eventos que levam a um só objetivo, o reencontro de Cobb para o seus filhos. Esse objetivo, era o grande final feliz aquilo que não só o protagonista almejava e supostamente o protagonista o alcançou.

Contudo, a forma como esse final feliz foi entregue, é estranhamente perfeito e bom demais para ser verdade, ainda mais se lembrarmos que o filme encerrou antes do peão de Cobb parar de girar, deixando a dúvida se aquilo era real ou sonho.

Isso chamou a atenção de ninguém menos que o veterano Michael Caine que interpreta um importante papel no filme. O veterano perguntou sobre o final para o cineasta Christopher Nolan. Em resposta, Nolan disse que qualquer cena em que Miles estivesse era real. Dessa forma, revelando que o final do filme é, de fato, realidade.

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Orçamento e bilheteria

Com um orçamento modesto de US$ 160 milhões, Emma Thomas e Christopher Nolan conseguiram criar cenas de tirar o fôlego que oferecem representações cinematográficas o mais próximas possível dos nossos sonhos mais vívidos. 

Durante a produção, a adição de Leonardo DiCaprio não só aumentou o prestígio do filme, mas também garantiu até certo ponto o seu sucesso. Não é nenhuma surpresa, então, que “A Origem” arrecadou US$ 828 milhões em todo o mundo, refletindo o apelo do nome de DiCaprio ao público da época.

Um dos melhores filmes de Christopher Nolan, “A Origem” não apenas inovou na narrativa, mas também se destacou como o quarto filme de maior bilheteria de 2010. Esse feito não é notável apenas considerando a intensa competição no set de filmagem. A cinematografia da época, mas também a complexidade temática e a profundidade filosófica que o filme apresenta.

O reconhecimento não se limitou às bilheterias, com “A Origem” sendo eleito o Melhor Filme no Empire Awards. Portanto, o filme superou as expectativas do público, tornando-se não apenas um sucesso comercial, mas também uma obra de arte reconhecida pela originalidade e criatividade na exploração do tema dos sonhos.

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Trilha Sonora

As escolhas musicais de Piaf também se enquadram na exploração de temas da psique humana, já que a letra “Non, je ne regrette rien” (Não, não me arrependo de nada), que pode ser interpretada como uma declaração de determinação, é central em algumas de suas canções. Aspectos da narrativa, particularmente relacionados a Dom Cobb e sua relação com Mal.

Essa canção que acompanha a jornada de Cobb a todo momento do filme.  “Non, je ne regrette rien!” Foi uma escolha perfeita, se verificarmos a letra da música, podemos notar o quanto a letra se relaciona com as escolhas feitas por Cobb e sua esposa que levaram a um fim trágico. 

De fato, por ser um detalhe muito discreto, é uma pena que isso tenha passado despercebido pelos olhos da maior parte dos cinéfilos que assistiram o filme. Além disso, o álbum original, composto pelo ilustre Hans Zimmer, também acompanha e reforça toda a atmosfera de suspense do filme. Posto isso, músicas como “Paradox” marcam nossa memória.

Categorizadas por compassos lentos, crescimentos, e notas graves, a maior parte do álbum retrata a grandeza de um mundo onde as leis da natureza são definidas não por uma entidade superior, mas sim por pessoas comuns. De fato a trilha sonora deste filme faz muita diferença quando se está ciente das referências e mensagens por trás de cada melodia.

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Onde Assistir A Origem?

No fascinante mundo do cinema, onde a onda do streaming nos envolve em uma rede de opções, “A Origem”, quatro vezes vencedor do Oscar, penetrou não apenas no vasto reino do YouTube, mas também no Amazon Prime Video, HBO Max e Apple TV. Numa altura em que a sétima arte enfrenta desafios e padrões elevados, o épico de Christopher Nolan ainda permanece na mente das pessoas uma década após a sua estreia.

Agora, após uma década, a capacidade do filme em provocar emoções intensas permanece inabalada. Num contexto em que a indústria cinematográfica enfrenta desafios sem precedentes, “A Origem” permanece como uma referência, iluminando a escuridão da mesmice. 

Este épico nos lembra que, mesmo em um mundo onde os parâmetros para a excelência cinematográfica atingiram alturas estratosféricas, há obras que permanecem não apenas relevantes, mas eternamente à frente de seu tempo. Prepare-se para mergulhar novamente nos recessos dos sonhos, pois este filme continua a ser uma experiência que desafia a lógica e ressoa profundamente em nós.

Conclusão

“Qual é o parasita mais resistente? Uma bactéria, um vírus, um verme intestinal? Uma ideia! Resistente, altamente contagiosa. Uma vez que uma ideia se apossa do cérebro, é quase impossível erradicá-la” – A Origem (2010). Além de nos convidar a refletir sobre a realidade e o que ela representa para cada um de nós, “A Origem” também mostra o quanto as ideias são capazes de fazer as pessoas tomarem atitudes drásticas. Além disso, faz alusão à dificuldade de mudar ideias não tanto em nós mesmos como principalmente em outros.

O filme dura 2 horas e 28 minutos, e tem um enredo complexo e repleto de detalhes, sendo assim, se o assistirmos e resistirmos podemos capturar diversos detalhes antes não vistos. Como o fato de Cobb estar com a aliança somente dentro do mundo dos sonhos e no mundo real não.

Hoje mais do que nunca, ideias ganham facilmente espaço em nossas mentes através das mídias, a capacidade de dominá-las e não ser dominado por elas se faz cada vez mais necessária. A questão é, quando saber se estamos sendo influenciados ou não. Por fim, continue acompanhando a Proddigital Pop, para descobrir novas perspectivas de filmes, e estar por dentro dos principais acontecimentos da Cultura Pop. Até a próxima!

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