Orange
Orange - Imagem: Telecom Animation Film

Ainda é bem comum pensar que animações são apenas voltadas para crianças, especialmente as produções orientais, muitas vezes associadas a robôs gigantes ou criaturas estranhas. No entanto, diversos animes apresentam temas sérios e profundos. Um exemplo é Orange, que aborda questões delicadas com bastante sensibilidade.

O anime foi ao ar pela primeira vez em 2016 e é uma adaptação do mangá de mesmo nome, escrito por Ichigo Takano. Enquanto isso, a produção ficou a cargo do estúdio Telecom Animation Film. No Brasil, o mangá foi publicado em 2015 pela editora JBC, antes mesmo de a versão animada ter sido anunciada oficialmente.

Orange começou como um manga shoujo com elementos slice of life, mas depois passou a ser publicado em uma revista seinen. Afinal, a história traz o tema da viagem no tempo, já conhecido no universo dos animes, mas também trata, de forma direta, questões relacionadas à depressão, mostrando, logo no início, como um acontecimento fatal pode afetar a vida de todos ao redor.

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Além disso, a adaptação animada foi bem recebida pelo público e se destacou como um dos títulos mais esperados da temporada de verão de 2016. A expectativa foi motivada tanto pelo sucesso do manga quanto pelo enredo, que mistura elementos cotidianos e temas mais sérios. A adaptação procurou manter o tom da história original, equilibrando os elementos emocionais com os temas centrais do enredo.

Na história, a protagonista recebe uma carta escrita por ela mesma, enviada do futuro. A carta traz orientações detalhadas sobre acontecimentos importantes em sua vida e na vida de seus amigos, principalmente Naruse Kakeru, com o intuito de evitar arrependimentos e mudanças negativas.

Sinopse: “No primeiro dia do segundo ano do ensino médio, Naho Takamiya recebe uma carta misteriosa enviada por ela mesma, vinda de dez anos no futuro. A carta contém instruções detalhadas sobre eventos que ocorrerão, incluindo a chegada de um novo aluno transferido, Kakeru Naruse. A versão futura de Naho expressa profundo arrependimento por decisões tomadas e pede que sua versão mais jovem evite cometer os mesmos erros, especialmente em relação a Kakeru. Conforme os acontecimentos descritos na carta começam a se concretizar, Naho percebe que o conteúdo é real e se empenha em alterar o curso dos eventos para proteger Kakeru de um destino trágico. ​”

Sci-fi com drama e pitadas de romance

Kakeru Naruse e Naho Takamiya
Kakeru Naruse e Naho Takamiya – Imagem: Telecom Animation Film

O ponto mais forte do anime, sem dúvida, está em sua proposta inicial. Afinal, a ideia central mistura, de forma inteligente, temas como tristeza profunda, realidades alternativas e a chance de voltar no tempo. Esses elementos são entrelaçados com uma narrativa romântica ambientada no contexto do ensino médio. Embora enredos com viagens temporais tenham se tornado bastante comuns, especialmente em animes e dramas adolescentes, a obra consegue se destacar mesmo em meio a esse cenário saturado. Nem todos os clichês são ruins, e aqui o recurso é utilizado com sensibilidade e propósito.

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No início, o espectador conhece os personagens principais de Orange, com foco em um triângulo amoroso, seguido pelo restante do grupo de amigos. Essa abordagem é típica de histórias voltadas ao público jovem, mas a série consegue trabalhar esses elementos sem soar repetitiva. A fórmula pode ser familiar, porém é executada com consistência e um cuidado notável com os detalhes emocionais, que ajudam a dar profundidade às relações entre os personagens.

Enquanto isso, a narrativa de Orange se concentra em dois jovens: Naho e Kakeru. Um dia, Naho recebe uma carta incomum, que afirma ter sido enviada por sua versão mais velha, vivendo dez anos no futuro. Essa carta traz instruções específicas sobre um novo aluno que logo se juntará à turma, alertando que ele será alguém muito importante e que cuidados precisam ser tomados para evitar que tristes acontecimentos se repitam. A carta serve como uma lembrança e também como um pedido de ajuda.

Entre as primeiras orientações está a recomendação para que Naho e seus amigos não convidem Kakeru para sair no primeiro dia de aula. Ela hesita em acreditar na carta, já que a ideia de mensagens vindas do futuro soa absurda. Mesmo assim, seus amigos fazem o convite. Mais adiante, Naho descobre que aquele dia foi decisivo, pois coincidiu com a morte da mãe de Kakeru, o que demonstra que as informações da carta realmente eram verdadeiras.

A partir desse ponto, Kakeru se afasta da escola por algum tempo, e os eventos descritos na carta continuam a se concretizar. Com o passar dos dias, Naho compreende que o objetivo da mensagem do futuro é ajudar a proteger Kakeru, que, no tempo em que a carta foi escrita, já não está mais presente. Por fim, ela passa a encarar a missão de mudar esse destino como algo urgente e necessário.

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Desse modo, a narrativa alterna constantemente entre o presente e o futuro, revelando como os amigos lidam, dez anos depois, com a ausência de Kakeru. Afinal, o grupo, já adulto, carrega sentimentos de culpa e arrependimento por não ter percebido o quanto ele sofria. A tristeza do passado os motiva a tentar mudar o rumo da história, escrevendo cartas com instruções para si mesmos, na esperança de evitar a perda que tanto os marcou.

A razão dada para que essas cartas possam viajar no tempo remete a uma teoria que sugere a presença de um buraco negro nas profundezas do mar, possibilitando a transmissão de dados para uma época diferente. Embora essa informação seja citada, a explicação não explora em profundidade os pormenores.

Apesar de ter base na ficção científica, Orange não foca na explicação desses fenômenos. O aspecto técnico é deixado em segundo plano, e isso é proposital. O enredo deixa claro, desde o início, que a intenção não é oferecer uma análise detalhada de física ou teoria do tempo, mas sim usar esses elementos para construir uma história emocionante sobre derrotas, decisões e chances de transformação.

Assim, o componente científico funciona apenas como suporte para o que realmente importa, a relação entre os personagens, os sentimentos não expressos e as decisões que moldam o futuro. O destaque da trama está na forma como ela trata o arrependimento, a importância da amizade e a vontade de fazer diferente. Não é a lógica por trás das cartas que prende a atenção, e sim o desejo profundo de evitar que alguém querido sofra sozinho.

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Protagonista fraca, mas humana

Personagem Naho
Personagem Naho – Imagem: Telecom Animation Film

Entre os alunos da escola, Naho se destaca por sua personalidade introspectiva, sempre muito calada e reservada. Essa descrição não deve ser vista como crítica, mas sim como um retrato fiel de quem ela era. A sua versão futura, quando já é adulta, carrega uma carga emocional por não ter experimentado tudo o que almejava na juventude, principalmente por ter sido impedida por seus próprios medos. Esse tipo de remorso é uma experiência comum, embora em diferentes graus. Naho, no entanto, exige atenção, paciência e cuidado daqueles ao seu redor, pois sua sensibilidade é profunda e constante.

Na juventude, a entrada de Kakeru transforma a rotina do grupo. Logo no primeiro dia, os amigos mais próximos de Naho, Suwa, Azusa, Takako e Hagita quebram as instruções escritas na carta recebida do futuro e convidam o novo aluno para almoçar com eles. O gesto simples estabelece um elo imediato entre Kakeru e o grupo, iniciando uma convivência que, aos poucos, se torna fundamental para o desenrolar da história.

Com o passar dos dias, Naho percebe que as previsões da carta realmente se confirmam. Embora saiba que ignorar esses avisos pode resultar em arrependimentos profundos, demora a tomar decisões. A insegurança a impede de agir com rapidez, mesmo diante da urgência de mudar certos caminhos. E é justamente essa insistência nas advertências relacionadas a Kakeru que levanta uma pergunta, por que ele é o centro de tantas preocupações?

A resposta está nas dores que cada um carrega. Todos enfrentam, de alguma forma, conflitos internos, medos e experiências não resolvidas. Mas é comum que, presos às próprias emoções, muitos deixem de perceber o sofrimento do outro. Em vez de oferecer ajuda ou diálogo, esperam que os sentimentos sejam adivinhados. Tanto Naho quanto Kakeru vivem esse dilema. Cada um, à sua maneira, mostra sinais de traumas emocionais, insegurança afetiva e dificuldade de se conectar.

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Durante boa parte do enredo, Naho apresenta uma postura quase apagada. Sua extrema timidez e ansiedade são levadas a um ponto que pode causar frustração, especialmente para quem espera mais ação. Ainda assim, essa construção segue o padrão típico de personagens femininas em romances escolares, cuja trajetória costuma passar pelo amadurecimento e descobertas. Afinal, seu comportamento é parte do processo que a história deseja mostrar.

E é justamente nesse processo que está um dos pontos fortes da narrativa. Com o passar do tempo, a personalidade da garota insegura começa a mudar. A convivência com os amigos, os desafios emocionais e as escolhas difíceis a ajudam a crescer. Por fim, Naho passa de alguém passivo para uma figura com mais presença e atitude, revelando que mesmo os mais silenciosos podem se transformar com apoio e tempo.

Por outro lado, Kakeru enfrenta suas próprias batalhas. Ele tem dificuldades para se comunicar, parece alheio aos sentimentos dos outros e, muitas vezes, age com indiferença sem perceber. Mas, por trás disso, existe um motivo doloroso, relacionado ao sofrimento psicológico que o afeta profundamente. Seu distanciamento não é descaso, e sim uma tentativa de fugir do mundo que o machuca. Os amigos, atentos a isso, tentam agir com delicadeza para aproximá-lo de Naho.

O que se observa são dois jovens que necessitam de ajuda, mas enfrentam dificuldades para pedir. Ou seja, eles não sabem expressar o que sentem, se fecham em seus próprios mundos e vivem na dúvida constante. Apesar disso, a relação entre eles cresce, mesmo em meio às dores. E é aí que a história se torna um lembrete marcante, não deixe sentimentos para depois, abrace quem está por perto hoje, diga o que sente hoje. Porque o silêncio pode carregar um peso que jamais se desfaz.

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A série tem apenas 13 episódios, mas é o suficiente para contar a trajetória de Naho tentando mudar um passado que a persegue. Ao receber a carta com orientações, ela busca impedir que certas decisões erradas se repitam. A mensagem da história é clara: existem marcas emocionais que só conseguimos entender quando já é tarde demais.

Além do conflito emocional, Orange também mostra uma complexa relação amorosa entre três pessoas. Na linha do tempo futura, Naho está casada com Suwa, embora seus sentimentos por Kakeru fiquem claros desde o início. Afinal, Kakeru também demonstra interesse por ela, o que deixa tudo ainda mais difícil, já que Suwa do passado também gosta de Naho. Esse conflito entre razão, sentimento e tempo dá à trama um toque ainda mais humano e real.

Personagens que fazem a diferença

Personagens principais de Orange
Personagens principais de Orange – Imagem: Telecom Animation Film

Como já disse, Naho é uma garota introspectiva que encontra certa dificuldade em seguir cada orientação recebida nas cartas. Ainda assim, com o suporte dos amigos, especialmente em momentos decisivos, ela consegue transformar sua realidade. Suwa, por sua vez, demonstra um carinho genuíno por Naho e se esforça para tomar decisões que a favoreçam. Mais adiante, ele carrega o peso de não ter percebido antes o quanto Kakeru estava lidando com emoções intensas e silenciosas.

A narrativa dá maior destaque à jornada de Suwa, Naho e Kakeru, enquanto personagens como Chino, Hagita e Azusa acabam ficando em segundo plano, principalmente no início. Porém, com o passar dos episódios, esses coadjuvantes ganham mais profundidade e espaço. Mesmo que não causem grande impacto logo de início, acabam se tornando totalmente relevantes na trama. Nesse sentido, apesar de uma boa história, é possível apontar alguns problemas na adaptação para o anime de Orange em contrapartida do manga, mas a essência da mensagem permanece forte e comovente.

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A depressão de Kakeru

Kakeru Naruse de Orange
Kakeru Naruse de Orange – Imagem: Telecom Animation Film

Como eu também já disse anteriormente, o primeiro episódio de Orange se passa dez anos no futuro, quando um grupo de amigos se reúne para desenterrar uma cápsula do tempo que esconderam nos tempos de escola. Dentro dela, encontram cartas escritas por suas versões mais jovens e uma fotografia dos seis juntos. A narrativa então volta para o passado, no início do segundo ano do ensino médio de Takamiya Naho, que, pela primeira vez, chega atrasada à escola.

Naquele mesmo dia, a turma recebe um novo colega, Naruse Kakeru, cuja chegada marca o início dos eventos centrais da história. Apesar de ter sido alertada por uma carta vinda do futuro para não convidá-lo à padaria dos pais de Azusa, Naho ignora o aviso, tomada pela dúvida. Ainda assim, o grupo se junta para mostrar a cidade ao recém-chegado, criando memórias alegres nesse primeiro contato.

Pouco depois desse passeio, Kakeru se afasta da escola por duas semanas. Ele reaparece durante o campeonato esportivo estudantil, que inclui suas atividades favoritas, o futebol, esporte que ele ama, e o softball, no qual Naho se destaca. Dessa vez, ela segue a orientação da carta e consegue alterar um evento que antes causava arrependimento. Ao mesmo tempo, seus sentimentos por Kakeru começam a se intensificar.

Ao ler outros trechos da carta, Naho compreende que o verdadeiro propósito daquele aviso não é apenas ajudá-la a corrigir pequenas falhas do passado, mas impedir um acontecimento muito mais grave: a perda da vida de Kakeru. A percepção de que seu destino pode ser alterado dá novo sentido às ações que ela começa a tomar.

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Nos episódios seguintes, o triângulo amoroso entre Naho, Kakeru e Suwa acontece, ainda que Naho nem perceba isso de imediato. No futuro, ela acaba casada com Suwa e tem um filho com ele, enquanto Kakeru não está mais entre eles, uma informação que a carta, propositalmente, omite.

Por fim, Orange trata, com delicadeza e profundidade, da convivência com alguém que enfrenta um quadro de tristeza profunda. A animação mostra com muita sensibilidade a forma como Kakeru se comporta, suas reações diante das interações com Naho e Suwa, e a maneira como lida com seus sentimentos, refletindo com realismo a vivência de quem passa por esse tipo de dor.

Kakeru se esforça para aparentar estar bem o tempo todo. Afinal, ele prefere esconder sua dor, acreditando que, se for sincero, acabará sendo incompreendido ou até rejeitado pelos amigos. Essa tentativa de proteger os outros, e a si mesmo, contribui para que sua dor se aprofunde, e Orange consegue transmitir isso de maneira comovente e verdadeira.

Embora a obra seja um anime shoujo, ela foge dos clichês comuns desse estilo. O romance entre Naho e Kakeru existe, mas não é forçado nem centralizado de forma exagerada. Assim, o foco permanece na tentativa de evitar um destino trágico, tornando a narrativa mais madura e emocionalmente impactante.

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Apesar dos temas difíceis, a história também mostra leveza e honestidade. Demonstrando como o apoio de amigos verdadeiros pode ser fundamental para mudar o rumo de alguém em sofrimento. Por fim, o anime transmite uma mensagem de esperança, sem minimizar a seriedade da situação, tornando-se uma obra tocante e única.

Ao trazer à tona questões como culpa, tristeza intensa e a ideia de desistir da própria vida, Orange vai além de uma simples história de viagem no tempo. Mesmo quando o enredo frustra pelas limitações dos personagens, ele provoca reflexão sobre como a dor emocional pode ser poderosa o bastante para silenciar vidas, e como a empatia e o apoio coletivo podem, às vezes, impedir isso.

Arte, ambientação e trilha sonora de Orange

Cena de Orange
Cena de Orange – Imagem: Telecom Animation Film

A animação se destaca de forma boa, mantendo fielmente o estilo artístico da autora original, o que transmite uma sensação de autenticidade muito bem-vinda. Além disso, a representação da cidade de Matsumoto é feita com extremo cuidado, refletindo com precisão sua aparência real. Esse nível de detalhamento na ambientação contribui significativamente para a imersão do espectador, tornando o cenário mais do que apenas um pano de fundo.

No aspecto técnico, foi utilizada uma abordagem tradicional e bastante comum entre produções do gênero, com gráficos que, embora simples, são visualmente agradáveis. Os cenários continuam bem trabalhados, e as cores vibrantes ajudam a manter o interesse visual. Ainda que não traga grandes inovações, o resultado final é harmonioso e proporciona uma experiência confortável de se assistir, algo que muitas animações não conseguem alcançar com a mesma consistência.

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Os cenários receberam atenção especial e são bem realistas. No entanto, essa opção estética acabou criando um contraste com o visual dos personagens, que apresentam um estilo mais caricatural e colorido, típico de anime. Isso gera um certo desalinhamento entre os elementos visuais, o que pode causar estranhamento em alguns momentos.

Além disso, houve uma queda perceptível na qualidade da animação em determinados trechos, sugerindo limitações orçamentárias. A redução na revisão de quadros comprometeu a fluidez de algumas cenas e tornou esses momentos visivelmente inferiores em relação ao restante da obra.

Além disso, tais oscilações não são exclusivas de um único episódio. Afinal, a falta de consistência na animação se torna mais evidente justamente por conta do estilo visual escolhido, que exige expressividade e um dinamismo orgânico. Quando esses elementos falham, os problemas se tornam ainda mais visíveis devido à qualidade elevada presente em outras partes.

Apesar disso, a equipe técnica demonstrou grande dedicação nos momentos de maior impacto emocional e narrativo. Tanto a animação quanto a trilha sonora se destacam nas cenas mais importantes, criando momentos memoráveis que definem a identidade de Orange. Esses acertos acabam por atenuar as falhas pontuais, deixando uma impressão positiva geral.

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Vale lembrar que o responsável pela trilha sonora é Hiroaki Tsutsumi, que faz com perfeição o arranjo entre sua música e a obra. Com experiência em outras produções como Blue Spring Ride e Kuromukuro, Tsutsumi soube dosar bem o tom emocional. As faixas de piano emocionantes se unem a músicas com influência folk e country, utilizando violões e toques pop para criar uma atmosfera acolhedora que complementa a ambientação interiorana da cidade retratada.

Conclusão de Orange

Naho Takamiya, Matsumoto e Hiroto Suwa em Orange
Naho Takamiya, Matsumoto e Hiroto Suwa em Orange – Imagem: Telecom Animation Film

A experiência ao assistir Orange é marcada por uma sensação agridoce, o que justifica perfeitamente o nome escolhido para o anime. Embora o desfecho não traga a tradicional cena de um casal “principal” formando uma família, ele entrega uma conclusão satisfatória, deixando claro que os personagens alcançaram seu propósito e agora seguem um novo caminho a partir disso.

Durante a narrativa, é comum se sentir dividido. Afinal, os acontecimentos mostrados nos flashes do futuro despertam angústia, mas, ao mesmo tempo, é possível se apegar à forma como os fatos se desenrolam no presente. Mas a necessidade de mudança se impõe, e a introdução do conceito de múltiplas realidades paralelas, onde a história ocorre de maneiras distintas, oferece um ânimo para o que poderia ter sido.

A produção é visualmente encantadora e aborda temas profundos, como viver plenamente, conceder novas chances a si mesmo e lidar com os arrependimentos que, muitas vezes, deixam marcas profundas. Ou seja, mais uma prova de como as animações orientais conseguem explorar com sensibilidade questões humanas importantes e delicadas, sem perder a beleza artística.

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Por fim, a obra sugere uma reflexão profunda acerca da existência. É uma dica importante para aqueles que querem compreender o valor de avançar além do passado, procurar o perdão pessoal e encarar o presente e o futuro com bravura. Além disso, a ideia de tirar a própria vida é tratada com seriedade, e o anime mostra o quanto o apoio dos amigos, mesmo diante da resistência de quem sofre, pode ser determinante. Afinal, pequenos gestos de cuidado podem mudar destinos.

Para os admiradores de animes escolares do gênero shoujo, Orange se encaixa perfeitamente. A adaptação segue a estrutura clássica, desenvolvimento gradual, fortalecido pela participação das demais personagens, e conquista o público por meio de momentos simples, porém intensos.

Vale lembrar que Orange está disponível na plataforma Crunchyroll. Além do anime, existem dois filmes, uma versão em live-action e outro chamado Orange: Mirai, que mantém o estilo anime e apresenta os acontecimentos sob o ponto de vista de Suwa.

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