Segundo dados atualizados de audiência divulgados no último dia 20 de março, a cerimônia de entrega do Oscar 2024 foi assistida por mais de 21 milhões de norte-americanos, se tornando a cerimônia do Oscar mais vista nos últimos quatro anos. E não apenas isso, a cerimônia desse ano foi a premiação mais assistida nos Estados Unidos desde a cerimônia de entrega do Oscar de 2020, que ocorreu poucas semanas antes da pandemia de COVID-19 chegar com força no país.
Segundo os dados da Nielsen, principal empresa de medição de audiência dos Estados Unidos, divulgados poucos dias após a entrega do Oscar, a cerimônia havia sido assistida por 19,5 milhões de espectadores nos Estados Unidos, um aumento de público de cerca de 4% em relação ao ano passado, quando 18,75 milhões de pessoas no pais assistiram a cerimônia. A princípio, no entanto, a audiência havia caído cerca de 5% entre o público de 18 a 49 anos de idade, o mais valorizado pelo mercado.
Segundo a Nielsen, a cerimônia tinha dado 3.81 pontos de audiência entre o público dessa faixa etária, contra 4.03 pontos no ano passado. Contudo, dados atualizados de audiência em multiplataforma divulgados pela Live+7, mostraram que também houve aumento nessa faixa do público. Segundo a empresa, o Oscar 2024 atingiu 4.35 pontos de audiência entre o público de 18 a 49 anos de idade.
Além disso, a audiência total da cerimônia subiu para 21 milhões de pessoas nos Estados Unidos. Esse aumento ocorre porque, muita gente não assiste a cerimônia ao vivo durante a transmissão televisiva, mas assiste depois em outras plataformas, como streaming, por exemplo. Isso pode ter ocorrido ainda em maior escala esse ano, já que a cerimônia começou uma hora mais cedo do que o horário habitual, pegando muita gente de surpresa.
Recuperação pós-pandemia
Esses dados confirmam que o mercado vem se recuperando após os estragos causados pela pandemia e que os indíces de audiência de premiações devem voltar, pelo menos, ao estado em que se encontravam antes da pandemia. Prova disso, é que todas as principais cerimônias de premiação transmitidas pela televisão norte-americana nesse ano experimentaram aumento em seus indices de audiência em relação a anos anteriores.
A audiência da cerimônia de entrega do Grammy Awards, principal premiação da música norte-americana, subiu 34% em relação a 2023, tendo sido assistido por quase 17 milhões de pessoas. Já a cerimônia de entrega do Globo de Ouro experimentou um aumento de cerca de 50% na audiência em relação a 2023, tendo sido assistido por cerca de 10 milhões de pessoas nos Estados Unidos.
Até mesmo o Tony Awards, principal premiação do teatro nos Estados Unidos, experimentou um aumento em seus índices de audiência e olha que essa costuma ser, entre todas as grandes premiações da indústria do entretenimento norte-americana, aquela que desperta menos interesse do público em geral.
O fato é que todos esses fatos provam que o público norte-americano voltou a se interessar por eventos ao vivo. Contudo, apesar desse interesse renovado do público nos Estados Unidos, a cerimônia de entrega do Oscar ainda não conseguiu recuperar seus indíces de audiência pré-pandemia. Já que, a cerimônia de 2020, última antes da pandemia, chegou a ser vista por mais de 23 milhões de pessoas. Além disso, a entrega do Oscar ainda está muito longe de atingir seus melhores indices históricos. Falaremos mais sobre isso nas seções abaixo.
Motivos para o aumento de audiência no Oscar 2024
Mas quais são os motivos para esse aumento de audiência? Os motivos são vários e falaremos sobre os principais nos parágrafos a seguir.
Mudança de horário
O primeiro motivo apontado como uma das possíveis explicações para esse aumento significativo nos índices de audiência foi a mudança de horário da cerimônia de entrega do Oscar, que esse ano começou uma hora mais cedo do que o habitual. A mudança, inclusive, causou alguma confusão até mesmo entre os profissionais de Hollywood, com muitos deles chegando atrasado ao Dolby Theatre, onde ocorreu a entrega do Oscar e fazendo com que o início da cerimônia atrasasse alguns minutos.
Alguns telespectadores, não só nos Estados Unidos, mas também em outras partes do mundo, também perderam os minutos inicias da cerimônia de entrega do Oscar. Contudo, isso é um pequeno preço a pagar se essa mudança realmente ajudou a aumentar o número de pessoas que assisitiram ao Oscar 2024. É importante lembrar que nos Estados Unidos, essa questão do fuso horário é muito importante. Já que algumas das principais cidades (e, portanto, mercados consumidores) do país estão em fuso-horários diferentes.
Isso porque, os Estados Unidos tem um território enorme que vai do Oceano Atlântico (Costa Leste) ao Oceano Pacífico (Costa Oeste). Além disso, as duas maiores cidades do país, Los Angeles e Nova York, ficam muito distantes uma da outra. Los Angeles fica na Costa Oeste e Nova York na Costa Leste. Dessa forma, Los Angeles que está no chamado “Fuso Horário do Pacífico (ou “Pacific Time Zone”) costuma estar três horas atrás de Nova York, que está no chamado “Fuso Horário do Leste” (ou “Eastern Time Zone”). Assim, quando são meio-dia em Los Angeles, já são três da tarde em Nova York.
Por isso, é sempre um desafio estabelecer um horário para a cerimônia que agrade a todos. Ainda mais se tratando de um evento que pode durar mais de três horas e meia. Dessa forma, o horário de encerramento da cerimônia era considerado muito tarde por muita gente que achava que isso acabava afastando da cerimônia as “pessoas comuns” que tinham que dormir mais cedo no domingo para trabalhar na segunda-feira.
Baseado nisso, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood (AMPAS), entidade que organiza e entrega o Oscar, resolveu que esse ano a cerimônia começaria as quatro da tarde em Los Angeles, ou seja, sete da noite em Nova York. A estratégia parece ter funcionado. Além do aumento de audiência sobre a qual já falamos, mais pessoas se interessaram por assistir o final da cerimônia quando o evento atingiu seu pico de audiência.
Até mesmo o episódio especial da série Abbott Elementary, exibido após a cerimônia de entrega do Oscar, se beneficiou da mudança de horário. Com mais gente ainda acordada, o episódio foi visto por quase 7 milhões de pessoas, um aumento de 60% em relação ao seu número total de telespectadores.
Barbenheimer
Outro motivo apontado para o aumento da audiência da cerimônia de entrega do Oscar desse ano foi o fenômeno “Barbenheimer”. Ou seja, o interesse, ou a quase obsessão, pelos filmes Barbie e Oppenheimer, o que fez com que as duas obras tivessem, respectivamente a maior e a terceira maior bilheteria do ano em 2023, arrecadando juntos quase 2,5 bilhões de dólares em bilheterias. Além disso, as duas produções juntas estavam indicadas a 21 Oscars, incluindo, indicações na categoria de Melhor Filme.
É verdade que Barbie, o filme de maior bilheteria em 2023 e maior propulsor do fenômeno cultural que se tornou “Barbenheimer”, chegou a cerimônia de entrega do Oscar 2024 com pouquíssimas chances reais de vencer nas principais categorias. Aliás, o filme venceu apenas a categoria de Melhor Canção Original, onde era franco favorito a vitória. Mas mesmo assim, as pessoas foram atraídas pela presença do filme entre os indicados e também pela presença do elenco do filme no Oscar.
Além disso, Oppenheimer acabou por fazer jús as expectativas e se tornou o maior vencedor da noite, saindo da cerimônia de entrega do Oscar com sete estatuetas na mão, incluindo as de Melhor Filme, Diretor, Ator e Ator Coadjuvante. Assim, pelo menos uma das metades de “Barbenheimer” saiu da cerimônia satisfeita.
É fato que o público de forma geral gosta de ter filmes para torcer durante a cerimônia. Não a toa, toda vez que alguma produção de grande bilheteria está concorrendo nas principais categorias ocorre um aumento significativo nos indíces de audiência da cerimônia, como ocorreu, por exemplo, em 1998 por causa de Titanic e em 2004 por causa de O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei.
Assim, a Academia está sempre dividida entre premiar os “melhores filmes” ou premiar os filmes “mais populares”. Nos últimos anos, no entanto, a Academia tem escolhido premiar produções muitas vezes “pequenas”, independentes e até mesmo filmes produzidos fora dos Estados Unidos.
Contudo, a Academia também tem tentado dar sinais ao “público comum”, como o aumento de indicados na categoria de Melhor Filme, ou mesmo dando maior destaque as categorias de interpretação, principalmente, de Melhor Ator e Atriz, já que esses profissionais são os mais conhecidos do grande público, já que são eles que “mostram a cara” na frente das câmeras. Por tudo isso, nesse sentido, 2023 foi um bom ano para a Academia.
Isso porque, dois dos três filmes mais vistos do ano estavam indicados nas principais categorias do Oscar. Além disso, outros dois filmes que estavam entre os 10 mais vistos em 2023, foram indicados em categorias técnicas. Assim, a Academia não teve que fazer grandes esforços para encontrar filmes de grande bilheteria e que também fossem considerados bons o suficiente para serem indicados ao Oscar.
Jimmy Kimmel
Outro fator apontado por especialistas como responsável, pelo menos em parte, pelos bons indíces de audiência registrados pelo Oscar desse ano, foi Jimmy Kimmel. O famoso apresentador de televisão foi mais uma vez o anfitrião da cerimônia, a quarta vez que ele ocupa esse papel. O desempenho de Kimmel foi quase que unanimamente elogiado pelos especialistas da indústria. Fato que coloca Kimmel entre os poucos anfitriões que foram capazes de agradar a quase todo mundo.
Além disso, Kimmel parece trazer uma certa estabilidade para o papel de anfitrião do Oscar. Isso porque, há anos, a Academia vem sofrendo para encontrar um anfitrião descente. Tendo, inclusive, realizado cerimônias com vários anfitriões e até mesmo sem nenhum anfitrião. Em todas essas ocasiões o resultado foi ruim ou mesmo desastroso.
Isso porque, o papel de anfitrião é fundamental na cerimônia de entrega do Oscar, já que ele pode atrair ou repelir o público, com seu humor e estilo de apresentação. Além disso, o anfitrião, dependento de seu estilo, pode fazer com a cerimônia se torne fluída e leve ou pesada e arrastada. Por isso, a Academia sempre busca bons nomes para esse papel. Quem não se lembra com certo saudosismo das cerimônias apresentadas por Billy Crystal ou mesmo Whoopi Goldberg nos anos 1990 e 2000.
Crystal agradou tantou que chegou a ser anfitrião da cerimônia por nove vezes, ligando definitivamente seu nome ao Oscar e também se tornando de alguma forma a cara da cerimônia de entrega do Oscar no anos 1990. Por isso, não se surpreenda se no ano que vem, a Academia for conservadora e mais uma vez convidar Kimmel para ser anfitrião da cerimônia do Oscar 2025. Afinal de contas, em time que está ganhando não se mexe.
Momentos memoráveis
Outro fator apontado por alguns para explicar o aumento de audiência experimentado pela cerimônia de entrega do Oscar desse ano, foi a presença de momentos memoráveis durante a cerimônia. Afinal de contas, estamos na era das redes sociais e nada mais importantes do que criar momentos que gerem repercursão por muitos dias após o fim de um evento. Certamente, o momento mais comentado da cerimônia foi a apresentação ao vivo da canção “I’m Just Ken”, feita pelo ator Ryan Gosling. A canção que faz parte da trilha sonora de Barbie estava concorrendo na categoria de Melhor Canção Original.
E como ocorre tradicionalmente, todas as canções indicadas nessa categoria são apresentadas ao vivo no palco do Oscar. Contudo, Gosling não simplesmente interpretou a canção. Ele criou um verdadeiro show no palco, com a presença do compositor da canção, Mark Ronson, do famoso guitarrista Slash e de membros do elenco de Barbie. A apresentação foi grandiosa e fez menções e homenagens aos filmes do famosos diretor e coreógrafo Busby Berkeley e também ao musical clássico Os Homens Preferem as Loiras, estrelado por Marilyn Monroe.
Outros momentos de destaque ficaram por conta do tenor Andrea Bocelli, cantando junto com seu filho Matteo, a canção “Time to Say Goodbye”, versão em inglês de seu grande sucesso “Con te partirò” durante a seção “In Memorianm”, quando são homenageados os profissionais de cinema que morreram no ano anterior. Outro destaque ficou por conta de John Cena entrando no palco aparentemente nú e coberto apenas por um envelope gigantesco para apresentar a categoria de Melhor Figurino.
Algo feito não só para demonstrar a importância dos figurinos nas produções cinematográficas, mas também para lembrar de um momento real ocorrido na cerimônia de entrega do Oscar de 1974, quando Robert Opel invadiu pelado o palco da premiação com uma placa pedindo paz. A “homenagem” de Cena gerou muita repercussão e deu muito o que falar nas redes sociais e também nos sites de notícias que cobrem a indústria do entretenimento.
Mudança no público e futuro da cerimônia
Apesar dos índices positivos de audiência alcançados pela cerimônia de entrega do Oscar desse ano, é impossível negar que eles ainda estão longe dos índices que ela alcançava em seus melhores anos. É claro que o momento é de comemorar. Afinal de contas, a indústria do entretenimento está saindo de um dos piores momentos de sua história. Além disso, essa é a primeira vez desde o período de 2011 a 2014 em que a audiência da cerimônia de entrega do Oscar sobe por quatro anos seguidos.
Ademais, a cerimônia desse ano foi o evento ao vivo não-esportivo mais visto da televisão norte-americana desde 2020. Todas essas conquistas não são pequenas e devem ser comemoradas tanto pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood quanto pela ABC, emissora de televisão que desde os anos 1970 transmite o Oscar nos Estados Unidos. Apesar de tudo isso e de todos esses números positivos, não podemos deixar de mencionar que essa é a quarta pior audiência de toda a história do Oscar.
Apesar disso, o fato de a cerimônia ter aparentemente voltado a casa dos 20 milhões de telespectadores nos Estados Unidos é algo a ser celebrado. Contudo, o cenário de perda de audiência por parte da cerimônia de entrega do Oscar é real. Desde 2014, a cerimônia vem perdendo consistentemente audiência. Naquele ano, mais de 43 milhões de norte-americanos sintonizaram na ABC para assistir a entrega do Oscar.
Desde então, a cerimônia nunca mais chegou nem perto de números assim. Entre 2015 e 2017, o números de pessoas que assistiram a cerimônia ficou na casa dos 30 milhões e partir de 2018 caiu para a casa dos 20 milhões, até chegar ao desastroso ano de 2021 quando, em meio a pandemia e com a cerimônia de entrega do Oscar feita de forma remota e sem a presença das estrelas hollywoodianas, apenas 10.4 milhões de norte-americanos assistiram a premiação.
Lembrando que durante os anos 1990 e 2000, as cerimônias sofriam altos e baixos na audiência dependendo do interesse do público nos filmes concorrentes e também na condução da cerimônia em si. Contudo, durante todo esse período, a cerimônia de entrega sempre era vista por, pelo menos, mais de 30 milhões de norte-americanos, mesmo em seus piores anos. E em diversos anos, a cerimônia atraia mais de 40 milhões de espectadores nos Estados Unidos.
Em 1998, por exemplo, puxada pelo estrondoso sucesso de Titanic, a cerimônia de estrega do Oscar bateu seu recorde histórico, sendo vista por mais de 57 milhões de norte-americanos, sendo que mais de 87 milhões de pessoas viram algum trecho da cerimônia durante a sua transmissão ao vivo, que ocorreu em 23 de março de 1998. Naquele ano, Titanic que já havia arrecadado quase 2 bilhões de dólares em bilheterias e se tornado, na época, o filme mais visto da história, venceu 11 categorias do Oscar, igualando o feito obtido pelo clássico Ben-Hur, de 1960. Tal feito só seria repetido por O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei, em 2004.
Hoje, nem a Academia, nem a ABC sequer sonham com números assim. Ultrapassar a casa dos 20 milhões de espectadores já seria ótimo e chegar na casa dos 30 milhões parece um objetivo a médio e longo prazo. Qualquer coisa acima disso, parece quase que um sonho distante. Isso porque, aparentemente o gosto do público mudou. Antes o Oscar era visto com uma cerimônia para o público comum que curtia cinema tanto como arte quanto como forma de entretenimento.
Atualmente, tanto a cerimônia do Oscar quanto outras premiações do gênero parecem algo muito ninchado. Algo que só atrai quem realmente gosta e acompanha cinema. O público geral parece está cada vez mais alheio a esse mundo, mesmo nos Estados Unidos, onde a indústria do entretenimento sempre teve muita força.
Antes, assistir a cerimônia de entrega do Oscar e torcer para filmes, atores e atrizes era quase um programa imperdível para o americano médio. Quase que uma espécie de Super Bowl (o principal evento esportivo dos Estados Unidos) da indústria do entretenimento. A noite de entrega do Oscar era aquela noite em que quase todo mundo estava grudado na televisão assistindo aquilo, nem que fosse para dar uma espiadinha rápida.
Muita gente se preparava e fazia até mesmo apostas. Atualmente, parece que essa “magia” se perdeu e não é mais assim. A noite de entrega do Oscar é só mais uma noite e as pessoas muitas vezes nem sequer sabem mais quando ela vai ocorrer ou qual horário irá começar. No Brasil, esse cenário é ainda mais dramático. Nos anos 1990 e início dos anos 2000, havia até mesmo briga entre as principais emissoras do país pelos direitos de transmissão da cerimônia.
Em uma época em que o cinema era um forte puxador de audiência, a Rede Globo e o SBT se revezavam para transmitir a cerimônia que tinha bons indíces de audiência. Na época, tentando desafiar a Rede Globo e tirá-la do topo dos índices de audiência, o SBT chegou a exibir a cerimônia entre 1994 e 1996 e depois entre 2000 e 2004. As exibições do SBT geralmente contavam com cobertura do tapete vermelho e comentários do crítico de cinema Rubens Ewald Filho.
A partir de 2005, a transmissão da cerimônia de entrega do Oscar voltou para a Globo e aos poucos foi perdendo espaço na grade de programação. Engolido pelo Big Brother Brasil, que se tornou um dos programas de maior audiência da emissora, a cerimônia passou a ser exibida de forma picotada, muitas vezes com a transmissão da Globo começando quando a cerimônia já tinha começado há muito tempo. A emissora então exibia um compacto com os melhores momentos da cerimônia.
Em anos recentes, a Globo passou a exibir apenas o final da cerimônia quando eram entregues os principais prêmios da noite. Com a cerimônia sendo exibida integralmente apenas no GloboPlay, plataforma de estreaming da emissora. Em 2022. com o fim do contrato da Globo com a Disney, que detêm os direitos de distribuição do Oscar, a cerimônia de entrega da premiação parou de ser exibida em televisão aberta no Brasil, passando a ser exibida apenas em televisão fechada, pelo canal TNT, e no streaming, pela MAX (antiga HBO MAX).
Assim, a cerimônia se tornou algo voltado apenas para aquele público que realmente gosta de cinema e acompanha a indústria cinematográfica. E ao que tudo indica, a Disney não tem mais interesse na exibição da cerimônia de entrega do Oscar em televisão aberta no Brasil. E as emissoras de televisão daqui, dificilmente estariam dispostas a pagar o que a Warner Bros. Discovery (dona da TNT e da MAX) paga para ter exclusividade de exibição aqui no país. Mesmo com a Globo demonstrando interesse em adquirir os direitos de transmissão para exibir a cerimônia no GloboPlay.
Assim, a Academia terá que cada vez mais superar esses desafios da mudança de tempos e também de perfil de público para manter a relevância do Oscar que é, ainda hoje, a principal e mais importante premiação da indústria cinematográfica mundial. Movimentos nesse sentido, já estão sendo feitos, com a Academia tentando cada vez mais dar espaço a filmes internacionais (o Oscar 2024, foi o primeiro a ter três filmes não falados em inglês indicados a Melhor Filme), dar relevância a atores e atrizes e também tentado integrar filmes mais “comerciais” a cerimônia. Além, é claro, de tentar cada vez mais gerar repercursão na internet e nas redes sociais. Vamos ver se a longo prazo, essas mudanças surtirão efeitos.