10 filmes marcantes estrelados por Val Kilmer

Imagem de Val Kilmer. Créditos: Mark Humphrey/AP.
Imagem de Val Kilmer. Créditos: Mark Humphrey/AP.

No último dia 1 de abril de 2025, faleceu em Los Angeles, na Califórnia, o ator Val Kilmer. O ator que lutava contra um câncer de garganta há cerca de 10 anos e tinha passado por duas traqueostomias, faleceu devido a uma pneumonia. Kilmer começou sua carreira nos início dos anos 1980 e logo de cara fez sucesso. Inicialmente, reconhecido por sua beleza e charme, principalmente, a partir dos anos 1990, ele emplacou diversos papéis que levaram ao reconhecimento de seu talento como ator.

Apesar de todo o sucesso alcançado por Kilmer, o ator desenvolveu a fama de ser difícil de se trabalhar e se conviver, o que acabou por minar sua carreira. A partir dos anos 2000, Kilmer começou a ter cada vez mais dificuldades em conseguir papéis de relevo em grandes filmes. Mesmo assim, existem alguns bons filmes estrelados por ele nesse período. Já nos anos 2010, o ator começou cada vez mais a estrelar produções pequenas ou ter papéis menores em filmes mais importantes.

Com o diagnóstico de câncer na garganta e as traqueostomias, que se seguiram, Kilmer passou a ter enormes dificuldades para falar e sua carreira no cinema praticamente acabou. Dessa forma, nos últimos dez anos de sua carreira ele trabalhou apenas de forma escassa. Seu último papel no cinema foi em Top Gun: Maverick (2022), onde ele voltou a interpretar o papel que o consagrou nos anos 1980. A seguir, apresentaremos uma breve biografia de Val Kilmer, seguido por uma lista de 10 de seus filmes mais marcantes. Sem delongas, vamos lá.

Val Kilmer e o sucesso logo no início da carreira

Val Edward Kilmer nasceu em 31 de dezembro de 1959, em Los Angeles, na Califórnia. Sua mãe, Gladys Swanette, era descendente de suecos e seu pai, Eugene Dorris Kilmer, era descendente de irlandeses, alemães e também Cherokees. Quando Val tinha apenas oito anos de idade seus pais se divorciaram e sua mãe voltou a se casar em 1970.

Nascido e crescido em Los Angeles, Kilmer teve contato desde cedo com intérpretes que depois se tornariam famosos. Ele e o ator Kevin Spacey, por exemplo, estudaram na mesma escola na mesma época. Além disso, a atriz Mare Winningham foi sua namorada no ensino médio. Em 1981, Kilmer se tornou a pessoa mais jovem até então a ser aceita na divisão de teatro da prestigiada Juilliard School, uma das mais importante instituições formadora de artistas dos Estados Unidos.

Em Juilliard, Val Kilmer começou a se apresentar em diversas peças teatrais, a maioria delas shakespearianas. Em 1983, o ator recebeu uma proposta para atuar no drama Vidas Sem Rumo (1983), dirigido por Francis Ford Coppola. O filme ficou famoso por revelar ao mundo diversos atores jovens que depois se tornariam grandes estrelas, como C. Thomas Howell, Rob Lowe, Emilio Estevez, Matt Dillon, Tom Cruise, Patrick Swayze, Ralph Macchio e Diane Lane.

Kilmer, no entanto, já tinha se comprometido com outros trabalhos teatrais e teve que recusar o convite. Ainda em 1983, o ator atuou na peça The Slab Boys, que contava com Kevin Bacon, Sean Penn e Jackie Earle Haley no elenco. No mesmo ano, ele fez seu primeiro trabalho em televisão, atuando em um episódio da série televisiva ABC Afterschool Special, onde ele contracenada com a jovem e, então iniciante, atriz Michelle Pfeiffer.

No ano seguinte, 1984, Val Kilmer estreou no cinema já em um papel principal, na comédia Top Secret!: Superconfidencial. Em 1985, ele estrelaria em outra comédia, Academia de Gênios. No ano seguinte ele recusaria um convite para atuar no, hoje, clássico thriller Veludo Azul, de David Lynch, mas seria escolhido para interpretar o principal antagonista de Top Gun – Ases Indomáveis, filme que o tornaria uma estrela global.

Ainda nos anos 1980, Val Kilmer ainda estrelaria a fantasia Willow – Na Terra da Magia (1988), que apesar de não ter sido o enorme sucesso que todo mundo esperava, acabou por se tornar um dos mais conhecidos e respeitados papéis de sua carreira. Foi também durante a produção do filme que o ator se envolveu com a atriz britânica Joanne Whalley, que também fazia parte do elenco da produção. Os dois acabariam se casando e tendo dois filhos juntos.

The Doors e a consagração como ator

Em 1991, Val Kilmer estrelaria The Doors, filme dirigido por Oliver Stone e que conta a história de Jim Morrison, líder da cultuada banda de rock The Doors. Apesar de a obra ter sido recebida de forma fria pela crítica especializada, a atuação de Kilmer foi amplamente elogiada. A partir desse filme, aliás, ele passou a ser finalmente reconhecido por seu talento como ator.

O filme abriria as portas para o que seria a década mais bem sucedida da carreira de Kilmer. Ainda nessa primeira metade dos anos 1990, o ator atuaria em Coração de Trovão (1992), Tombstone: A Justiça Está Chegando (1993), Fogo Contra Fogo (1995) e ainda seria escolhido como novo intérprete do Homem Morcego em Batman Eternamente (1995).

Alguns dos principais personagens interpretados por Val Kilmer.
Alguns dos principais personagens interpretados por Val Kilmer.

Na segunda metade dos anos 1990, Kilmer ainda atuaria em filmes, como A Ilha do Dr. Moreau (1996), A Sombra e a Escuridão (1996), O Santo (1997), O Príncipe do Egito (1998) e À Primeira Vista (1999). Na primeira metade dos anos 2000, Val Kilmer ainda conseguiria papéis relevantes em produções de destaque, como Planeta Vermelho (2000), Pollock (2000), A Sombra de um Homem (2002), Crimes em Wonderland (2003), Desaparecidas (2003), Alexandre (2004), Spartan (2004) e Beijos e Tiros (2005).

A partir da segunda metade dos anos 2000, no entanto, seus papéis de destaque começariam a ficar cada vez mais escassos, devido, principalmente, a sua fama de ser difícil de trabalhar e também a seus fracassos de bilheteria no final dos anos 1990 e início dos anos 2000. Kilmer passaria a atuar mais em filmes menores, muitos deles lançados diretamente em vídeo ou com distribuição limitada, ou teria papéis menores em filmes de maior destaque.

Mesmo assim, nesse período, o ator ainda conseguiu se destacar em filmes, como Déjà Vu (2006) e Vício Frenético (2009). Nos anos 2010, a carreira de Val Kilmer se tornaria ainda mais errática, com poucos papéis de destaque e muitos filmes pequenos e feitos para lançamento diretamente em vídeo. Desse período, destacam-se suas atuações em, Corram que o Agente Voltou (2010), Boneco de Neve (2017) e De Canção em Canção (2017).

Principalmente, após a descoberta de um câncer de garganta, sua atuação em filmes diminuiu bastante. Entre 2014 e 2017, Kilmer não atuou em nenhum filme. Depois, entre 2017 e 2019, novamente outro hiato. A partir de 2019, o ator vez algumas participações e atuou em papéis pequenos em alguns filmes. Em 2021, Val Kilmer lançou o documentário Val, que fala sobre sua vida e carreira e contêm muito material inédito em vídeo, já que o ator costumava filmar todos os momentos de sua rotina.

Val estreou no Festival de Cannes daquele ano e foi muito bem recebido pela crítica especializada, inclusive, vencendo duas categorias do Critics’ Choice Documentary Awards daquele ano. Em 2022, Val Kilmer faria sua última aparição no cinema, uma participação pequena, mas muito esperada em Top Gun: Maverick, onde o ator volta a interpretar Tom “Iceman” Kazansky, papel que o consagrou nos anos 1980.

O reencontro entre “Iceman” e “Maverick”, personagem de Tom Cruise no filme, gerou comoção no público e foi ainda mais ampliado pelo enorme sucesso do filme que arrecadou quase 1,5 bilhão de dólares em bilheterias. Depois disso, Kilmer não seria mais visto nas telonas e morreria, como dissemos antes, em 1 de abril desse ano. Agora que você já sabe mais sobre Val Kilmer, vamos a lista de seus 10 filmes mais marcantes.

Top Secret!: Superconfidencial (1984) – A estreia de Val Kilmer no cinema

No início dos anos 1980, o trio Jim Abrahams, David Zucker e Jerry Zucker estava no auge de suas carreiras devido ao enorme sucesso de Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu (1980). O filme havia consagrado o estilo do trio, que misturava paródia, com piadas nonsenses, rápidas e inteligentes e, muitas vezes, humor físico.

Foi nesse contexto, que o trio resolveu produzir Top Secret!: Superconfidencial filme que parodiava, ao mesmo tempo, filmes de guerra e filmes musicais de rock & roll consagrados por Elvis Presley. Para isso, o trio concebeu a história de um astro do rock norte-americano que viaja para a Alemanha Oriental para participar de um festival de música, mas acaba se envolvendo em uma trama de espionagem.

Para o papel principal, eles resolveram chamar Val Kilmer, um jovem ator que estava em cartaz na Broadway, com a peça The Slab Boys. Curiosamente, Kilmer deveria ser o protagonista da peça, mas acabou sendo relegado a um papel de alívio cômico quando Sean Penn e Kevin Bacon foram contratados para o elenco e receberam os papéis principais da peça. Mas foi justamente o desempenho cômico de Kilmer em The Slab Boys que chamou a atenção de Jim Abrahams, David Zucker e Jerry Zucker.

Cena de Top Secret!: Superconfidencial (1984).

A mistura original de Top Secret!: Superconfidencial agradou a crítica especializada, mas não o público em geral e, apesar de arrecadar mais que o dobro de seu custo de produção, o filme foi considerado um fracasso de bilheteria. A atuação de Val Kilmer, no entanto, chamou a atenção de todos. No filme, o ator canta, dança e parodia com genialidade o rei do rock, Elvis Presley. Além disso, ele consegue entregar diversas das piadas mais absurdas do filme com a seriedade típica de uma ator treinado em Juilliard.

Além de Kilmer, o elenco de Top Secret!: Superconfidencial conta ainda com as atuações de atores consagrados, como Omar Sharif, Peter Cushing e Michael Gough. Ademais, a trilha sonora do filme foi composta por Maurice Jarre. Atualmente, Top Secret!: Superconfidencial é amplamente considerado uma das melhores paródias de filmes de espionagem da história do cinema e também um dos filmes mais marcantes da carreira de Val Kilmer.

Academia de Gênios (1985)

Segundo filme da carreira de Val Kilmer, Academia de Gênios é também uma comédia, assim como seu primeiro filme. No entanto, o estilo das duas produções é completamente diferente. Aqui, temos uma mistura de comédia adolescente com ficção científica, no mesmo estilo de outros filmes dos anos 1980, como Mulher Nota 1000 e De Volta para o Futuro.

No filme, Val Kilmer interpreta um estudante brilhante de uma universidade de prestígio dos Estados Unidos que tem que ajudar seu roomate, um “nerd” recém-chegado a universidade a se adaptar ao local e também a “curtir a vida”. O personagem de Kilmer é o protótipo do gênio “desleixado”, que é naturalmente tão genial que na maioria das vezes não precisa nem sequer se esforçar para ser o mais inteligente da turma.

Cena de Academia de Gênios (1985)

O papel caiu como uma luva para o estilo galã carismático de Kilmer e se tornou um de seus mais conhecidos filmes. Academia de Gênios foi bem recebido pela crítica especializada e arrecadou cerca de 13 milhões de dólares nas bilheterias norte-americanas, sendo considerado um sucesso comercial. O filme, no entanto, não chegou a fazer tanto sucesso quanto outros do gênero, mas com o tempo acabou se tornando um clássico cult e uma das maiores provas do talento de Val Kilmer para a comédia.

Top Gun: Ases Indomáveis (1986) – Val Kilmer se torna uma estrela de cinema

É até difícil de se acreditar, mas Top Gun: Ases Indomáveis foi apenas o terceiro filme da carreira de Val Kilmer. Mais incrível ainda é saber que o ator não queria aceitar o papel no filme, já que ele acreditava que Top Gun: Ases Indomáveis era só “mais um filme de guerra” e também porque seu personagem quase não tinha profundidade. Kilmer aceitou atuar no filme apenas porque tinha uma obrigação contratual com o estúdio que distribuiria a obra.

No entanto, quando as filmagens começaram, Kilmer se encantou com a abordagem de Tony Scott e se dedicou bastante a seu personagem, criando até mesmo uma história de fundo para ele, afim de justificar sua arrogância e sua busca incessante pela perfeição. Apesar de ser um personagem coadjuvante e o principal antagonista do filme, Val Kilmer deu tanta vida a Tom “Iceman” Kazansky, que o personagem se tornou tão icônico quanto Pete “Maverick” Mitchell, interpretado por Tom Cruise e protagonista de Top Gun: Ases Indomáveis.

Tanto é assim, que mesmo sem poder falar, Kilmer foi convidado a reprisar o papel de Iceman em Top Gun: Maverick (2022), em uma das cenas mais emblemáticas e emocionantes do filme. Produzido a um custo de cerca de 15 milhões de dólares, Top Gun: Ases Indomáveis arrecadou mais de 350 milhões de dólares em bilheterias no mundo todo, sendo quase 177 milhões de dólares apenas nos Estados Unidos. Com isso, o filme se tornou dono da maior bilheteria do país naquele ano.

Cena de Top Gun: Ases Indomáveis (1986)

O enorme sucesso comercial de Top Gun: Ases Indomáveis fez com que Val Kilmer chegasse ao estrelato e se tornasse mundialmente conhecido. Até hoje, Tom “Iceman” Kazansky é um de seus personagens mais conhecidos e Top Gun: Ases Indomáveis um de seus filmes mais marcantes. Aliás, a produção é uma das poucas de sua filmografia a ter sido escolhida para preservação no National Film Registry, devido a sua importância cultural, estética e histórica. Por tudo isso, esse é um daqueles filmes que não poderiam faltar nessa lista.

Willow: Na Terra da Magia (1988)

Em 1988, já com uma carreira estabelecida após o enorme sucesso comercial de Top Gun: Ases Indomáveis, Val Kilmer se envolveu em um filme escrito e produzido por George Lucas e dirigido por Ron Howard. Willow: Na Terra da Magia era estrelado pelo ator Warwick Davis, que é “anão” e, inclusive, foi pioneiro nesse aspecto, já que foi umas das primeiras produções de grande porte a ser estrelada por um intérprete que sofria de nanismo.

Val Kilmer interpreta um guerreiro que acompanha o personagem de Davis em uma jornada para proteger uma jovem princesa das garras de uma diabólica feiticeira. Por ter sido escrito por George Lucas, Willow: Na Terra da Magia possui muitas similaridades com histórias do universo Star Wars. O filme também carrega muitos dos clichês relacionados aos filmes de alta fantasia produzidos nos anos 1980.

Por isso também, Willow: Na Terra da Magia teve dificuldades para atrair tanto público quanto crítica especializada. Produzido a um custo estimado em 35 milhões de dólares, o filme arrecadou mais de 137 milhões de dólares em bilheteria, alavancado principalmente pela arrecadação internacional do filme. Nos Estados Unidos, Willow: Na Terra da Magia arrecadou cerca de 57 milhões de dólares em bilheteria. O filme foi um sucesso comercial, mas ficou muito abaixo das expectativas do estúdio e também de George Lucas, que esperavam que o filme fosse ser um sucesso do tamanho de E.T.: O Extraterrestre (1982).

A recepção da crítica especializada também não foi muito boa. Os efeitos especiais revolucionários do filme e também a atuação de Warwick Davis foram elogiadas, mas a direção de Ron Howard e alguns aspectos do roteiro do filme foram críticados. O filme recebeu duas indicações ao Oscar em categorias técnicas. Apesar dessa recepção inicialmente fria do público e da crítica, Willow: Na Terra da Magia acabou crescendo em estatura ao longo dos anos.

Cena de Willow: Na Terra da Magia (1988)

Com o lançamento do filme em VHS e sua exibição na televisão, a produção foi ganhando cada vez mais fãs e se tornou um clássico cult. Atualmente, Willow: Na Terra da Magia é considerado um dos filmes mais marcantes da carreira de Val Kilmer, sendo que sua “atuação suave” e seu charme são apontados como uns dos principais motivos do sucesso alcançado pelo filme a partir dos anos 1990.

Do ponto de vista pessoal, Willow: Na Terra da Magia foi muito importante para Kilmer, porque foi durante a produção do filme que ele se envolveu amorosamente com a atriz Joanne Whalley, que faz seu par romântico na obra. Os dois acabaram se casando e tendo dois filhos. O casal, no entanto, se divorciou em 1996.

The Doors (1991) – Val Kilmer passa a ser respeitado por seu talento como ator

No início dos anos 1990, Val Kilmer já era uma estrela do cinema. No entanto, ele ainda não era reconhecido por seu talento como ator. Por isso, Kilmer buscava incessantemente por um papel em um filme dirigido por um grande diretor. Dessa forma, o ator fez testes em diversos filmes até conseguir o papel principal em The Doors, filme biográfico sobre a vida de Jim Morrison, líder da banda de rock The Doors.

O diretor do filme, Oliver Stone, já tinha se impressionado com a atuação de Kilmer em Willow e quando o ator gravou uma fita de cerca de oito minutos cantando e imitando Morrison, o diretor se convenceu a dar a ele o papel. Finalmente tendo obtido um papel de destaque em um “filme sério” de um grande diretor, Val Kilmer se dedicou ao máximo ao papel;

Kilmer passou seis meses se preparando para as filmagens, treinando diariamente com o antigo produtor do The Doors, Paul A. Rothchild, a ponto de sua voz ficar tão parecida com a de Morrison, que até mesmo os ex-integrantes da banda tinham dificuldades em diferenciar a voz dos dois. Kilmer também aprendeu a imitar todo o gestual e trejeitos de Morrison, a ponto de conseguir encarnar o cantor de forma natural.

Apesar de The Doors não ter sido tão bem recebido pela crítica especializada, causando inclusive polêmica, devido as liberdades artísticas tomadas por Stone, que acabou por distorcer alguns fatos e inventar outros que não haviam ocorrido na vida real, a atuação de Val Kilmer foi amplamente elogiada. A semelhança física entre Kilmer e Morrison impressionou tanto que muitos críticos diziam que o ator havia encarnado Morrison.

Trailer oficial de The Doors (1991)

Apesar de Val Kilmer não ter sido indicado a nenhuma premiação importante naquele ano, a partir de The Doors, ele passou a ser mais respeitado como ator pela crítica especializada. Até hoje, sua atuação no filme é amplamente considerada um das melhores (senão a melhor) de toda a sua carreira. Aliás, pode-se dizer que The Doors foi um divisor de águas na carreira de Kilmer e o momento em que ele deixou de ser visto apenas como um “galã” e passou a ser visto como um ator de verdade.

Tombstone: A Justiça Está Chegando (1993)

Ainda na primeira metade dos anos 1990, Val Kilmer estrelaria em mais um dos grandes filmes de sua carreira, o faroeste Tombstone: A Justiça Está Chegando, Dirigido por

George P. Cosmatos, o filme gira em torno de diversos conflitos entre agentes da lei, liderados por Wyatt Earp, e grupos criminosos, ocorridos no sul do Arizona nos anos 1880. Afim de retratar diversas figuras históricas da época, o filme conta com um elenco recheado de nomes conhecidos em Hollywood.

Em seu elenco estão, Kurt Russell, Val Kilmer, Sam Elliott, Bill Paxton, Powers Boothe, Michael Biehn, Dana Delany, Charlton Heston, Billy Bob Thornton, Billy Zane, além de Robert Mitchum, como narrador. Apesar de Russell ser o protagonista do filme e apesar também desse elenco estrelado, é justamente Val Kilmer quem brilha. Isso porque, já na época do lançamento do filme, a atuação de Kilmer foi amplamente considerada não apenas a melhor do filme, mas também uma das principais qualidades da obra.

Tanto é assim que houve surpresa no fato de que Kilmer não recebeu indicação a nenhuma premiação importante por seu desempenho no filme. Além disso, a atuação de Kilmer roubou tanto a cena no filme que quase elevou seu personagem, Doc Holliday, ao papel de protagonista de Tombstone: A Justiça Está Chegando. E não apenas isso, o destaque que o personagem acabou ganhando por causa de Kilmer, fez com que ele fosse presença cativa e destaque em outras adaptações cinematográficas desse mesmo período histórico.

Famosa cena de Tombstone: A Justiça Está Chegando (1993)

Val Kilmer também é responsável por alguns dos melhores momentos de Tombstone: A Justiça Está Chegando e também é dono de algumas das falas mais marcantes do filme, uma delas, inclusive, foi título da autobiografia de Kilmer lançada alguns anos antes de sua morte. A atuação em Tombstone: A Justiça Está Chegando é até hoje amplamente considerada uma das melhores de sua carreira e, por isso, o filme não poderia ser deixado de fora dessa lista.

Batman Eternamente (1995)

Em 1992, após dirigir os dois primeiros filmes protagonizados pelo Batman, Tim Burton deixou a direção da franquia. Em 1993, Joel Schumacher foi contratado para dirigir o próximo filme protagonizado pelo Homem Morcego. Nessa esteira, Michael Keaton, que havia interpretado o Batman nos dois primeiros filmes também deixou a franquia.

Era hora, então, de escolher um novo Batman. E depois de muito contemporizar, Val Kilmer foi escolhido para o papel. O ator aceitou protagonizar Batman Eternamente porque a proposta era irrecusável tanto do ponto de vista financeiro quanto do ponto de vista profissional. Além disso, como ele próprio disse, “todo garoto sonha em ser o Batman”.

As filmagens, no entanto, foram um verdadeiro inferno para Kilmer. Primeiro, porque o figurino de Batman limitava bastante seus movimentos, impedindo não apenas que ele se mexesse direito, mas também que ele conseguisse ver bem e até mesmo escutar o que outras pessoas falavam com ele. Além disso, Kilmer sentia que não tinha espaço para realmente atuar em Batman Eternamente e passou a interpretar o personagem de forma quase que automática.

Ademais, o ator ainda teria se envolvido em conflitos com o diretor Joel Schumacher e, para completar, aparentemente os atores Tommy Lee Jones e Jim Carrey, que interpretavam os vilões do filme, também não se deram muito bem. Batman Eternamente foi recebido de forma fria pela crítica especializada, mas se tornou um sucesso de bilheteria, arrecadando mais de 336 milhões de dólares em bilheterias e se tornando o sexto filme mais visto de 1995.

No fim, as dificuldades e os conflitos durante as filmagens, a impressão de que Batman havia se tornado apenas um coadjuvante em seu próprio filme (já que os vilões acabavam por ter mais destaque do que o mocinho) e também a sensação de que não importava quem interpretasse o Homem Morcego (já que o ator passava a maior parte do tempo mascarado), influenciaram bastante a decisão de Kilmer de não voltar a interpretar o personagem.

Uma das cenas finais de Batman Eternamente (1995).

É difícil considerar Batman Eternamente um momento positivo na carreira de Val Kilmer, devido a tudo que dissemos aqui. No entanto, é inegável que o filme tenha sido um dos mais marcantes de sua carreira. Apesar de todo o suposto conflito entre o ator e Joel Schumacher, o diretor disse que considerava Kilmer o melhor de todos os Batmans, considerando que ele ficava ótimo na roupa de Batman, que ele trouxe profundidade para o personagem e também que sua química com Nicole Kidman, que interpreta seu par romântico no filme, era impecável.

Para a maioria dos fãs, no entanto, Kilmer fica no meio da escala de atores que interpretaram o Homem Morcego. Não é nem a melhor nem a pior encarnação do Batman. Pelo menos, o ator acabou conseguindo fugir do desastre que seria Batman & Robin (1997), que enterraria a franquia de vez, fazendo com que o Homem Morcego ficasse quase dez anos sem ser visto nas telonas e só fosse ressuscitado por um reboot em 2005.

Fogo Contra Fogo (1995)

Depois da traumatizante experiência nas filmagens de Batman Eternamente, Val Kilmer quis mudar de ares e foi direto filmar o drama policial Fogo Contra Fogo. Uma produção bem menor que a do Homem Morcego mas que contava com um diretor e um elenco de primeiríssima linha. Além de “fugir” do ambiente carregado que ele havia enfrentado na produção de Batman Eternamente, Kilmer também queria atuar ao lado de Al Pacino e Robert De Niro, que protagonizam o filme.

Escrito e dirigido por Michael Mann e baseado em um roteiro que ele escreveu nos anos 1970 para o piloto de uma série que acabou não dando certo, Fogo Contra Fogo é parcialmente baseado em um acontecimento real e conta a história do embate entre um ladrão profissional e um detetive da polícia de Los Angeles. Além de De Niro, Pacino e Kilmer, Fogo Contra Fogo conta com um elenco de primeiríssima linha que inclui, Tom Sizemore, Jon Voight, Diane Venora, Ashley Judd, Mykelti Williamson, Ted Levine, William Fichtner e Natalie Portman, entre outros.

No filme, Val Kilmer interpreta Chris Shiherlis, braço direito de Neil McCauley, personagem de Robert De Niro, um ladrão profissional que lidera um grupo de ladrões muito competentes, que acaba chamando a atenção do Tenente Vincent Hanna (Al Pacino) da polícia de Los Angeles. Além de explorar o jogo de gato e rato entre McCauley e Hanna, Fogo Contra Fogo explora também a vida pessoal dos personagens e como seus trabalhos acabam por interferir em suas vidas.

Cena de Fogo Contra Fogo (1995)

Apesar do elenco brilhante e do duelo de titãs entre De Niro e Pacino, dois monumentos do cinema mundial, Kilmer consegue se destacar, com uma atuação sóbria e sem grandes sobressaltos, aceitando seu papel “coadjuvante” no filme. Tanto é assim, que Michael Mann planejava uma sequência para o filme em que seu personagem, Chris Shiherlis, teria ainda mais destaque. Aliás, o projeto se tornou um livro que ainda poderá virar filme, claro que agora com outro ator interpretando o personagem.

O sucesso tanto de crítica quanto de público de Fogo Contra Fogo e o status que o filme adquiriu como um dos melhores filmes policiais e de assalto da história recente do cinema, mostram que Val Kilmer acertou ao escolher atuar em Fogo Contra Fogo, filme que acabou por se tornar um dos mais marcantes de sua carreira.

O Príncipe do Egito (1998)

Nos anos 1990, com o Renascimento da Disney, os longas-metragens de animação passaram a ser bastante fiáveis financeiramente. Por esse motivo, diversos estúdios resolveram produzir filmes de animação para competir com a Walt Disney que historicamente sempre dominou esse setor da indústria cinematográfica. Foi nesse contexto, que a DreamWorks Pictures, resolveu produzir e distribuir longas-metragens de animação.

A empresa que havia sido fundada em 1994 por Steven Spielberg, Jeffrey Katzenberg e David Geffen, começou a produzir e distribuir animações pouco tempo depois de sua fundação. O Príncipe do Egito foi a primeira animação totalmente produzida e distribuída pela DreamWorks Pictures é baseada em uma ideia que Katzenberg teve ainda mos tempos em que ele estava na Walt Disney e é, de alguma forma, uma tentativa de produzir uma versão animada do clássico do cinema Os Dez Mandamentos (1956).

O filme é baseado na história bíblica de Moisés, que é criado como um membro da nobreza egípcia, até se descobrir judeu e se imbuir, com a ajuda divina, da missão de libertar seu povo da escravidão e levá-lo até a terra prometida. O elenco de vozes de O Príncipe do Egito conta com diversos nomes do primeiro time de Hollywood, incluindo Val Kilmer, Ralph Fiennes, Michelle Pfeiffer, Sandra Bullock, Jeff Goldblum, Danny Glover, Patrick Stewart, Helen Mirren, Steve Martin e Martin Short.

Kilmer interpreta a voz de Moisés, o personagem principal do filme, e também de Deus. A interpretação do ator foi extremamente elogiada assim como também sua química com Ralph Fiennes, que interpreta o Faraó Rameses, irmão adotivo de Moisés e também principal antagonista do filme.

Uma das mais famosas cenas de O Príncipe do Egito (1998)

Os aspectos técnicos de O Príncipe do Egito, que foi produzido com o que existia de mais moderno na animação da época, somado a seu roteiro sóbrio e bem escrito, ao desempenho excelente de seu elenco e também a seus aspectos musicais (que foram até premiados), fizeram com o filme fosse um grande sucesso de público e crítica.

Produzido a um custo de cerca de 60 milhões de dólares, O Príncipe do Egito arrecadou mais de 218 milhões de dólares em bilheterias. Muito bem recebido pela crítica especializada, o filme foi indicado a dois Oscars e a dois Globos de Ouro, em ambas as premiações as indicações foram por Melhor Trilha Sonora Original e Melhor Canção Original. Essa última indicação foi para a, hoje clássica, canção “When You Believe”. Na época nenhuma das duas premiações possuía categorias específicas para premiar longas-metragens de animação.

No Critics’ Choice Awards, O Príncipe do Egito foi o primeiro vencedor (ao lado de Vida de Inseto) da categoria de Melhor Animação, inaugurada naquele ano. Considerado um clássico e um dos melhores filmes de animação produzidos nos anos 1990 e também produzidos pela DreamWorks Pictures, O Príncipe do Egito é também um dos filmes mais marcantes e amados de toda a filmografia de Val Kilmer.

Beijos e Tiros (2005)

No início dos anos 2000, Val Kilmer vinha de alguns fracassos de crítica e público e ainda tentava lidar com sua fama de dífícil de se trabalhar. Fama essa, que acabaria danificando bastante sua carreira. Já Robert Downey Jr. tentava retomar sua carreira depois de uma década inteira perdida para as drogas. Foi nesse contexto que os dois se reuniram para fazer Beijos e Tiros, uma mistura de filme neo-noir com comédia, escrita e dirigida por Shane Black.

Aliás, Beijos e Tiros é o primeiro trabalho de direção de Black, que naquela época já tinha uma carreira consagrada como roteirista. A mistura de comédia e filme policial não podia ter dado mais certo, principalmente graças a química e ao talento de Kilmer e Downey Jr. que naquele momento, mais do que nunca, queriam mostrar que ainda tinham espaço em Hollywood.

Em Beijos e Tiros, Val Kilmer mostra que apesar de todos os contratempos do final dos anos 1990 e início dos anos 2000, ele ainda tinha o talento, o charme e a versatilidade que o consagraram. Aliás, Beijos e Tiros é um exemplo claro dessa versatilidade e também um dos exemplos de bons filmes estrelados por Kilmer no começo dos anos 2000.

Cena de Beijos e Tiros (2005)

Apesar de não ter sido um grande sucesso comercial, principalmente, devido a sua distribuição limitada, Beijos e Tiros foi muito bem recebido pela crítica especializada, inclusive, ajudando Downey Jr na retomada de sua carreira. A carreira do ator voltaria de vez aos trilhos ao estrelar Homem de Ferro (2008), filme do Universo Cinematográfico Marvel, franquia que o tornaria uma estrela global e um dos atores mais bem pagos de Hollywood. Infelizmente, para Kilmer, Beijos e Tiros não teve o mesmo efeito. O filme, no entanto, permanece como um de seus melhores trabalhos até os dias de hoje.

Conclusão

E aí, gostou da nossa lista? Como sempre elaborar listas desse tipo é sempre desafiador. Apesar de Val Kilmer ter tido uma carreira relativamente curta e seu período de maior sucesso ter durado apenas cerca de 20 anos, seu talento fez com que ele estivesse envolvido em diversos filmes importantes e, dessa forma, tenha tido muitos papéis marcantes em sua carreira.

Por isso, para elaborar essa lista de dez filmes, tivemos que deixar de fora diversos outros filmes marcantes que contaram com o talento de Val Kilmer, como Coração de Trovão (1992), A Sombra e a Escuridão (1996), O Santo (1997), A Sombra de um Homem (2002), Spartan (2004), Déjà Vu (2006), Vicio Frenético (2009) e Virgínia (2011), por exemplo. No entanto, apesar de desafiador, elaborar listas desse tipo é sempre algo prazeroso de se fazer e também nossa forma de homenagear ícones do cinema, como Val Kilmer. E aí, qual outro filme de Val Kilmer você incluiria nessa lista? Comente abaixo.

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