Um dos maiores vilões de todos os tempos acaba de chegar ao catálogo de filmes da Netflix. Dragão Vermelho é um grande clássico entre os thrillers de suspense e traz de volta o Dr. Hannibal Lecter em uma de suas melhores e mais aclamadas histórias.
Em 1991, O Silêncio dos Inocentes de Jonathan Demme entrou para a história como um dos mais grandiosos filmes de suspense já feitos. A inesquecível e assustadora interpretação de Anthony Hopkins garantiu ao personagem, um lugar de honra na galeria dos vilões mais icônicos do cinema.
O longa foi um dos destaques na premiação do Oscar em 1992, quebrando vários tabus e conquistando cinco das sete categorias em que foi indicado, incluindo Melhor Diretor, Melhor Ator para Anthony Hopkins, Melhor Atriz para Jodie Foster e Melhor Filme.
Uma década depois o diretor Ridley Scott (Gladiador, Falcão Negro em perigo, Blade Runner), trouxe ao público a continuação da história. Hannibal trazia Hopkins de volta ao personagem que o consagrou, mas desta vez sem Jodie Foster que se recusou a participar do projeto após ter lido o roteiro.
Diferentemente de O Silêncio dos Inocentes, a sequência não foi tão bem recebida e a explicação é simples. Além da troca das atrizes, o filme não era nada condizente com o terror psicológico que foi explorado e tão aclamado no longa original.
Pelo contrário, a produção deu muito mais foco nos momentos de violência em um festival de alegorias sanguinolentas e o resultado não foi bem aquilo que os fãs e muito menos o que a crítica esperavam.
Mesmo não agradando aos apreciadores mais “hard-core”, Hannibal se sustentou graças a uma ótima direção, mérito de Ridley Scott e mais ainda pela atuação sempre impecável de Anthony Hopkins. O longa foi um grande sucesso nas bilheterias, faturando cerca de US$351,6 milhões.
Graças ao sucesso financeiro da franquia, no ano seguinte o estúdio tratou de lançar o prelúdio Red Dragon ou Dragão Vermelho, mas desta vez, com o cuidado de manter os mesmos elementos do primeiro filme.
O longa vem para encerrar a trilogia com chave de ouro, tornando-se também um grande clássico do cinema de suspense, tanto por sua trama envolvente, como pela excelente trilha sonora e sua belíssima edição fotográfica.
A história do filme é baseada no romance homônimo escrito Thomas Harris, publicado em 1981. A obra já havia sido anteriormente adaptada para o cinema em 1986, levando o nome “Manhunter: Caçador de Assassinos” com roteiro e direção de Michael Mann.
Quando lançado, Manhunter não foi muito bem aceito, pois fazia uma releitura muito peculiar que ficou impressa sob o olhar diferenciado de seu diretor. A visão de Michael Mann em relação a obra original é muito específica e o filme acabou sendo subestimado na época.
Entretanto, com o passar dos anos o título acabou se tornando muito citado por estudiosos em vários artigos e teses, ganhando assim, seu espaço entre os clássicos thrillers de suspense.
Dragão Vermelho também é um divisor de opiniões, mas aqui, sobre sua superioridade quando comparado à Silêncio dos Inocentes. De fato, são duas obras primas que merecem ser revisitadas e cada uma delas tem o seu valor para um gênero que é tão rico e peculiar.
O prelúdio não foi tão aclamado pela crítica especializada na época de seu lançamento por se tratar também de uma proposta diferente do que foi feito em 1991. Porém, é impressionante ver como ao longo dos anos e a partir das perspectivas modernas de análise, ele se tornou mais complexo e digno de ter seu reconhecimento.
O enredo de Dragão Vermelho
Dragão Vermelho se passa antes dos eventos de O Silêncio dos Inocentes e desta vez, a trama colocará o agente do FBI, Will Graham no centro de uma intrigante e imprevisível investigação.
No início do filme, vemos que Graham conta com a ajuda do Dr. Hannibal Lecter em um de seus casos mais bizarros, onde o assassino é um tipo de canibal que se alimenta dos órgãos de suas vítimas.
O que ele não imagina é que o psiquiatra está manipulando as pistas para desviar sua atenção, pois ele próprio é o responsável pelas mortes. O detetive consegue montar o quebra-cabeças, mas acaba sendo gravemente ferido e quase perde sua vida nas mãos do assassino.
Após recuperar-se do atentado e já tendo colocado Lecter na prisão, Graham decide se refugiar com sua esposa e filho em um lugar mais tranquilo para esquecer o passado e começar uma nova vida.
Porém, sua perícia criminal é incomparável e anos depois ele será recrutado novamente para ajudar na investigação de um novo caso extremamente complexo, que irá desafiar todos os limites de sua sanidade.
Em um primeiro momento Will tenta se esquivar, mas acaba sensibilizado com as famílias que foram alvo deste habilidoso serial killer. Os assassinatos surpreendem pelo requinte de crueldade e por seus elementos extremamente brutais.
O criminoso é apelidado como “Fada dos Dentes” por aplicar mordidas em suas vítimas, utilizando uma dentadura que por sinal, pertencia à sua avó. Ele coloca ainda, pedaços de espelhos nos olhos dos mortos, na intenção de que pareçam vivos.
Este ritual macabro, criado por uma mente completamente perturbada, se completa com a morte do animal de estimação da família e um símbolo chinês entalhado no tronco de uma árvore, que remete ao Dragão Vermelho.
No contexto, a simbologia se refere à uma pintura em aquarela realizada pelo artista plástico William Blake no início do século XVIII. A obra faz parte de uma série de imagens feitas sob encomenda que serviriam como ilustrações para a Bíblia.
Os desenhos são utilizados na interpretação do Livro do Apocalipse, mais especificamente para o capítulo 12, versículos 1 a 4. O Grande Dragão Vermelho e a Mulher Vestida no Sol é trazida para a história em um contexto completamente distorcido pela mente do psicopata.
Aqui somos apresentados à Francis Dolarhyde que cultiva uma obsessão pela pintura e se torna sedento pela força e o poder exalados pela imagem da besta. Ele então, assassina famílias inteiras para enfim “se tornar” o dragão e saciar sua sede demoníaca.
O detetive Graham se vê coberto por um mar de evidências, mas ainda não é capaz de chegar a uma conclusão sobre o caso. Mais uma vez, ele precisará recorrer a ajuda do Dr. Lecter para juntar todas as peças e chegar à identidade real do Fada dos Dentes.
Porém, o intelecto pervertido de Hannibal será capaz de enredar Will em uma trama ainda mais bizarra, que envolverá até mesmo a segurança de sua família. Aos poucos, iremos também conhecer o universo peculiar de Dolarhyde e a origem de sua psicopatia.
Análise do filme
É importante deixar bem claro que Dragão Vermelho é uma versão completamente diferente de Manhunter: Caçador de Assassinos. Apesar de serem dois filmes baseados na mesma obra de Thomas Harris, as propostas são bem diferentes e por si só, dariam uma bela discussão.
Mesmo tendo o mesmo material de origem, o filme de 2002 traz consigo, um grande legado construído ao longo dos anos pela atuação marcante de Anthony Hopkins. Por este motivo, obrigatoriamente existe a necessidade de que Hannibal ganhe maior destaque na trama.
Diferentemente de 1986, quando este “fardo” não existia, Lecter foi usado somente como um coadjuvante mesmo sendo importante para o desenrolar dos fatos. Dessa forma o enredo se torna mais complexo e um pouco mais cansativo, por evidenciar melhor a construção do assassino Fada dos Dentes.
Em Dragão Vermelho é dado maior ênfase nos encontros entre Hannibal e Will, e isso não é necessariamente uma coisa ruim. É muito interessante ver a interação entre os dois e aos poucos compreender o intelecto que existe por traz desses personagens.
Mas por outro lado, além de minimizar a abordagem à psique do assassino, o filme também não dá o espaço necessário para a evolução do elenco de apoio, que por sinal é muito bom.
Um dos pontos altos, entretanto, se faz pela atuação memorável de Ralph Fiennes que compensa o menor tempo em tela, transformando Francis Dolarhyde em um personagem bem mais violento e imprevisível.
Não podemos deixar de mencionar também a bela performance de Edward Norton que mesmo sendo ofuscado pela maestria de Anthony Hopkins consegue entregar um bom trabalho e desempenhar muito bem sua função.
De fato, toda a trilogia é encabeçada por Silêncio dos Inocentes e quando se diz respeito ao brilhantismo alcançado por Jonathan Demme, fica claro que Dragão Vermelho é consideravelmente menos satisfatório.
Porém, Brett Ratner merece os créditos aqui, uma vez que não estava lidando com uma situação completamente confortável. O longa de 2001, Hannibal de Ridley Scott, foi muito bem nas bilheterias, mas não contou com a aprovação dos fãs, por alterar o tom da narrativa que foi utilizado no original.
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Ratner entretanto, soube aplicar suas modificações no material original com maestria, usando a presença Anthony Hopkins e a bagagem trazida por Hannibal Lecter a seu favor, mesmo sendo obrigado a fazer algumas concessões no processo.
Consideramos então o saldo de Dragão Vermelho extremamente positivo por conseguir contornar os erros cometidos pelo seu antecessor, além de possuir um ótimo trabalho de produção com bons efeitos especiais, edição impecável e uma fotografia sensacional.
Produção e elenco de Dragão Vermelho
Dragão Vermelho é um filme atemporal e vale a pena revisita-lo sempre que possível, uma vez que pode trazer novas reflexões a cada vez que se assiste. Muito disso por conta do rico material de origem e por sua brilhante adaptação.
Vale lembrar que aqui, o roteiro foi escrito novamente por Ted Tally, que recebeu uma estatueta por seu trabalho em Silêncio dos Inocentes. Este fator provavelmente tem um peso extra quando se pensa na diferença de abordagem utilizada pelo antecessor de 2001.
A direção leva a assinatura de Brett Ratner que até então, só havia estado à frente de projetos mais leves, como “A hora do rush” de 1998 e “Um homem de família” de 2001. A belíssima fotografia ficou por conta de Dante Spinotti e a arrepiante trilha sonora foi composta por Danny Elfman.
Além de Anthony Hopkins como Hannibal Lecter e Edward Norton como Will Graham o super elenco de Dragão Vermelho é composto por Ralph Fiennes como Francis Dollarhyde, Emily Watson como Reba McClane, Mary-Louise Parker como Molly Graham, Harvey Keitel como Jack Crawford, Philip Seymour Hoffman como Freddy Lounds e Anthony Heald como Dr. Frederick Chilton.
O filme foi distribuído pela Universal Pictures e produzido por Dino De Laurentiis em parceria com sua esposa Martha De Laurentiis. A edição final foi feita por Mark Helfrich e o figurino criado por Betsy Heimann.
A vida de Hannibal Lecter
Não é de hoje que a psiquiatria tenta explicar o comportamento de criminosos e principalmente dos serial killers. De fato, a psicopatia pode ser desencadeada por traumas na infância ou mesmo no decorrer da vida.
Porém, alguns casos nos levam a pensar que a maldade do ser humano pode exceder todos os limites imagináveis. Hannibal é um personagem que pode se encaixar nessas duas hipóteses, além de ser dono um intelecto invejável que o ajudou a se manter impune por vários anos.
Lecter nasceu em Caunas, na Lituânia e seu pai, o Conde Lecter, descendia de uma importante família lituana, enquanto sua mãe pertencia à alta burguesia italiana. Ele teve apenas uma irmã chamada Mischa.
Durante a II Guerra Mundial, Hannibal passou por vários acontecimentos traumáticos pois a Lituânia sofria os efeitos da guerra, devido aos ataques Nazistas. A família Lecter foi vítima das incursões alemãs, tendo apenas sobrevivido Hannibal e Mischa.
Os irmãos tornaram-se cativos dos Hiwis (lituanos traidores) que se faziam passar por equipes da Cruz Vermelha. Eles instalaram-se na casa de campo da família para se abrigar de um rigoroso inverno e acabaram matando e comendo a carne do corpo de Mischa.
Depois disso, Hannibal foi criado em um orfanato até ser encontrado por seu tio Robert, e levado para Paris, onde estudou medicina e ainda na França, cometeu seus primeiros assassinatos. Entre as primeiras vítimas estavam os Hiwis que mataram sua irmã, os quais ele caçou um por um.
Os horrores da guerra de certa forma podem explicar o surgimento dos instintos perversos do personagem. Porém, Lecter é capaz de elevar a síntese psicológica a outro nível e colocar em cheque tudo que a ciência foi capaz de esclarecer até aqui.
De fato, a obra de Thomas Harris foi capaz de estabelecer padrões diferenciados sobre como uma mente corrompida pode impactar na sociedade e como os traumas neurológicos são capazes de exceder os limites da crueldade.
Entretanto, não podemos deixar de mencionar que a visão particular de cada diretor e a marcante atuação de Anthony Hopkins adicionaram muitas camadas ao personagem e ajudaram Hannibal Lecter a se tornar um dos vilões mais icônicos de todos os tempos.
E aí aficionados, depois de todas essas informações sobre o Dr. Hannibal Lecter, deu aquela vontade de assistir ao clássico Dragão Vermelho de 2002, não é verdade?
Então vai lá, pois este mega thriller de suspense está disponível no catalogo de filmes da Netflix e com certeza não pode ficar de fora da sua lista!!!
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