Robô Selvagem
Robô Selvagem - Imagem: DreamWorks Animation

Robô Selvagem descreve a incrível aventura de Roz, um robô que se viu isolado numa ilha inóspita após um acidente. Depois de ser inadvertidamente ativada pela fauna local, Roz tenta se adequar ao ecossistema, contudo, sua presença artificial intimida os animais. Embora encontre dificuldades no início, ela começa a dominar o idioma deles e, aos poucos, descobre seu papel ao adotar um pequeno ganso abandonado, Brightbill. A conexão entre o robô e o ganso se desenvolve de forma comovente, com Roz desempenhando o papel maternal enquanto lida com os obstáculos de ensinar Brightbill a sobreviver em um ambiente que nunca foi planejado para ela.

Roz conquista a confiança dos animais ao longo do tempo, criando uma comunidade coesa, mesmo diante das diferenças intrínsecas entre presas e predadores. No entanto, ao ser descoberta pelos seus fabricantes, ela se depara com RECOs implacáveis que desejam recuperá-la ao seu estado original e levá-la de volta. 

A resistência dos animais da ilha e a bravura de Brightbill resultam em uma batalha épica, na qual os laços e a bravura deles sobressaem, salvaguardando o ambiente que construíram juntos. Roz e Brightbill vencem as adversidades impostas pela Universal Dynamics, contudo, Roz, ciente do risco constante, decide abandonar a ilha para assegurar a segurança daqueles que ama.

A narrativa termina com uma promessa de esperança e prosseguimento: mesmo na sede da Universal Dynamics, Roz conserva as recordações da vida que edificou. A sequência final, onde Brightbill se depara com Roz e descobre que sua “mãe” ainda está consciente, evidencia a intensidade do vínculo entre eles. Robô Selvagem transmite uma mensagem impactante acerca da relevância da comunidade e do amor, mesmo entre indivíduos radicalmente distintos, e sobre a decisão de proteger esses vínculos em um universo dominado por máquinas e pela natureza.

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Direção do filme Robô Selvagem

A mente por trás da adaptação de Robô Selvagem é o ilustre cineasta Chris Sanders. O diretor é dono de um portfólio de peso, tendo dirigido animações como “Lilo & Stitch”, Como Treinar seu Dragão”, “Os Croods” e até foi um dos roteirista de uma das mais icônicas animações da Disney, “Mulan”. Contudo, em todas essas produções Sanders dividiu o fardo da direção com outros profissionais e somente em Robô Selvagem ele assumiu trabalho “solo” tanto na direção quanto no roteiro. Indubitavelmente, o cineasta fez um trabalho magistral nas duas áreas. 

O filme como um todo constroi gradualmente um laço maternal entre Roz e Brightbill. Dessa forma, no terceiro ato pode-se contemplar um apelo gigante ao drama na “cena da migração”, quando mãe e filho se veem pela última vez. E nesse momento que bate a vontade de pegar o celular e fazer uma ligação para figura que traz ao mundo todo indivíduo que nele existe. 

Esse sentimento intenso de saudade e afeto também se deve muito ao trabalho da animação, desde os primeiros Art Concepts de Roz, que se caracterizam por seus traços suaves, sua silhueta humanoide, e uma personalidade protetora. Além disso, a voz que a atriz Lupita Nyong’o deu a personagem também contribuiu muito para a construção de uma figura materna

Em uma entrevista, o cineasta Sanders afirmou que o visual da Robô foi inspirado em outras máquinas famosas do cinema como C-3PO e R2D2. Portanto, “Robô Selvagem” é um dos trabalhos mais impactantes emocionalmente dentre a filmografia de Chris Sanders, uma obra que tem um potencial enorme para concorrer no Oscar de 2025 nas categorias de melhor direção de arte e melhor roteiro adaptado.

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Em que foi baseado o filme Robô Selvagem

Toda a história, adaptada do livro “The Wild Robot” de Peter Brown, encantou milhares de leitores americanos. Em suma, a trama não destoa tanto da história que vemos no filme, porém a identidade visual do livro é muito minimalista. Nesse sentido, podemos concluir que foi bastante conveniente para os animadores, uma vez que tiveram margem criativa para imaginar cenários ricos em cores saturadas e bastante contrastantes.

No livro, Roz se limita a busca incessante por atender objetivos de outros, contudo não obtém êxito. No filme vemos algo parecido, mas Sanders adaptou a personagem para que ficasse mais humana ao ponto de evitar uma narrativa cansativa.

Esse romance criado pelo autor Peter Brown, ainda possui mais 2 sequências intituladas, “The Wild Robot: Escapes” e “The Wild Robot: Protects”. E os eventos destes 2 livros seguem Roz após ter sua memória reprogramada,  ainda que tenha lembranças de sua vida na ilha, trabalhando em uma fazenda de laticínios. Portanto, a trilogia criada por Peter Brown é simples mas apresenta uma riqueza de reflexões sobre ligação maternal.

Melhores cenas do filme

Cena da tempestade de neve no filme Robô Selvagem
Cena da tempestade de neve no filme Robô Selvagem – Imagem: DreamWorks Animation

Acima de tudo, “Robô Selvagem” é uma produção cinematográfica que se destaca por sua direção de arte. A iluminação colocada de maneira pontual traz uma estética com muito contraste. Além disso, os valores tonais se destacam por bastante riqueza cromática e saturação. O longa possui uma duração de 1 hora e 42 minutos, a sua estética visual das cenas é capaz de nos prender a cada segundo. Algumas das cenas mais memoráveis são:

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Adaptação de Roz na ilha: No primeiro ato, Roz é massacrada pelas criaturas da floresta. Em desterminado ponto ela começa a cruzar dados com o intuito de entender a linguagem daqueles animais selvagens. Esse momento é baste marcante pelas transições de noite e dia, caracterizadas por valores cromatico de azul, ver e amarelo. Ainda podemos notar que apesar de um enquadramento bem fechado os cenarios apresentam uma enorme riqueza de detalhes.

Inverno na ilha: A chegada do inverno marca o ponto de inflexão na trama, o início das dificuldades na vida dos personagens. Tudo está sem nenhuma iluminação e as linhas brilhantes do corpo da Roz se destacam em meio a toda a neve. Essa parte mostra a composição magistral que o filme apresenta.

Incêndio na floresta: O incendio na floresta que ocorreu no terceiro e último ato, é uma das cenas mais lindas de todo filme. Assim, um vermelho arroxeado toma conta da cena inteira, uma cor que combina inteiramente com a sensação de urgencia e perigo.

A partir destas cenas, podemos concluir que a escolha das cores para se mostrou perspicaz, pois sinalizou a atmosfera de cada cena com coerencia. Assim, o filme mostra equilibrio entre pontualidade e estetica que sem dúvidas refletira grandiosamente nas premiações de 2025.

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Crítica

Um dos fatores que me deixou muito animado é a forma como esse longa metragem se comunica não só com o público infantil mas também com adultos. Um exemplo disso, é quando Roz cai em cima do ninho de ganso e puxa a asa do que parece um dos pais de Brightbill, ou  quando um dos filhotes de Pinktail é quase predado. A princípio, percebemos a morte como uma consequência que não é descartada naquele universo. A ausência de consequências drásticas está intricada na maior parte dos filmes voltados para o público infantil, e esse elemento torna uma obra chata.

A arte incrível, a trama e essa comunicação mais matura conquistou milhares de fãs e refletiu nas classificações dos principais portais críticos da internet. Consenso do público no IMDB alcançou impressionantes 8,4 estrelas em uma escala de 45 mil votos,até o atual momento. Por fim, levando em conta que o filme começou a estrear a partir do dia 8 de outubro de 2024 pelas salas de cinemas mundiais, “Robô Selvagem” está com um desempenho bem positivo com relação a recepção da crítica.

Artes conceituais do filme

A princípio, é curioso como a personagem das ideias iniciais da doce Roz foi imaginada. Algumas das primeiras ideias vemos a máquina com estruturas mais quadradas e curvas mais “bruscas”, se lembrando bastante de traços masculinos, bem como vemos na figura acima. Progressivamente a personagem foi sendo moldada até ganhar uma forma mais arredondada se afastando totalmente de uma figura de combate, e ganhando uma forma arredondada. 

As primeiras ideias ilustrativas do filme “Robô Selvagem” se caracterizam por traços bem arredondados dando o tom infantil à narrativa visual inicial do filme. Todos os frames esboçados com traços soltos e despretensiosos carregam uma riqueza narrativa. Por exemplo, quando Roz corria pela floresta tentando se salvar de um urso enorme e feroz.

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Toda essa organização prévia, garantiu que mesmo uma máquina que carece de determinadas características, represente de forma tão expressiva aspectos humanos. Em outras palavras, o “gestual” que a equipe de animação projetou em Roz, possibilitou cenas muito dinâmicas e uma leitura corporal na personagem capaz de nos envolver fortemente do início ao fim do filme. 

Nesse sentido, podemos destacar o momento em que a Robô encontra o pequeno Brightbill quando era apenas um ovo. Portanto a gestualidade não só de Roz, mas também de todos os personagens deste filme são responsáveis pela carga narrativa desta adaptação.

Trilha sonora de Robô Selvagem

“A estrada desconhecida pode ser o mesmo lugar onde você se perde e se encontra

Pode haver solavancos, pode haver hematomas, mas pelo menos você terá uma história aqui para contar

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O tempo vai passar se você ficar preso aqui vivendo a vida com muita cautela

E eu sei que você sabe que essas asas não foram feitas para andar” – Robô Selvagem

A trilha sonora do filme “Robô Selvagem” se mostra carregada de mensagens relacionadas a jornada de Brightbill, faixas realmente carregadas de emoção. Por exemplo a música “Kiss the Sky” composta pela música Maren Morris, em um pequeno pedaço dessa canção diz respeito ao corte na ligação com Roz que apesar de dolorosa é nescessaria para a sua evolução. 

Além disso, vale a pena deixar uma menção horrosa a versão remasterizada da iconica canção “Waht A Wonderful Wolrd” do eterno Louis Armstrong usada principalmente nos teasers promocionais. 

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Em última instância, a trilha sonora original do longa foi composta pelo jovem pianista Kris Bowers e apesar de não ter grande apelo emocional tambem se mostrou essencial no filme. Por fim, a trilha sonora de Robô Selvagem é incrível e indubitavelmente nos ajuda a imergir profundamente neste universo.

Conclusão

A jornada de Roz nos convida a refletir sobre a complexibilidade de laços familiares. Sobre como o amor incondicional não priva alguem de enfrentar as consequencias das próprias transgressões. Em outras palavras, a partir do momento que o passado de Roz e Brightbill começa a vir à tona, a ligação dos dois fica exposta a conflitos e frustrações. 

Contudo, a forma acolhedora e petuosa como a Robô lida com a rejeição do próprio filho e tambem de todos os outros habitantes da ilha,  é a mensagem principal do filme. Dessa forma, não consigo me recordar de uma animação que representa a figura da “Mãe”, de uma maneira tão terna e envolvente.

Além disso, o filme trata de como um lar vai  além do espaço físico como quando Roz construir um ambiente emocional para Brightbill. Isso reforça a ideia de que lares e famílias se edificam por meio de conexão e cuidado, e não apenas de proximidade física.

Por fim, sendo uma trilogia de livros, as possibilidades de adaptações futuras não são descartadas. Convido você  a continuar acompanhando a Proddigital Pop para receber em primeira mão não só notícias de possíveis continuações de “Robô Selvagem” como também de outros filmes. Até a próxima!

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