Análise | O Poderoso Chefão 2

O Poderoso Chefão 2
O Poderoso Chefão 2/Teaser - Imagem: Paramount Pictures

O filme “O Poderoso Chefão 2” começa com a infância Vito, onde sua família está sendo alvo de represália por parte de Don Ciccio. Após ver a morte de toda a sua família, o menino foge para Nova York com a ajuda de amigos.

O filme corta para o futuro na festa de comemoração da primeira comunhão de Anthony Corleone. Agora Michael Corleone, está mais do que nunca, envolvido nos negócios da família do que nunca. Durante a comemoração Frank Pentangeli alega que os irmão Rosato (Aliados de Roth), estão tomando cada vez mais território no Bronx e pede a ajuda de Michael, e o mesmo cruza os braços. 

Michael é alvejado por centenas de tiros enquanto está prestes a dormir, levando-o a concluir que há um traidor por perto. Posteriormente, Michael convida Rosato e Pentangeli para uma reunião, com o intuito de resolverem as coisas. Lá Pentangeli sofre uma tentativa e assassinato nas mãos dos Rosatos, e culpa Michael por isso.

Michael é convidado por Roth para ir em uma reunião em Cuba. Lá, ele se encontra pressionado por Roth a investir nos negócios da cidade de Havana. Fredo chega a Havana para ajudar, e Michael descobre que ele é o traidor. Logo ele ordena a execução de Roth.

Os problemas governamentais da cidade culminaram em uma rebelião e todos eles fogem da cidade. De volta a Nova York, Michael tem que lidar com uma série de acusações relacionadas às atividades da família Corleone. Ele ainda descobre que sua esposa, Kay, abortou seu filho e que não quer mais estar no mundo da máfia.

Carmela, a mãe, morre juntamente com a humanidade de Michael. O mafioso manda executar Roth, Fredo, e induz Frank a cometer suicídio. Por fim, Michael relembra a festa de 50 anos de Vito Corleone.

Roteiro e direção de fotografia

Após 2 anos do grande sucesso de “O Poderoso Chefão” lançado no ano de 1972, a história da família Corleone recebeu uma sequência tão boa quanto. O filme contou mais uma vez com a direção do cineasta Francis Ford Coppola e com o roteiro de Mario Puzo. 

De fato, a obra teve um belo progresso com relação a captura e qualidade de imagem. O lado mais bonito das ruas do Bronx serviram de palco para toda a história de origem de Vito Corleone. Esse trabalho incrível é que avançou ainda mais a estética do filme, que foi conduzido por Gordon Willis. Por exemplo, as transições entre o passado de Vito e o presente de Michael demonstram caminhos opostos apesar de atuarem no mesmo contexto.

Outro ponto muito forte do filme é o roteiro escrito pelo diretor do filme juntamente com o autor da obra original. O paralelo entre a vida passada de Vito Corleone e o momento atual de Michael traz uma dúvida ao espectador: Porque Michael não é como seu pai? O protagonista se tornou indiferente à família, muitas vezes priorizando outras relações de fora, algo totalmente contra os valores mostrados no primeiro filme.

Essa quebra de expectativa entre “O Poderoso Chefão” e o “O Poderoso Chefão 2” torna o filme muito envolvente. Por isso, não é de se surpreender que o filme ganhou o Oscar de melhor roteiro adaptado, consolidando toda a organização dessa adaptação. 

Melhores cenas

O filme tem uma ótima direção de arte. Um exemplo disso é a seleção de cores do filme tomada por tons terrosos alaranjados e cinzas escuros. Isso se refletiu bastante principalmente nas cenas em que Vito Corleone estava ascendendo nas ruas de Nova York. Não é atoa que o filme foi reconhecido na cerimônia do Oscar, ganhando o prêmio de melhor direção de arte em 1975. Algumas dessas cenas são:

O aborto de Kay: Após retorna de Havana Michael os problemas de Michael começa a afetar o seu relacionamento com Kay. Kay, frustrada, admite que abortou propositalmente o filho de Michael.

Seppuku: Após escapar de uma tentativa de assassinato na reunião com os irmãos Rosato, Frank capturado pela polícia, resolve depor contra Michael. No último ato Tom Hanks conta como conspiradores da Roma antiga cometiam suicidio a fim livrar suas famílias dos castigos. Frank é encontrado, dias depois, dentro da banheira com os pulsos cortados.

A Morte de Fredo: Fredo está prestes a sair para pescar com Anthony Corleone e conta ao garoto uma técnica para pegar um peixe fácil, orar antes de jogar o anzol. Cole chama o menino afirmando que seu pai vai levá-lo a um passeio. Fredo parte no barco de pesca com Al Neri, capanga de Michael. Fredo começa a orar antes de jogar o Anzol e Al Neri dispara contra a cabeça de Fredo a mando de Michael.

Um elemento que torna a franquia O Poderoso Chefão tão envolvente é a cenas extremamente trágicas e teatrais como a própria morte de Fredo, que nos faz questionar se ele já presumia sua morte? A técnica da oração era uma despedida para Anthony? Por fim, não está claro, mas são dúvidas muito bem elaboradas para serem despropositadas, que enriquecem muito a trama do filme.

Crítica

Para não dizer que tudo são flores, muitos fãs ficaram perdidos com o roteiro de “O Poderoso Chefão 2”. A partir do momento em que Michael começou a disseminar calúnias entre Pangenteli e Roth a fim de descobrir quem era o traidor ficou difícil assimilar as suas motivações e as dos seus “aliados”. Particularmente isso não incomodou, pois é um elemento que obriga o espectador a colocar a mente para funcionar.

Ao longo do tempo isso não foi o suficiente para minar o sucesso do segundo filme. Por exemplo, as taxas de aprovação desta obra nos maiores sites de votação da internet são altíssimas. No IMDB o longa alcançou incríveis 9 estrelas em uma escala de 1.4 milhões de classificações. No Rotten Tomatoes o filme alcançou uma taxa de aprovação de 97% em uma escala de mais de 250 mil votos.

Só para ilustrar, assim como nas bilheterias este longa não desempenhou melhor se comparado ao primeiro filme. Em última análise, “O Poderoso Chefão 2” apesar de não ter desempenhando melhor que seu antecessor se concretizou na memória de muitos fãs como a melhor produção da trilogia. 

Orçamento e Bilheteria de O Poderoso Chefão 2

“O Poderoso Chefão 2” começou a ser produzido logo após o sucesso do primeiro filme, ou seja, entre 1973 e 1974. O filme custou apenas US$13 milhões, se mantendo na média de orçamento dos filmes relevantes daquela época, como por exemplo o “Inferno na Torre”. A receita que essa obra arrecadou em seu primeiro lançamento é de US$47 milhões. A bilheteria desta adaptação, superou outros clássicos, como por exemplo, “Chinatown”, e até o icônico “Massacre na Serra Elétrica”. 

“O Poderoso Chefão 2” não passou nem perto de ultrapassar a bilheteria do primeiro filme. Contudo o reconhecimento que essa produção teve tanto na recepção crítica quanto nas cerimônias de prêmios provou que essa sequência desempenhou um papel importante para cimentar o sucesso da trilogia na indústria cinematográfica. Por fim podemos concluir que o filme trouxe um bom retorno financeiro aos cofres da Paramount Pictures.

Curiosidades sobre O Poderoso Chefão 2

Desde o lançamento do filme “O Poderoso Chefão” em 1972, os fãs ansiavam pela sequência que só foi lançada 2 anos depois. Durante esse tempo várias coisas aconteceram nos bastidores que quase impediram o lançamento da sequência. Além disso, várias outras curiosidades com relação à família do diretor que contribuíram de forma ativa, acompanham o filme. Algumas dessas curiosidades são?

Sequência desnecessária: Francis Ford Coppola, o diretor do filme só aceitou dirigir uma sequência somente por meio de certas condições como total liberdade criativa e ótima remuneração. O diretor desacredita nas sequências de filmes, talvez porque de certa forma isso limita a criatividade e o desenvolvimento do cinema. Faz sentido se levarmos em conta as inúmeras obras que foram estragadas por causa de suas sequências.

Homenagem ao avô: A peça teatral mostrada no primeiro ato, onde um filho lamenta a ausência da mãe. Essa peça musical foi escrita por seu avô, o avô Francesco Pennino. A peça se encaixa perfeitamente com a história de Vito, uma vez que o próprio viu sua mãe ser assassinada brutalmente. 

O telefone de ouro: no segundo ato do filme, Michael viaja para Cuba para tratar de negócios com Roth. Em determinado momento ele recebe um telefone banhado a ouro. Há um telefone banhado a ouro no museu de Havana que simboliza uma revolução real da cidade.

Essas são algumas trivias dentre inúmeras por trás do filme. Por fim, esses fatos enriquecem ainda mais a obra trazendo elementos simbólicos e conexões bem elaboradas. 

Trilha sonora do filme O Poderoso Chefão 2

A trilha sonora de “O Poderoso Chefão 2” foi composta pelos músicos Nino Rota e Carmine Coppola. Se mostrou como o ponto menos criativo neste filme. Música de fundo tocada quando Vito Corleone chega em Ellis Island é comovente, melancólica e profunda. A fama conseguiu representar bem tudo que o personagem deixou para trás. Além disso, expressa as dificuldades da época para os imigrantes, bem como a esperança de construir um bom futuro, o típico sonho americano. É sem dúvidas uma das cenas mais marcantes do filme.

Outra faixa bastante interessante desse álbum é “Ninna Nanna a Michele (Michael ‘s Lullaby)” tocada nos momentos de introspecção de Michael Corleone. Esta música realça bem o isolamento e a atmosfera de desconfiança que encobre Michael cada vez mais. Esse trabalho magistral rendeu ao filme um Oscar na categoria de melhor trilha sonora original. Portanto, o álbum contribuiu relevantemente para o sucesso de “O Poderoso Chefão 2”

Conclusão

“Não acho que precise eliminar todos, Tom. Apenas meus inimigos” – Michael Corleone. Essa frase dirigida a Tom Hagen por Michael mostra o homem que,  ironicamente, seu pai não representava. Vingança, injustiça, e violência, são virtuais que guiam as decisões do protagonista a partir de O Poderoso Chefão 2.

Além do excelente roteiro e da excelente cinematografia, o filme se sobressai pela sua atmosfera repleta de tragédia e fatalidade. A contradição entre fidelidade e infidelidade, amor e autoridade, tradição e contemporaneidade se entrelaça de maneira tão natural que o espectador se sente envolvido na espiral de desilusão e solidão que devora Michael Corleone.

Se o primeiro Poderoso Chefão evidenciou a magnitude e o poder da família Corleone, sua continuação desmistifica o romantismo da máfia e destaca o custo da ambição. Portanto, décadas depois, O Poderoso Chefão 2 ainda se tornou não só como uma das melhores sequências da história do cinema, mas também um dos filmes mais intensos e importantes já produzidos. Até a próxima! 

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