Em um reino arrasado pela tirania, a esperança surge de maneira inesperada através de um jovem agricultor. Eragon, sob a direção de Stefen Fangmeier, é uma adaptação do best-seller de Christopher Paolini, levando o público a um universo repleto de dragões, magia e insurgência. A narrativa segue Eragon, um jovem simples do interior de Alagaësia, que descobre uma enigmática “pedra” azul, que na realidade é um ovo de dragão. Ao dar à luz Saphira, a dragão, Eragon descobre sua vocação como Cavaleiro de Dragão, uma função que havia sido abandonada após a ascensão do tirano Galbatorix.
Guiado por Brom, um ex-Cavaleiro que se apresenta como contador de histórias, Eragon é rapidamente preparado para lidar com os riscos do império. Ao longo do percurso, ele se depara com perdas irreparáveis, enfrenta entidades mágicas como o feiticeiro sombrio Durza, e se alia à resistência insurgente denominada Varden. Com o auxílio da elfa Arya e do enigmático Murtagh, é necessário que ele assuma seu papel na guerra iminente.
Eragon é um épico de fantasia que combina estereótipos tradicionais – o heroi hesitante, o ser mágico, o guia sábio – com um clima de viagem iniciática. Embora haja críticas à sua aderência ao livro e à implementação do roteiro, o filme apresenta um universo repleto de potencial e visualmente audacioso, caracterizado pela ligação simbiótica entre Eragon e Saphira. Trata-se de uma história sobre amadurecimento, bravura e a responsabilidade dos legados. O final antecipa uma guerra maior, nunca vista nas telas, mas imortalizada na imaginação dos admiradores da saga.
Direção do Filme Eragon
Eragon foi dirigido por Stefen Fangmeier, apesar de não ter um histórico consistente de direções populares, ele contribuiu para grandes sucessos como “Jurassic Park”, “Twister”, e “O Dia Depois de Amanhã”
Agora podemos falar um pouco mais de sua direção em Eragon, começa com uma abertura narrada em terceira pessoa, com uma breve contextualização da história de como Galbatorix conquistou Alagaësia, e de como Saphira chegou até as mão de Eragon. Desde já, podemos destacar um elemento que não foi tão bem introduzido, a narração. Inicialmente, esse elemento deu ao filme um tom de “Novela”, se mostrando até certo ponto extravagante.
O filme possui muitos elementos que poderiam ter sido descartados, e momentos que diminuem a qualidade da narrativa. Outro exemplo disso, é o crescimento de Saphira, em questão de minutos o dragão fica adulto e apresenta um apreço por Eragon que aparenta vir de anos de vivências.
Contudo, os efeitos visuais e a captura de imagem do filme foi muito bem executada. A personagem Saphira, por exemplo, ficou com um design muito bonito. Outro exemplo, são as paisagens deslumbrantes do filme. O fato do diretor ter optado em evitar o fundo verde na maior parte das cenas tornou o filme muito natural. Depois da estreia de Eragon, Stefen Fangmeier não ousou mais se aventurar como diretor, o que é lamentável, pois o cineasta apresentou um potencial enorme nessa adaptação.
Crítica
As maiores críticas que giram em torno do filme “Eragon” giram em torno da pressa em introduzir todos os elementos do universo de Alagaësia em um curto espaço de tempo. Em outras palavras, a narrativa parece apressada, como se estivesse tentando encaixar o livro inteiro em pouco mais de 1h40 de filme.
Além disso, essa história se popularizou majoritariamente pelo livro de mesmo nome em que foi baseado, e o filme não foi tão fiel ao romance. Isso revoltou alguns fãs que achavam um desperdício que uma adaptação de grande porte negligenciou o romance original. Particularmente, esses erros são tu que não devem estar presentes em uma adaptação. Dá para relevar um desenvolvimento superficial de personagem, ou uma identidade genérica, mas não dá para relevar desvios com relação à obra original.
O resultado disso, foi uma resposta desastrosa por parte da grande audiência. Podemos destacar as classificações sobre esse filme no Rotten Tomatoes, com uma aprovação de 46% em uma escala de mais de 250 mil votos.
Mais do que uma mera decepção no cinema, o filme se transformou em um exemplo marcante de como a aceleração e a desafinação com o material original podem prejudicar não apenas a excelência da produção, mas também a conexão com seu público mais leal.
Diferenças Entre o Filme e o Livro
Eragon pode ser um filme visualmente estimulante, mas passou longe de ser fiel à obra original. Por exemplo, o desenvolvimento de Brom é muito mais aprofundado no livro, enquanto no filme, sua personalidade e principalmente seu passado, são pouco explorados. Outros exemplo dessa falta de reverência com o romance original são:
A Morte de Brom:
- No filme, Brom morre em uma tentativa frustrada de defender Eragon. Enquanto ele voa em Saphira é atingido por uma espada mágica de Durzan.
- Brom morre em uma caverna devido a um ferimento após proteger Eragon dos Ra’zac. Além disso, sua morte é um momento mais íntimo entre ele e Eragon, e tem um apelo dramático bem maior>
Arya, a indefesa:
- No filme, Arya passa quase toda a trama aprisionada e torturada por Durza. Sua origem Elfica mal é mencionada, e sua natureza é bem mais frágil.
- No livro, Arya é uma guerreira imponente, e sua herança élfica é bem mais valorizada.
O erro mais crasso do filme:
- No filme, Eragon tenta ensinar Saphira a voar, e quando o dragão consegue, se distancia cada vez mais. Aparentemente, isso faz com que ela cresça exponencialmente
- No livro, ela tem um crescimento bem mais natural. Ela cresce gradualmente em um espaço bem maior de tempo.
Poderes desbloqueados:
- No filme, quando entra em sintonia com Saphira, novamente em poucos minutos, e ele instintivamente aprende a usar magias milenares que segundo Brom levaria uma vida inteira para aprender.
- No livro, as magias de cavaleiros de dragões apresentam um sistema estruturado baseado na antiga linguagem, que demanda mais empenho e tempo de Eragon.
Essas foram só umas das várias elementos em que o filme convergiu com o livro. Além do filme ter tomado algumas liberdades criativas no roteiro, essas modificações se mostraram bem ruins.
Melhores elementos de Eragon
Querendo ou não, Eragon marcou a infância de muitos e nos cativou até certo ponto. Isso tem um motivo, o filme não é de todo ruim. Alguns elementos do filme realmente merecem mérito. Por exemplo, a performance incrível de Robert Carlyle, a postura e expressão que o ator projetou em Durza se mostrou caprichosa. Isso tornou o personagem verdadeiramente envolvente. Outros pontos forte do filme são:
Design de Saphira: A representação de Saphira foi um dos maiores acertos do filme. Sua movimentação se mostrou fluida, e apesar de algumas interações muito artificiais, no geral ela é uma boa personagem.
Capturas de imagem: O filme explora muitos planos panorâmicos, e nos apresenta paisagens incríveis. Isso se deve porque as locações das filmagens se passaram em lugares centrais da Europa. Por exemplo, a cena da caverna se passou na Tatabánya, Hungria. Tudo isso, deu um tom ainda mais medieval à obra.
Contexto acessível: O filme apesar de apresentar várias falhas no roteiro, tem uma narrativa linear, isso facilita a nossa compreensão sobre o universo de Eragon. Isso possibilitou um alcance maior da obra, muitas pessoas conhecem esse universo através do filme.
Dessa forma, essa adaptação cumpriu um papel importante: apresentar a Alagaësia para uma nova geração, mesmo que de forma simplificada. E, para muitos, isso foi o suficiente para plantar a semente da curiosidade e do encantamento — um feito que não deve ser subestimado.
Trilha Sonora de Eragon
A trilha sonora de Eragon foi composta por Patrick Doyle. O músico é bastante conceituado na indústria do cinema, alguns dos principais trabalhos de Doyle incluem: “Harry Potter e o Cálice de Fogo”, “Valente”, e “Planeta dos Macacos: A Origem”. Em geral o álbum tem um tom épico, porém as melodias remetem à cultura celta, algo que poderia realçar bastante a atmosfera medieval da trama.
Podemos comparar o álbum de “Eragon” com outra trilha sonora medieval feita pelo músico, “Henrique V”, como um parâmetro. Mas, antes disso, vale ressaltar que enquanto o primeiro apresenta uma proposta de fantasia medieval estilizada, “Henrique V” tem faixas musicais mais comprometidas com a autenticidade e solenidade medieval.
Dessa maneira, já podemos falar que faltou esse autenticidade em “Eragon”, essa adaptação tenta emular um “clima medieval” com fins fantásticos e pouco puros nesse aspecto.
Um exemplo disso é a música tema “Eragon”, caracterizada por uma melodia suave e cerimonial. De fato, essa música remete muito mais a emoção de blockbusters modernos do que sons medievais. Em geral as faixas tocadas nesse são boas.
Conclusão
Eragon é um filme nostálgico capaz de cativar crianças em todo mundo. Se os roteiristas tivessem se sentado um pouco mais em saltos temporais, ao invés de forçar o avanço absurdo em vários elementos, o filme poderia ser capaz de conquistar um público mais maduro. Apesar dos seus defeitos narrativos e da recepção morna, Eragon é um daqueles filmes que persistem no imaginário coletivo não pela perfeição, mas pela promessa do que poderia ter sido. Ao examinar seus elementos de novo.