No próximo domingo, dia 2 de março, acontece diretamente do Dolby Theatre, em Los Angeles, na Califórnia, a cerimônia de entrega da 96ª edição do famoso “Prêmio da Academia”, mais conhecido como Oscar. Pela primeira vez na história, a cerimônia será comandada pelo comediante e apresentador Conan O’Brien e, nos Estados Unidos, será transmitida pelo canal ABC, como ocorre tradicionalmente desde 1976, e também, pela primeira vez na história, pela plataforma de streaming Hulu.
No Brasil, a cerimônia do Oscar deve ser transmitida pelo canal pago TNT e pela plataforma de streaming Max, que há anos transmitem a cerimônia, além também da Rede Globo, que volta a transmitir a cerimônia depois de anos de ausência. Devido ao fato de o filme brasileiro Ainda Estou Aqui estar indicado em três categorias, incluindo Melhor Filme, a Rede Globo decidiu transmitir a cerimônia e deixar a transmissão dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro em segundo plano. Isso devido ao feito inédito obtido pelo filme brasileiro.
Nesse ano, cobrimos as principais premiações da temporada e, como não poderia deixar de ser, também cobriremos o Oscar, já que essa é a principal e mais importante premiação da temporada. Aliás, todas as premiações são quase que apenas uma prévia do Oscar. Dessa forma, analisaremos cada uma das principais categorias do Oscar desse ano e ponderaremos as chances de vitória de cada concorrente em cada uma delas. Seguiremos nossa análise por essa que é uma das mais importantes categorias do Oscar. Lembrando que já analisamos diversas outras categorias do Oscar desse ano. Mas primeiro, você sabe o que se premia nessa categoria? Te explicamos abaixo.
O que é o Oscar de Melhor Documentário
Essa categoria começou a ser distribuida pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood na 15ª edição do Oscar, ocorrida em 4 de março de 1943. No ano anterior, a categoria de Melhor Documentário em Curta-Metragem já havia sido criada e dois documentários em longa-metragem, ‘Kukan’: The Battle Cry of China (1941) e Alvo para Esta Noite (1941), já haviam sido premiados com um Oscar Especial.
Nessa primeira edição da categoria, em 1943, curta-metragens e longa-metragens documentais concorreram juntos na mesma categoria. Como resultado, a categoria teve 25 indicados e quarto vencedores, nos quais três eram longa-metragens e um era um curta-metragem. Curiosamente, esse curta-metragem foi dirigido pelo lendário cineasta John Ford. Esse formato de 1943 nunca mais voltaria a ser usado e já no ano seguinte curta-metragens e longa-metragens começariam a concorrer em categorias separadas.
Nesses primeiros anos, era comum que o número de indicados nessa categoria variasse muito e que os filmes indicados (e vencedores) fossem produzidos por órgãos governamentais dos Estados Unidos e também de outros países. A partir de 1965, no entanto, essa categoria passou a ter consistentemente cinco indicados, formato que se mantêm até hoje, e a maioria dos filmes passou a ser produzido por indivíduos e não por governos.
O que o Oscar de Melhor Documentário premia
Essa categoria premia o melhor documentário em longa-metragem, segundo os membros da Academia, lançado em um determinado ano. Dessa forma, para ser indicado nessa categoria, um filme deve ser um longa-metragem, ou seja, ter mais 40 minutos de duração, segundo as regras da Academia. E também ser um documentário, ou seja, um trabalho de não-ficção que “lida criativamente com assuntos culturais, artísticos, históricos, sociais, científicos, econômicos ou outros”.
Além disso, a Academia atualmente não aceita documentários que tenham estreado em outros meios de comunicação, que não o cinema. O famoso documentário Fahrenheit 9/11 (2004), por exemplo, ficou fora da disputa pelo Oscar justamente por ter sido exibido na televisão norte-americana antes de estrear nos cinemas. Ademais, desde 2017, a Academia também não aceita mais documentários divididos em várias partes ou que sejam minisséries.
Critérios de elegibilidade
Essa é uma das poucas categorias do Oscar, onde os concorrentes não precisam ter estreado comercialmente em solo norte-americano para serem elegíveis a uma indicação. Isso ocorre, porque as dificuldades de distribuição comercial de documentários são enormes. Dessa forma, se a Academia exigisse isso dos filmes, muito provavelmente documentários com potencial para serem indicados, principalmente aqueles produzidos fora dos Estados Unidos, ficariam de fora da disputa por essa categoria.
Dessa forma, documentários que tenham sido premiados em alguns festivais de cinema selecionados já são automaticamente elegíveis a concorrer nessa categoria. Além disso, documentários que conseguem estrear comercialmente e se manter em cartaz por pelo menos uma semana no Condado de Los Angeles ou nas regiões metropolitanas de Nova York, Chicago, Miami, Atlanta e São Francisco durante o período de elegibilidade também são elegíveis a concorrerem nessa categoria.
Normalmente, a Academia primeiro divulga uma lista de 15 pré-indicados ao Oscar de Melhor Documentário e essa lista depois é reduzida para cinco indicados. Esse trabalho é feito pelo “capítulo” da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood responsável por documentários. Depois, o vencedor dessa categoria é escolhido por todos os membros elegíveis da Academia.
Quem vencerá a categoria de Melhor Documentário em 2025
Nessa categoria, o favorito a vitória parece ser o documentário norueguês-palestino Sem Chão, que conta a história de um jovem ativista palestino tentando resistir a evacuação de sua terra natal por forças de segurança israelenses. A produção vem sendo apontada como favorito nessa categoria desde praticamente o início da temporada de premiações. No entanto, o filme perdeu tanto o BAFTA quando o Critics’ Choice Documentary Awards e o Producers Guild of America Awards para Super/Man: A História de Christopher Reeve.
Curiosamente, Super/Man: A História de Christopher Reeve nem sequer foi indicado ao Oscar. É bom lembrar que essa é, atualmente, a categoria mais politizada do Oscar, o que, aliás, fica evidente nos indicados desse ano. Por isso, , um documentário a moda antiga como Super/Man, que não fala sobre um assunto da geopolítica atual, não tenha mais espaço no Oscar hoje em dia. Se o filme tivesse sido indicado ao Oscar, no entanto, ele provavelmente teria boas chances de vitória devido a suas vitórias em outras premiações.
A derrota de Sem Chão no Producers Guild of America Awards é a mais significativa, já que essa premiação é entregue pelo poderoso Sindicato dos Produtores da América, instituição que reúne produtores de cinema e televisão atuantes nos Estados Unidos. Por isso, a briga pela vitória nessa categoria permanece aberta. Entre os outros indicados a Melhor Documentário, Guerra da Porcelana, que fala sobre os desafios dos artistas ucranianos durante a invasão de seu país pela Rússia, parece ser o que tem mais chances de vitória
Isso porque, a produção venceu premiações importantes como o Prêmio do Júri no Festival de Sundance e o Directors Guild of America Awards, premiação entregue pelo Sindicato dos Diretores da América. Além disso, a obra também fala sobre um tema sócio-político atual, o que faz com que o filme realmente tenha boas chances de vitória no Oscar desse ano.
Já Sugarcane: Sombras de Um Colégio Interno, Diários da Caixa Preta e Trilha Sonora para um Golpe de Estado correm por fora com menos chances de vitória. Desses três, o único que parece ainda estar na briga, mesmo que distante, é Sugarcane que fala sobre os horrores do sistema canadense de escolas residenciais indígenas. Mesmo assim, o filme tem poucas chances reais de vitória
MELHOR DOCUMENTÁRIO
- Diários da Caixa Preta – Shiori Itō, Eric Nyari e Hanna Aqvilin Corre por Fora)
- Sem Chão – Basel Adra, Rachel Szor, Hamdan Ballal e Yuval Abraham (Vencerá o Oscar)
- Guerra da Porcelana – Brendan Bellomo, Slava Leontyev, Aniela Sidorska e Paula DuPré Pesmen (Tem Chances de Vencer)
- Trilha Sonora para um Golpe de Estado – Johan Grimonprez, Daan Milius e Rémi Grellety Corre por Fora)
- Sugarcane: Sombras de Um Colégio Interno – Julian Brave NoiseCat, Emily Kassie e Kellen Quinn Corre por Fora)