Festival de Cannes. Foto: Julie de Sortiraparis.
Festival de Cannes. Foto: Julie de Sortiraparis.

Foi divulgada essa semana a Seleção Oficial do Festival de Cannes desse ano, com a lista de filmes que serão exibidos em competição na mostra principal e em outras mostras e também aqueles que serão exibidos fora de competição. Como esperado, a seleção está repleta de filmes de cineastas conhecidos, incluindo, dois filmes brasileiros. No texto a seguir falaremos um pouco sobre esses filmes e analisaremos a Seleção Oficial do Festival de Cannes de 2024.

Mostra competitiva principal do Festival de Cannes

Na mostra principal, o grande destaque desse ano é a estreia mundial do épico de ficção científica Megalopolis, novo filme do consagrado cineasta Francis Ford Coppola. Esse é o primeiro longa-metragem dirigido por Coppola em mais de 10 anos. Seu último filme havia sido o terror Virgínia, lançado em 2011. Por isso, a expectativa em relação a Megalopolis é enorme, já que Coppola de 85 anos de idade é considerado um dos melhores cineastas de toda a história do cinema e esse pode ser seu último filme.

A produção que custou 120 milhões de dólares para ser completada, conta com um elenco estelar que inclui Adam Driver, Nathalie Emmanuel, Giancarlo Esposito, Shia LaBeouf, Jason Schwartzman e veteranos, como Jon Voight, Laurence Fishburne, Talia Shire e Dustin Hoffman. Por tudo isso, muita gente espera que a estreia de Megalopolis no Festival desse ano possa ajudar a produção a despontar como uma das favoritas na temporada de premiações do ano que vem que oficialmente só começa no final desse ano. Assim como ocorreu com Martin Scorsese no ano passado, quando seu filme Assassinos da Lua das Flores estreou em Cannes e depois foi indicado aos prêmios mais importantes de 2024.

Além de Coppola, outros cineastas renomados também exibirão seus novos filmes na mostra competitiva principal. Entre eles está o cineasta canadense David Cronenberg. Aos 81 anos de idade, ele é considerado o principal nome do “body horror” (ou “horror corporal”, em português), um subgênero do cinema de terror focado em assustar o espectador através de violações gráficas ou psicologicamente perturbadoras do corpo humano.

Imagem de Megapolis. Distribuição: American Zoetrope.
Imagem de Megapolis. Distribuição: American Zoetrope.

Para Cannes, Cronenberg traz seu novo filme, o terror The Shrouds que é estrelado por Diane Kruger, Vincent Cassel e Guy Pearce e, assim como Megalopolis, estreará em Cannes. O mais interessante é que o cineasta passou oito anos sem dirigir um longa-metragem, voltando em 2022, com o filme Crimes do Futuro que também estreou no Festival de Cannes. Agora, Cronenberg parece ter voltado totalmente a ativa, já que dois anos depois, já está a frente de outra produção, justamente The Shrouds.

Ainda entre os destaques da mostra principal competitiva desse ano está a antologia Kinds of Kindness, novo filme do diretor grego Yorgos Lanthimos, que concorreu ao Oscar, ao BAFTA e ao Globo de Ouro desse ano pelo filme Pobres Criaturas, que estreou no Festival de Veneza do ano passado e foi considerado um dos principais filmes lançados em 2023. Curiosamente, Kinds of Kindness, assim como Pobres Criaturas, é estrelado por Emma Stone.

Stone acaba de ganhar o Oscar de Melhor Atriz justamente por sua atuação em Pobres Criaturas. Por isso, todo mundo ficará de olho em sua atuação nessa nova produção de Lanthimos. Até porque, assim como todos os filmes mencionados até agora, Kinds of Kindness estreia no Festival de Cannes desse ano e, por isso, ainda não foi visto por críticos e cinéfilos. Uma boa atuação de Emma Stone no filme pode, eventualmente, garantir a ela outra indicação ao Oscar de Melhor Atriz no ano que vem.

Por último, não podemos deixar de falar de Paul Schrader. O roteirista e diretor que ficou conhecido por seu trabalho ao lado de Martin Scorsese, também irá estrear seu novo filme, o drama Oh, Canada, no Festival de Cannes desse ano. A produção é estrelada por Richard Gere e tem um elenco estelar que conta com os nomes de Uma Thurman, Michael Imperioli, Jacob Elordi e Kristine Froseth.

É claro que além desses, diversos outros filmes interessantes (dirigidos por cineastas talentosos) estarão na mostra competitiva principal do Festival de Cannes desse ano, incluindo o novo filme do diretor brasileiro Karim Aïnouz, sobre o qual falaremos na próxima seção desse texto. Contudo, seria praticamente impossível falar sobre todos eles. No entanto, no final desse texto, disponibilizaremos a lista completa divulgada até o momento de filmes que serão exibidos em Cannes nesse ano.

Brasileiros em Cannes

O Brasil contará com dois representantes no Festival de Cannes desse ano. Na Mostra Principal, teremos a exibição do thriller erótico Motel Destino, novo filme do cineasta cearense Karim Aïnouz, que aliás já é um habitué do festival. Seu último filme, o drama histórico Firebrand também estreou no Festival de Cannes, em 2023. Esse filme, no entanto, era uma produção britânica, falado em inglês e estrelado por dois atores estrangeiros, Alicia Vikander e Jude Law. Sendo, inclusive, centrado em uma figura da história da Grã-Bretanha, Katherine Parr, a sexta e última esposa de Henrique VIII.

Cena de Motel Destino. Distribuição: Pandora Filmes.
Cena de Motel Destino. Distribuição: Pandora Filmes.

Já Motel Destino, apesar de ser uma co-produção entre Brasil, França e Alemanha, é essencialmente um filme brasileiro, que se passa no Brasil, é estrelado por atores brasileiros e é falado em português. A produção que foi filmada principalmente no Ceará deve contar uma história de amor entre os personagens de Nataly Rocha e Iago Xavier e conta também com a atuação do veterano ator Fábio Assunção.

Já fora da mostra principal, em uma mostra menor, temos a participação de mais um filme brasileiro, Baby do cineasta mineiro Marcelo Caetano. A produção estrelada por João Pedro Mariano e Ricardo Teodoro será exibida na Semana da Crítica, mostra paralela que é organizada pelo Sindicato Francês dos Críticos de Cinema e que se dedica a exibir primeiros e segundos filmes de cineastas do mundo todo. No caso, Baby é o segundo longa-metragem da carreira de Marcelo Caetano.

Destaques da mostra não competitiva do Festival de Cannes

Além das mostras competitivas, diversos filmes serão exibidos em Cannes fora de competição e aqui temos também diversos destaques e filmes para ficar de olho. Provavelmente, entre as produções exibidas fora de competição, o maior destaque seja a estreia mundial de Furiosa: Uma Saga Mad Max, um spin-off de Mad Max: Estrada da Fúria (2015) e que é um dos filmes mais esperados do ano.

Estrelado por Anya Taylor-Joy, Furiosa contará uma história que se passa duas décadas antes de Estrada da Fúria e terá como protagonista justamente Imperator Furiosa, personagem que em Mad Max: Estrada da Fúria (2015) foi brilhantemente interpretada por Charlize Theron. Furiosa é dirigido e escrito por George Miller, o criador da franquia Mad Max, e muita gente está ansiosa para ver o que o cineasta preparou para esse novo filme.

Imagem de Furiosa. Distribuição: Warner Bros. Pictures.
Imagem de Furiosa. Distribuição: Warner Bros. Pictures.

Ainda em destaque está a estreia de Horizon: An American Saga, novo filme do ator e diretor Kevin Costner. A produção que é um épico western será dividida em duas partes, sendo que a primeira delas deverá estrear no Festival de Cannes desse ano. O filme que se passa durante a Guerra Civil Americana é estrelado pelo próprio Costner e tem um elenco de peso, composto por gente como Sienna Miller, Sam Worthington, Giovanni Ribisi e Jena Malone.

Esse é o primeiro longa-metragem dirigido por Kevin Costner em 20 anos. O último filme que contou com sua direção foi o também western Pacto de Justiça, de 2003. Lembrando que apesar de ser mais famoso como ator, Costner tem uma carreira bastante bem sucedida como diretor e chegou, inclusive, a ganhar o Oscar de Melhor Direção por seu trabalho em Dança com Lobos, de 1990.

Proeminência de filmes em inglês e importância cada vez maior na temporada de premiações

Um fato que chamou muita atenção na Seleção Oficial do Festival de Cannes desse ano foi o enorme número de filmes falados em inglês entre as produções que serão exibidas no festival desse ano. São dez filmes falados em inglês (The Apprentice, Bird, Emilia Perez, Megalopolis, The Shrouds, The Substance, Kinds of Kindness, Limonov, Anora and Oh Canada) somente na mostra principal competitiva, um recorde histórico. Nunca antes, o festival deu tanto espaço a produções faladas em inglês.

O festival que já foi um dia até mesmo arredio a filmes falados em inglês, principalmente filmes norte-americanos, e costumava dar mais espaço a filmes alternativos e europeus, hoje se tornou quase um “paraíso” para filmes falados em inglês e superproduções hollywoodianas dirigidas por cineastas consagrados. Esse novo momento do festival tem muito a ver com uma mudança em seu perfil.

Apesar de ainda dar espaço ao cinema independente e também ao cinema europeu em mostras paralelas e menores e até mesmo na mostra principal, é inegável que nos últimos anos, o festival tem dado cada vez mais espaço a produções grandiosas de Hollywood. Com isso, o festival busca também se manter relevante no cenário do cinema mundial. Objetivo que Cannes tem inegavelmente conseguido atingir.

O famoso tapete vermelho do Festival de Cannes. Foto: Corbis via Getty Images.
O famoso tapete vermelho do Festival de Cannes. Foto: Corbis via Getty Images.

Isso porque, o Festival de Cannes tem cada vez mais se consolidado como uma espécie de abertura da temporada de premiações. Assim, muitos dos filmes que estreiam e se destacam em Cannes conseguem no início do ano seguinte ser indicados e mesmo vencer algumas das principais premiações da temporada, incluindo, o tão almejado Oscar. Só para se ter uma ideia, os filmes que estrearam no Festival de Cannes do ano passado conseguiram a impressionante marca de 26 indicações ao Oscar desse ano.

Entre os principais destaques de Cannes no ano passado estavam Folhas de Outono, que ganhou o Prêmio do Júri do festival e que apesar de não ter sido indicado ao Oscar, foi indicado ao Globo de Ouro, ao BAFTA e a outros prêmios importantes da temporada de premiações. Além de Elementos, Segredos de Um Escândalo, As 4 Filhas de Olfa, Dias Perfeitos e O Sabor da Vida, todos eles indicados em pelo menos uma categoria do Oscar.

E, por último, Assassinos da Lua das Flores, Zona de Interesse e Anatomia de uma Queda todos os três indicados ao Oscar de Melhor Filme desse ano. Sendo que Anatomia de uma Queda venceu a Palma de Ouro, principal premiação do Festival de Cannes, do ano passado e Zona de Interesse ganhou o prestigioso Grand Prix, segunda premiação mais importante do Festival. Ou seja, os vencedores das três principais premiações do Festival do ano passado tiveram uma carreira muito bem-sucedida na temporada de premiações.

Isso mostra cada vez mais a importância que o Festival tem ocupado nesse cenário. Sendo que estrear em Cannes se tornou uma boa forma de iniciar uma bem-sucedida campanha em busca de indicações e vitórias nas principais premiações da temporada. Por isso também, cada vez mais, uma vaga no festival tem sido bastante concorrida e buscada por cineastas com uma carreira já consolidada no cinema mundial.

O interessante é que Cannes ainda ocorre no meio do ano, pouco tempo depois da entrega do Oscar. O festival desse ano, por exemplo, será aberto em 14 de maio, ou seja, pouco mais de dois meses depois da entrega do Oscar 2024, que ocorreu em 10 de março, e cerca de 10 meses antes do Oscar 2025, que só deve ocorrer em março do ano que vem. E mesmo assim, com essa enorme distância temporal, esses filmes não são esquecidos pelas principais premiações. É muito provável que muitas dessas produções estreando agora em maio em Cannes estarão em 2025, entre os indicados ao Globo de Ouro, ao BAFTA e ao Oscar.

Interessante também é notar que até pouco tempo atrás, Oscar e Cannes existiam quase que em universos paralelos, com os filmes exibidos no festival e mesmo os vencedores da Palma de Ouro tendo poucas chances reais de vencerem ou mesmo serem indicados ao famoso Prêmio da Academia. Contudo, isso mudou bastante nos últimos anos, como já dissemos acima, com o festival ocupando um espaço quase que de abertura da temporada de premiações.

Festival de Cannes: Abraçando o cinema comercial

Além disso, nos últimos anos Cannes também tem abraçado o cinema comercial e o cinema comercial tem abraçado o festival. Com isso, diversas superproduções candidatas a estarem entre os filmes mais vistos do ano têm estreado no festival. Essa tendência se fortaleceu no Festival de Cannes de 2022, quando Top Gun: Maverick foi exibido em Cannes antes de estrear comercialmente no mundo todo alguns dias depois.

O resultado não poderia ter sido melhor. Aclamado pela crítica e elogiado por todos aqueles presentes no festival, o filme arrebentou nas bilheterias, arrecadando quase 1,5 bilhões de dólares em bilheterias, se tornando o segundo filme mais visto daquele ano e ainda obtendo seis indicações ao Oscar 2023, incluindo uma na categoria de Melhor Filme.

Essa estratégia, contudo, nem sempre funciona. Ano passado, Indiana Jones e a Relíquia do Destino tentou repetir a estratégia, mas não obteve sucesso. Isso porque, a produção não foi tão bem recebida pela crítica especializada presente em Cannes e isso gerou uma “propaganda boca-a-boca” ruim em relação a produção. A repercussão gerada no festival acabou por aumentar ainda mais a desconfiança que a maioria dos fãs tinha em relação ao filme.

Imagem de Kinds of Kindness. Distribuição: Searchlight Pictures.
Imagem de Kinds of Kindness. Distribuição: Searchlight Pictures.

Isso porque, Indiana Jones e a Relíquia do Destino foi o primeiro filme da franquia Indiana Jones a não contar com o envolvimento direto de Steven Spielberg e George Cameron, os dois criadores da franquia, e tinha sido precedido por Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (2008), que também não tinha sido muito bem recebido por cinéfilos e fãs da franquia. O resultado, foi desastroso. Indiana Jones e a Relíquia do Destino arrecadou muito menos do que o esperado.

Produzido a um custo estimado entre 295 e 387 milhões de dólares, a produção só arrecadou 384 milhões de dólares em bilheterias, valor que não foi suficiente nem sequer para cobrir os custos de produção, gerando um prejuízo superior a 130 milhões de dólares para a Walt Disney Studios Motion Pictures, estúdio que distribuiu o filme no mundo todo.

Esse ano temos, como já dito, a estreia de Furiosa: Uma Saga Mad Max no festival. Uma superprodução com potencial para se tornar um grande sucesso de bilheteria. Isso porque, o filme é bastante esperado pelo público e seu antecessor Mad Max: Estrada da Fúria (2015), foi um tremendo sucesso de crítica e público, arrecadando mais que o dobro de seu custo de produção e se tornando o filme mais bem-sucedido comercialmente da franquia Mad Max.

Vamos ver o que Furiosa vai entregar em Cannes. Lembrando que o filme estreia comercialmente no mundo todo cerca de uma semana depois de ser exibido em Cannes. Se a produção entregar tudo que todo mundo espera é bem possível que a estreia no festival, ajude-a a maximizar seus lucros nos cinemas de todo o planeta.

Estrelas, repercussão, audiência recorde de público

É claro que essa estratégia de trazer para Cannes, que é o festival de cinema mais importante do mundo, grandes filmes, com grandes elencos e dirigidos por cineastas renomados tem trazido resultados positivos para o festival, pelo menos no que tange a resultados comerciais. É claro que a presença de grandes nomes, a estreia de superproduções e o fato de que muitos dos filmes exibidos em Cannes se tornam depois concorrentes fortes nas grandes premiações do ano tem feito com que mais gente se interesse em acompanhar o festival.

Algo que antes era restrito a críticos, cinéfilos e gente que se interessa por cinema alternativo, agora desperta a atenção daquele “público comum” que gosta de assistir filmes ou mesmo que vê o cinema apenas como uma forma de entretenimento. Além disso, a presença de atores consagrados no Festival sempre gerou burburinho. Agora, com as mídias sociais e a subcultura de celebridades, esse burburinho é ainda maior, principalmente na internet. Assim, muita gente que nem conhecia o festival passa a conhecer.

Por esse motivo também, o Festival do ano passado, gerou recorde de audiência e também de presença de público in loco em Cannes. Gente interessada em assistir cinema, mas também em acompanhar, em primeira mão, a estreia de superproduções e também de ver de perto algumas das maiores estrelas do cinema mundial. Para os organizadores do Festival, é uma boa estratégia para se manter relevante no século XXI. Para a indústria do cinema, é mais um local para exibir e, claro, vender seus filmes.

Um festival com história

Fundado em 1946 e chamado até 2003 de “Festival Internacional do Filme”, o Festival de Cannes, como é mais conhecido, foi criado inicialmente para se contrapor e rivalizar com o Festival de Veneza, que na época, era o único grande festival internacional de filmes do mundo. Contudo, o evento italiano tinha caído nas mãos do ditador Benito Mussolini durante os anos 1930 e, por isso, tinha perdido sua “imparcialidade” e se tornado um instrumento político para o ditador italiano, passando a premiar filmes politicamente alinhados com o seu regime.

Como protesto contra a premiação do filme italiano Luciano Serra, Piloto e do documentário alemão Olympia (mesmo com a proibição, na época, de se premiar documentários), que eram vistos como “filmes de propaganda” dos regimes de Mussolini e de Adolf Hitler, um grupo de jurados franceses, britânicos e americanos abandonaram o festival e decidiram criar o seu próprio. A ideia teve apoio de Jean Zay, ministro da educação da França na época. Cannes, na Riviera francesa, foi escolhida para sediar o festival devido a seu apelo turístico.

Imagem de uma das primeiras edições do Festival de Cannes, nos anos 1940.
Imagem de uma das primeiras edições do Festival de Cannes, nos anos 1940.

A primeira edição do Festival de Cannes deveria acontecer em 1939. A noite de gala que abriria o festival, inclusive, ocorreu em 31 de agosto daquele ano e contou com a presença de inúmeras estrelas do cinema da época, como Gary Cooper, Cary Grant, Tyrone Power, Douglas Fairbanks Jr., Mae West, Norma Shearer, Paul Muni, James Cagney, Spencer Tracy, e George Raft e com exibição de O Corcunda de Notre-Dame (1939). Contudo, no dia seguinte, 1 de setembro, o exército alemão invadiu a Polônia, dando início a Segunda Guerra Mundial. O festival foi adiado por 10 dias e depois, quando ficou claro que o conflito demoraria a terminar, foi definitivamente cancelado.

Finalmente, em 1946, após o final da Segunda Guerra Mundial, ocorreu a primeira edição “real” do Festival de Cannes. Apesar de sofrer com problemas de organização e orçamento durante o final da década de 1940, o evento se tornou simbolo de glamour e elegância durante os anos 1950. De lá para cá, o Festival de Cannes só cresceu, ultrapassando o Festival de Veneza e se tornando o principal, mais importante e mais conhecido festival de cinema do mundo.

Presidência do júri, filme de abertura e homenagens

O júris completos desse ano ainda não foram todos divulgados pelos organizadores do Festival. Contudo, já se sabem os nomes dos presidentes de cada um dos júris. O júri da mostra competitiva principal, será presidido por Greta Gerwig, atriz, roteirista e diretora norte-americana, que recentemente co-escreveu e dirigiu Barbie, filme que foi o mais visto de 2023, com uma bilheteria de quase 1,5 bilhão de dólares. Além de ter sido também um dos filmes mais elogiados do ano passado.

Já o júri da mostra Un Certain Regard, que é provavelmente a segunda mais importante do festival, será presidido pelo ator e diretor canadense Xavier Dolan. O jovem cineasta que tem apenas 35 anos de idade, dirige desde seus 20 anos e tem uma carreira premiada e recheada de filmes elogiados. Já o júri da Semana da Crítica, será presidido por Rodrigo Sorogoyen e é a única mostra cuja lista completa de jurados já é conhecida.

Por último, o júri da mostra L’Œil d’or, será presidido pelo veterano ator e diretor francês Nicolas Philibert, enquanto que o júri da mostra Queer Palm, será presidido pelo jovem diretor belga Lukas Dhont. Nas próximas semanas espera-se que sejam divulgados as listas completas de jurados de cada uma dessas mostras. Além disso, também é bem possível que sejam divulgados nomes de outros filmes que também devem ser exibidos no festival desse ano.

O Festival de Cannes de 2024 começa em 14 de maio, com a exibição da comédia francesa The Second Act (ou “O Segundo Ato”, em português), dirigida por Quentin Dupieux. O filme também estreará comercialmente no país no mesmo dia, como já havia ocorrido no ano passado com Jeanne du Barry, que abriu o festival de 2023 e estreou na França no mesmo dia.

Phoebe Waller-Bridge, James Mangold, Harrison Ford, Shaunette Renée Wilson, Boyd Holbrook and Mads Mikkelsen no tapete vermelho Festival de Cannes desse ano. Foto de Andreas Rentz/Getty Images.
Phoebe Waller-Bridge, James Mangold, Harrison Ford, Shaunette Renée Wilson, Boyd Holbrook and Mads Mikkelsen no tapete vermelho Festival de Cannes desse ano. Foto de Andreas Rentz/Getty Images.

O Festival deve ser encerrado em 25 de maio, com a entrega das premiações, mas ainda não se sabe qual filme encerrará o festival desse ano. Já a Palma de Ouro Honorária pelo conjunto da obra, será entregue ao cultuado diretor, roteirista e produtor norte-americano George Lucas, um dos principais nomes do Novo Cinema de Hollywood e conhecido, entre outras coisas, por ter concebido as franquias Star Wars e Indiana Jones. Lucas deve comparecer ao festival e, claro, atrairá muita atenção do público e da mídia.

Confira abaixo a Seleção Oficial do Festival de Cannes 2024:

Mostra Principal

  • All We Imagine as Light, dirigido por Payal Kapadia
  • Anora, dirigido por Sean Baker
  • The Apprentice, dirigido por Ali Abbasi
  • Beating Hearts (L’Amour Ouf), dirigido por Gilles Lellouche
  • Bird, dirigido por Andrea Arnold
  • Caught by the Tides (风流一代), dirigido por Jia Zhangke
  • Emilia Perez, dirigido por Jacques Audiard
  • The Girl with the Needle (Pigen med nålen), dirigido por Magnus von Horn
  • Grand Tour, dirigido por Miguel Gomes
  • Kinds of Kindness, dirigido por Yorgos Lanthimos
  • Limonov: The Ballad, dirigido por Kirill Serebrennikov
  • Marcello Mio, dirigido porChristophe Honoré
  • Megalopolis, dirigido por Francis Ford Coppola
  • Motel Destino, dirigido por Karim Aïnouz
  • Oh, Canada, dirigido por Paul Schrader
  • Parthenope, dirigido por Paolo Sorrentino
  • The Shrouds, dirigido por David Cronenberg
  • The Substance, dirigido por Coralie Fargeat
  • Wild Diamond (Diamant brut), dirigido por Agathe Riedinger

Un Certain Regard

  • Armand, dirigido por Halfdan Ullman Tondel
  • Black Dog (), dirigido por Guan Hu
  • The Damned (Les Damnes), dirigido por Roberto Minervini
  • L’Histoire de Souleymane, dirigido por Boris Lojkine
  • Norah, dirigido por Tawfik Alzaidi
  • On Becoming a Guinea Fowl, dirigido por Rungano Nyoni
  • Le Royaume, dirigido por Julien Colonna
  • Santosh, dirigido por Sandhya Suri
  • September Says, dirigido por Ariane Labed
  • The Shameless, dirigido por Konstantin Bojanov
  • My Sunshine (ぼくのお日さ), dirigido por Hiroshi Okuyama
  • The Village Next to Paradise, dirigido por Mo Harawe
  • Viet and Nam, dirigido por Truong Minh Quy
  • Vingt Dieux!, dirigido por Louise Courvoisier
  • Who Let the Dog Bite? (Le Proces du Chien), dirigido por Lætitia Dosch

Fora de Competição

  • Furiosa: Uma Saga Mad Max, dirigido por George Miller
  • Horizon: An American Saga, dirigido por Kevin Costner
  • Rumours, dirigido por Guy Maddin, Evan Johnson e Galen Johnson
  • The Second Act (Le Deuxième Acte), dirigido por Quentin Dupieux
  • She’s Got No Name (醬園弄), dirigido por Peter Chan
  • The Balconettes (Les Femmes au Balcon), dirigido por Noémie Merlant
  • I, the Executione(베테랑 2), dirigido por Ryoo Seung-wan
  • The Surfer, dirigido por Lorcan Finnegan
  • Twilight of the Warriors: Walled In (九龍城寨之圍城), dirigido por Soi Cheang

Cannes Premiere

  • Everybody Loves Touda, dirigido por Nabil Ayouch
  • It’s Not Me (C’est Pas Moi), dirigido por Leos Carax
  • The Matching Bang (En Fanfare), dirigido por Emmanuel Courcol
  • Misericordia (Miséricorde), dirigido por Alain Guiraudie
  • Rendez-Vous Avec Pol Pot, dirigido por Rithy Panh
  • Le Roman de Jim, dirigido por Arnaud Larrieu e Jean-Marie Larrieu

Exibição Especial

  • Apprendre, dirigido por Claire Simon
  • The Beauty of Gaza (La Belle de Gaza), dirigido por Yolande Zauberman
  • Ernest Cole, Lost and Found, dirigido por Raoul Peck
  • Le Fil, dirigido por Daniel Auteuil
  • The Invasion (L’Invasion), dirigido por Sergei Loznitsa

Semana da Crítica

  • Baby, dirigido por Marcelo Caetano
  • Block Pass (La Pampa), dirigido por Antoine Chevrollier
  • Blue Sun Palace, dirigido por Constance Tsang
  • The Brink of Dreams (Rafaat einy ll sama), dirigido por Nada Riyadh & Ayman El Amir
  • Julie Keeps Quiet (Julie zwijgt), dirigido por Leonardo Van Dijl
  • Locust, dirigido por KEFF
  • Simon of the Mountain (Simon de la montaña), dirigido por Federico Luis
  • Across the Sea (La mer au loin), dirigido por Saïd Hamich Benlarbi
  • Animale, dirigido por Emma Benestan
  • Ghost Trail (Les Fantômes), dirigido por Jonathan Millet
  • Queens of Drama (Les Reines du drame), dirigido por Alexis Langlois

Palma de Ouro Honorária

  • George Lucas

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