Os organizadores anunciaram nesse último final de semana os vencedores do prestigiado Festival de Berlim. O principal prêmio do festival, o Urso de Ouro, foi ganho pelo documentário francês Sur l’Adamant (2023), que segue a vida dos pacientes e funcionários de uma instituição psiquiátrica em Paris.

A instituição, além de métodos únicos, fica localizada em uma estrutura flutuante no Rio Sena. O elogiadíssimo filme foi dirigido pelo ator e diretor francês Nicolas Philibert que, assim como quase todo mundo, recebeu o prêmio com bastante surpresa, já que quase ninguém esperava que obra levaria o Urso de Ouro para casa.

Nicolas Philibert discursa ao receber o Urso de Ouro pelo filme Sur l’Adamant

Já o Grande Prêmio do Júri, segundo prêmio mais importante do festival, foi entregue para o drama alemão, Roter Himmel, dirigido por Christian Petzold. O filme conta a história de um grupo de pessoas que fica preso em um pequena vila às margens do Mar Báltico depois que incêndios florestais impedem que eles deixem o local. O isolamento, faz com que essas pessoas se aproximem e desenvolvam relações afetivas.

O terceiro prêmio mais importante do festival, o Prêmio do Júri, foi para o drama português, Mal Viver, dirigido por João Canijo. O filme conta a história de diversas gerações de uma família de mulheres, cujo relacionamento vai piorando com o passar dos anos. O prêmio de Melhor Diretor, foi entregue para o veterano cineasta francês Philippe Garrel, por seu trabalho no drama Le Grand Chariot, que conta a história de uma família de fantocheiros viajantes que tem que lidar com a morte do patriarca da família.

Cena de Roter Himmel, filme que recebeu o Grande Prêmio do Júri.

Desde 2021, os organizadores do festival decidiram unificar os prêmios de Melhor Atriz e Melhor Ator e entregar apenas um prêmio, de gênero-neutro (ou seja, sem separação entre homens e mulheres), para o melhor intérprete em um papel principal e o melhor intérprete em um papel coadjuvante.

Assim, o prêmio de Melhor Intérprete em um Papel Principal foi para a atriz-mirim Sofía Otero e seu desempenho no drama espanhol 20.000 Especies de Abejas, que conta a história de uma garota de oito anos em uma busca por sua identidade durante um verão em uma pequena vila. Já o prêmio de Melhor Intérprete em um Papel Coadjuvante foi entregue a atriz transsexual Thea Ehre por seu desempenho no thriller alemão Bis ans Ende der Nacht.

Philippe Garrel agradece pelo Urso de Prata de Melhor Diretor por seu trabalho em Le Grand Chariot

Nas categorias técnico-artísticas, o prêmio de Melhor Roteiro foi entregue para a roteirista alemã Angela Schanelec pelo roteiro do drama Musik, uma co-produção europeia que é uma adaptação moderna do mito grego de Édipo. Já Hélène Louvart levou o prêmio de “Contribuição Artística Excepcional” por seu trabalho de cinematografia no filme Disco Boy.

Além disso, o consagrado diretor norte-americano Steven Spielberg recebeu o Urso de Ouro Honorário pelo conjunto de sua obra e a cinematógrafa francesa Caroline Champetier recebeu o prêmio Berlinale Camera especial por suas contribuições ao cinema mundial.

Steven Spielberg beija o Urso de Ouro especial que recebeu pelo conjunto de sua obra.

Esse ano, o júri principal do Festival de Berlim foi presidido pela atriz norte-americana Kirsten Stewart e contou também com as presenças da atriz franco-iraniana Golshifteh Farahani, da diretora alemã Valeska Grisebach, do diretor romeno Radu Jude, da diretora de elenco norte-americana Francine Maisler, da diretora espanhola Carla Simón e do diretor e produtor honconguês Johnnie To.

Um dos mais importantes festivais do mundo

Fundado há 72 anos, em 1951, o Festival de Berlim é atualmente um dos três festivais de cinema mais importantes do mundo, ao lado do Festival de Cannes e do Festival de Veneza. Sendo anualmente frequentado por dezenas de milhares de pessoas e também por alguns dos mais importantes críticos e profissionais do cinema mundial. O festival ajuda a dar visibilidade e também a consagrar novos e conhecidos cineastas, atores e outros profissionais da indústria cinematográfica.

Imagem do Festival de Berlim de 1961.

Como quase todos os festivais, o foco do Festival de Berlim é mais no cinema como arte e em premiar obras que muitas vezes não tem tanta visibilidade assim. Isso diferencia os festivais das premiações hollywoodianas, como o Oscar e o Globo de Ouro, por exemplo, que focam mais no cinema comercial. Contudo, nem por isso, o festival deixa de exibir filmes de grande orçamento ou consagrar grandes nomes da indústria cinematográfica, como Steven Spielberg, por exemplo, que esse ano, recebeu o Urso de Ouro Honorário pelo conjunto de sua obra.

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