Todos os anos é a mesma coisa. Na segunda-feira pós-noite de premiação, críticos, jornalistas e o público em geral discutem quais foram as surpresas do Oscar e quais os filmes, intérpretes e profissionais deveriam ou não ter levado a estatueta para casa. Todos os anos é assim, menos nesse ano. Isso porque um acontecimento ocorrido antes da entrega do prêmio de Melhor Documentário marcou a noite mais do que qualquer outra coisa ocorrida durante a premiação.
Esse ano, a Academia escolheu o comediante Chris Rock para entregar o prêmio de Melhor Documentário. Dando bastante destaque para a categoria, que foi uma das últimas da noite a ser entregue sendo apresentada por uma celebridade do calibre de Chris Rock que, inclusive, já foi anfitrião da festa em duas ocasiões, em 2005 e 2016. As coisas, no entanto, não saíram como era esperado pela Academia.
O comediante, como é de seu feitio, fez piada com diversas celebridades, incluindo, Will Smith e sua esposa Jada Smith, que está careca devido a uma doença autoimune, a alopecia areata. Smith não gostou nada disso e subiu ao palco para estapear o comediante. Exigindo depois, já fora do palco, que Rock “não falasse o nome de sua esposa”. O clima ficou bastante tenso e permaneceu assim até o fim da festa. Smith acabou, como já era esperado, levando o Oscar de Melhor Ator para casa e fez um discurso confuso e longo em que disse estar em uma “missão” e pareceu pedir desculpas à Academia e ao público. Nada disso, no entanto, adiantou e a festa terminou em clima pesado.
Além do prêmio para Smith, a maioria dos outros principais prêmios da noite também foram parar na mão daqueles já favoritos a levar a estatueta para casa. Com exceção, talvez, do prêmio de melhor filme quem acabou sendo vencido por No Ritmo do Coração, um filme independente que até algumas semanas atrás não estava nem sequer cotado a levar qualquer prêmio para casa. Mas, como já havíamos antecipado aqui em um texto com previsões para a noite do Oscar, “No Ritmo do Coração” havia, recentemente, vencido o Producers Guild of America Awards e estava cotadíssimo para levar a estatueta para casa.
A categoria de direção foi vencida por Jane Campion que era favoritíssima a levar a estatueta por seu ótimo trabalho em Ataque dos Cães. Nas categorias de melhor ator e atriz também não houveram surpresas. Will Smith, como já dissemos acima, venceu o prêmio de Melhor Ator por seu trabalho em King Richard: Criando Campeãs. Enquanto Jessica Chastain venceu o prêmio de Melhor Atriz por seu desempenho em Os Olhos de Tammy Faye. Ambos eram favoritos a levar a estatueta para casa. Nas categorias de Ator e Atriz Coadjuvante venceram Troy Kotsur e Ariana DeBose, que também eram favoritos a ganhar a estatueta.
Nos prêmios de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Longa de Animação também não ocorreram grandes surpresas. Drive My Car, filme japonês que também estava indicado nas categorias de Melhor Filme e Melhor Direção, era mais do que favorito a ser escolhido como Melhor Filme Estrangeiro e acabou levando a estatueta para casa. Já Encanto, da Disney, levou o prêmio de Melhor Longa de Animação, como já era esperado por todos. Até mesmo na categoria de Melhor Documentário, o favorito Summer of Soul (…ou, Quando a Revolução Não Pôde Ser Televisionada), acabou levando o prêmio para casa.
A noite terminou com Duna vencendo em seis categorias, mas só levando prêmios técnicos para casa e No Ritmo do Coração vencendo em três categorias, incluindo Melhor Filme, Ator Coadjuvante e Roteiro Adaptado, se tornando o principal vencedor da noite. Incrivelmente, contudo, uma festa do Oscar “comum” e sem grandes surpresas, seguramente, entrará para a história de Hollywood devido ao acontecimento insólito envolvendo Will Smith e Chris Rock.