O Rotten Tomatoes é o principal agregador de críticas especializadas da internet. Por esse motivo, o site funciona com uma espécie de “termômetro” usado pela imprensa para tentar medir a recepção que um filme ou série teve por parte da crítica especializada. Ou seja, basicamente se a crítica “gostou” ou não de um filme ou série. Por isso, se você gosta de ler sobre filmes ou séries, é bem possível que você já tenha ouvido falar do Rotten Tomatoes.

O site reúne críticas publicadas em veículos de imprensa respeitados e escritas por críticos respeitados e cria uma média, chamada de “taxa de aprovação”. Normalmente, se um filme agradou a todos os críticos que o avaliaram ele terá uma taxa de aprovação de 100%. Já se o filme desagradou a todos os críticos que o avaliaram ele terá uma taxa de aprovação de 0%. Aqui nessa lista nos concentraremos justamente nos filmes com 0% de aprovação.

A seguir, explicaremos rapidamente o que é o Rotten Tomatoes, como ele surgiu e também como funciona sua taxa de aprovação. Aqui também explicaremos os critérios para elaboração dessa lista e, então, listaremos dez filmes com 0% de aprovação no Rotten Tomatoes.

O que é o Rotten Tomatoes?

Criado em 12 de agosto de 1998 por Senh Duong, que na época era estudante da Universidade de Berkeley, na Califórnia, o Rotten Tomatoes foi concebido pelo estudante como uma espécie de passatempo. Duong era muito fã do ator Jackie Chan e tinha o hábito de colecionar as críticas publicadas sobre os seus filmes quando eles eram lançados nos Estados Unidos. Em 1998, seria lançado a Hora do Rush, primeiro grande filme americano de Chan e Duong queria um lugar em que ele pudesse encontrar reunidas todas as criticas publicadas sobre o filme.

Assim ele criou o site para que as pessoas pudessem ter um local onde pudessem “ter acesso a avaliações de vários críticos nos Estados Unidos”. No inicio, o Rotten Tomatoes reunia apenas críticas sobre filmes de Jackie Chan, mas logo o estudante começou a expandir o site e incluir críticas e avaliações sobre outros filmes. Em 2004, o Rotten Tomatoes foi vendido para a IGN que por sua vez, foi comprada pela Fox Interactive Media, no ano seguinte.

Todos os selos do Rotten Tomatoes.
Todos os selos do Rotten Tomatoes.

Em 2010, a IGN vendeu o Rotten Tomatoes para a Flixster, uma rede social focada em filmes e frequentada por cinéfilos. No ano seguinte, a Flixster foi adquirida pela Warner Bros., que em fevereiro de 2016 vendeu tanto o Rotten Tomatoes quanto o Flixster para a Fandango Media, a quem o site pertence até hoje.

O icônico nome do site, “Rotten Tomatoes” ou “Tomates Podres”, vem de uma tradição antiga onde o público arremessava tomates (e também outras legumes) podres nos artistas quando não gostavam de uma apresentação. Por isso, no site os filmes bons são considerados “Frescos” e os ruins “Podres”. Segundo Duong, uma cena envolvendo tomates do filme canadense Léolo (1992) também exerceu influência direta no nome do site, já que ele estava assistindo a obra quando teve a ideia do nome do site.

De forma bem simples, o Rotten Tomatoes é um site agregador de críticas especializadas. Isso quer dizer que o Rotten Tomatoes reúne em apenas um lugar diversas críticas especializadas sobre um determinado filme ou produção televisiva. O Rotten Tomatoes não é o único agregador de críticas da internet (existem outros famosos, como o Metacritc, por exemplo), mas atualmente ele é o mais importante e respeitado do mercado.

Contudo, muito além de apenas “reunir” críticas em um único local, o Rotten Tomatoes também cria uma “média” afim de determinar se uma obra, seja ela filme ou série, pode ser considerada “boa” ou “ruim”. Essa média é apresentada ao público na forma de uma “taxa de aprovação”. Quanto maior a taxa, maior é a porcentagem dos críticos que aprovaram aquela obra. Essa taxa de aprovação vai de 0% a 100%. Sendo que 0% indica desaprovação unânime (ou seja, nenhum crítico gostou daquele filme ou série) e 100 % indica aprovação unânime (ou seja, todos os críticos gostaram daquela obra). Abaixo, explicaremos mais a fundo como isso funciona.

Como funciona o Rotten Tomatoes?

Como explicamos acima, o Rotten Tomatoes é um agregador de críticas. Ou seja, uma ferramenta que reúne em apenas um lugar diversas criticas escritas sobre um filme ou produção televisiva. Contudo, como dissemos brevemente acima, o Rotten Tomatoes não apenas “coleta” as criticas, mas também gera uma “média” das críticas boas e ruins e a apresenta ao público na forma de uma “taxa de aprovação”.

Mas como é feita essa “coleta” das críticas? Bem, o Rotten Tomatoes já possui uma espécie de “banco de dados” que reúne um grupo de críticos que são considerados, pelo site, respeitados, confiáveis e de qualidade. Esse críticos geralmente são profissionais que já atuam há um bom tempo no mercado e escrevem para veículos que têm pelo menos um alcance aceitável junto ao público. Além disso, muitos desses críticos também fazem parte de associações ou sindicados de críticos, algo que é relativamente comum nos Estados Unidos e na Europa.

Assim, toda vez que uma obra (seja filme, série, etc) vai estrear na televisão, no cinema ou em alguma plataforma de streaming, a equipe do Rotten Tomatoes coleta as críticas sobre essa obra escritas por esses críticos que o site já tem em seu banco de dados. Além disso, essa equipe também determina se a crítica é positiva ou negativa. Esse trabalho é especialmente importante em críticas sem uma avaliação numérica clara. Isso porque, em criticas com essa avaliação numérica, como aquelas que dão um número de estrelas ou uma nota para uma produção, é mais fácil saber se o crítico “gostou” ou não da obra.

Logo do serviço Rotten Tomatoes
Rotten Tomatoes – Divulgação

Depois disso, é criada uma média das críticas e a partir dela é gerada uma “taxa de aprovação” do filme ou obra televisiva. Essa taxa de aprovação está diretamente ligada a porcentagem de criticas positivas e negativas. Por exemplo, se 60% das críticas sobre um filme forem positivas, isso quer dizer que a taxa de aprovação do filme será de 60%. Essa taxa de aprovação, como dissemos brevemente acima, pode ir de 0% a 100%. Sendo 0%, quando nenhum dos críticos “gostou” da obra e 100% quando todos os críticos “gostaram” da obra”.

Ter aprovação tanto de 0% quanto de 100% é relativamente difícil no Rotten Tomatoes, principalmente para filmes “grandes” que costumam ser avaliados por centenas de críticos de cinema. Isso porque, quanto maior o número de críticas, maior a chance de que exista discordância quanto a qualidade de uma obra. Contudo existem diversos filmes com taxas de aprovação de 0% e de 100% no site.

Como elaboramos essa lista

O primeiro critério para poder ser elegível a entrar nessa lista é, obviamente, ter, atualmente, uma taxa de aprovação de 0% no Rotten Tomatoes. Isso significa que o filme foi reprovado por todos os críticos que o avaliaram. Além da taxa de aprovação de 0% no Rotten Tomatoes, só podem entrar nessa lista filmes que tenham pelo menos 20 avaliações reunidas no site. Isso evita que os filmes sejam injustamente avaliados.

Atualmente, existem 40 filmes listados no Rotten Tomatoes e que preenchem esse dois critérios, ou seja, têm taxa de aprovação de 0% e, pelo menos, 20 avaliações diferentes no site. Desses 40, escolhemos 10 para listar aqui. O principal critério para chegar a lista final, foi a notoriedade do filme. Os 10 filmes de nossa lista, ou são filmes famosos, ou superproduções, ou continuações de produções de sucesso ou são estrelados por atores e atrizes conhecidos e com carreiras consolidadas em Hollywood. Dito tudo isso, vamos a lista.

Os Embalos de Sábado Continuam (1983) – O filme mais antigo com 0% de taxa de aprovação no Rotten Tomatoes

Imagine uma continuação de Os Embalos de Sábado à Noite (1977) co-escrito, co-produzido e dirigido por Sylvester Stallone. Não poderia dar certo e não deu. Pelo menos, não do ponto de vista de qualidade. Os Embalos de Sábado à Noite foi um enorme sucesso de público e crítica na época de seu lançamento. Elogiado pela profundidade de seu roteiro, o desempenho de seu elenco e a qualidade de sua trilha sonora, a obra, que foi produzida por apenas 3.5 milhões de dólares, arrecadou mais de 237 milhões de dólares em bilheterias, se tornando um dos filmes mais vistos de 1977.

Além disso, a produção tornou seu protagonista, John Travolta, uma estrela global, ajudou a transformar as discotecas e a música disco em um fenômeno global e também transformou os Bee Gees, compositores da trilha sonora do filme, nos mais populares músicos do mundo. Por tudo isso, o produtor do filme, Robert Stigwood, e seu roteirista, Norman Wexler, tentaram ainda nos 1970 produzir uma continuação de Os Embalos de Sábado à Noite.

Contudo, havia um grande problema. Apesar de aceitar protagonizar a continuação, John Travolta não gostou do roteiro escrito por Norman Wexler, que ele considerou muito pessimista. Travolta queria que, na continuação, seu personagem, Tony Manero, estivesse em uma situação melhor, fosse já um dançarino profissional em busca de fama e sucesso. Dessa forma, com a falta de acordo entre Wexler, Stigwood e Travolta, a continuação nunca saiu do papel e foi abandonada.

A canção “Far from Over”, um dos poucos aspectos elogiados de Os Embalos de Sábado Continuam (1983).

No entanto, em 1981, os três voltaram a conversar e Norman Wexler escreveu um segundo roteiro mais ao gosto de Travolta. O ator, contudo, ainda estava infeliz com o final do filme proposto por Wexler, mas mesmo assim, aceitou filmá-lo. Apesar de acreditar que o público não se empolgaria com o final da forma como estava, ele aceitou a argumentação de Wexler e Stigwood de que aquele era um final mais realístico para a história.

No ano seguinte, 1982, John Travolta assistiu a Rocky III, que havia sido escrito, dirigido e protagonizado por Sylvester Stallone, e insistiu que queria que ele dirigisse Os Embalos de Sábado Continuam, por achar que ele traria energia e ritmo ao filme. Todo mundo achava que Stallone não aceitaria o convite, já que o filme era de um gênero muito diferente daqueles que ele costumava trabalhar. No entanto, para a surpresa de todos, Michael Eisner, então chefe da Paramount Pictures, estúdio que iria bancar a produção da continuação, convenceu-o a entrar no projeto.

Sob influência de John Travolta, Sylvester Stallone realizou diversas modificações no roteiro escrito por Norman Wexler, modificando o final para aquele mais feliz que Travolta queria e também fazendo com o personagem Tony Manero ficasse um pouco mais maduro, para refletir a passagem do tempo em relação ao filme anterior. Stallone também suprimiu muito do palavreado mais pesado do filme para que ele tivesse uma classificação PG-13, que permitia que ele fosse visto por adolescentes de 13 anos para cima.

Os Embalos de Sábado Continuam estreou nos Estados Unidos em 15 de julho de 1983 e desde o primeiro momento a produção foi simplesmente odiada pela crítica especializada. Considerado superficial, vazia, risível e muito inferior ao primeiro filme, a obra foi criticada especialmente por deixar de lado todo o “senso de realidade” de Os Embalos de Sábado à Noite, já que um dos aspectos mais elogiados do filme original foi o justamente o fato de ele retratar, com realismo, a vida e as dificuldades dos jovens dos anos 1970. Utilizando a cena disco como uma espécie de pano de fundo.

O famoso crítico de cinema Owen Gleiberman do jornal The Boston Phoenix, chegou a dizer que o filme não era “apenas uma decepção”, mas “uma desgraça”. Outro crítico famoso, Roger Ebert, deu apenas uma estrela de quatro possíveis, em seu famoso sistema de classificação, para o filme. Os Embalos de Sábado Continuam também foi indicado a três Framboesas de Ouro, premiação que reconhece os piores filmes do ano. Incrivelmente, um aspecto do filme foi elogiado, a sua trilha sonora.

Sua canção título “Far from Over”, composta e interpretada por Frank Stallone, irmão mais novo de Sylvester Stallone, recebeu uma indicação ao Globo de Ouro de Melhor Canção Original. Além disso, a trilha sonora do filme, que teve participação dos Bee Gees, recebeu uma indicação ao Grammy Awards, principal premiação da música norte-americana. A canção seria o único sucesso da carreira de Frank e seria uma das mais tocadas nos Estados Unidos e em diversos outros países do mundo.

Além disso, apesar de toda a sua falta de qualidade, Os Embalos de Sábado Continuam seria um grande sucesso comercial. Produzido a um custo de 22 milhões de dólares, o filme arrecadaria 127 milhões de dólares em bilheterias, se tornando dono da oitava maior arrecadação de um filme em 1983. Contudo, a falta de qualidade da obra também interferiria em sua bilheteria, já que o filme teve a maior estreia da época para um musical e depois foi perdendo o interesse do público que, muito provavelmente, se decepcionou um pouco com o que viu.

Os 127 milhões de dólares arrecadados, no entanto, não foram suficientes para chegar nem perto dos 237 milhões arrecadados por Os Embalos de Sábado à Noite (1977). Isso somado a repercussão negativa do filme, fez com que eventuais planos para um terceiro filme fossem permanentemente abandonados. Até hoje, Os Embalos de Sábado Continuam é amplamente considerado uma das piores continuações já produzidas em toda a história do cinema. Atualmente, o filme possui 30 críticas reunidas no Rotten Tomatoes, todas elas negativas.

Loucademia de Polícia 4: O Cidadão se Defende (1987)

É evidente para todo mundo que a franquia Loucademia de Polícia só desceu ladeira abaixo depois do lançamento de seu primeiro filme, em 1984. O estrondoso sucesso comercial de Loucademia de Polícia, que foi produzido por apenas 4.5 milhões de dólares e arrecadou quase 150 milhões de dólares em bilheterias, fez com que a Warner Bros., estúdio que detêm os direitos sobre o filme, quisesse explorar seu sucesso ao máximo possível.

Por isso, eles começaram a lançar uma continuação por ano. Até chegarmos em 1987 e ao quarto filme da franquia Loucademia de Polícia, que aqui chega ao fundo do poço de onde nunca mais sairia. Nem o retorno de G.W. Bailey, no papel do Capitão Thaddeus Harris, vilão do primeiro filme e que esteve ausente do segundo e terceiro filmes e nem a presença de Steve Guttenberg, Michael Winslow e boa parte do elenco original do primeiro filme, conseguiu salvar O Cidadão se Defende do desastre total.

No filme, escrito por Gene Quintano e dirigido por Jim Drake, os membros da tal “Loucademia de Polícia” decidem recrutar e treinar cidadãos comuns para trabalharem ao lado dos oficiais de polícia, que estão sofrendo de falta de pessoal. O enredo, no entanto, é apenas uma desculpa para criar inúmeras confusões e, claro, introduzir novos personagens a franquia para tentar, de alguma forma, renová-la.

Loucademia de Polícia 4: O Cidadão se Defende estreou nos Estados Unidos em abril de 1987 e foi extremamente mal recebido pela crítica especializada. A famosa critica de cinema Janet Maslin, do jornal The New York Times, disse que o filme só teria graça para uma criança de 10 anos de idade. Já Kevin Thomas do Los Angeles Times foi ainda mais longe, dizendo que não entendia porque os filmes da franquia continuavam a ser feitos, apesar de nenhuma das continuações chegarem sequer perto de ter a mesma graça do original.

Os filmes da franquia já vinham sendo cada vez mais mal recebidos pela crítica especializada. Só para se ter uma ideia, Loucademia de Polícia 2 e Loucademia de Polícia 3 têm atualmente, respectivamente, 28% e 36% de taxa de aprovação no Rotten Tomatoes. Contudo, Loucademia de Polícia 4 foi o primeiro filme da franquia a ter 0% de taxa de aprovação.

A partir daqui, todos os três filmes seguintes da franquia, que se encerraria com Loucademia de Polícia 7: Missão Moscou, teriam taxa de aprovação de 0% no Rotten Tomatoes. Cada um dos filmes subsequentes da franquia seriam cada vez mais ignorados pelo público e pela crítica a ponto de não termos nem sequer um número de críticas suficientes para que eles sejam elegíveis a entrar nessa lista.

Cenas iniciais de Loucademia de Polícia 4: O Cidadão se Defende (1987).

Apesar de ter sido odiado pela crítica especializada, Loucademia de Polícia 4: O Cidadão se Defende foi um sucesso comercial moderado. Produzido a um custo de 17 milhões de dólares (o que faz dele o filme mais caro da franquia), a produção arrecadou quase 77 milhões de dólares em bilheterias. Contudo, O Cidadão se Defende foi também o primeiro filme da franquia a arrecadar menos de 100 milhões de dólares em bilheteria, tendo arrecadado menos que Loucademia de Polícia 2 e Loucademia de Polícia 3 e bem menos que o primeiro filme da franquia.

Daqui para frente, como dito, a franquia desceria ladeira abaixo. Todos os seus filmes subsequentes arrecadariam cada vez menos, até Loucademia de Polícia 6: Cidade em Estado de Sítio (1989) arrecadar apenas 33 milhões de dólares, tendo custado quase 15 milhões de dólares para ser produzido. Depois disso, a Warner Bros. praticamente abandonaria a franquia, que ficaria cinco anos sem filmes, até o lançamento de Loucademia de Polícia 7: Missão Moscou (1994), que nem sequer seria comercialmente lançado nos Estados Unidos e seria praticamente ignorado por todo mundo, sepultando de vez a franquia.

Loucademia de Polícia 4: O Cidadão se Defende seria o último filme da franquia a ser estrelado por Steve Guttenberg, que era o nome mais forte do elenco. Além disso, o filme conta com a presença de atores que posteriormente se tornariam famosos, como Sharon Stone e David Spade. Atualmente, o filme possui 20 críticas reunidas no Rotten Tomatoes, todas elas negativas. É inegável, no entanto, que os filmes da franquia ainda mantêm um lugar no coração do público brasileiro que cansou de assisti-los sendo incessantemente repetidos na Sessão da Tarde e no Cinema em Casa.

O Pestinha (1990)

Outro clássico das Sessões da Tarde e dos Cinemas em Casa, é bem possível que muita gente, inclusive, se surpreenda ao saber que O Pestinha possui taxa de aprovação de 0% no Rotten Tomatoes. Mas sim, desde o seu lançamento, o filme foi odiado pela crítica especializada. Apesar de contar com um elenco de atores talentosos, como John Ritter, Jack Warden e Gilbert Gottfried, a obra sofre com um roteiro que carece de imaginação e originalidade.

Escrito pela dupla Scott Alexander e Larry Karaszewski e dirigido por Dennis Dugan, O Pestinha conta a história de Ben Healy, um homem que sonha em ter um filho, mas cuja esposa é incapaz de engravidar. Ele então resolve adotar uma criança. Seu inescrupuloso agente de adoção encontra “Junior”, uma criança aparentemente “fofa”, mas que é, na verdade, uma verdadeira “peste”. O novo membro da família irá aprontar todas e atazanar a vida de Ben e de todos a sua volta.

O Pestinha foi o primeiro roteiro de Scott Alexander e Larry Karaszewski a virar filme. Curiosamente, apesar desse início ruim, a dupla iria escrever diversos outros roteiros elogiados, como os de Ed Wood (1994), O Povo contra Larry Flint (1996), O Mundo de Andy (1999), Grandes Olhos (2014) e Meu Nome É Dolemite (2019). Alexander e Karaszewski alegam que o roteiro de O Pestinha era bem diferente do que vemos no filme e que a Universal Pictures, estúdio que bancou a produção do filme, transformou a produção em uma comédia boba.

Lançado em julho de 1990, O Pestinha foi simplesmente odiado pela crítica especializada, que chamou o filme de “maldoso”, “irremediavelmente carente de inovações cômicas”, sem graça, sem originalidade e baseado unicamente em piadas juvenis, sendo exaustivamente recriadas e repetidas ao longo do filme. Além do roteiro ruim, a direção de Dennis Dugan também foi bastante criticada. O longa-metragem foi o primeiro a ser dirigido por Dugan, que havia construido uma carreira como ator. O diretor não parece ter sido afetado pelas críticas, já que ele continua, até os dias atuais, a dirigir “comédias bobas” e de qualidade duvidosa.

Cena de O Pestinha (1990).

O Pestinha foi bastante criticado pela forma como retrata a adoção, sendo, inclusive, censurado ao ser exibido na televisão norte-americana. A produção também foi critica por seu pôster que mostra um gato dentro de uma secadora de roupas. O diretor Dennis Dugan teve, inclusive, que emitir um comunicado explicando que tal cena não aparecia no filme e era apenas “metafórica”. No entanto, mesmo assim, diversos cinemas nos Estados Unidos retiraram os pôsteres do filme de exibição.

Apesar de tudo isso, O Pestinha foi um sucesso comercial. Produzido a um custo estimado de 11 milhões de dólares, o filme arrecadou mais de 72 milhões de dólares em bilheterias, se tornando um dos filmes mais lucrativos da Universal Pictures em 1990. O sucesso fez com que o estúdio produzisse um continuação já no ano seguinte. O Pestinha 2 contava com o retorno de praticamente todo o elenco do primeiro filme e também com a introdução de novos personagens. O filme foi mal recebido pela crítica (apesar de, atualmente, ter uma taxa de aprovação de 7% no Rotten Tomatoes, portanto, melhor que seu antecessor) e arrecadou bem menos que o filme original.

Produzido a um custo estimado entre 11 e 15 milhões de dólares, O Pestinha 2 arrecadou apenas cerca de 32 milhões de dólares em bilheterias, mostrando que a fórmula do primeiro filme não fazia mais tanto sucesso assim com o público. A Universal Pictures até chegou a produzir um terceiro filme em 1995, mas ele foi feito para ser exibido apenas na televisão e não contou com o retorno de praticamente nenhum dos membros do elenco dos dois primeiros filmes. Atualmente, O Pestinha possui 30 críticas reunidas no Rotten Tomatoes, todas elas negativas.

Highlander 2: A Ressurreição (1991)

Highlander 2: A Ressurreição pode até mesmo ser considerado um clássico cult, já que o filme é famoso exatamente por sua ruindade, sendo amplamente considerado um dos piores filmes já feitos. O mais incrível de tudo, é que essa é uma produção que tinha tudo para dar certo, já que é continuação de um filme de sucesso, conta com um elenco de primeira linha e também com o retorno do diretor do primeiro filme. No entanto, o resultado foi um desastre total e completo.

Quando Highlander: O Guerreiro Imortal estreou em 1986, fomos apresentados ao conceito de guerreiros imortais vivendo entre nós e realizando duelos de espadas pelo controle do mundo. Apesar de não ter sido um grande sucesso comercial quando foi originalmente lançado, o filme acabou por construir uma reputação ao longo dos anos, se tornando um clássico cult. Assim, os produtores Peter S. Davis e William N. Panzer conseguiram encontrar não apenas interessados em financiar uma continuação, mas também conseguiram vender o filme, antes mesmo de ele estar pronto, para diversos países do mundo.

Os produtores também conseguiram trazer de volta o diretor do primeiro filme, Russell Mulcahy, e também seus protagonistas, Christopher Lambert e Sean Connery. Além disso, dois novos intérpretes de alto calibre foram adicionados ao elenco, Virginia Madsen e Michael Ironside. Contudo, a decisão de filmar quase toda a produção na Argentina acabou por se tornar um grande erro. Durante a produção de Highlander 2: A Ressurreição a economia argentina entrou em crise e o país passou a sofrer com a hiper inflação.

Com isso, os investidores e a seguradora do filme acabaram por tomar controle sobre a produção de Highlander 2: A Ressurreição, tirando do diretor Russell Mulcahy controle criativo sobre a obra e também seu direito ao corte final, ou seja, a escolher a versão final do filme que seria lançada nos cinemas. Isso é, normalmente, apontado como o principal motivo para o fracasso do longa-metragem. Esse fato também fez com que o próprio Mulcahy rejeitasse o filme e com que Christopher Lambert tentasse abandonar o projeto, não o fazendo simplesmente devido a obrigação contratual.

O resultado disso, foi que Highlander 2: A Ressurreição muda ou renega diversos conceitos apresentados no primeiro filme, inclusive, apresentando os imortais como alienígenas e não como humanos com um energia especial (o “Quickening”, que aparece no título original do filme) que os torna imortais. Além disso, a própria natureza dessa energia foi modificada. O personagem de Sean Connery, que morre no primeiro filme, reaparece aqui ressuscitado e como uma espécie de feiticeiro alienígena.

Highlander 2: A Ressurreição estreou primeiramente no Reino Unido em abril de 1991 e só meses depois, em novembro daquele mesmo ano, nos Estados Unidos. Nos dois países, o filme foi apresentado com cortes finais diferentes. No Reino Unido, foi lançado em um versão de 100 minutos e nos Estados Unidos, com uma duração de 91 minutos. Muitas cenas presentes em uma versão não estavam presentes em outra e até mesmo a ordem das cenas mudava de uma versão para a outra.

Sequência inicial de Highlander 2: A Ressurreição.

O resultado dessa bagunça foi o esperado, um fracasso de público e crítica. A crítica especializada simplesmente odiou o filme. O famoso crítico de cinema, Roger Ebert deu apenas meia estrela de quatro possíveis para o filme, chamando-o de “o mais hilariante e incompreensível” que ele havia visto em muito tempo. Dizendo ainda que Highlander 2: A Ressurreição é “quase incrível em sua ruindade”. Ebert também previu que a produção se tornaria famosa exatamente por sua falta de qualidade (o que realmente aconteceu) e que se existisse uma civilização que venerasse filmes ruins, Highlander 2: A Ressurreição “mereceria um lugar sagrado entre seus artefatos mais preciosos”.

As avaliações de outros críticos renomados foram todos nessa mesma linha. Alex Carter, do site Den of Geek. disse que tentou ver um lado positivo no filme e não conseguiu, completando sua avaliação argumentando que Highlander 2: A Ressurreição era tão ruim que nem mereceria o título de “tão ruim que é bom” dado por outros críticos. Diferentemente de outras produções presentes nessa lista, o filme era tão ruim que assustou até o público.

Produzido a um custo 34 milhões de dólares, quase o dobro do custo do primeiro filme, Highlander 2: A Ressurreição arrecadou apenas cerca de 15 milhões de dólares, ou seja, menos da metade do que custou para ser produzido. Apesar do fracasso total do filme, três anos depois seria lançado Highlander 3: O Feiticeiro (1994), terceiro filme da franquia Highlander, que utilizaria continuidade retroativa para ignorar e até mesmo contradizer todos os acontecimentos do segundo filme. Atualmente, Highlander 2: A Ressurreição possui 25 críticas reunidas no Rotten Tomatoes, todas elas negativas.

De Volta à Lagoa Azul (1991)

Outro clássico da Sessão da Tarde que é amado por muitos brasileiros, De Volta à Lagoa Azul é um dos 40 filmes que, atualmente, possuem uma taxa de aprovação de 0% no Rotten Tomatoes. A produção funciona ao mesmo tempo como uma continuação, mas também como uma espécie de remake de A Lagoa Azul (1980), já que diversos elementos desse filme também aparecem na continuação que tem um enredo bastante parecido com o do filme original.

Assim como no filme original, em De Volta à Lagoa Azul duas crianças crescem isoladas em uma ilha deserta, sendo a principio, cuidados por um adulto. Quando estão a ponto de entrar na puberdade, o adulto morre, deixando-as sozinhas. Ao chegar a puberdade, o casal descobre o amor e o sexo e tem um filho juntos. Essa continuação, assim como o primeiro filme, também investe bastante nas belas paisagens da ilha e na nudez de seus atores principais.

Apesar de suas semelhanças, os dois filmes possuem algumas diferenças significativas. Se no primeiro filme, o adulto era um marinheiro beberrão, aqui ele é uma mulher religiosa. A forma como as crianças se conhecem e chegam a ilha também é bastante diferente nos dois filmes. Assim como também existem diferenças nos desafios enfrentados por eles na ilha e também na forma como o filme acaba. Sendo que o final de A Lagoa Azul (1980) é muito mais pessimista.

Logo nas primeiras cenas, é possível perceber que De Volta à Lagoa Azul é apenas uma desculpa esfarrapada para lucrar em cima do primeiro filme, já que essa continuação ignora quase que completamente o final do filme original. Aliás, a Columbia Pictures estava tentando produzir uma continuação de A Lagoa Azul (1980) desde 1982, mas imbróglios em relação aos direitos autorais sobre a história original, que foi retirada de um livro de 1908, fizeram com que a produção se arrastasse até o o final de 1989, até que finalmente o estúdio conseguiu liberação para filmar De Volta à Lagoa Azul.

Como no filme, o protagonista masculino, Richard, é filho dos personagens principais do primeiro filme, que agora estão mortos, nenhum dos atores do elenco desse filme voltaram para a continuação. Ao invés disso, temos dois intérpretes em início de carreira, Milla Jovovich e Brian Krause, nos papéis principais. O diretor Randal Kleiser também não retornou para essa continuação entregando a direção para William A. Graham.

Além de Jovovich e Krause, o elenco do filme conta ainda com Lisa Pelikan, no papel da pessoa adulta que cuida das crianças até quase a puberdade e depois morre (um personagem muito parecido com o de Leo McKern no primeiro filme), e diversos outros atores, já que aqui o casal tem contato com a tripulação de um navio que chega a ilha.

Trailer de De Volta à Lagoa Azul.

Diferentemente de seu predecessor, De Volta à Lagoa Azul foi um tremendo fracasso de público. Produzido a um custo de cerca de 11 milhões de dólares, mais que o dobro do orçamento de A Lagoa Azul, que custou cerca de 4.5 milhões de dólares para ser produzido, De Volta à Lagoa Azul arrecadou menos de 3 milhões em bilheterias. Assim como seu antecessor, o filme também não agradou a crítica especializada.

Contudo, diferentemente de A Lagoa Azul cuja fotografia e outros aspectos da produção tinham sido elogiados, aqui nada se salva. O filme já nasce condenado ao fracasso, com uma premissa que é uma simples desculpa para produzir uma continuação e, eventualmente, lucrar em cima de um filme de sucesso. O mais incrível, é que nem isso De Volta à Lagoa conseguiu fazer. Para isso, obra utiliza um enredo que é praticamente uma cópia, como pequenas mudanças, de seu predecessor. A cópia, aliás, é tão descarada, que quando ambos os filmes eram exibidos na Sessão da Tarde, era até difícil saber se era o original ou a continuação que estava sendo exibido.

De Volta à Lagoa Azul serviu para, pelo menos, lançar a carreira de Milla Jovovich, que na época das filmagens tinha apenas 15 anos de idade. Sua beleza e carisma, no entanto, a ajudaram a se tornar uma das mais bem-sucedidas atrizes de Hollywood e durante os anos 1990 e 2000, ela apareceria em diversos filmes de sucesso. Atualmente, De Volta à Lagoa Azul possui 32 críticas reunidas no Rotten Tomatoes, todas elas negativas.

Olha Quem Está Falando Agora! (1993)

A partir da segunda metade dos anos 1980, a carreira de John Travolta estava em franca decadência. Ele não estrelava um sucesso desde o início daquela década e havia protagonizado diversas produções que haviam desagradado, ou ao público ou a crítica (ou, as vezes, ambos), como Embalos a Dois (1983), Perfeição (1983) e o famigerado Os Embalos de Sábado Continuam (1983), sobre o qual já falamos aqui.

Travolta também cometeu alguns erros estratégicos, recusando papéis em filmes que se tornariam grandes sucessos, como Gigolô Americano (1980), A Força do Destino (1982) e Splash – Uma Sereia em Minha Vida (1984) e chegou a ficar cinco anos sem lançar nenhum filme, entre 1985 e 1989. Até que tudo mudou em 1989, com o lançamento de Olha Quem Está Falando (1989). O filme polarizou a crítica especializada, mas foi um grande sucesso comercial.

Produzido a um custo de 7.5 milhões de dólares, a obra arrecadou quase 300 milhões de dólares em bilheterias, se tornando dono da quarta maior bilheteria do ano de 1989 e também a maior bilheteria da carreira do ator desde Grease — Nos Tempos da Brilhantina (1978). É claro que a TriStar Pictures, estúdio que bancou a produção e distribuiu o filme, correu para fazer uma continuação. Lançado no ano seguinte, Olha Quem Está Falando Também foi mal recebido pela crítica, mas ainda assim, foi um sucesso comercial, arrecadando mais de 120 milhões de dólares em bilheterias.

É aí que chegamos ao filme dessa lista, Olha Quem Está Falando Agora!, lançado três anos depois, em 1993, a obra é uma tentativa da TriStar Pictures de ainda lucrar alguma coisa com o sucesso do filme de 1989. Contudo, o público que já havia mostrado alguma cansaço com a primeira continuação de 1990, não teve nenhuma paciência com essa segunda continuação.

A obra até tenta repetir a fórmula de seus antecessores, onde o público acompanha as aventuras de bebês recém-nascidos e, até mesmo, fetos ainda na barriga de sua mãe e escuta seus pensamentos. Contudo aqui, o enredo se concentra nas aventuras e pensamentos de dois cachorros, dublados por dois grandes nomes do cinema, Danny DeVito e Dianne Keaton. Essa foi a forma que o estúdio encontrou para produzir essa continuação, já que os bebês dos dois primeiros filmes já estão mais grandinhos e já sabem falar.

Olha Quem Está Falando Agora! também é protagonizado pela dubla John Travolta e Kirstie Alley, que estrelaram os dois filmes anteriores da franquia. Contudo, esse é o primeiro da franquia a não ser escrito ou dirigido por Amy Heckerling, que foi quem teve a ideia original para o primeiro filme e também quem escreveu e dirigiu ele e também a primeira continuação. A tentativa desesperada da TriStar Pictures de ainda tirar dinheiro do público repetindo uma fórmula já desgastada deu muito errado.

Trailer de Olha Quem Está Falando Agora!.

Produzido a um custo de cerca de 22 milhões de dólares, Olha Quem Está Falando Agora! arrecadou apenas pouco mais de 10 milhões de dólares em bilheterias, se tornando um grande fracasso de público e dando um prejuízo milionário a TriStar Pictures. A produção também foi muito mal recebida pela crítica especializada. O famoso crítico de cinema Roger Ebert deu ao filme uma de quatro estrelas possíveis. em seu famoso sistema de classificação, dizendo que a obra parecia ter sido concebida “por uma máquina automática de (escrever) roteiros”.

Utilizando o mesmo sistema de classificação, outro crítico famoso, Gene Siskel, deu a Olha Quem Está Falando Agora! zero estrelas, dizendo que a produção era “uma continuação abismal e embaraçosa”. Outro crítico bastante respeitado da época, Leonard Maltin, foi um pouco mais otimista, dando ao filme duas estrelas e dizendo: “o primeiro (filme) foi fofo, o segundo foi horrível; esse terceiro fica em algum lugar entre os dois”.

O fracasso retumbante de Olha Quem Está Falando Agora! fez com que nenhuma outra continuação fosse produzida, fazendo com que a franquia se encerrasse como um trilogia. Apesar do fracasso desse último filme, o sucesso da franquia como um todo, pôs John Travolta de volta no mercado. No ano seguinte, ele teria um papel de destaque em Pulp Fiction: Tempo de Violência (1994) e sua carreira voltaria de vez aos trilhos. Atualmente, Olha Quem Está Falando Agora! possui 25 críticas reunidas no Rotten Tomatoes, todas elas negativas. O filme também é considerado uma das piores continuações já produzidas.

Dupla Explosiva (2002) – Filme com mais críticas exclusivamente negativas no Rotten Tomatoes

O que poderia dar errado em um filme protagonizado por Antonio Banderas e Lucy Liu? A resposta é tudo. Lançado em 2002, mas baseado em um roteiro cuja primeira versão foi escrita ainda nos anos 1980, Dupla Explosiva foi um fracasso total e absoluto. Estrelado por Banderas e Liu, no papel de dois agentes secretos rivais que são obrigados a trabalhar juntos para derrotar um inimigo em comum, a produção não conseguiu agradar nem ao público e nem a crítica especializada.

Baseado em um roteiro escrito em 1986 por Alan B. McElroy, Dupla Explosiva foi dirigido pelo cineasta tailandês Wych Kaosayananda, que nos créditos do filme usa apenas o pseudônimo “Kaos”. Na época da produção do filme, Kaosayananda tinha apenas 27 anos de idade e sua única experiência em cinema havia sido na direção de um longa-metragem em sua terra natal, que apesar de ter custado um fortuna (para os padrões da indústria de cinema local) para ser produzido, foi um fracasso de bilheteria. Apesar disso, os produtores de Dupla Explosiva o escolheram para liderar a produção de um filme que custaria quase 100 milhões de dólares para ser completado.

Assim que Kaosayananda foi contratado para a direção de Dupla Explosiva seu roteiro foi completamente reescrito por Peter M. Lenkov. A intenção era eliminar cenas de ação consideradas grandes e custosas, dar um tom mais sério e obscuro ao filme e, também, aproximar o enredo do filme ao de Matrix (1999), que na época, estava no auge da popularidade. Dessa forma, os produtores de Dupla Explosiva queriam, eventualmente, lucrar em cima de uma eventual semelhança entre os dois filmes.

Dupla Explosiva foi quase todo filmado no Canadá, utilizando efeitos práticos para produzir a maioria das cenas de ação, incluindo aquelas que possuíam enormes explosões e efeitos pirotécnicos. Quando chegou a hora de montar o filme, os produtores resolveram tirar Kaosayananda do controle criativo da obra. A editora Caroline Ross, contratada pelo diretor, foi substituída pelo experiente editor Jay Cassidy e diversas mudanças foram feitas no “corte final”, ou seja, a versão final apresentada ao público, do filme.

Trailer de Dupla Explosiva.

Diversas cenas foram cortadas do filme, incluindo cenas de ação, e alguns personagens foram quase que completamente removidos do corte final de Dupla Explosiva. As modificações fizeram com que o enredo do filme tivesse diversos problemas, com pontas soltas, personagens superficiais e cenas que faziam pouco sentido. Os produtores substituíram, até mesmo, o compositor original da trilha sonora do filme e retiraram de Wych Kaosayananda a capacidade de interferir no produto final que iria estrear nos cinemas.

O resultado não poderia ser mais desastroso. Produzido supostamente por 70 milhões de dólares, um valor relativamente alto para a época, Dupla Explosiva arrecadou apenas cerca de 20 milhões em bilheterias. Contudo, Kaosayananda alega que o custo real de produção do filme foi de aproximadamente 35 milhões de dólares. Como a Franchise Pictures, produtora da obra, ficou conhecida por inflar os custos reais de produção de seus filmes, a ponto de ser, inclusive, condenada por contabilidade fraudulenta (o que causou sua falência), não é possível saber com certeza absoluta o custo final de produção de Dupla Explosiva. Contudo, mesmo que tivesse custado 35 milhões para ser completado, o filme ainda teria sido um fracasso comercial.

Com a crítica especializada, a história não foi muito diferente, já que Dupla Explosiva foi extremamente mal recebido. Chamado de “um filme surpreendentemente inepto”, que oferece “ação exagerada, sem um pingo de inteligência, coerência, estilo ou originalidade”, a obra foi duramente criticada por todos os principais críticos de cinema da época. Roger Ebert deu a Dupla Explosiva apenas meia estrela de quatro possíveis, e chamou o longa-metragem de “uma bagunça desajeitada, submersa em caos, sobrecarregada com efeitos especiais e explosões, sem continuidade, sanidade e coerência”, incluindo-o, inclusive, em sua lista de “filmes mais odiados”.

Atualmente, Dupla Explosiva possui 119 críticas reunidas no Rotten Tomatoes, todas elas negativas. Isso faz do filme aquele com mais críticas exclusivamente negativas de toda a história do site. Além disso, a produção é também a única em toda a história do Rotten Tomatoes a possuir mais de 100 avaliações coletadas e não possuir nenhuma favorável. Devido a isso, Dupla Explosiva ocupa desde 2007, a primeira posição do ranking de “Pior dos Piores” do Rotten Tomatoes, sendo considerado “o filme com pior avaliação na história do site”.

Dupla Explosiva é amplamente considerado um dos piores filmes já feitos e sua falta de qualidade atrai, inclusive, a curiosidade de muitos cinéfilos que buscam entender como um filme com um orçamento tão alto e protagonizado por dois intérpretes de carreira já consolidada na indústria pode ter tão pouca qualidade.

Curiosamente, o videogame lançado em 2001 para promover o filme e que leva o nome original da produção em inglês, Ecks vs. Sever, foi muito bem recebido pela crítica especializada e, inclusive, ganhou até mesmo uma continuação chamada de Ballistic: Ecks vs. Sever e que foi lançada poucos dias antes da estreia de Dupla Explosiva nos cinemas.

Pinóquio (2002)

Aqui temos um caso interessante. Um filme com duas “versões”. Uma que foi até bem com a crítica especializada e outra que foi odiada por ela. No início dos anos 2000, Roberto Benigni estava no auge de sua carreira. O ator e cineasta italiano havia escrito, dirigido e estrelado A Vida é Bela (1997), que havia sido um enorme sucesso de público e crítica. Por esse motivo, Benigni era, naquele momento, o ator italiano mais conhecido no mundo e, por isso também, todos aguardavam qual seria seu próximo filme.

Após aparecer em um papel de destaque em Asterix e Obelix Contra César (1999), Benigni decidiu escrever, dirigir e protagonizar uma adaptação da famosa história de Pinóquio. Apesar de já ter na época das filmagens quase 50 anos de idade, o ator e cineasta italiano decidiu interpretar o próprio Pinóquio. Produzido a um custo de mais de 40 milhões de dólares, considerado bastante alto para o cinema italiano da época, o filme contou com profissionais e valores de produção de primeira linha.

Lançado na Itália em 11 de outubro de 2002, Pinóquio teve uma recepção morna por parte da crítica. Os valores de produção do filme, como direção de arte, figurinos e fotografia foram amplamente elogiados. A atuação de Roberto Benigni também foi elogiada por alguns críticos, mas seu trabalho como diretor foi criticado por outros. No final, a maioria dos críticos considerou a produção tecnicamente uma boa adaptação da clássica história de Pinóquio, mas também um filme que não trazia nada de novo em relação a outras adaptações já feitas e que “carecia de personalidade, energia, magia e humor”.

Apesar de tudo isso, Pinóquio recebeu seis indicações ao David di Donatello, principal premiação da indústria cinematográfica italiana, incluindo uma indicação a Melhor Ator, para Roberto Benigni. O filme também recebeu três indicações ao Nastro d’Argento, prêmio organizado e concedido pelo Sindicato dos Críticos de Cinema Italianos, uma premiação que é meio que equivalente ao famoso Globo de Ouro. Pinóquio também foi o escolhido da Itália para representar o país na categoria de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar de 2003. Contudo, o filme não chegou sequer a ser indicado, sendo eliminado ainda nas fases preliminares da premiação.

Cena de Pinóquio (2002).

Nos Estados Unidos, Pinóquio foi lançado no Natal de 2002. Provavelmente já prevendo o fracasso do filme em solo norte-americano, a Miramax Films, distribuidora do filme no país, lançou a produção sem exibi-la antes para os críticos, muito provavelmente, tentando evitar que eventuais críticas negativas fizessem com que o público desistisse de pagar para ver o filme. A Miramax Films também alterou significativamente a obra, cortando e encurtando diversas cenas, modificando diálogos e dublando o filme, que de 108 minutos de duração, passou a ter 100 minutos.

Essas modificações foram muito mal recebidas pelo público e pela crítica. Mesmo com o elenco de vozes contando com intérpretes de primeira linha, como Breckin Meyer, Glenn Close, Eric Idle, John Cleese e Cheech Marin, a dublagem do filme se tornou o ponto principal das críticas. A escolha de Breckin Meyer para dublar Roberto Benigni e também seu trabalho de dublagem no filme, foram especialmente mal recebidos pela crítica.

Escrevendo para o jornal Chicago Reader, o crítico Jonathan Rosenbaum disse que “a versão americana (do filme) é realmente horrível”, atribuindo a culpa a Miramax Films. Outros criticaram o fato de Benigni ser muito velho para o papel de Pinóquio. Peter Howell do jornal The Toronto Star, disse que “embora não haja dúvidas de que Benigni tenha o vigor e o timing cômico para interpretar uma criança travessa, nem mesmo seu considerável carisma consegue esconder o fato de que ele é um homem de 50 anos em um terno vermelho e branco, correndo freneticamente fingindo ser um menino”.

Sobre o trabalho de dublagem de Breckin Meyer, David Noh da revista Film Journal International descreveu-o como “uma voz ridiculamente inapropriada de Valley Boy”. Já Elvis Mitchell escrevendo para o jornal The New York Times disse que o trabalho de dublagem no filme era tão ruim “que você poderia se sentir assistindo a um filme de ação de Hong Kong de 1978: as bocas dubladas do elenco italiano provavelmente ainda estão se mexendo uma hora depois do filme terminar”.

As críticas negativas e a propaganda boca a boca ruim acabaram por espantar o público norte-americano. Nos Estados Unidos, Pinóquio arrecadaria menos de 4 milhões de dólares em bilheterias. Na Europa, o desempenho seria melhor, com a produção arrecadando cerca de quase 38 milhões de dólares em bilheterias. Contudo, desse valor, 26 milhões de dólares foram arrecadados apenas na Itália, único país em que o filme foi realmente um grande sucesso de público, se tornando dono de uma das maiores bilheterias da história daquele país.

No final, o sucesso na Itália não foi suficiente para salvar Pinóquio do fracasso comercial. Com um custo de produção de mais de 40 milhões de dólares e uma arrecadação mundial de pouco mais de 41 milhões, o filme deu prejuízo a seus financiadores. Atualmente, Pinóquio possui 55 críticas reunidas no Rotten Tomatoes, todas elas negativas. O filme foi escolhido pelo site como o quarto pior filme lançado nos anos 2000, atrás apenas de Crossover (2006), Alone in the Dark: O Despertar do Mal (2005) e Dupla Explosiva (2002).

Bebês Geniais 2: Super Bebês (2004)

O próximo filme da nossa lista é tão ruim que é até difícil acreditar que alguém financiou a sua produção. Bebês Geniais 2: Super Bebês é uma continuação de Bebês Geniais (1999), filme que também carece de qualquer qualidade notável. Aqui, assim como no filme anterior, somos apresentados a um grupo de bebês superinteligentes, que guardam segredos do universo em suas mentes e que são capazes de se comunicar entre sim, através da “linguagem de bebê”, ou seja, os barulhos e balbuciados ininteligíveis que todos os bebês fazem são, na verdade, uma língua que só eles entendem.

O mais incrível em Bebês Geniais 2: Super Bebês é que, assim como seu predecessor, o filme também possui um elenco com atores respeitáveis. Se em Bebês Geniais tinhamos Kathleen Turner, Christopher Lloyd, Kim Cattrall, Peter MacNicol e Ruby Dee. Em Bebês Geniais 2 temos Jon Voight, Scott Baio e Vanessa Angel. Mais incrível ainda é que ambos os filmes foram dirigidos por Bob Clark.

O diretor, apesar de nascido nos Estados Unidos, é um dos mais importantes da história do cinema canadense, tendo dirigido diversos clássicos da sétima arte, como Noite do Terror (1974), Assassinato Por Decreto (1979), Tributo (1980), Porky’s – A Casa do Amor e do Riso (1981) e Uma História de Natal (1983). O pior é que uma bomba como Bebês Geniais 2: Super Bebês acabou sendo o último filme oficialmente dirigido por Clark, que, infelizmente, morreu em um acidente de carro em 2007.

Se Bebês Geniais (1999), apesar da ruindade, tinha sido um sucesso moderado de público, sendo produzido a um custo de 12 milhões de dólares e arrecadando mais de 36 milhões de dólares em bilheterias, Bebês Geniais 2: Super Bebês foi um fracasso em todos os sentidos. Produzido a um custo estimado de 20 milhões de dólares, o filme arrecadou pouco mais de 9 milhões de dólares em bilheterias, não conseguindo arrecadar nem sequer metade de seu custo de produção.

Trailer de Bebês Geniais 2: Super Bebês

Bebês Geniais 2: Super Bebês foi também, como dito antes, extremamente mal recebido pela crítica especializada. Se seu antecessor ainda conseguiu manter uma taxa de aprovação de 2% no Rotten Tomatoes, esse filme aqui nem isso conseguiu fazer. Considerado uma “sequência que oferece mais uma prova de que piadas ruins ainda não têm graça quando vêm da boca de crianças” e um filme de “extremo mal gosto”, praticamente todos os aspectos de Bebês Geniais 2 foram duramente criticados por aqueles que assistiram ao filme.

Escrevendo para o jornal The Washington Post, Michael O’Sullivan criticou todos os aspectos do filme, incluindo as cenas de ação mal feitas, os diálogos ruins e as atuações desastrosas. Já Nathan Rabin do site The A.V. Club questionou porque alguém faria uma continuação de Bebês Geniais, “um filme cuja existência parece ser um piada cruel”.

Atualmente, Bebês Geniais 2: Super Bebês possui 46 críticas reunidas no Rotten Tomatoes, todas elas negativas. O filme foi escolhido pelo site como o sexto pior filme lançado nos anos 2000, atrás apenas de Um Milionário em Apuros (2005), Pinóquio (2002), Crossover (2006), Alone in the Dark: O Despertar do Mal (2005) e Dupla Explosiva (2002). A produção também é amplamente considerada um dos piores filmes já feitos em toda a história do cinema.

Uma Chamada Perdida (2008)

Em 2002, com o enorme sucesso de crítica e público alcançado por O Chamado, que era um remake do filme japonês Ring: O Chamado (1998), o cinema de terror japonês (chamado de “J-horror”) entrou na moda. Seguindo o filão aberto por O Chamado, os estúdios de Hollywood resolveram fazer remakes de diversos outros filmes de terror produzidos no Japão. A maioria desses remakes não agradou a critica especializada, mas muitos deles foram sucessos comerciais.

É nesse contexto que Uma Chamada Perdida foi produzido. Remake de um filme de terror japonês de mesmo nome lançado em 2003, a produção conta com um elenco de bons atores, que inclui nomes como, Shannyn Sossamon, Edward Burns, Ana Claudia Talancón, Ray Wise e Azura Skye. Na obra, diversas pessoas recebem misteriosas mensagens de voz em seus celulares que indicam a data em que irão morrer. Um das que recebem essas mensagens é a estudante Beth Raymond (Shannyn Sossamon) que junto com Detetive Jack Andrews (Edward Burns) irão investigar a origem dessas mensagens.

Trailer de Uma Chamada Perdida (2008).

A produção de Uma Chamada Perdida foi anunciada em 2005 e o filme começou a ser filmado em 2006. O filme estreou nos Estados Unidos em 4 de janeiro de 2008 e foi extremamente mal recebido pela crítica especializada, sendo que seu roteiro e o desempenho de seu elenco foram especialmente mal vistos pelos críticos. O filme foi considerado um dos piores de 2008, sendo o mais mal avaliado no Rotten Tomatoes naquele ano e também o pior remake de um filme de terror japonês já feito.

Nas bilheterias, Uma Chamada Perdida fez um sucesso moderado. Tendo custado cerca de 20 milhões para ser produzido, a obra arrecadou pouco mais de 45 milhões em bilheterias no mundo todo, dando algum lucro a Warner Bros. Pictures, estúdio que bancou sua produção e o distribui na maioria dos países e territórios do mundo. Atualmente, Uma Chamada Perdida possui 80 críticas reunidas no Rotten Tomatoes, todas elas negativas. O filme é o segundo com mais críticas exclusivamente negativas de toda a história do site, perdendo apenas para Dupla Explosiva (2002).

Na época de seu lançamento, Uma Chamada Perdida também foi considerado o segundo pior filme da década de 2000, ficando atrás justamente de Dupla Explosiva (2002). O filme é até hoje considerado um dos piores remakes já feitos, o pior exemplar da era de remakes de J-horrors e também um dos piores filmes da história recente do cinema mundial. Por tudo isso, Uma Chamada Perdida merece estar nessa lista.

Conclusão

E aí, gostou do nosso texto. Geralmente compilamos lista de melhores filmes, mas nesse caso, achamos interessante mostrar o outro lado e elaborar uma lista de piores produções cinematográficas da história. Se você gostou do nosso texto não deixe de comentar abaixo. Seu comentário é muito importante para nós e nos ajuda a entender o que nossos leitores querem ver em nosso site.

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