Bully - Uma vitima de sua própria controversa

Seria Bully uma vítima da própria controversa? Julgar uma obra pelo nome ou pela capa não costuma ser uma atitude inteligente. Mas, e quanto a julgar uma obra pelo marketing? Ainda mais quando a estratégia é gerar polemica?

Bem, parece que Bully foi um caso de polemica intencional, mas que não surtiu o mesmo efeito positivo de seus antecessores da franquia Grand Theft Auto.

Lançado em outubro de 2006 pela Rockstar Games, Bully foi um fenômeno que se destacou no mundo dos videogames tanto por sua qualidade, quanto pela controvérsia que o cercou desde seu anúncio.

Conhecida por títulos polêmicos como Grand Theft Auto e ManHunt, a Rockstar mais uma vez pôs fogo no parquinho com Bully, um jogo ambientado na fictícia Bullworth Academy, uma escola cheia de intrigas, questões polemicas e, claro, valentões (bullies).

Na pele de Jimmy Hopkins, um adolescente problemático enviado para ao internato, muitos jogadores esperavam um simulador de violência escolar, com alma de GTA, onde o objetivo seria dominar a escola através de intimidação, força bruta e conquista de poder.

Pelo menos, era isso que a maioria dos críticos e grupos sociais ativistas entenderam das campanhas de marketing e das primeiras impressões do anuncio do jogo.

O marketing de Bully foi, sem dúvida, uma faca de dois gumes neste caso polemico. Se por um lado, conseguiu atrair uma enorme atenção para o título, gerando um hype considerável entre os fãs de jogos similares. Por outro, a maneira como o jogo foi promovido levou a uma tempestade de controvérsias, com manchetes sensacionalistas e protestos de várias organizações que acusavam o jogo de glorificar o bullying e a violência escolar.

A verdade, no entanto, seria bem diferente. Bully não era apenas um jogo sobre ser um valentão; era, de fato, uma sátira da vida escolar, com uma narrativa que explorava as dificuldades e as injustiças que muitos adolescentes sempre enfrentaram naturalmente.

O objetivo real do jogo não era ser o terror da escola, mas sim lidar com questões muito mais profundas. Mesmo assim, Bully permaneceu estigmatizado durante muito tempo até sua redenção.

Conheça o caso polemico de Bully, um dos jogos mais mal compreendidos da história, e entenda como a Rockstar despertou a ira das autoridades antes mesmo do lançamento.

Rockstar e o Marketing Polêmico de Bully

Desde o início, a Rockstar Games sabia como criar um falatório em torno de seus lançamentos, e com Bully não seria diferente.

As primeiras informações divulgadas pela Take-Two Interactive sugeriam que o jogador assumiria o papel de um delinquente juvenil.

Capturas de tela publicadas na revista Electronic Gaming Monthly em novembro de 2004 mostravam o protagonista (que ainda não seria Jimmy) afogando um aluno na privada, além de socar outros colegas.

O jogo se tornou viral, aos moldes da época, e conforme novas informações eram reveladas, dezenas de revistas e sites especializados publicavam matérias de capa. Por um bom tempo, se manteve como assunto relevante nas principais revistas.

Prévias de Bully (Playstation 2)  - Revista Oficial Playstation (EUA) - Edição 95 - Agosto de 2005
Prévias de Bully (Playstation 2) – Revista Oficial Playstation (EUA) – Edição 95 – Agosto de 2005

O jogo também foi promovido com trailers e materiais que destacavam as situações de conflito e a presença de violência na escola fictícia Bullworth Academy. As cenas mostravam o protagonista Jimmy Hopkins enfrentando vários tipos de intimidação e, por vezes, reagindo com violência. Esse enfoque gerou uma percepção imediata de que Bully seria um potencialmente “simulador de violência escola”.

A abordagem de marketing foi eficaz em atrair atenção, mas essa atenção veio com um preço alto. A imprensa e organizações voltadas para o combate ao bullying reagiram de forma veemente.

Assim como acontece aqui no Brasil até hoje, manchetes sensacionalistas surgiram em diversos meios de comunicação norte-americanos, acusando o jogo de promover o bullying, glorificara violência escolar e sexualidade adolescente. Em alguns discursos era mencionado a sexualização, já que em algumas missões, o protagonista Jimmy recebe beijos de outras alunas (adolescentes) como recompensa por seus favores.

O título “Bully” já seria inflamável por si só, evocando imagens de agressões e abusos nas escolas. Um assunto que estava em pauta e já havia gerado muita repercussão naquele período. O timing de lançamento da Rockstar não poderia ser pior/melhor.

Para ilustrar, seria o mesmo que lançar um jogo de ataque terrorista no início de 2002, enquanto o mundo ainda estava chocado com o atentado contra as Torres Gêmeas. – Se bem que foi bem nesse período que observamos um aumento significativo na popularidade de jogos com essa temática (Counter-Strike estava bombando nas lan houses, não é mesmo?).

No caso de Bully, diversas organizações, incluindo a Bullying Prevention Alliance, manifestaram-se contra o jogo da Rockstar. Protestos ocorreram, e houve até tentativas de proibir sua venda em certos estados dos EUA.

Jack Thompson - Um dos maiores ativistas anti-GTA - Imagem Añadida - (gta.fandom.com)
Jack Thompson – Um dos maiores ativistas anti-GTA – Imagem Añadida – (gta.fandom.com)

Para se ter uma ideia, políticos e ativistas de direitos humanos criticaram a desenvolvedora por, supostamente, incentivar comportamentos violentos e irresponsáveis entre os jovens. Reforçando as antigas críticas a franquia Grand Theft Auto e outros títulos da Rockstar.

A controvérsia atingiu um patamar crítico quando a senadora Hillary Clinton, até então uma figura proeminente na política americana, se pronunciou novamente contra um jogo da Rockstar.

Nos discursos, a senadora afirmava que a Rockstar Games estava “trivializando o bullying” e “colocando em risco a segurança e o bem-estar dos estudantes”. Anteriormente a senadora havia feito discursos similares sobre GTA San Andreas envolvendo o escândalo do Hot-Coffee.

A pressão sobre a Rockstar só aumentou, e a mídia continuava a alimentar as narrativas de que Bully era um jogo prejudicial.

No entanto, o discurso público estava longe de ser totalmente preciso. A Rockstar tinha uma visão diferente para Bully. Eles pretendiam criar um jogo que não só entretivesse, mas também oferecesse uma crítica social.

Isso porque a verdadeira intenção era que os jogadores entendessem as dificuldades enfrentadas por jovens em ambientes escolares hostis e como era necessário encontrar maneiras de sobreviver, e não apenas perpetuar a violência.

O marketing sensacionalista, porém, perdeu a mão e obscureceu essa mensagem. A empresa usou táticas provocativas para atrair atenção, mas subestimou a reação negativa que poderia desencadear.

Em vez de focar em elementos como o desenvolvimento do personagem de Jimmy ou a variedade de atividades não violentas no jogo, o marketing preferiu enfatizar os confrontos e os aspectos mais controversos do ambiente escolar.

Isso resultou em uma tempestade de críticas e na criação de uma imagem pública que não refletia a verdadeira natureza do jogo. À primeira vista parecia até um jogo do tipo beat’n’up de mundo aberto.

Os trailers mostravam Jimmy em brigas, mas raramente destacavam suas interações positivas ou os momentos de resolução de conflitos sem violência. Esse ponto de vista alimentava a narrativa negativa e fez com que muitos pensassem que o jogo era simplesmente sobre ser um valentão, o que não era o caso.

Enquanto isso, a Rockstar mantinha sua postura, acreditando que a controvérsia acabaria beneficiando o jogo ao manter os holofotes sobre ele. E, de fato, a curiosidade gerada por toda a polêmica fez com que muitos jogadores quisessem experimentar Bully por si mesmos.

Bully Meme

A reputação criada pelo marketing polêmico teve um impacto que perdurou, e a batalha para reverter essa percepção seria longa.

Proibição no Brasil

Quando se trata das polêmicas em torno de videogames, o Brasil sempre foi muito turbulento. O jogo foi censurado no mercado brasileiro em 2008, dois anos após seu lançamento inicial.

A decisão partiu do Ministério Público do Rio Grande do Sul, sob a justificativa de que o jogo incentivava a violência escolar e a humilhação de professores, além de ser considerado prejudicial ao desenvolvimento dos jovens​

A proibição foi decretada pelo juiz Flávio Mendes Rabello da 16ª Vara Cível de Porto Alegre, que argumentou que o jogo apresentava situações de violência e corrupção de forma inadequada.

Essa decisão não passou despercebida na mídia. Manchetes da época refletiam a controvérsia, como UOL, G1, Folha de São Paulo e outros destacavam a notícia da proibição da venda de Bully do pais.

Bully Proibido no Brasil (Manchete do site G1 em Abril de 2008)
Bully Proibido no Brasil (Manchete do site G1 em Abril de 2008)

Eram outros tempos e a cultura do cancelamento não era forte como hoje.

Embora a polemica estivesse em toda a parte, a imprensa e a opinião pública estavam divididas: Enquanto alguns apoiavam a decisão, preocupados com a influência negativa que o jogo poderia ter sobre os jovens, outros criticavam a medida, considerando-a exagerada e uma forma de censura.

Muitos especialistas inclusive argumentavam que o problema real era a falta de controle parental e não o conteúdo dos jogos em si. Bully foi banido não só no Brasil, mas em outros países como Alemanha.

A proibição afetou significativamente as vendas e a distribuição oficial de Bully aqui no Brasil e em outros paises. Digo “oficial” porque, Bully se tornou um fenômeno tão grande, que mesmo proibido, as pessoas buscaram meios alternativos para jogá-lo (se é que você me entende…)

A Verdadeira Face de Bully

Enquanto a crítica especializada declarava que o jogo era pura violência escolar, a verdade é que o enredo de Bully é construído em torno da ideia de justiça e retribuição.

A outra face de Bully - Rockstar Divulgação
A outra face de Bully – Rockstar Divulgação

Conforme os jogadores finalmente tinham a oportunidade de jogar Bully, muitos percebiam rapidamente que o jogo era muito mais do que aparentava à primeira vista.

A narrativa era centrada em um personagem chamado Jimmy Hopkins, um adolescente problemático, como a maioria, que foi enviado para a Bullworth Academy, um internato repleto desigualdades e conflitos, tanto explícitos, quanto implícitos.

Jimmy não era um valentão típico; ele era um jovem confuso tentando encontrar seu lugar em um ambiente hostil. Apesar de todo o grau de liberdade que Bully oferece, desde o início, o jogo deixa claro que o protagonista é mais um sobrevivente do que um agressor.

Logo nos primeiros segundos de jogando já somos vítimas de bully. Claro, podemos revidar com violência, mas isso não muda o fato da recepção ser como é, e a tendência natural de Jimmy se tornar um tipo de herói, no final das contas.

Comitê de boas vindas da Bullworth Academy
Comitê de boas vindas da Bullworth Academy

Além do mais, ao longo da jornada, Jimmy precisa lidar, não só com os valentões, mas com diversos grupos (tribos) de estudantes, cada um com suas próprias dinâmicas e problemas. Basicamente são estereótipos da época, como os atletas, os nerds, os playboyzinhos e patricinhas, e claro, os valentões folgados.

Cada uma dessas tribos oferece missões e interações únicas, e as mecânicas de jogo enfatizam a necessidade de Jimmy de navegar por esse ambiente complexo.

Quem estiver jogando, deve cumprir tarefas escolares, participar de atividades extracurriculares e, sim, ocasionalmente, enfrentar situações de bully pelos dos meios necessários.

Vale mencionar que a violência não é a única nem a principal ferramenta disponível. Em muitas missões há a possibilidade de resolver a treta de forma criativa, usando inteligência e estratégia em vez de simplesmente sair no soco. Nesse ponto fica clara a aptidão e inteligência social do personagem.

Por exemplo, uma missão pode exigir que você colete itens específicos para ganhar o favor de um grupo, enquanto outra pode envolvê-lo em uma competição de habilidades não violentas.

Aula de química em Bully - Rockstar
Aula de química em Bully – Rockstar

Além disso, o jogo inclui mini-games educativos, como aulas de química, inglês e arte, que são essenciais para a progressão no jogo. Perceba que essas atividades ajudam a desenvolver as habilidades do nosso personagem, Jimmy, e fornecem benefícios que facilitam a sobrevivência dele na escola. Portanto, estude! (é sério)

Jimmy muitas vezes se vê defendendo os mais fracos e enfrentando aqueles que abusam de seu poder. – “Não é porque você é maior que pode mandar em mim.”

A narrativa crítica e satírica da vida escolar demonstra as injustiças e desigualdades que muitos adolescentes enfrentam calados. No final das contas, nos tornando mais um herói relutante do que um agressor.

Os personagens coadjuvantes também desempenham um papel fundamental em moldar a experiência de jogo. Cada grupo de estudantes tem líderes carismáticos e únicos, que contam muito para a profundidade e a complexidade da história.

Bully exala qualidade em muitos sentidos, e as interações de Jimmy com esses personagens muitas vezes revelam camadas adicionais de suas personalidades e motivações, enriquecendo a narrativa.

A Rockstar fez um excelente trabalho em criar um ambiente escolar “vivo” e detalhado. A Bullworth Academy não é apenas um cenário de fundo ou um mapa; é um personagem por si só.

Assim como Hogwarts, por exemplo, os corredores, os dormitórios, os terrenos da escola e os povoados ao redor – cada local é cuidadosamente desenhado para refletir a atmosfera desejada para a trama.

Ah! E o humor do jogo também desempenha um papel essencial em diferenciar Bully de um qualquer jogo em sua época. A sátira presente em diálogos, missões e até nas atividades diárias do Jimmy cria uma experiência envolvente e muitas vezes hilária. Essa camada de humor ajuda a suavizar os temas mais sombrios e oferece uma visão crítica, porém divertida, do ambiente hostil.

Então, ao contrário do que o marketing inicial sugeria, Bully é uma exploração complexa e muitas vezes comovente das dificuldades enfrentadas por adolescentes. Em sua jornada, Jimmy assume um papel de messias e consegue trazer harmonia e união entre os grupos escolas. Algo que seria utópico na vida real.

Mesmo com todo o falatório da mídia e dos grupos ativistas, o jogo oferece de fato uma mensagem profunda e poderosa sobre resiliência, amizade e a luta pela justiça em um mundo que muitas vezes é injusto.

Bully Ressurge

Embora estivesse sempre disponível na banquinha do “Seu Zé”, o jogo ficou exilado das prateleiras das lojas e das plataformas digitais por oito anos, até ser relançado em 2016.

Bully retorna ao mercado brasileiro - Rockstar Divulgação
Bully retorna ao mercado brasileiro – Rockstar Divulgação

A volta do jogo foi comemorada por muitos fãs e marcou um ponto de redenção na percepção do título, que começou a ser reconhecido por sua verdadeira intenção.

Ao olhar para trás, é claro que a controvérsia, embora prejudicial num primeiro momento, acabou contribuindo para o legado de Bully, solidificando seu lugar na história dos videogames como mais um título da Rockstar que desafiou normas e provocou debates inflamados sobre conteúdo e responsabilidade nos jogos.

Mesmo com todo o escândalo causado pelo marketing precipitado, Bully teve um desempenho comercial razoável a nível mundial (sem contar as copias que disponibilizadas na barraquinha do Seu zé). Muitos jogadores, principalmente adolescente, atraídos pela controvérsia e pela reputação da Rockstar Games, obtiveram o jogo para ver do que se tratava. A versão de lançamento de Bully vendeu mais de 1,5 milhão de cópias, o que rendeu algumas premiações:

  • Prêmio IGN de melhor jogo de ação para PlayStation 2;
  • Prêmio GameSpot de melhor trilha-sonora de jogo;
  • Foi também finalista do prêmio GameSpot para jogo do ano de 2006;
  • Esteve na lista da Gaming Target dos 50 melhores jogos de todos os tempos;
  • Ficou na 41ª posição do 100 melhores jogos da IGN.

Entre os alguns especialistas, as análises variavam de elogios entusiasmados a críticas severas, até mesmo engajando ideologias políticas e refletindo a polarização causada pela controvérsia.

Mas, entre os jogadores, a reação foi esmagadoramente positiva. Muitos que esperavam um simples “GTA de escola” ficaram positivamente surpresos ao descobrir uma experiência muito mais rica, original e envolvente.

As histórias de sobrevivência e resistência de Jimmy Hopkins se conectaram com aqueles que já haviam enfrentado situações semelhantes em suas próprias vidas escolares. A comunidade gamer começou então a defender o jogo, tentando corrigir a percepção pública distorcida.

A Rockstar, por sua vez, tomou medidas para mitigar os danos. Eles lançaram declarações esclarecendo a intenção do jogo e destacando os aspectos positivos da experiência de gameplay. Além disso, investiram em atualizações e conteúdos adicionais que realçavam as atividades não violentas e a profundidade narrativa de Bully.

Demorou, mas a longo prazo, Bully conseguiu superar parte daquele estigma inicial. A medida que mais pessoas experimentaram o jogo e compartilharam suas opiniões, a percepção pública começou a mudar para melhor. Muitos reconheceram que o jogo era, na verdade, uma crítica social bem-humorada e envolvente, e não uma glorificação do bullying.

A reputação da Rockstar Games também sofreu um impacto. Embora a empresa estivesse acostumada a controvérsias de seus títulos anteriores, a situação com Bully destacou a necessidade de uma abordagem mais cuidadosa no marketing de futuros lançamentos.

Eles aprenderam que, embora a polêmica possa atrair atenção, ela é uma formula perigosa que também pode distorcer a mensagem e causar danos a longo prazo.

Bully possui análises MUITO POSITIVAS na Steam

Hoje, Bully é considerado um clássico cult. A percepção crítica melhorou com o tempo, e ele continua sendo um favorito entre os fãs da Rockstar. A comunidade de jogadores ainda é ativa, criando modificações e patches que mantém o jogo vivo.

Impacto Profundo

No mundo dos videogames e na cultura pop é inegável o impacto que Bully gerou. Mesmo com um início conturbado, capaz de alterar a legislação, o jogo encontrou seu lugar no coração de muitos jogadores e é um ícone por suas inovações e pela ousadia de sua proposta.

Classificação estária (PEGI)
Classificação estária (PEGI)

Uma das maiores contribuições de Bully foi mostrar que os jogos podem abordar temas complexos e sérios de forma divertida e bastante acessível. Essa abordagem foi um tipo de “abre-alas” na indústria e influenciou outros desenvolvedores a explorar temas mais maduros em seus jogos, sem tanto medo de controvérsias.

Além disso, Bully teve uma forte influência na forma como os jogos de mundo aberto são desenvolvidos. Do ponto de vista de um desenvolvedor, a Bullworth é um microcosmo detalhado e vibrante que demonstrou como era importante criar um ambiente imersivo e interativo.

Muitos jogos que foram sendo desenvolvidos depois adotaram elementos de design inspirados em Bully, buscando criar mundos cada vez mais ricos, conectados e “vivos”.

Até hoje muito rumores sobre uma sequência de Bully circulam por aí, alimentados por pequenos vazamentos e especulações. Embora a Rockstar Games tenha permanecido em silêncio sobre o assunto, o desejo dos fãs por um Bully 2 é gritante.

Muitos esperam que uma sequência possa expandir o universo do jogo, talvez abordando novas histórias em um ambiente escolar moderno ou retratando a realidade de outras nações.

Além de influenciar outros jogos e manter uma base de fãns, Bully deixou sua marca na cultura pop. Referências ao jogo aparecem em diversos meios, desde séries de TV até memes na internet. A figura de Jimmy Hopkins tornou-se icônica, representando o adolescente problemático, mas resiliente, que luta contra a opressão.

Bully é um exemplo fascinante de como a percepção pública é moldada pelo marketing e como um jogo pode superar controvérsias para encontrar seu verdadeiro público. Lançado em um mar de polêmicas da época, o jogo foi considerado, antes de tudo, como um simulador de violência escolar. No entanto, aqueles que realmente jogaram, descobriram uma narrativa rica e uma crítica social importante.

O marketing polemico da Rockstar Games gerou uma tempestade de reações negativas, impactando as vendas iniciais e manchando temporariamente a reputação do jogo.

Na vida, dificilmente temos a chance de gerar uma boa segunda boa impressão. Entretanto, a qualidade e a profundidade de Bully permitiram que ele superasse seu estigma. A verdadeira natureza do jogo, focada na busca de identidade e na luta contra a injustiça, ressoou com muitos jogadores e críticos ao longo do tempo.

Por outro lado, a influência de Bully pode ser observada em muitos jogos que vieram depois, tanto em termos de design de mundo aberto quanto na abordagem de temas complexos (e sensíveis). A comunidade de fãs apaixonada e os rumores persistentes sobre uma sequência são testemunhos do impacto duradouro do jogo.

Em última análise, Bully não era só um jogo violento e, quando a galera percebeu que era só uma zoeira escolar, e não mais um simulador de massacre da Rockstar, o interesse da mídia sensacionalista parece ter sumido. O que é uma pena, porque o jogo, cheio de peculiaridades o tornam um dos melhores títulos daquela geração.

É uma exploração profunda e, às vezes, hilária das dificuldades enfrentadas por nós mesmos, enquanto adolescentes, em um ambiente escolar opressivo. Bully também nos ensina que, mesmo em meio a controvérsias, a verdadeira qualidade de uma obra pode emergir e ainda deixar um legado para uma nova tendência.

Que o caso de Bully sirva como mais um símbolo do poder dos jogos de contar histórias envolventes e como a percepção pública pode ser desafiada e redefinida. Para aqueles que ainda não o experimentaram, Bully é uma joia que vale a pena ser apreciada.

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