Análise | O Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado

“Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado”, se passa em um mundo ameaçado por misteriosos eventos cósmicos, o Sr. Fantástico Reed Richards é chamado pelo governo para rastrear uma criatura prateada que deixa o caos em seu rastro. Enquanto isso, Reed e a mulher invisível Susan Storm se preparam para o tão esperado casamento. 

Porém, as festividades foram interrompidas pela chegada do Surfista Prateado, e Johnny Storm, o Tocha Humana, tentou enfrentá-lo, acabando por trocar poderes com seu companheiro. A equipe descobre que o Surfista é o precursor de Galactus, uma entidade cósmica que come planetas para sobreviver, e agora a Terra está na sua mira.

Determinado a salvar a Terra, o Quarteto Fantástico relutantemente une forças com o agora libertado Victor Von Doom. Eles desenvolveram um dispositivo que separa os surfistas de seus poderosos flyboards. Porém, durante o confronto, Susan descobriu a verdade do Surfista: ele era um servo de Galactus, e a cooperação dela evitou a destruição de seu mundo natal. Buscando o controle, Doom rouba o Conselho e foge para a China. Como resultado, uma cadeia de eventos que leva à aparente perda de Su e a um confronto épico para salvar o planeta.

Com a equipe reunida e o Surfista recuperando seus poderes, eles enfrentam Doom em Xangai, onde a ameaça de Galactus chegou ao fim e Johnny volta ao normal. Eventualmente, Reed e Susan se casam, mas sua alegria é destruída quando surge uma nova emergência. Enquanto isso, uma cena pós-créditos revela que o Surfista ainda está vivo, o que prenuncia possíveis desafios pela frente.

Diretor do filme Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado

Tim Story dirigiu o primeiro filme e continua a frente nesta sequência. O diretor conseguiu trazer melhorias bem relevantes e ao mesmo tempo eixos de lado coisas importantes também. Dessa forma, podemos destacar os efeitos visuais como um dos elementos que mais evoluiu com relação ao primeiro filme. 

O maior exemplo de melhoria é o próprio Surfista Prateado que foi projetado quase que completamente por CGI, de fato, seu design ficou fiel aos quadrinhos até melhor do que o próprio “Coisa”.

Por outro lado, temos o roteiro cheio de falas ruins e que não aproveita coisas que tornaram o filme ainda mais comovente. Por exemplo, no filme, a importância da personagem Alicia mudou drasticamente, com relação aos quadrinhos. No filme, o Surfista é convencido pelas palavras e atitudes de Susan Storm, que ao mesmo tempo parece criar um laço com a heroína. Contudo, nos quadrinhos, a namorada do Coisa (Alicia) é quem tem esse papel, ela sente a energia nobre do surfista e o convence a voltar contra Galactus. E isso faz muito mais sentido, visto que Alicia está retratada fielmente no filme. Inegavelmente, apesar de não ver, ela é a única a enxergar além dos problemas.

Tim Story sem dúvidas trouxe a melhor versão destes heróis para o cinema, tornando essa obra até divertida. Levando em conta que o diretor tem uma tendência a filmes mais cômicos e despretensiosos, ele entregou bastante nestes dois filmes do Quarteto Fantástico.

Comparação com o primeiro filme

Que tal explorarmos a dinâmica destes heróis no filme, e analisar a sua fidelidade às HQs? “Quarteto Fantástico 2 e o Surfista Prateado” trouxe aproveitou muito os personagens e elementos usados no primeiro filme. Então pude separar três exemplos para te dar uma ideia se a natureza da adaptação e a constante busca por aprimoramento se encontra nesta adaptação:

Química entre Jessica Alba e Ioan Gruffudd: 

• Agora, com a evolução da relação entre Reed e Susan prestes a se casar. Assim, não precisamos mais ver o angustiante caso de família presente no primeiro filme. Além disso, as atuações de Jessica Alba e Ioan Gruffudd estão mais sincronizadas, e isso facilitou ver eles dois como um casal genuíno no filme.

Temas do filme:

• Podemos notar também que o foco do roteiro está bem mais equilibrado entre os problemas pessoais dos personagens e o antagonista. Nesse sentido, diferente do primeiro filme que deu espaço excessivamente a coisas sem muita importância, “Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado” dá ênfase maior nos impactos de Dr. Destino e Galactus.

Motivações do Dr. Destino:

• Agora mais do que nunca, Victor von Doom (Dr. Destino), age de forma irracional e sem o menor sentido, como na hora em que o vilão se apossa da poderosa prancha do surfista e começa a atacar os heróis, ignorando a destruição do planeta e por consequência a sua própria destruição. Um objetivo simples no roteiro como ser o novo arauto de Galactus faria juz ao personagem que vemos nas HQs.

Apesar de “Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado” prestar mais atenção aos objetivos apresentados pelos seus personagens. No entanto, a forma como foi abordado as motivações, por exemplo, de Dr. Destino continua sendo uma área potencial de melhoria que poderia fornecer maior coerência ao desenvolvimento do personagem.

Elenco do Filme

Este elenco que mais do que qualquer outra coisa, nos prende neste filme. Além de Ioan Gruffudd como Reed Richards, Jessica Alba como Susan Storm, Chris Evans como Johnny Storm, Michael Chiklis como Ben Grimm, e Julian McMahon como Dr. Destino. Há outros atores incríveis, que deram vida a novos personagens.

Doug Jones como Norrin Radd: Se há um ator que usa e domina, as expressões corporais, com criatividade e fluidez, para dar essência aos seus papéis e os trazer a realidade melhor que o Doug Jones, eu desconheço. Porém, esse dom do ator, descartado e trocado por um uso superficial de captura de movimentos durante todo o filme, simplesmente representa um desperdício.

Beau Garrett como Frankie Raye: Beau Garrett teve um bom tempo em tela, e fez a soldado durona, Raye. Supostamente ela tem poderes iguais aos do Tocha Humana, porém ainda não está ciente disso e também não é mencionado em nenhum momento o filme. No mais, é interessante vê-la em tela se você também a viu que é nas HQs, porque em geral não tem muito impacto no enredo.

Andre Braugher como General Hager: Braugher entregou um papel bem impactante no filme, sendo um dos personagens mais depreciativos que já vi em filmes de heróis. Visto que essa era exatamente a proposta, o ator fez um trabalho ótimo.

Ainda falando de Doug Jones, o ator fez personagens como, Fauno (O Labirinto do Fauno), Abe Sapien (Hellboy), e mais recentemente Amphibian Man (A Forma da Água). Posto isso, se você assistiu algumas destas produções vai entender o quanto o este artista usa de forma magistral a linguagem cinética para nos envolver cada vez mais com seu personagem, ao mesmo tempo que o torna fantasioso. Por fim, não ter aproveitado o ator foi mais um ponto baixo no filme.

Easter Eggs de Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado

Não é de hoje que a Marvel tem a melhor tradição de implementar referências e elementos dos quadrinhos em seus filmes. Esses elementos, facilmente, podem passar despercebidos diante dos nossos olhos. Contudo, ainda estão presentes no filme enriquecendo sutilmente a trama. Portanto, vou destacar alguns dos Easter Eggs que pude perceber em Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado:

Outro herói além do Quarteto apareceu: Nova, é uma heroína criada pelos cartunistas Roy Thomas e George Pérez. Em suma, ela tem os mesmos poderes do Tocha Humana, tanto que também recebeu este título de Tocha Humana. Por fim, seu nome verdadeiro é Frankie Raye, e também a mesma soldado/braço direito, do General Hager no filme.

Batmóvel do quarteto fantástico: neste filme o líder do quarteto Reed Richards construiu um automóvel futurista, que permite deslocar a equipe tão rápido quanto a velocidade do Tocha Humana. Nas HQs esse carro é intitulado Fantasti-Car, e apareceu pela primeira vez na revista “Quarteto Fantástico #3” – Nota: Um desperdício não ter feito referência direta a este automóvel, uma vez que não foi mencionado seu nome em nenhum momento do filme.

Planeta do Surfista Prateado: Norrin Radd (Surfista Prateado), em determinado momento do filme, menciona que se mostra motivado a proteger seu planeta natal e sua amada. O nome de seu planeta é Zenn-La.

Ademais, ainda há outros detalhes escondidos no filme que ramificam ainda mais a história de alguns personagens do filme, mas esses Easter Eggs, possivelmente, são os principais que pude notar no filme. Portanto, o filme faz jus à reputação da Marvel de Mestre das referências e surpresas escondidas.

Melhores Cenas de Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado

Embora o Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado possam trazer a marca de sua época, o que não podemos ignorar é que ele ainda brilha com cenas convincentes que resistiram ao teste do tempo daquela época.” Os super-heróis conquistaram a tela grande de maneira ousada.

O Arauto Chega na Terra:

Algumas cenas criativas como monitorar o surfista rodeando o mundo e os efeitos meteorológicos causados só por sua presença, mostraram bem a extensão do poder do Sufista Prateado. Uma vez que essas habilidades que caracterizam o personagem são mostradas no filme, torna notório a fidelidade às HQs.

Comedor de Planetas:

De todos os filmes da Marvel, o personagem Galactus demonstrou um dos maiores feitos de poder, simplesmente devorando um planeta. Não era de se esperar menos de uma entidade tão forte que é capaz de fazer frente aos celestiais.

Fusão do quarteto:

Quando o tocha humana luta com o surfista ele é modificado e ganha a habilidade de trocar poderes com outros heróis. Convenientemente, na batalha final do filme, ele absorve os poderes de seus colegas, ganhando invisibilidade, elasticidade, e até partes rochosas. É bem interessante ver um herói com mais de uma habilidade em combate, e naquele ano os efeitos visuais usados eram bem instigantes.

Dessa maneira, este filme pode te levar a ao passado, quando o universo dos super-heróis ainda estava ascendendo, mas também é um lembrete de como certas cenas e momentos do filme são imortais, transcendendo limites de tempo e continuando a cativar o público, independentemente do ano em que foram criados.

Crítica

“Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado” apesar de fornecer batalhas épicas e momentos divertidos com piadas bem “Pastelão” tenta construir camadas profundas em cima do personagem Johnny Storm. Algo parecido foi feito com Ben Grimm no primeiro filme, a diferença é que nesta sequência isso não saiu tão bem desenvolvido.

A partir do momento em que Johnny descobre uma possível dissolução da equipe por conta dos planos pessoais de Reed e Susan, um conflito começa a germinar dentro do Tocha Humana. Muito estranho porque eu não sabia que sementes poderiam nascer no fogo. Essa profundidade no personagem ainda é barrada por outros obstáculos. Por exemplo, a performance de Chris Evans naquela, que é totalmente diferente de sua atuação como Capitão América.

A soma de pequenas negligências dividiu o público em opiniões positivas e negativas, de forma bem equilibrada se pararmos para analisar. Por exemplo, em uma escala de mais de 250 mil votos, este filme alcançou uma taxa de aprovação de 51% por parte dos espectadores.

Em última instância, as melhorias trazidas neste filme influenciaram minimamente a recepção do público, que mais uma vez se mostrou neutro. Assim, contribuindo para um percepção que faz parecer com que o filme poderia ter explorado de forma mais eficaz as complexidades emocionais de seus personagens

Orçamento e Bilheteria do filme

Com um custo de produção mais caro que o filme antecessor, “Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado” arrecadou ainda menos nas bilheterias mundiais. Seu custo de produção está estimado em US$ 130 milhões e ainda mobilizou uma parte massiva do público. Uma quantia bem modesta com relação a filmes como “Homem-Aranha 3”, “Eu sou a Lenda”, “Harry Potter e a Ordem da Fênix”, entre outros filmes lançados em 2007.

A quantia arrecadada por esta produção estimada por volta de US$ 301 milhões foi a “Batida do Martelo” que sentenciou o futuro desta sequência de filmes. Como as bilheterias não atenderam as expectativas dos executivos e ao menos agradaram a maior parte dos fãs, não houve qualquer continuação com este projeto. Somente 8 anos depois surgiu um novo projeto também frustrado para a infelicidade de todos.

Galactus é uma entidade que precisa devorar planetas para viver. Não terem dado um design melhor a um dos personagens mais poderosos do UCM e escondido muito dessa entidade em uma nuvem cósmica não foi um uso tão proveitoso do orçamento, sendo mais um ponto que poderia ter melhorado muito o filme.

Trilha Sonora do filme 

O mesmo músico que compôs álbuns de filmes como, “Desconhecido”, “Sem Escalas”, “A Órfã”, e outros sucessos, redigiu também a trilha musical de Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado. John Ottman é um compositor americano que possui uma carreira de longa data, e também um talento incrível. Dessa forma, podemos destacar a sua conquista na categoria de melhor montagem no Oscar (2019) pelo filme “Bohemian Rhapsody”, como prova de seu talento.

Uma das cenas mais impressionantes do filme é quando o Surfista salva a terra ao se auto destruir causando um dano enorme a Galactus. Heroicamente ele adentra a uma nuvem cósmica que envolve o vilão, e a música “Silver Savior/Aftermath” acompanha toda a cena em um ritmo cada vez mais crescente.

Outro exemplo notável da influência da música ocorre na cena em que Johnny Storm absorve os poderes de seus colegas do Quarteto Fantástico para atacar implacavelmente o aterrorizante Doutor. A trilha sonora “Four in One” acrescenta camadas de emoção e energia. sequência, elevando o confronto para além das imagens na tela e criando uma experiência auditiva semelhante.

Em suma, John Ottman integrou habilmente suas melodias em cenas-chave do Quarteto Fantástico e do Surfista Prateado, fornecendo uma trilha sonora que não apenas acompanha, mas também enriquece e aprimora a narrativa visual, tornando a experiência cinematográfica mais realista. Mais envolvente e envolvente.

Onde assistir Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado? 

“Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado” está disponível no Disney Plus, nem de longe é uma das produções mais bem construídas do streaming. Contudo, este filme marcou a infância de muitos fãs de super heróis em uma época que esse gênero não era uma tendência.

Além disso, os efeitos deram uma melhorada, o que é um ótimo ponto para o filme. Por exemplo, na cena que Johnny persegue o surfista por Nova York. Vemos o surfista atravessando paredes, virando carros com o que parece telecinese, e interagindo bem com objetos ao redor. Levando em conta que o personagem todo, feito por CGI, vale ainda mais a pena reforçar esse elemento do filme. Particularmente, se estivesse passando os canais de televisão e me deparasse com este filme, assistiria até o fim de novo.

Conclusão

O filme é uma obra cheia de cenas inusitadas e cômicas, que tenta misturar ação espetacular, dilemas morais e uma pitada de romance. Nesta adaptação podemos ver de uma perspectiva cômica o Quarteto Fantástico enfrentando ameaças cósmicas que desafiam não apenas o destino da Terra, mas a própria base de sua própria equipe. Sob esse mesmo ponto de vista, apesar do filme não conseguir explorar as camadas mais relevantes dos personagens, ainda vale a pena dar uma conferida pois é uma adaptação leve e divertida.

Por fim chegamos ao fim da análise de “Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado”. Uma obra que, de fato, apresentou o time de heróis a muitas pessoas que não tiveram a chance de acompanhar as HQs. E você, qual obra te apresentou esses heróis pela primeira vez? Deixe nos comentários abaixo, e continue nos acompanhando para estar por dentro dos principais acontecimentos da Cultura Pop. Até a próxima!