Análise | Lilo & Stitch (2025)

Lilo & Sticth
Lilo & Sticth/Teaser Oficial - Imagem: Disney

No filme Lilo & Stitch (2025), o cientista Jumba cria o experimento genético 626, uma criatura devastadora, quase invencível e com inteligência avançada. Após ser considerado perigoso, é sentenciado ao exílio pela Federação Galáctica. Contudo, ele consegue fugir e aterrissar na Terra, aterrissando na ilha havaiana de Kaua’i.

A Grande Conselheira envia Jumba, juntamente com o hesitante especialista em Terra, Pleakley, para capturá-lo. 626, que se apresenta como um cão em um abrigo para animais, é adotado por Lilo, uma menina havaiana solitária e impulsiva que reside com sua irmã mais velha, Nani, sob a vigilância constante da assistente social Kekoa.

Lilo dá o nome de “Stitch” ao alienígena, e, mesmo com suas ações impulsivas e confusas, aos poucos ele começa a estabelecer uma conexão com a menina e a compreender o conceito de família. No entanto, suas ações ameaçam a custódia de Lilo e resultam na demissão de Nani. Por outro lado, Jumba e Pleakley falham repetidamente em capturá-lo, resultando em uma sequência de buscas confusas e confusas pela ilha. Stitch, antes voltado apenas para a sobrevivência, começa a se transformar devido ao carinho que cria por Lilo e à interação com os humanos.

No ápice, Stitch se entrega para salvar Lilo, quase sucumbindo à morte por afogamento, mas é revivido. A transformação dele comove a Grande Conselheira, que opta por mantê-lo na Terra. No final, Tūtū e David assumem a custódia de Lilo, enquanto Nani embarca para estudar biologia marinha na Califórnia. Ela prossegue visitando Lilo e Stitch, que agora se comportam como uma verdadeira família.

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Direção do live action de Lilo & Stitch

A mente por trás de Lilo & Stitch 2025 é Dean Fleischer Camp. Além dessa adaptação, o cineasta já trabalhou em outra animação intitulada “Marcel the Shell with Shoes On”, que recebeu uma indicação ao Oscar na categoria de melhor animação no ano de 2002.

A identidade visual que o diretor projetou nesse filme se destaca pela paleta de cores quentes e alaranjadas em cenários tropicais. Além disso, os designs dos alienígenas ficaram bem fieis aos da animação original. Em geral, o filme é muito bom. Mas poderia ter sido infinitamente melhor.

Um elemento muito bom que o diretor resgatou para esse Live Action é o retorno do dublador original, e também diretor do filme original, Chris Sanders. O último filme que Sanders dirigiu foi “Robô Selvagem” (2024), e seu retorno ao cinema na dublagem de Lilo & Stitch agradou bastante os fãs, inclusive este que vos fala. Porém, esse é um dos piores live-actions que a Disney já produziu.

No geral, esse filme se mostrou infiel ao clássico de 2001. Por exemplo, vemos uma das maiores gafes que é possível, a exclusão do capitão Gantu. Gantu antagonizou a animação  clássica, e além de ter uma grande relevância na trama original, também tinha o design mais chamativo do filme. Ter excluído um dos personagens mais emblemáticos do filme original foi desanimador, o que até levantou críticas na comunidade. Esse efeito lembra até mesmo o lançamento de Mulan, quando o público percebeu a ausência de Mushu durante toda a obra.

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No entanto, o filme se apresenta como uma tentativa pouco sincera de reinterpretar um clássico, e com toda certeza nessa tentativa entre a liberdade criativa e reinvenção, esse live action falhou em mostrar seu valor.

Comparação com o filme original

Quando a animação é adaptada em live action, é comum ocorrer uma série de mudanças para torná-la mais próxima da realidade possível. Um exemplo disso foi a exclusão do general Gantu. Em uma entrevista ao ilustre portal, Cinema Blend, Dean Fleischer Camp afirmou que o filme não estava ficando tão bom e fluido.Talvez nunca saibamos como seria Gantu em sua versão mais realista possível, porém, em alguns casos não há como incluir personagens de grande magnitude ao mesmo tempo preservar a fluidez do filme. Algumas das outras mudanças nesse longa são:

Chegada na terra: 

  • Na animação de 2001, Stitch chega na terra vestido com sua roupa de prisioneiro, com uma pistola, e afoito com tudo à sua volta.
  • No live action, Stitch chega sem roupa alguma, desarmado, e curtindo uma festa como se já habitava aquele lugar a anos. O que não faz o menor sentido para uma criatura que foi concebida recentemente.

Disfarce perfeito:

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  • Na animação de 2001, Jumba e Pleakley chegam na terra,e se disfarçam com roupas humanas, ao ponto de se acobertarem quase inteiramente.
  • No live action, vemos que eles usam um  dispositivo para se transformarem superficialmente em humanos.

Ohana uma ova:

  • Na animação, Nani e Lilo apesar das indiferenças, lutam para preservar a família, acima de tudo,
  • No live action, a pior coisa foi ver a separação de Nani e Lilo no final. Apesar de ter sido feita de forma natural, sendo a própria Lilo sugerindo a partida de Nani, ainda sim foi uma quebra do maior valor que a animação clássica nos passou.

O filme deturpa justamente o que o fez memorável: sua alma imperfeita, porém profundamente humana. Neste contexto, o que deveria ser uma homenagem, parece mais um esquecimento travestido de homenagem.

Orçamento e bilheteria de Lilo & Stitch

Lilo & Stitch 2025 teve um  custo estimado em US$ 100 milhões.  Esse live action se mostrou até barato com relação a outros grandes lançamentos estreados em maio, e que também disputaram a atenção do público. Como por exemplo, “Missão: Impossível – O Acerto Final” e “Thunderbolts”. Filmes que custam, respectivamente, US$ 400 milhões e US$ 180 milhões.

A bilheteria de Lilo & Stitch foi exorbitante, alcançando um retorno de pouco mais de US$ 600 milhões, o que representa mais de seis vezes o valor investido na produção do filme. Esse enorme sucesso logo no primeiro mês de estreia reflete claramente o poder da nostalgia e o apego emocional de uma geração que cresceu assistindo a uma das animações mais queridas e emblemáticas da Disney, reforçando o impacto duradouro dessa história no público.

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Crítica

De fato, uma das coisas mais estranhas além da ausência de Gantu no filme, é o seu desfecho final. No final do filme animado de 2001, a família é o tema principal do filme, a união entre Nani e Lilo é uma das coisas mais bem desenvolvidas. Porém nesse live action, Nani se muda para Califórnia para estudar biologia marinha abandonando deixando Lilo com Tutu.

A Disney tem reinventado vários filmes, mudando a natureza de algumas obras como por exemplo Branca de Neve (2025). De fato, alguns princípios socias antigos não devem se perdurar. Porém, vejo esse desligamento entre as irmãs no live action de Lilo & Stitch como mais uma tentativa desnecessária em se reinventar. Isso também foi alvo de muitas críticas por parte dos fãs.

Outro ponto que estragou o live-action, foi ter usado atores durante a maior parte do filme, para interpretar Jumba e Pleakley, um dos únicos prazeres que poderíamos ter assistindo essa obra, foi mudada também.

Estranhamente, todas essas modificações foram ignoradas pelo público, um exemplo disso são as classificações positivas em grandes sites como Rotten Tomatoes. O filme alcançou 93% de aprovação em uma escala de mais de 10 mil classificações. No IMDB, esse longa alcançou 7.0/10 estrelas em uma escala de 27 mil classificações.

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Vale ressaltar que o filme arrecadou mais de US$ 600 milhões nas bilheterias mundiais. Nesse sentido, a quantidade de pessoas que assistiram o filme é exorbitantemente maior que a quantidade de pessoas que votaram no Rotten e no IMDB. Com o tempo, a classificação do filme pode mudar.

Trilha sonora

A princípio, a trilha sonora de Lilo & Stitch (2025) foi composta por Dan Romer, o mesmo músico que construiu o álbum para a incrível animação “Luca”. Algumas músicas da animação clássica foram refeitas. Por exemplo, a continuidade do Kamehameha Schools Children’s Choir e de Mark Kealiʻi Hoʻomalu garante a preservação das tradições culturais havaianas, ao passo que as novas parcerias expandem a abrangência e a pertinência da trilha para os públicos contemporâneos.

Da perspectiva musical, esse longa, de nenhuma forma, superou a riqueza das melodias da animação clássica. A identidade musical da versão de 2001, estava muito mais alinhada à cultura havaiana. 

A versão de 2001 não só captava com mais precisão o espírito havaiano, mas também conseguiu incorporá-lo de forma orgânica à história, valorizando cada cena com sensibilidade e respeito cultural – algo que a nova versão, apesar do esforço, apenas tangencia.

Conclusão

O live-action de Lilo & Stitch é um dos lançamentos mais aguardados do ano de 2025. Particularmente falando, é difícil não ficar decepcionado com tantas mudanças que ocorreram com relação ao filme original. O filme nos privou do apelo visual de personagens como Gantu, ofuscou o visual de personagens como Jumba e Pleakley, e tornou a relação de Nani e Lilo superficial.

Em última análise, em vez de abraçar a ousadia e o coração da obra original, o novo Lilo & Stitch parece domesticado, lapidado demais, feito para agradar a todos, e, com isso, não emociona ninguém. No fim das contas, talvez o erro não tenha sido mudar tanto… mas não ter sentido nada. Até a próxima!

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