Análise | Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1

Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1 investiga a história da protagonista Katniss Everdeen e dos rebeldes do Distrito 13 que se rebelam contra a opressão do Capitólio. Depois de seu resgate em meio a destruição da arena dos jogos, Katniss enfrenta a destruição de sua cidade natal, o Distrito 12, e recebe o convite para se tornar o símbolo da rebelião, o Tordo. Impulsionada pelo desejo de justiça e pela manipulação flagrante do Presidente Snow, ela relutantemente concordou em liderar a revolução.

A jornada de Katniss leva a testemunhar em primeira mão as atrocidades no Capitólio, enquanto ela viaja pelos distritos para filmar mensagens de resistência. As suas ações desencadearam uma revolução em Panem, mas também levaram a represálias brutais no Capitólio, incluindo o bombardeamento de um hospital no Distrito de Oitavo. Katniss se encontra forçada a enfrentar suas responsabilidades como líder da rebelião enquanto luta para equilibrar seu desejo determinado de proteger as pessoas que ama, especialmente Peeta, que está sob o controle da Capital.

Quando o Distrito 13 se torna alvo de um ataque surpresa ao Capitólio, a tensão aumenta e Katniss percebe que cada ação terá consequências perigosas para aqueles que a rodeiam. Enquanto os rebeldes se preparam para o próximo movimento contra o Capitólio, Katniss enfrenta o dilema moral de suas escolhas e o peso de sua responsabilidade como símbolo de esperança para as pessoas oprimidas.

Essa etapa da jornada de Katniss não apenas retrata a brutalidade da guerra e da opressão, mas também examina o preço emocional que os personagens pagam por sua resistência. Katniss enfrentou dilemas morais e emocionais enquanto lutava para manter intacta a sua humanidade num mundo prejudicado pela violência e pela injustiça.

Direção de Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1

Francis Lawrence continua com a direção do filme, e nessa vemos algo bem diferente das sequências anteriores, o ritmo lento. Para o bem ou para o mal, a narrativa de “Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1” possui intervalos bem mais extensos de uma cena de ação para outra. 

Para os que estão acostumados com uma história que contém uma atmosfera frenética, a lento ritmo de eventos, e o foco nos conflitos internos da protagonista pode tornar o filme um tanto cansativo. Ainda sim, é algo muito subjetivo, pois há quem goste desse estilo mais monótono.

Os cenários que o diretor entregou continuam bastante imersivos. Por exemplo, quando Katniss visita o distrito 12 após ter sido massacrado pela Capital. Nessa cena, podemos ver todo o distrito da protagonista ruído em cinzas e todo seu povo queimado pelas ruas. Especificamente nessa cena, o diretor Francis mostrou como aproveitar a cinematografia ao máximo para impactar o público.

Melhores Cenas de Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1

Diferente dos filmes anteriores,“Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1” não tem um foco nas cenas de ação e batalhas alucinantes. Toda a trama do filme mostra principalmente as consequências após Katniss explodir a arena em Jogos Vorazes: Em Chamas. Além disso, a trama também está centrada na jornada de aceitação da protagonista e seu respectivo papel na revolução. Portanto, as melhores e mais marcantes cenas do filme se destaca não pela brutalidade, e sim pelas intenções por trás dessas ações:

Ascensão da Rebelião: Quando finalmente as mensagens de Katniss estão se propagando por todos os distritos, por consequência as rebeliões começam a avançar para a capital. Contudo, as fortes defesas daquele lugar deveriam cair, e aconteceu justamente isso, quando um grupo de resistentes executou um ataque suicida para explodir a represa. Assim, se deu o marco de uma guerra mais equilibrada.

Sequestro Emocional: No último ato, após o resgate de Peeta da Capital e sua chegada ao distrito 13, Katniss vai vê-lo de imediato. O que ela não esperava é que seria estrangulada por um Peeta transtornado. As torturas induziram a conexão das péssimas experiências de Peeta com a figura de Katniss. O conceito de Sequestro emocional, proposto pelo psicólogo Daniel Goleman, vai muito além da ficção.

Massacre no Hospital: Quando Katniss precisa gravar uma propaganda e o resultado não sai tão convincente, toda a equipe decide gravar em um campo de batalha real. Esse local seria o distrito 8, e logo o hospital naquele lugar ficou reduzido a cinzas e ossos após um bombardeio enviado pelo presidente Snow.

Assim, esse filme, a terceiro produção da saga, vai além de seu de seu estilo agitado e se mostra centrada em uma narrativa de transformação e amadurecimento da protagonista.

Elenco de Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1

Várias “caras novas”, apresentadas nessa sequência, se mostraram carismáticas. Alerta de Spoiler, ao contrário dos outros filmes, os personagens aqui permanecem vivos até o final. De fato, esse detalhe de não haver mortes é uma quebra de expectativas para qualquer um que decide assistir essa saga pela primeira vez. Os personagens apresentados são:

Natalie Dormer como Cressida: Uma das maiores diretoras cinematográficas da capital se chama Cressida. Ela, caracterizada tanto nos livros quanto no filme, se mostra uma mulher forte e empenhada. No filme Natalie teve uma presença forte, contudo sua personagem não teve muitos feitos na trama além de registrar Katniss em ação.

Marechal Ali como Boggs: Boggs é um soldado e braço direito da presidente Alma Coin. Apesar de ser subserviente sua devoção não é para seus superiores e sim para a causa. A forma como a relação entre ele e Katniss, desenvolvida neste filme, se mostra bem superficial, diferente do livro. Além disso, a atuação do ator Marechal Ali é bem coerente com a proposta imponente do personagem. 

Julianne Moore como Alma Coin: Logo de cara, ela é uma das personagens que se caracteriza por sua personalidade fria e liderança forte. A voz serena dela parece esconder uma autoridade rígida. Essa sensação foi expressada perfeitamente pela atriz Julianne Moore.

Com exceção de Alma Coin, os novos personagens não foram tão aproveitados. Esses novos personagens, apesar de algumas nuances superficiais, enriquecem o enredo e preparam o terreno para os eventos dramáticos que aguardam a conclusão da saga.

Diferenças Entre o Livro e o Filme

Comumente podemos notar várias modificações em roteiros adaptados, principalmente quando nos referimos a adaptação de livros. Comprimir um romance de 424 páginas sem modificar minimamente alguns elementos da trama é praticamente impossível. Pensando por esse lado, há algumas diferenças entre o filme e o livro que podemos destacar. Algumas dessas diferenças são:

Effie Trinket: 

• Caso não se lembre, Effie é a personagem mais extravagante do filme. No filme vemos que ela foi levada ao distrito 13 (Local da Principal Resistência), e relutantemente ela aceita produzir roupas simbólicas da resistência para Katniss.
• No livro quem cuida do visual da Katniss não é Effie, e sim, uma equipe de Coadjuvantes.

Irmãos Gêmeos: 

• Há dois novos personagens apresentados no filme, são eles, Pollux e Castor. Eles são irmãos gêmeos e fazem parte da equipe que grava a protagonista durante toda a missão. Eles não se parecem em nada.
• No livro esses irmãos são retratados como irmãos gêmeos, que possuem aparência idêntica.

O Livro é Mais Violento: 

• Uma das cenas mais marcantes do filme é na última entrevista de Peeta. Ele começa a revelar que Snow mobiliza um bombardeio no distrito 13, e rapidamente é retirado de cena pelos pacificadores.
• No livro nessa mesma circunstância, Peeta é retirado pelos pacificadores. Além disso, eles o espancado e seu sangue pode visto manchando o chão pouco antes de cortarem a transmissão.

De fato, o mundo de Jogos Vorazes é palco para várias atrocidades, mostrando até certo ponto o lado mais monstruoso da natureza humana. Muitas dessas ações vis são bem mais impactantes no livro do que no filme. Portanto, isso significa que há uma margem enorme que não foi explorada e que poderia tornar essa adaptação grandiosamente mais visceral.

Crítica a Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1

Em uma entrevista ao ilustre LMR, o veterano Donald Sutherland equipara “Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1” como um jogo de Xadrez. De fato, é neste filme que vemos o lado mais manipulador de Coriolanus Snow. As estratégias maquiavélicas desse personagem em contraste com a pacificidade de Katniss abre margem para atuações profundas.

É exatamente este um dos pontos mais positivos do filme. A espontaneidade do elenco nos envolve do inicio ao fim, isso somado com o salto considerável na qualidade dos diálogos com relação ao filme anterior, torna essa adaptação ainda mais interessante. 

Outro ponto bastante positivo que acompanhou a obra desde a primeira sequência são os figurinos, e o maior exemplo disso é neste filme é a personagem Cressida. Sua personagem com o lado esquerdo da cabeça raspado e marcado por uma tatuagem de vinhas prova o esmero que os figurinistas tiveram.

Por outro lado, a recepção do grande público foi bem mais baixa. O filme sofreu um declínio leve em portais de crítica, um exemplo disso se encontra no IMDB que obteve uma classificação de 6,6 estrelas. Além disso, o alcance do filme foi bem menor, falaremos disso no próximo tópico. Em conclusão, “Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1” pode ser uma adaptação mais superficial dos livros, mas o carisma do elenco e a criatividade do diretor construíram um filme bom de ação e suspense.

Orçamento e Bilheteria do Filme

Com um elenco de atores conceituados, por exemplo, atores como Jennifer Lawrence, Woody Harrelson, Sam Claflin, já eram muito valorizados na indústria, e são só uma pequena parcela do elenco incrível do filme. 

Além disso, uma diversidade de cenários capazes de nos imergir em um universo rico em detalhes, Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1 precisou de uma quantia bem robusta para bancar essa estrutura. Estimado em US$125 milhões, o filme foi um dos mais bem sucedidos de 2014. 

A receita que o filme obteve até a sua saída dos cartazes é de US$755 milhões Como um dos filmes mais bem sucedidos do ano, sua posição dentre as maiores bilheteria do ano é a quinta. Este filme só ficou atrás de produções como: “Transformers: A Era da Extinção”, “Malévola”, “Guardiões da Galáxia”, e “O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos”.

É inegável que a quantia que Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1 arrecadou é “estrondosa”. Contudo, se formos comparar com o filme anterior, podemos notar um declínio substancial. Talvez os erros do segundo filme tenham atrapalhado na retenção do público, além disso, naquele mesmo mês a estreia de “Interstellar” aconteceu e foi uma forte alternativa para os cinéfilos.

Em conclusão, o desempenho desta adaptação nas bilheterias foi bem positiva se levarmos em conta a competitividade e a qualidade do filme anterior, trazendo à tona toda a comoção de uma legião de fãs apaixonados por Jogos Vorazes naquele ano.

Trilha Sonora de Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1

No momento em que Katniss caminha pelo distrito 12 e se depara com a chocante imagem de várias pessoas queimadas, não pessoas qualquer mas gente que fez parte de sua infância. Essa cena se mostrou ainda mais comovente acompanhada de “District 12”, que reforça a atmosfera desoladora em que a protagonista se deparou.

A trilha sonora de “Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1”, composta por James Newton Howard, é um bom trabalho. Pela terceira vez, o compositor ficou a frente da trilha sonora do filme. O ilustre maestro, que contribuiu para vários sucessos na indústria cinematográfica, produziu melodias incríveis. Filmes como “Batman: O Cavaleiro das Trevas”, “Eu Sou a Lenda”, “Relatos do Mundo”, entre outros.

Onde Assistir Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1

Disponível na Netflix, Apple TV,  e Amazon Prime Video, “Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1”, inegavelmente, é uma ótima opção para os cinéfilos que buscam uma obra verdadeiramente impactante. Além disso, plataformas como o Youtube hospedam o filme possibilitando a compra permanente do filme em sua conta.

Através das adaptações dirigidas por Francis Lawrence que milhares de pessoas conheceram o universo de Jogos Vorazes. A forma como o cinema apresenta uma história encanta públicos com gosto diversos. E apesar de não ser a forma mais profunda de imergir nesse mundo distópico, assistir assistir a jornada de Katniss moldada na sétima arte se mostra indispensável para qualquer fã das obras criadas por Suzanne Collins. Por fim, o filme deixa os espectadores com saudades da conclusão épica da saga e do destino dos personagens que os cativaram em uma emocionante batalha pela liberdade e dignidade.

Conclusão

“Eu me arrasto nos pesadelos, e não tenho alívio ao estar acordado. Mas é melhor não ceder a isso. Demora dez vezes mais para se recuperar da crise do que para entrar nela” – Finnick Odair. Foi essa resposta que Finnick deu a Katniss quando ela perguntou como ele lida com toda aquela situação desoladora. Muito além de um filme de ação, este filme oferece diálogos profundos  de como lidar com momentos desesperadores.

Muitas vezes tendemos a nos deixar levar por momentos de dificuldade, como se ceder a estas adversidades fosse realmente fazer alguma diferença. Posto isso, assistindo a “Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1”, o que você aprendeu e reteu, que pode te ajudar em momentos difíceis? Se a resposta for “Nada”, sugiro que assista o filme novamente com mais atenção.

Nós, como série de carne e osso, diante a traumas emocionais somos frágeis e vulneráveis. Contudo cabe somente a nós aprender a lutar contra as nossas dificuldades emocionais. Até a próxima!