300
300/Teaser Oficial - Imagem: Warner Bros.

Dilios, um hoplita que sobreviveu, narra a história de Leônidas I, o rei de Esparta, desde sua infância caracterizada pela disciplina militar até sua liderança na Batalha das Termópilas, narrada por ele. Quando um enviado persa solicita que Esparta se submeta ao rei Xerxes, Leônidas o cumpre e sugere resistir ao avanço persa em um desfiladeiro estreito. Apesar da proibição religiosa e dos éforos durante a Carnéia, Leônidas parte com apenas 300 soldados, conquistando aliados gregos ao longo do percurso.

Na região das Termópilas, os espartanos enfrentam ataques persas constantes com superioridade tática e coragem. Leônidas rejeita a oferta de rendimento apresentada por Xerxes, debochando de seu alegado status divino. A batalha se acirra com a presença da elite persa, os Imortais, e outras entidades monstruosas, contudo, os espartanos continuam a triunfar.

Efialtes, um espartano deformado que Leônidas rejeitou por sua incapacidade de manter a estrutura da falange, trai os espartanos e desvenda um trajeto oculto para os persas. Leônidas, cercado, ordena que Dilios volte a Esparta para relatar os eventos.

Por outro lado, a Rainha Gorgo luta contra corrupção e violência enquanto tenta persuadir o Conselho a enviar reforços. Depois de eliminar o infiel Theron e revelar sua conexão com os persas, ela é capaz de angariar o respaldo do Conselho.

No confronto decisivo, Leônidas fere Xerxes com uma lança, demonstrando que até mesmo um “deus-rei” pode sangrar. Os Espartanos são aniquilados, porém, seu sacrifício inspira toda a Grécia. Um ano mais tarde, Dilios comanda um exército unificado de milhares de gregos em direção à Batalha de Plateias, finalizando o filme com o espírito de bravura e honra eternizado.

Em que foi baseado 300?

Acima de tudo, o filme “300”, um ícone visual no cinema, foi inspirado em uma história em quadrinhos de mesmo nome. Frank Miller, uma personalidade incontestável e um dos quadrinistas mais influentes e reconhecidos na história dos quadrinhos contemporâneos, foi o autor desta obra. Em suma, Miller é reconhecido pela sua habilidade em desenvolver narrativas profundas e ambientes visuais impactantes, atributos que se manifestam em suas obras premiadas. 

Ele é autor de várias histórias em quadrinhos bem-sucedidas, que redefiniram gêneros e impactarão várias gerações de artistas. Exemplos disso incluem “Batman: Year One” (1987), que revigorou o mito do Cavaleiro das Trevas; “The Dark Knight Returns” (1986), uma perspectiva sombria e distópica do futuro do Batman; e a série “Sin City”, famosa pelo seu estilo noir e violência estilizada.

Vale ressaltar, que “300” é uma adaptação estilizada da HQ de Frank Miller, que por sua vez é inspirada na Batalha das Termópilas, mas com muitas liberdades artísticas e elementos fictícios para dramatizar a narrativa e a estética visual.

Direção de fotografia de 300

O filme já inicia com caveiras assombrosas sendo iluminadas pelo brilho de relâmpagos, uma alusão a firmeza e a impiedade de Zeus? A estética do filme a essa altura já se mostra bem exagerada, com um sábio avaliando um bebe, com um fundo totalmente escuro, uma paleta de cores amarela escura, e um penhasco cheio de fumaça. A obra toda é retratada com cores bem dessaturadas, e com valores de luz e sombra bem marcados.

Em geral, “300” se destaca pela direção de fotografia. A cena em que Stelios e Astinos lutam lado a lado exemplifica a estética coreografada e heroica que Zack Snyder impõe a 300. Com o suporte de Larry Fong na direção de fotografia, Snyder transforma o combate em espetáculo visual: a câmera gira ao redor dos personagens em sincronia com seus movimentos, como se o próprio espectador participasse do balé violento.

A alternância entre câmera lenta e cortes rápidos, característica recorrente na filmografia de Snyder, intensifica o peso simbólico de cada golpe. Mais do que registrar a luta, a câmera celebra a glória de morrer em combate. Por fim, a identidade visual que torna esse filme tão marcante é atribuída majoritariamente pela direção de fotografia.

Roteiro do filme

“O mundo saberá que homens livres lutaram contra um tirano, que poucos lutaram contra muitos. E antes do fim da batalha… que mesmo um deus rei sangrou”. Essas palavras foram providenciadas por Leônidas no filme, e é uma prova de que o roteiro é um dos seus pontos mais interessantes.

É narração de Dilios e nos diálogos entre os personagens que o tom épico e trágico que tanto caracteriza as histórias da antiga Grécia. São altamente teatrais, quase como falas de personagens em uma tragédia grega ou em um poema épico.

Ainda, no início somos conduzidos por uma narração feita por Dilios, um sobrevivente da batalha contra Xerxes. Em outras palavras, uma metáfora entre a luta entre um espartano e um lobo, e um corredor entre uma montanha.

Dessa maneira, essa construção verbal grandiosa, que transita entre o mito e a memória, é mérito direto dos roteiristas Zack Snyder, Kurt Johnstad e Michael Gordon, que conseguiram adaptar com precisão o espírito da graphic novel de Frank Miller, elevando-o a um patamar cinematográfico. Entre estilização e poesia, os roteiristas desse filme conseguiram tornar as palavras um dos principais pilares que tornam esse filme marcante.

Maiores exageros do filme

Antes de mais nada, “300” (2006) aparenta ser um filme propositalmente caricatural, inspirado na obra gráfica de Frank Miller, e não em registros históricos autênticos. Significa que o longa-metragem aceita os exageros como elementos de sua estética mítica. Alguns desses exageros são:

Monstros e gigantes: O exército persa é representado como um espetáculo de horrores: guerreiros com anomalias físicas, seres com lâminas nos braços, gigantes com joias no rosto, animais selvagens e até rinocerontes em combate.

Leonidas alpinista: Ainda no primeiro ato, após Leônidas matar o mensageiro de Xerxes, ele vai consultar os Éforos, líderes religiosos dos deuses antigos

Ausência de armaduras: Os espartanos lutam quase nus. Apenas capas vermelhas, capacetes, lanças e escudos. Guerreiros espartanos usavam armaduras de bronze completas. Ninguém ia sem proteção para a guerra.

O deus rei: No filme, Xerxes é retratado como um ser andrógino, de voz grave e corpo imenso, coberto de piercings, quase flutuando. Xerxes era um rei persa poderoso, mas humano, e não há registros de que se apresentava de forma tão teatral.

O filme não pretende reconstituir a Batalha das Termópilas com precisão documental, e sim transformar esse episódio em uma lenda estilizada sobre coragem, sacrifício e resistência. Portanto, e um espetáculo visual que abraça o épico, o absurdo e o fantástico como parte de sua proposta narrativa.

Crítica

A princípio, recepção da crítica para com esse filme se mostrou bem positiva até agora. Um exemplo disso é a avaliação do público no Rotten Tomatoes, onde “300” alcançou 89% de aprovação em uma escala de mais de 250 mil votos. Além disso, o filme alcançou 7.6/10 estrelas no IMDB, o que é considerada uma classificação bastante positiva também.

Em resumo, “300” foi amplamente aplaudido por sua estética visual inovadora e por ser um espetáculo de ação e entretenimento. seu sucesso de bilheteria e seu impacto cultural duradouro mostram que, para o público em geral, o estilo e a energia do filme prevaleceram apesar de ter se passado mais de uma década desde o dia em que foi lançado.

Orçamento e bilheteria de 300

O filme “300” foi lançado em 09 de março de 2007, nos Estados Unidos. Esse filme teve um custo estimado em US$  65 milhões. Se compararmos essa adaptação a outros grandes lançamentos, podemos perceber o quão “barata” foi essa produção. Por exemplo, “Homem-Aranha 3” custou US$ 258 milhões para ser feito, e “Piratas do Caribe: No Fim do Mundo” custou incríveis US$ 300 milhões.

“300” teve uma bilheteria mundial de US$ 456 milhões. Desse total, US$ 210 foram arrecadados na América do Norte e US$ 245 internacionalmente. Dessa forma, “300” foi considerado um grande sucesso comercial, e sem dúvidas um dos filmes mais rentáveis do ano, levando em conta seu custo e benefício.

Trilha sonora de 300

A trilha sonora de “300” é composta por Tyler Bates, que também compôs álbuns para grandes sucessos como “John Wick: Baba Yaga”, “Deadpool 2”, e “Guardiões da Galáxia”. O exagero de proporção na batalha do filme comparado a batalha real, não é um incômodo. Porém, o que realmente incomoda nesse filme é a trilha sonora. Misturar trama de época com músicas estridentes de rock moderno, é de arrancar os cabelos. 

Um exemplo disso é quando, a enorme e numerosa frota persa, aparentemente invencível, é pega de surpresa por uma tempestade de grande escala. Raios atravessam o céu sombrio, enquanto ondas poderosas devoram os navios um a um. Os mastros se despedaçam como pedras, os militares eram impotentes perante a fúria da natureza. Tudo é absorvido pela água. A música de fundo, tocada nessa cena, é To Victory, caracterizada por sons metálicos de guitarra, sintetizadores, e todos instrumentos que não tem nada haver com a cena.

Quando assisti essa cena tão apocalíptica e intensa passada em câmera lenta, não consegui parar de pensar diversas outras peças que tornaram a cena mais convincente. Como por exemplo, “Dies Irae” de Mozart, ou qualquer composição que utilize instrumentos clássicos, de corda e de sopro. Portanto, a trilha sonora desse longa metragem é um de seus pontos mais fracos.

Conclusão 

“300” apelar para exageros e estilizações de modo exacerbado. Isso, com o passar do tempo, tornou a adaptação caricata. Em outras palavras, primeiro o filme se mostrou marcante por sua estética e roteiro teatral, e continuou se perdendo por sua abordagem absurda de representar as guerras Greco-Persas. Talvez, essa não tenha sido a real intenção de Zack Snyder a princípio, mas deu muito certo.

Esta caricatura não tem a intenção de distorcer acontecimentos, mas sim de intensificar a mitologia e o heroísmo. Leônidas e seus 300 espartanos são representados como emblemas quase sagrados de bravura e desafio, fazendo da Batalha das Termópilas uma lenda ainda mais grandiosa. Por fim, a magnitude dos adversários e a brutalidade gráfica, frequentemente surreal, realçam a enorme desvantagem numérica e o ato heroico, elevando a história a um nível mítico e inesquecível, que persiste em cativar e polarizar opiniões até os dias atuais. Até a próxima!

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