Primeira edição | 2001 |
Onde ocorre | São Paulo |
Fundador | Associação Brasileira de Cinematografia |
Tipo de premiação | Celebrar o trabalho técnico e artístico dos profissionais na produção cinematográfica e televisiva |
Quando é realizado? | Anualmente |
O Prêmio ABC de Cinematografia é um dos mais importantes prêmios da indústria cinematográfica brasileira, ligada principalmente ao setor da fotografia, arte, som e montagem.
Neste artigo, vamos mergulhar na história da premiação, conhecer um pouco sobre a sua construção e filmes de maior destaque ao longo de mais de duas décadas de realizações do evento. Acompanhe!
O que é o Prêmio ABC de Cinematografia?
Responsável por encerrar a Semana ABC, o Prêmio ABC de Cinematografia se destaca como um dos mais importantes reconhecimentos na indústria cinematográfica brasileira, celebrando a excelência técnica e artística nas áreas de direção de arte, fotografia, som e montagem.
Nesse caso, a premiação é entregue anualmente pela Associação Brasileira de Cinematografia, e mantém como uma das características notáveis a sua abrangência. Isso porque todos os filmes de longa-metragem que possuem lançamento comercial no Brasil têm a oportunidade de concorrer nas categorias principais do prêmio.
Isso significa que as obras que cativaram o público nas telas grandes, com suas imagens cativantes e trilhas sonoras envolventes, têm a chance de serem reconhecidas e celebradas por seu mérito cinematográfico.
Além das categorias principais, a ABC também reconhece o talento em outras áreas essenciais da produção audiovisual. Categorias como curta-metragem, videoclipe, programa de televisão, filme estudantil e publicidade permitem que uma gama diversificada de projetos seja contemplada, ressaltando a riqueza da criatividade presente na indústria do entretenimento.
Outra característica única do Prêmio ABC de Cinematografia é o método de seleção dos vencedores. Os agraciados são escolhidos por votação dos próprios associados da Associação Brasileira de Cinematografia. Isso significa que os profissionais que compreendem verdadeiramente os desafios e conquistas de suas áreas são os responsáveis por eleger seus pares mais notáveis. Vale lembrar que o evento considera sempre as produções realizadas no ano anterior.
Quando o Prêmio ABC de Cinematografia foi criado?
A celebração foi criada em 2001, ano em que aconteceu a primeira edição e entrega dos prêmios.
Quem criou o Prêmio ABC de Cinematografia?
Como já mencionado acima, o grande nome por trás do Prêmio ABC de Cinematografia é a própria Associação Brasileira de Cinematografia. É daí, justamente, que surge o nome da premiação, onde ABC designa a associação em si.
Um pouco da história da premiação
Para entender a relevância do prêmio, e seu destaque dentro da indústria cinematográfica brasileira, é importante conhecer um pouco de sua história. Acompanhe!
A Associação Brasileira de Cinematografia
A compreensão sobre o desenvolvimento do Prêmio ABC de Cinematografia está diretamente ligada à própria fundação da Associação Brasileira de Cinematografia.
Criada no ano de 2000, a ABC reúne diversos profissionais da indústria audiovisual brasileira. E seu objetivo é justamente incentivar a troca de ideias, bem como de informações, a fim de democratizar o aperfeiçoamento artístico e técnico da categoria.
Nesse caso, a ABC é uma afiliada direta da Federação Latino-americana de Autores de Fotografia Cinematográfica (FELAFC) e da International Federation of Cinematographers (IMAGO).
Atualmente, mais de 439 profissionais atuam como sócios dentro da organização, sendo os grandes responsáveis por comandar não apenas o Prêmio ABC de Cinematografia, mas os demais eventos ligados à associação.
O prêmio, em todo caso, surgiu como a cereja do bolo de um projeto maior, coroando e incentivando o aperfeiçoamento das produções no setor.
A Semana ABC
Outro ponto importante a considerar dentro da contextualização sobre o Prêmio ABC de Cinematografia é a Semana ABC. Realizada desde os anos iniciais da criação da associação, o evento busca promover painéis, conferências e debates, reunindo diversas personalidades do campo cinematográfico, sejam do Brasil ou de outros países, além de profissionais ligados ao setor audiovisual, cinema e pessoas interessadas.
A celebração é um local voltado para a discussão sobre temas atuais, novidades no setor, tendências novas, etc. E o Prêmio ABC é justamente o evento de encerramento dessa semana.
Dessa forma, a história da ABC, Semana ABC e Prêmio ABC misturam-se dentro desse mesmo período, partindo do início do milênio até os dias atuais.
A evolução das categorias do prêmio
No ano de 2001, a premiação surgiu com um formato um pouco mais enxuto, que pouco a pouco foi sendo incrementado nas edições seguintes. Para se ter uma ideia, nesse evento inaugural, havia apenas 6 categorias. Eram elas:
- Direção de Fotografia Longa-Metragem;
- Direção de Fotografia Curta- Metragem;
- Direção de Fotografia Videoclipe;
- Direção de Fotografia Programa de TV;
- Direção de Fotografia Publicidade;
- Prêmio ABC pela Obra;
Já atualmente, são contempladas 14 categorias dentro do Prêmio ABC de Cinematografia, ligadas a setores diversos. São elas:
- Melhor Direção de Fotografia Longa-Metragem (Ficção e Documentário)
- Melhor Montagem Longa-Metragem (Ficção e Documentário)
- Melhor Equipe de Som Longa-Metragem (Ficção e Documentário)
- Melhor Direção de Arte Longa-Metragem (apenas na categoria de Ficção)
- Melhor Direção de Fotografia, Melhor Direção de Arte e Melhor Equipe de Som (Série de TV)
- Melhor Direção de Fotografia (Filme Publicitário)
- Melhor Direção de Fotografia (Curta-Metragem)
- Melhor Direção de Fotografia (Filme Estudantil)
- Melhor Direção de Fotografia (Videoclipe)
Longas de destaque no Prêmio ABC de Cinematografia
Em mais de duas décadas de realização, diversas obras conseguiram feitos incríveis dentro da premiação. Nesse caso, uma que vale a pena salientar são os longa-metragens que se sagraram vencedores de todas ou quase todas as categorias principais nas quais concorreram.
Apesar de improvável, o fato já aconteceu algumas vezes, em muito pela alta qualidade das produções, que não deixaram margem para os demais concorrentes. Veja os destaques!
Cidade de Deus
Já no primeiro ano de abertura de mais categorias voltadas unicamente aos longa-metragens, o filme “Cidade de Deus” se saiu vencedor nas 3 em que concorreu. Isso aconteceu durante o Prêmio ABC 2003, com a obra sendo coroada com os prêmios de:
- Direção de Fotografia (César Charlone)
- Direção de Arte (Tulé Peak)
- Som (Guilherme Ayrosa, Alessandro Laroca e Paulo Nunes)
“Cidade de Deus”, dirigido por Fernando Meirelles, é uma saga que mergulha na vida dos habitantes de uma favela violenta no Rio de Janeiro. O filme segue a trajetória de Buscapé, um jovem aspirante a fotógrafo, enquanto testemunha o surgimento do tráfico de drogas e a brutalidade que consome a comunidade.
A trama interliga personagens marcantes, como o impiedoso Zé Pequeno e o carismático Bené. Com atuações notáveis de Leandro Firmino, Alexandre Rodrigues e Alice Braga, o filme explora a realidade crua das favelas, retratando suas lutas, sonhos e desafios em uma narrativa intensa e impactante.
O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias
Na edição de 2007 do Prêmio ABC de Cinematografia foi a vez de “O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias” ganhar destaque, ao vencer 4 categorias nas quais disputou:
- Direção de Fotografia (Adriano Goldman)
- Direção de Arte (Cássio Amarante)
- Som (Alessandro Laroca, Romeu Quinto e Armando Torres Jr.)
- Montagem (Daniel Rezende)
“O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias”, dirigido por Cao Hamburger, é uma emocionante história ambientada no turbulento período da ditadura militar no Brasil. A trama acompanha Mauro, interpretado por Michel Joelsas, um jovem de 12 anos, cujos pais precisam se ausentar devido à perseguição política.
Deixado na casa de um desconhecido avô, Mauro se conecta com a vizinhança multicultural, especialmente com Hanna, uma jovem judia, vivida por Daniela Piepszyk, e Mário, um amante do futebol, interpretado por Germano Haiut. O filme aborda temas de amizade, pertencimento e descoberta pessoal, em meio a um contexto histórico desafiador.
Ensaio Sobre a Cegueira
Dois anos mais tarde, no Prêmio ABC 2009, o filme “Ensaio Sobre a Cegueira” também venceu 4 categorias do evento:
- Direção de Fotografia (César Charlone)
- Direção de Arte (Tulé Peak)
- Melhor Som (Guilherme Ayrosa, Lu Solakofisk, Alessandro Laroca e Armando Torres)
- Montagem (Daniel Resende)
“Ensaio Sobre a Cegueira”, dirigido por Fernando Meirelles, é uma adaptação cinematográfica do renomado romance homônimo de José Saramago. O filme, apesar de ser uma co-produção internacional, tem suas raízes no Brasil.
A trama se desenrola em uma cidade grande, onde uma epidemia de cegueira súbita e inexplicável se espalha, mergulhando a sociedade no caos. Julianne Moore e Mark Ruffalo lideram um elenco talentoso. O filme explora a fragilidade da condição humana e a luta pela sobrevivência, enquanto os personagens confrontam os aspectos mais sombrios e instintivos da natureza humana.
O Palhaço
No Prêmio ABC 2012, o filme “O Palhaço” também venceu 4 categorias ligadas aos longa-metragens, sendo o grande destaque da edição. Foram elas:
- Melhor Direção de Fotografia (Adrian Teijido)
- Melhor Direção de Arte (Cláudio Peixoto)
- Melhor Som (Paulo Gama, George Saldanha e Luiz Adelmo)
- Melhor Montagem (Selton Mello e Marília Moraes)
“O Palhaço”, sendo uma obra-prima do cinema brasileiro, é uma jornada emocionalmente cativante co-escrita, dirigida e também estrelada pelo talentoso Selton Mello.
O filme nos transporta para o mundo itinerante do circo, seguindo a história de Benjamin, interpretado por Mello, um palhaço que questiona sua própria felicidade e busca por um sentido mais profundo na vida.
Acompanhado por seu pai, vivido por Paulo José, Benjamin viaja por pequenas cidades, encantando plateias com suas habilidades cômicas, mas lutando com seus próprios anseios interiores.
Assim, por estar frustrado, ele então decide que irá abandonar de vez a sua vida artística e começar um trabalho comum em uma empresa, que fica distante de sua cidade. A escolha, é claro, acaba interferindo diretamente na vida de todos, não apenas a dele.
A narrativa habilmente entrelaça momentos de alegria e tristeza, explorando temas universais de identidade, auto-descoberta e a busca por um lugar onde se pertencer.
Chatô – O Rei do Brasil
Após “O Palhaço”, em 2012, foi somente no Prêmio ABC 2016 que um longa venceu novamente as 4 categorias principais, com “Chatô – O Rei do Brasil”, que ficou com os prêmios de:
- Melhor Direção de Fotografia (José Roberto Eliezer)
- Melhor Direção de Arte (Gualter Pupo)
- Melhor Montagem (Umberto Martins e Felipe Lacerda)
- Melhor Som (Mark Willigen, Sérgio Fouad, Pedro Lima e Marcelo Cyro)
“Chatô – O Rei do Brasil” conta com a direção de Guilherme Fontes e é baseado na obra de Fernando Morais, retratando de forma romântica a vida de Assis Chateaubriand, um magnata da comunicação e fundador dos Diários Associados.
Com atuações marcantes de Marco Ricca, Andréa Beltrão e Paulo Betti, o filme nos leva a uma jornada pela influência de Chatô no cenário midiático do Brasil. A trama aborda sua ascensão, conexões políticas e relacionamentos pessoais, pintando um retrato vívido do Brasil do século XX. A narrativa examina o poder, os dilemas e os excessos desse visionário, oferecendo um vislumbre da era dourada da comunicação e da conturbada sociedade brasileira.
Elis
Já no ano seguinte, no Prêmio ABC de Cinematografia de 2017, o filme “Elis” venceu 3 categorias de destaque dentre os longas:
- Melhor Direção de Fotografia (Adrian Teijido)
- Melhor Direção de Arte (Frederico Pinto)
- Melhor Som (Jorge Rezende, Alessandro Laroca e Armando Torres Jr.)
“Elis”, dirigido por Hugo Prata, é uma emocionante homenagem à vida e à carreira da icônica cantora brasileira Elis Regina. O filme nos transporta através do tempo, narrando a jornada de uma jovem talentosa que cresce em meio à efervescência musical dos anos 60 e 70 no Brasil.
Com atuação marcante de Andréia Horta no papel principal, a obra captura os altos e baixos da trajetória de Elis, desde seu humilde começo até o estrelato. Explorando sua paixão pela música, relacionamentos e os desafios da fama, o filme oferece um vislumbre sensível e autêntico da mulher por trás da voz poderosa, e que ainda permanece viva na memória cultural brasileira.
Bingo – O Rei das Manhãs
Logo em seguida, no Prêmio ABC 2018, um novo destaque, com o filme “Bingo – O Rei das Manhãs” vencendo as 4 categorias:
- Melhor Direção de Fotografia (Lula Carvalho)
- Melhor Direção de Arte (Cássio Amarante)
- Melhor Montagem (Marcio Hashimoto)
- Melhor Som (Jorge Rezende, Armando Torres Jr, Renan Deodato, Alessandro Laroca e Eduardo Lima)
“Bingo – O Rei das Manhãs”, dirigido por Daniel Rezende, é uma obra dramática que explora os bastidores do entretenimento televisivo. O filme é inspirado por um período na vida de Arlindo Barreto, um dos intérpretes do famoso personagem infantil Bozo.
Interpretado por Vladimir Brichta, o protagonista Augusto se torna uma sensação como Bingo, o palhaço alegre e carismático que anima as manhãs das crianças. No entanto, por trás da maquiagem e da fama, Augusto luta com dilemas pessoais, perdendo-se nas armadilhas da vida extravagante das celebridades.
O filme revela os desafios emocionais enfrentados pelo protagonista, enquanto navega pelo conflito entre sua persona de palco e sua busca por autenticidade, envolto por um elenco talentoso, incluindo Emanuelle Araújo, Leandra Leal e o saudoso Domingos Montagner.
Bacurau
No Prêmio ABC de Cinematografia de 2020, o filme “Bacurau” também marcou seu nome na história do evento ao levar 4 categorias entre os longas:
- Melhor Direção de Fotografia (Pedro Sotero)
- Melhor Direção de Arte (Thales Junqueira)
- Melhor Montagem (Eduardo Serrano)
- Melhor Som (Nicolas Hallet, Cyril Holtz e Ricardo Cutz)
“Bacurau” é uma co-produção franco-brasileira dirigida por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, sendo um filme impactante e distópico que explora temas de resistência, identidade e poder.
A narrativa se desenrola na pequena cidade de Bacurau, situada no sertão de Pernambuco, no Brasil. Após a morte de sua matriarca, Carmelita, a comunidade enfrenta eventos misteriosos e perturbadores. Drones no céu e a chegada de estrangeiros ameaçadores desencadeiam um confronto de sobrevivência e confronto.
Sônia Braga lidera o elenco, trazendo profundidade à personagem Domingas, enquanto outros talentosos atores, como Udo Kier, Bárbara Colen e Silvero Pereira, dão vida a figuras memoráveis da cidade.
A obra combina elementos de ficção científica e suspense, construindo uma atmosfera intensa e surreal. À medida que os moradores se unem para enfrentar uma ameaça aparentemente inexplicável, o filme questiona as noções de comunidade, história e resistência.
Marighella
Por fim, o último longa a “gabaritar” todas as categorias principais foi o filme “Marighella”, no Prêmio ABC 2022, vencendo como:
- Melhor Direção de Fotografia (Adrian Teijido)
- Melhor Direção de Arte (Frederico Pinto)
- Melhor Montagem (Lucas Gonzaga)
- Melhor Equipe de Som (George Saldanha, Alessandro Laroca e Eduardo Virmond)
“Marighella”, dirigido por Wagner Moura, é uma obra cinematográfica impactante que traz à vida a história do político, escritor e guerrilheiro brasileiro Carlos Marighella. Situado em 1969, o filme mergulha nos tumultuados anos da ditadura militar no Brasil. Marighella, interpretado por Seu Jorge, emerge como um líder audacioso que desafia tanto o regime autoritário quanto a hesitante esquerda brasileira.
Com atuações notáveis de Bruno Gagliasso e Luiz Carlos Vasconcelos, o filme retrata a determinação de Marighella em enfrentar as adversidades, resistindo à opressão enquanto busca unir forças para lutar por mudanças.
Wagner Moura tece uma narrativa emocionalmente intensa, destacando os dilemas pessoais e as escolhas corajosas que definem a trajetória de Marighella. O filme não apenas homenageia o legado do protagonista, mas também ilumina um capítulo crucial da história do Brasil, celebrando a coragem e a determinação daqueles que se levantam contra a injustiça.
Considerações finais
Como foi possível observar, o Prêmio ABC de Cinematografia tem um destaque importante dentro da indústria do cinema nacional, trazendo contribuições para a valorização e aperfeiçoamento do setor. Não à toa, ajudou a coroar os bons trabalhos realizados em alguns dos clássicos do cinema no Brasil, a exemplo de Cidade de Deus.