Em entrevista ao jornal francês Le Journal du Dimanche, Woody Allen revelou que pretende se mudar para Paris em setembro desse ano para começar a rodar seu novo filme que, segundo o diretor, será todo falado em francês e contará com um elenco inteiramente de atores franceses. Esse deve ser, portanto, o primeiro filme de Allen a não ter o inglês como língua principal. Segundo o diretor, a obra será um “thriller romântico” e terá estilo parecido com o de Match Point (2005), que ainda hoje é um dos maiores sucessos de crítica e público da carreira de Allen e também um de seus filmes favoritos.
Esse será o 50.º filme da carreira do diretor e, segundo ele próprio, deve ser seu último. Allen, que já está a ponto de completar 87 anos, disse recentemente que sua “excitação” em fazer filmes “acabou”. O diretor filmou na França uma de suas obras mais clássicas, Meia-Noite em Paris (2011), uma mistura de comédia com fantasia, que foi um dos filmes mais premiados de 2011 e arrecadou mais de 150 milhões em bilheterias.
Allen, no entanto, tem tido dificuldades para financiar suas produções mais recentes e por não achar financiadores nos Estados Unidos teve que se mudar para a Europa. O diretor sempre teve problemas para encontrar quem pagasse pela produção de suas obras, já que ele sempre foi considerado um diretor de “filmes cults e arte que não davam bilheteria”. Contudo, o problema se agravou bastante depois que acusações de abuso sexual feitas contra ele nos anos 90 ressurgiram com tudo na esteira do Movimento MeToo.
Pária em Hollywood
Desde então, Woody Allen tem vivido mais recluso e não tem feito muitos filmes. O cineasta costumava dirigir ao menos um filme por ano. Desde 2017, contudo, ele só dirigiu duas obras: Roda Gigante (2017) e Um Dia de Chuva em Nova York (2019). Nenhuma das duas, no entanto, fez sucesso com o público ou com a crítica especializada. Além disso, Um Dia de Chuva em Nova York teve, inclusive, problemas sérios de distribuição. O filme foi engavetado e acabou sendo distribuído de maneira bastante limitada em território norte-americano.
Além de tudo isso, o diretor que antes era um queridinho dos atores, que praticamente imploravam para trabalhar com ele. Agora parece também ter problemas em conseguir recrutar intérpretes para suas produções, com diversos atores e atrizes famosos tentando se desvincular de seu nome. Por esse motivo também, filmar na Europa, com um elenco europeu, parece ser uma solução para todos esses problemas.
Agora, é esperar para ver se o novo filme de Allen sai mesmo, já que o diretor está há quase cinco anos sem dirigir nenhum longa-metragem.
