Branca de Neve (2025)
Branca de Neve/Teaser - Imagem: Disney Pictures

Em uma reinterpretação obscura do clássico, Branca de Neve inicia com o nascimento de uma princesa em meio a uma nevasca, representando a esperança. Depois da morte da rainha, o monarca se une a uma mulher enigmática que, ao assumir o trono após o sumiço do monarca, se revela uma feiticeira impiedosa e orgulhosa.

Durante seu domínio tirano, o povo é explorado e Branca de Neve é obrigada a trabalhar como criada no palácio. Ao anunciar que a moça é agora “a mais bela de todas”, a Rainha ordena seu assassinato. A princesa escapa para a floresta com a assistência do caçador e se refugia com sete entidades mágicas que labutam numa mina de diamantes.

Branca de Neve se depara com Jonathan, o comandante de um grupo de rebeldes. Eles confrontam os guardas, expressam emoções e acreditam que o monarca ainda pode estar entre nós. No entanto, a Rainha, de forma oculta, envenena Branca de Neve com uma maçã mágica.

A princesa, salva pelo beijo de Jonathan, reúne aliados – mineradores, criminosos, caçadores e a população – para lutar contra a Rainha. Por fim, no confronto decisivo, Branca de Neve se nega a buscar vingança e invoca a lembrança do reino justo de seus antepassados. A população se revolta contra a vilã, que perde seu poder ao desmantelar o Espelho, que era a sua principal fonte de poder, sendo devorada por ele.

Direção de Branca de Neve

A princípio, Marc Webb dirigiu Branca de Neve (2025), o cineasta tem um histórico curto, como diretor, na indústria cinematográfica. Algumas obras de sucessos que compõem sua filmografia incluem: “O Espetacular Homem-Aranha” e “Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro”. 

Em resumo, a identidade visual que esse diretor conseguiu projetar nesse live action é caracterizada por paleta de cores bem vívidas, e muitos focos luminosos, o que abriu bastante margem para cenas com muito contraste. Por exemplo, o castelo da rainha Má, além de ser gigantesco e escuro, é repleta de janelas de vidro que refletem muita luz artificial. A estética desse longa é o ponto mais forte, de fato.

Dessa forma, os efeitos especiais possibilitaram cenários e personagens fluidos, por exemplo os 7 anões são bem fieis aos do clássico, mas carecem de personalidade. Branca de Neve (2025), apesar do evidente cuidado visual e habilidade técnica em cenas de alto contraste e cenários digitais, demonstra um desequilíbrio evidente entre forma e conteúdo. Portanto, a direção de arte é rica, porém frequentemente parece preencher as lacunas deixadas por personagens pouco desenvolvidos e uma história sem o significado simbólico do trabalho original.

Diferenças com relação à obra original

Inegavelmente Branca de Neve é uma das obras mais bem construídas da Disney. A proposta simples de de uma garota oprimida no próprio ambiente, gera identificação no público, ao ponto de se perdurar nos dias de hoje. E quando uma obra tão familiar tem a natureza de sua proposta deturpada, se torna um prato cheio para a crítica. Algumas das modificações mais graves do filme incluem:

O Príncipe: Na clássica animação Disney Branca de Neve e os Sete Anões (1937), o Príncipe Encantado encarna um arquétipo fundamental dos contos de fadas: ele é o “resgatador”, aquele que desfaz o encantamento e restabelece a ordem com um “abraço de amor genuíno”. Na versão Marc Webb, o príncipe foi excluído. Sé essa mudança, já ressignificou toda a obra.

Primeiras palavras: Dunga era símbolo de comunicação não-verbal e empatia, conquistando o público sem dizer uma palavra. Nessa versão, algumas interpretações indicam que a fala de Dunga pode simbolizar evolução pessoal ou até mesmo a superação de alguma restrição imposta, intensificando o tom de mudança que o filme aparenta buscar.

Coração de porco: Na animação, o caçador mata um animal, tira seu coração, e dá para a rainha, com o intuito de enganá-la. No live-action de 2025, o caçador dá uma maçã, ao invés de um coração.

Dessa maneira, Branca de Neve (2025) não apenas atualiza uma história, mas também a redefinição removendo figuras arquetípicas, suavizar momentos sombrios e reescrever códigos clássicos. Portanto, o desafio não reside em alterar, mas em manter a essência que fez de Branca de Neve uma personagem atemporal, mesmo quando se tenta, de forma frustrada, torná-la pertinente para as futuras gerações.

Comparação com outros live actions

Branca de neve é uma das obras mais icônicas da história, assim, já recebeu diversas adaptações. A maioria delas caiu nas graças do público. Pensando nisso, podemos comparar algumas dessas adaptações com a versão atual. Dessa maneira podemos perceber alguns motivos do público ter rejeitado tanto o longa dirigido por Marc Webb.

Espelho, Espelho Meu (2012): Uma das representações mais bem produzidas sobre essa história. Estrelada por Lily Collins e dirigida por Tarsem Singh, esse longa não precisou usar CGI de forma excessiva para construir cenas extraordinárias. Além disso, a equipe de anões nesse filme se mostraram autênticos. Cada ator que representou os sete anões conseguiram projetar uma personalidade memorável.

A Branca de Neve e o Caçador: Essa versão é estrelada por Kristen Stewart, e dirigida por Rupert Sanders. Nesse longa presenciamos a construção de uma Branca de Neve forte, que veste uma armadura e, literalmente, vai para guerra. Uma das maiores provas de que dá para ter representatividade sem deturpar a essência de uma obra clássica.

Branca de Neve (2001): A adaptação de Branca de Neve: A Mais Bela de Todas, dirigida por Caroline Thompson (roteirista de Edward Mãos de Tesoura), é mais fiel aos contos de fadas originais dos Irmãos Grimm do que à versão da Disney.

Tais modificações demonstram que é viável reinterpretar Branca de Neve sem comprometer sua essência simbólica e emocional. Todas as versões bem-sucedidas souberam se adaptar ao seu tempo, mas preservaram as origens do conto, seja investindo no humor, na ação ou na fantasia obscura. Por outro lado, o live-action de 2025 parece ter confundido atualização com descaracterização, oferecendo um produto visualmente ousado, porém com uma narrativa desconexa. Em última análise, a questão não é a mudança, mas sim a perda do que fez a história ser eterna.

Orçamento e bilheteria de Branca de Neve

Branca de Neve 2025 custou uma quantia exorbitante de US$ 209 milhões. De fato, no ano de 2025, a produção Branca de Neve, sob a direção de Marc Webb, ganhou destaque não só por ser uma das mais onerosas do ano, mas também pelo seu desempenho abaixo do esperado nas bilheterias. Esse filme custou mais caro que grandes apostas, como “Capitão América: Admirável Mundo Novo”, “MineCraft” e “Covil de Ladrões 2”.

Até o momento o filme arrecadou apenas US$ 205 milhões, quantia que se quer, pagaria a produção de um novo filme. De fato, a bilheteria deste longa se mostrou consideravelmente abaixo do ponto de equilíbrio financeiro que, em média, fica em torno de US$ 450 milhões, levando em conta os custos extras de marketing e distribuição.

Este resultado vai além de um mero fracasso comercial, evidenciando uma crescente desconexão entre as escolhas criativas da Disney e as expectativas do público. Dessa forma, ao fazer apostas em alterações significativas numa obra clássica e investir quantias gigantescas sem assegurar aderência à narrativa ou apelo popular, Branca de Neve (2025) se transforma em um caso prático sobre os perigos de tentar reinventar ícones sem a sensibilidade necessária para balancear inovação e respeito ao original.

Trilha sonora

A música de Branca de Neve (2025) simboliza, de fato, um ambicioso esforço da Disney para atualizar musicalmente seu primeiro clássico animado, balanceando saudosismo e inovação. Elaborada por uma equipe de especialistas renomados, a trilha inclui tanto músicas inéditas quanto releituras de canções do filme de 1937.

Sem dúvidas, é um dos pontos fortes do filme, sobretudo a cantoria de Rachel Zigler e Gal Gadot. Uma curiosidade, é que Gadot não tinha experiência com musicais, e mesmo assim apresentou uma boa performance nesse longa. A atriz Rachel Zigler, por outro lado, já havia feito filmes musicais como “Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes”, e “West Side Story”. Por fim, a parte musical desse filme é um dos elementos que contribuem substancialmente para nossa experiência, realçando ainda mais o tom de magia do filme.

Conclusão

Nos últimos anos, a Disney tem empenhado um esforço desesperado para se adaptar aos novos “valores” sociais. Porém, isso vem sendo feito de maneira muito forçada, uma boa forma de se posicionar nesse novo cenaria seria, não adaptar reconstruir obras bem estabelecidas, mas sim, criar novas a partir do zero. por exemplo, os filmes “Valente” e “Moana”, representaram bem a figura da mulher forte. Esses exemplos deram muito certo, muito por conta de não precisarem deturpar nada do que já era familiar para o público.

Para todos os efeitos, a identidade de uma corporação como a Disney é só um reflexo da vontade do público. Dessa forma, Branca de Neve (2025) se tornou o maior fiasco da empresa durante esse ano, e levantou um alerta do quão nocivo pode ser para o entretenimento colocar viés ideológico acima da vontade da audiência. Até a próxima!

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