Icônica cena de Priscilla, a Rainha do Deserto. Distribuição: Roadshow Film Distributors.
Icônica cena de Priscilla, a Rainha do Deserto. Distribuição: Roadshow Film Distributors.

Priscilla pode estar de volta as estradas em breve. Isso porque, segundo reportagem exclusiva da revista norte-americana Deadline, uma continuação do cultuado filme de 1994 está em preparação e será filmada em breve. A informação foi confirmada pelo próprio diretor e roteirista de Priscilla, a Rainha do Deserto, Stephan Elliott. O cineasta disse que ele próprio dirigirá essa continuação e que também estará a cargo de escrever o roteiro desse novo filme. Elliott também confirmou que os três protagonistas do primeiro filme, Terence Stamp, Hugo Weaving e Guy Pearce, estarão na continuação.

“Vamos começar o novo filme na Austrália. O elenco original está a bordo, tenho um roteiro que todo mundo gosta, ainda estamos trabalhando em alguns acordos…Está acontecendo”, disse Elliott a Deadline. O diretor e roteirista também disse que o ônibus original que aparece e dá nome ao primeiro filme (“Priscilla”) estará na continuação. “Não sei como ele sobreviveu, mas temos um plano. Não se preocupe, o ônibus estará presente”, disse ele. O veículo, que foi alugado em 1993 para as filmagens da produção, ficou desaparecido por anos, mas foi reencontrado há algum tempo atrás em péssimo estado.

Tendo sofrido com a exposição a inundações e incêndios, o veículo foi adquirido pela History Trust of South Australia, uma organização do governo australiano, e será restaurado. Elliott também confirmou que fazia anos que ele queria filmar uma continuação do filme, mas não sabia como. “Eu só não tinha certeza, só não queria me repetir. Eu pensei, o que vou fazer? Colocá-los em um navio de cruzeiro, colocá-los em um trem?”, disse ele, que confirmou ainda que passou cinco anos trabalhando na ideia para essa continuação.

Terence Stamp, Guy Pearce e Hugo Weaving em cena de Priscilla, a Rainha do Deserto. Distribuição: Roadshow Film Distributors.
Terence Stamp, Guy Pearce e Hugo Weaving em cena de Priscilla, a Rainha do Deserto. Distribuição: Roadshow Film Distributors.

Contudo, o cineasta disse que só conseguiu realmente se concentrar em escrever um roteiro para a continuação depois das mortes de seu pai, em 2020, e de sua mãe, em 2023. Elliott disse que foi após a morte de sua mãe que ele “finalmente percebeu” que “tinha algo sobre o que escrever”. O cineasta disse ainda que o anúncio oficial do filme virá em breve quando todos os acordos tiverem sido finalizados e tudo estiver certo para o início das filmagens.

Priscilla, a Rainha do Deserto: Um clássico inesperado

Produzido com um orçamento de apenas 2 milhões de dólares e filmado todo em locação na Austrália, inclusive, em áreas desertas do país, Priscilla, a Rainha do Deserto tinha tudo para ser apenas mais um filme independente e pequeno, que seria visto por pouca gente, principalmente, cinéfilos e críticos de cinema. Contudo, seu roteiro original, criativo e bem-humorado e o desempenho formidável de seus três protagonistas fizerem com que o filme se tornasse, não apenas, um grande sucesso de crítica e público, mas também tivesse um grande impacto cultural ao longo dos anos.

Priscilla tem um elenco bastante reduzido e apenas três atores, Terence Stamp, Hugo Weaving e Guy Pearce, aparecem durante todo o filme. Eles interpretam duas drag queens e uma transsexual que resolvem viajar por todo o outback australiano (uma região desértica e inóspita), a bordo de um ônibus (“Priscilla”), afim de chegar até a cidade de Alice Springs, onde eles realizarão um show em um hotel. Entre os três atores do elenco, apenas Stamp tinha uma carreira internacional consolidada. O ator britânico já atuava desde os anos 1960 e já tinha até mesmo indicações ao Oscar, ao BAFTA e ao Globo de Ouro em seu currículo.

Por isso, Stamp foi escolhido para ser o protagonista do filme. O também britânico Hugo Weaving até que já tinha uma carreira relativamente sólida na Austrália, mas era praticamente um desconhecido fora do país. Já Guy Pearce estava em início de carreira e Priscilla foi seu terceiro papel no cinema. Não à toa, tanto Pearce quanto Weaving acabaram por ter uma carreira magnífica no cinema.

Priscilla, a Rainha do Deserto estreou em 15 de maio de 1994 no Festival de Cannes. O filme, no entanto, não foi exibido na mostra principal, mas sim na mostra “Un Certain Regard”, dedicada a filmes menores e independentes. Desde sua estreia, a obra causou alvoroço, sendo alvo de elogios por parte dos que a haviam assistido. Quando o filme chegou aos cinemas, ele arrecadou quase 30 milhões de dólares em bilheterias. Ou seja, mais de dez vezes o valor que ele custou para ser produzido.

Além disso, Priscilla foi amplamente elogiado pela crítica especializada, incluindo, críticos famosos como Roger Ebert e Janet Maslin. A obra também fez sucesso em festivais e foi indicado a diversos prêmios, incluindo indicações ao Oscar, ao Globo de Ouro e ao BAFTA. Atualmente, Priscilla, a Rainha do Deserto mantêm uma taxa de aprovação de 94% no Rotten Tomatoes, principal agregador de críticas especializadas da internet.

Para além de seu sucesso naquele momento, o filme se tornou quase que instantaneamente um clássico cult e teve um grande impacto cultural e social. Sendo um dos primeiros filmes a passar uma imagem positiva da comunidade LGBT a fazer sucesso comercial e atingir o público mainstream, a produção teve grande importância na aceitação dessa comunidade e também no combate a diversos preconceitos que existiam naquela época.

Da esquerda para a direita, Hugo Weaving, Guy Pearce e Terence Stamp em cena de Priscilla, a Rainha do Deserto. Distribuição: Roadshow Film Distributors.
Da esquerda para a direita, Hugo Weaving, Guy Pearce e Terence Stamp em cena de Priscilla, a Rainha do Deserto. Distribuição: Roadshow Film Distributors.

Além disso, a trilha sonora do filme fez bastante sucesso e ajudou a dar novo fôlego a canções que já haviam sido esquecidas pelo grande público e que depois de Priscilla passaram a, novamente, fazer sucesso. Igualmente, o figurino e a maquiagem do filme passaram a fazer bastante sucesso na comunidade LGBT.

Priscilla também ajudou, junto com outras produções da época, a fazer com que o cinema australiano tivesse um momento de bastante sucesso nos anos 1990. Fazendo com que os filmes que eram produzidos naquele país fossem muito bem recebidos internacionalmente. Por tudo isso, é possível dizer que uma continuação de Priscilla, a Rainha do Deserto será muito bem recebida, não apenas pelos fãs originais do filme, mas também por todos os cinéfilos de plantão.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui