Poster de Convenção das Bruxas. Distribuição: Warner Bros. Pictures.
Poster de Convenção das Bruxas. Distribuição: Warner Bros. Pictures.

Se você assistia a Sessão da Tarde ou ao Cinema em Casa no final dos anos 1990 ou início dos anos 2000 é quase certo que você já assistiu pelo menos uma vez a Convenção das Bruxas. O filme lançado em 1990 acabou por se transformar aqui no Brasil em um “clássico da Sessão da Tarde”, ou melhor, do Cinema em Casa, onde a produção era exibida frequentemente. Por isso, o filme acabou por se tornar um queridinho de muita gente que era criança ou adolescente nessa época. Muita gente também tinha medo da personagem de Anjelica Huston que interpretava a Grande Rainha das Bruxas, a principal vilã do filme.

Contudo, convenção das Bruxas é bem mais do que um simples filme que passava na Sessão da Tarde ou no Cinema em Casa, a produção é uma das mais elogiadas adaptações da obra do genial escritor britânico Roald Dahl. E é sobre isso que falaremos hoje. Detalharemos todos os aspectos de Convenção das Bruxas e ainda faremos uma análise completa dessa obra. Se você quer saber mais sobre o filme, continue conosco e leia esse texto até o final. Ah, e não se esqueça que esse texto contêm alguns spoilers.

Convenção das Bruxas: uma reunião das piores criaturas da Terra

O jovem Luke Eveshim (Jasen Fisher), que acabou de perder seus pais em um trágico acidente de carro, vai morar com sua avó, Helga Eveshim (Mai Zetterling), uma senhora bastante experiente e que lhe ensina tudo sobre o mundo das bruxas e como escapar delas. Helga, no entanto, é diagnosticada com diabetes e para descansar um pouco, vão passar um tempo em um hotel a beira mar na costa sul da Inglaterra.

Mai Zetterling e Jasen Fisher em cena de Convenção das Bruxas. Distribuição: Warner Bros. Pictures.
Mai Zetterling e Jasen Fisher em cena de Convenção das Bruxas. Distribuição: Warner Bros. Pictures.

Coincidentemente, nesse mesmo hotel, também está ocorrendo uma grande convenção. Apesar de a tal convenção ser, aparentemente, de um grupo de filantropas da Sociedade Nacional para a Prevenção da Crueldade contra Crianças, a reunião é, na verdade, um encontro de todas as bruxas da Inglaterra. Lideradas pela Grande Rainha das Bruxas, elas são apresentadas a um plano final para destruir todas as crianças do país.

Plano esse, que pode ser também reproduzido no mundo todo. Desavisadamente, o pobre Luke acaba por descobrir esse plano e, nesse meio tempo, é transformado em um rato pelas malvadas bruxas, que também transformam seu recém conhecido amigo, o glutão Bruno Jenkins, em um roedor. Agora, Luke e sua avó têm que impedir as bruxas de seguirem com seu plano e assim salvar as vidas das crianças da Inglaterra e do resto do mundo.

É basicamente esse o enredo de Convenção das Bruxas, filme de fantasia que foi lançado em 1990 nos Estados Unidos e na Inglaterra e acabou de tornando um sucesso moderado de público e um grande sucesso de crítica, na época de seu lançamento. Ao ser lançado em VHS e também chegar as televisões norte-americanas, no entanto, o filme acabou se tornando um clássico cult, adorado por muita gente. A produção reuniu grandes talentos, mas também teve diversas dificuldades de produção e, principalmente durante seu lançamento. Falaremos sobre todos eles abaixo.

Convenção das Bruxas: O “último filme” de muita gente

Coincidentemente, Convenção das Bruxas foi o último trabalho desenvolvido pessoalmente pelo genial marionetista Jim Henson. Ele, inclusive, foi produtor executivo do filme e sua produtora, a Jim Henson Productions (que existe até hoje), foi uma das produtoras da obra ao lado da Lorimar Film Entertainment. Henson morreria em 16 de maio de 1990, aos 53 anos de idade. Ele nem sequer veria o lançamento comercial de Convenção das Bruxas nos Estados Unidos. Já que a produção só estreou comercialmente em solo americano em 24 de agosto daquele ano.

Além disso, o filme também seria o último a ser adaptado de uma obra de Roald Dahl, enquanto o genial escritor britânico ainda estava vivo. Dahl, inclusive, participou (e palpitou) ativamente da produção do filme, como ele normalmente fazia quando algum de seus livros era adaptado para o cinema. Dahl morreria em 23 de novembro de 1990, aos 74 anos de idade e chegaria a ver Convenção das Bruxas sendo lançado nos cinemas.

Anjelica Huston, com toda maquiagem mostrando a verdadeira aparência da Grande Rainha das Bruxas. Distribuição: Warner Bros. Pictures.
Anjelica Huston, com toda maquiagem mostrando a verdadeira aparência da Grande Rainha das Bruxas. Distribuição: Warner Bros. Pictures.

Agora lembra que falamos da Lorimar Film Entertainment, que foi uma das produtoras do filme. Pois bem, Convenção das Bruxas também foi o último filme produzido pela empresa que deixou de existir em 1993. A produtora, no entanto, parou de fazer filmes em 1990 e também deixou de distribuir as suas produções em 1988, quando foi comprada pela Warner Bros. Assim, esse filme foi o último produzido por eles.

Aliás, as dificuldades nas bilheterias enfrentadas por Convenção das Bruxas ocorreram muito em função do fim da Lorimar Film Entertainment. O filme foi produzido a um custo aproximado de 11 milhões de dólares e arrecadou pouco mais de 15 milhões de dólares em bilheterias. Contudo, devido aos problemas com a Lorimar, a produção teve uma distribuição discreta e limitada.

Isso porque, Convenção das Bruxas deveria ter sido distribuido pela própria Lorimar Film Entertainment. Contudo, com sua compra pela Warner Bros., sua divisão de distribuição de filmes foi fechada e, por isso, o filme ficou engavetado por um ano, mesmo já estando totalmente pronto para ser lançado. Quando a Warner Bros. decidiu ela mesmo lançar a obra nos cinemas, esse lançamento foi feito de forma bem discreta.

Inicialmente, em feveiro de 1990, a produção estreou em apenas nove cinemas de Orlando, na Flórida e Sacramento, na Califórnia, como forma de “testar” o filme. Só em 25 de maio de 1990, o filme estreou comercialmente na Inglaterra. A obra deveria estrear também comercialmente nos Estados Unidos nessa mesma data, mas a Warner Bros. adiou essa estreia para 24 de agosto daquele ano. Mesmo assim, como dito assim, o filme ainda conseguiu arrecadar mais do que custou para ser produzido.

Duas bruxas, se transformando em ratos no final do filme. Distribuição: Warner Bros. Pictures.
Duas bruxas, se transformando em ratos no final do filme. Distribuição: Warner Bros. Pictures.

Em mais uma “curiosidade macabra”, Convenção das Bruxas foi também o penúltimo filme Mai Zetterling. A cultuada atriz sueca ainda atuaria em mais um longa-metragem, chamado “Grandpa’s Journey”, em sua terra natal antes de falecer aos 68 anos de idade em 17 de março de 1994. Talvez um dos motivos que tornem essa produção tão especial, seja o fato de que ela tenha sido o palco de tantas despedidas.

Trabalho de maquigem, figurino e efeitos de primeira linha

Como dissemos acima, Jim Henson e sua empresa, a Jim Henson Productions, estiveram diretamente envolvidos na produção de Convenção das Bruxas. Eles ficaram responsáveis por toda a parte de maquiagem protética do filme, pelos efeitos envolvendo animatrônicos e também pela parte de manipulação de marionetes, essa última, uma especialidade de Henson. Não à toa, esses aspectos estão entre os mais elogiados da produção.

Para se transformar na Grande Rainha das Bruxas, Anjelica Huston utilizava uma maquiagem e próteses complexas que envolviam uma máscara facial completa, uma corcunda, garras mecanizadas e uma clavícula. Todo o processo de aplicação da maquiagem e das próteses levava cerca de seis horas para ser completada e mais seis horas para ser removida depois das filmagens e era um processo extremamente cansativo para a atriz.

Felizmente, a única vez em que essa maquiagem é totalmente utilizada é na famosa cena do salão de conferências, quando a personagem de Huston revela sua “verdadeira forma” e mostra o rosto e o corpo real da Grande Rainha das Bruxas que durante todo o resto do filme fica, quase sempre, escondido por trás de um disfarce que permite que ela finja que é apenas uma pessoa normal. Como esse “disfarce” é, na verdade, o próprio rosto e corpo de Huston, ela pôde atuar sem essa maquiagem complexa durante praticamente todo o filme.

Anjelica Huston, um pouco antes de remover seu "disfarce" e mostrar sua aparência real. Distribuição: Warner Bros. Pictures.
Anjelica Huston, um pouco antes de remover seu “disfarce” e mostrar sua aparência real. Distribuição: Warner Bros. Pictures.

Em algumas cenas, ainda fica subentendido que ela está sem a máscara, mas esse efeito foi obtido através de truques de câmera. O que não seria possível nessa famosa cena do salão de conferências. Aliás, essa cena é de suma importância no enrendo do filme. É nela que todas as bruxas, inclusive, a Grande Rainha das Bruxas, tiram seus disfarces e mostram sua verdadeira aparência. É nela também que a Grande Rainha revela seus planos para acabar com as crianças da Inglaterra e do mundo. Nessa mesma cena, Luke também descobre o plano das bruxas já que ele está escondido no local.

Além disso, é igualmente nessa cena, que temos uma demonstração do poder e da maldade da Grande Rainha das Bruxas, que não perdoa nem sequer uma de suas “suditas”. Temos nessa cena também o famoso monólogo da Grande Rainha ao discursar para suas suditas e revelar seus planos. Esse monólogo é, provavelmente, a cena mais famosa do filme e também aquela que fica mais na memória do espectador, principalmente, por ser, para muita gente, a cena mais assustadora do filme.

Por último, nessa cena temos um dos momentos em que o filme mais faz usos de maquiagem, próteses, efeitos práticos e visuais e também de marionetes. Só no final do filme é que vemos algo parecido com o que vemos nessa cena. No resto da obra, somos conduzidos muito mais pela história bem contada do que pelos efeitos em si. No entanto, é preciso notar o quão impressionante são esses efeitos e o quanto eles ajudam a dar realismo não apenas a essa cena, mas a todas as outras em que eles são utilizados. Fazendo que com que, realmente, nos envolvamos com a história que está sendo contada.

Aliás, essa maquiagem era tão complexa que deu muito trabalho para Anjelica Huston. A ponto de a atriz não ter memórias muito boas em relação a cena que comentamos acima. “Eu estava tão desconfortável e cansada de ficar envolta em borracha sob luzes quentes por horas que as falas deixaram de fazer sentido para mim e tudo que eu queria fazer era chorar”, disse ela em sua autobiografia, lançada em 2014. O sacrifício de Huston gerou uma cena memorável que continua a encantar gerações e mais gerações de cinéfilos.

Rowan Atkinson em uma das cenas finais de Convenção das Bruxas. Distribuição: Warner Bros. Pictures.
Rowan Atkinson em uma das cenas finais de Convenção das Bruxas. Distribuição: Warner Bros. Pictures.

Esse trabalho brilhante da equipe de maquiagem do filme não passou despercebido, e Convenção das Bruxas foi indicado ao BAFTA, a premiação mais importante do cinema britânico, na categoria de Melhor Maquiagem e Cabelo, mas acabou perdendo o prêmio para Dick Tracy, outro clássico do cinema dos anos 1990.

Convenção das Bruxas: Um elenco de primeira liderado por Anjelica Huston

Já que estamos falando de Anjelica Huston, é importante notar que seu trabalho de atuação é um dos grandes responsáveis pelo sucesso de Convenção das Bruxas e também um dos aspectos mais elogiados da produção. A atriz está tão impecável como a repugnante Grande Rainha das Bruxas que até mesmo em sua forma humana, quando finge ser uma rica filântropa, ela é simplesmente insuportável. Sempre arrogante, ela odeia não apenas crianças, mas praticamente todos os humanos. Huston é tão genial em sua interpretação, que constroi uma personagem completamente detestável, pela qual somos incapaz de sentir qualquer tipo de simpatia.

O mais interessante é que a personagem, enquanto está “disfarçada” de humana, é também extremamente sensual, uma característica que se contrasta brilhantemente com sua verdadeira aparência que é totalmente asquerosa, grotesca e repugnante. Esse contraste é proposital e pensado pelo diretor do filme, Nicolas Roeg, que queria que a personagem tivesse um apelo sexual. Por isso, o figurino de Huston no filme é sempre composto por vestidos elegantes, esvoaçantes e, claro, sensuais.

Felizmente, para Huston essa parte da interpretação não deve ter sido muito dificil para ela, já que a atriz sempre teve um grande “sex appeal” natural. O mais interessante, é que essa característica da personagem gera algumas cenas bastante cômicas, já que o personagem de Bill Paterson, o ricaço Sr. Jenkins, acaba se encantando pela personagem de Huston e flerta abertamente com ela (que, é claro, o ignora completamente), mesmo na presença de sua esposa, a desgostosa Sra. Jenkins, interpretada pela grande atriz inglesa Brenda Blethyn.

Anjelica Huston em uma das cenas finais de Convenção das Bruxas. Distribuição: Warner Bros. Pictures.
Anjelica Huston em uma das cenas finais de Convenção das Bruxas. Distribuição: Warner Bros. Pictures.

Ironicamente, Sr. e Sra. Jenkins, são pais de Bruno, a primeira criança a ser vítima das bruxas, sendo transformado em rato. Em uma das muitas “licões de moral”, que Roald Dahl tanto amava colocar em seus livros, Bruno só cai na armadilha das bruxas, porque é um glutão, mal educado e que aceita doces de uma pessoa que ele não conhece. Essa caracaterística da obra de Dahl é bastante interessante, já que ele escrevia livros infanto-juvenis e sempre procurava, a seu modo, educar seus jovens leitores.

Mas não podemos falar da parte cômica dessa obra , sem citar a participação de Rowan Atkinson no filme. O ator, que é muito conhecido por ter criado e interpretado Mr. Bean, na série de mesmo nome, está também brilhante em Convenção das Bruxas. Na produção, ele interpreta o Sr. Stringer, dono e gerente do hotel onde Luke e sua avó estão hospedados e também onde está ocorrendo a tal convenção das bruxas. Como esperado, são dele as melhores cenas cômicas, já que Atkinson tem um talento natural para fazer rir, mesmo sem usar uma só palavra.

Seu personagem está sempre tentando agradar a todos os hóspedes ao mesmo tempo em que tenta controlar o local em meio ao caos que se instala lá devido a “guerra” entre as bruxas e Luke e sua avó. Tudo isso, enquanto ainda flerta com uma das camareiras do hotel e tenta matar os ratos que começam a infestar o local. Apesar de não ser parte fundamental no desenvolvimento do enredo principal de Convenção das Bruxas, Atkinson é de fundamental importância para o desenvolvimento dessa histórias paralelas que dão alguma leveza ao filme.

Aliás, é possível dizer que ele é o grande protagonista dessas histórias paralelas. Tanto é assim, que tanto a história da caça aos ratos quanto seu caso escondido com a camareira irão se desenvolver durante boa parte da trama, sendo resolvidos apenas no final do filme. Prova da relevância de Atkinson no filme é que ele tem grande importância no desfecho da trama e aparece com destaque nos momentos finais do filme.

Falando de atuações destacadas, não podemos deixar de citar Mai Zetterling no que, como dissemos antes, seria um de seus últimos papéis no cinema. A respeitada atriz sueca está perfeita no papel da avó, Helga Eveshim, que faz de tudo a seu alcance para ajudar a seu neto e que também luta com todas as forças contra uma velha rival. Aliás, essa dinâmica entre as personagens de Zetterling e Huston é uma das coisas mais interessantes da trama do filme.

O fato de as duas serem “velhas conhecidas”, de já terem se enfrentado antes, quando a personagem de Zetterling era ainda muito jovem. O que, aliás, custa-lhe um dedo e cria uma rixa com a Grande Rainha das Bruxas que ainda hoje, muitos anos depois, ainda quer vingança. Essa rivalidade acaba por se entrelaçar com a história contada por Helga a seu neto ainda na primeira cena do filme. Além disso, essa rixa também dá outra dimensão a maldade e também a idade da Grande Rainha das Bruxas.

Anjelica Huston, removendo seu "disfarce" e mostrar sua aparência real. Distribuição: Warner Bros. Pictures.
Anjelica Huston, removendo seu “disfarce” e mostrar sua aparência real. Distribuição: Warner Bros. Pictures.

Quantos anos ela teria? A quanto tempo está no mundo aterrorizando criancinhas? Qual é a sua verdadeira natureza? Isso porque, podemos deduzir que ela já está por aí quando a personagem de Zetterling, que no filme já é uma senhora idosa, era apenas uma adolescente na Noruega. O que pode nos levar a crer que ela é uma criatura antiga. Claro que esse aspecto da história nunca é desenvolvido no filme e, portanto, isso tudo não passa de especulação e interpretação, nada mais. No fim, é possível dizer sem medo de errar que Zetterling consegue achar o equilibrio perfeito entre a fragilidade e a força que sua personagem requere.

Por último, devemos citar o jovem ator americano Jasen Fisher que interpreta Luke. Fisher tinha apenas nove anos de idade quando interpretou o personagem, sendo que esse foi o segundo filme e o primeiro papel de destaque de sua carreira. Aliás, é possível dizer que essa foi a única vez em que Fisher foi protagonista de um filme. Isso porque, o ator só faria mais um filme e deixaria a carreira de ator para sempre.

Contudo, tanto em seu primeiro filme, a comédia O Tiro Que Não Saiu pela Culatra (1989), quanto em seu último filme, o clássico Hook – A Volta do Capitão Gancho (1991), Fisher não chega nem perto de ter o mesmo destaque que tem em Convenção das Bruxas, onde seu personagem é o grande catalisador que faz a trama se mover para frente. Interessantemente, Fisher só aparece realmente na primeira metade e na cena final do filme.

Isso porque, assim que seu personagem é transformado em um rato, seu trabalho de atuação é através apenas de voz. Ou seja, um desafio enorme para um jovem ator em seu primeiro grande papel no cinema. Além disso, não podemos ignorar o desafio que é para um ator estreante atuar ao lado de gente consagrada, como Mai Zetterling e Rowan Atkinson. Aliás, é com Zetterling a maioria das suas cenas, já que eles interpretam avó e neto.

Apesar de toda essa “pressão”, Fisher dá conta do recado. Sua química com Zetterling é incrível e faz com que acreditemos facilmente que eles são realmente avó e neto. Não a toa, Fisher foi indicado ao Saturn Awards de Melhor Ator Jovem por esse papel. Pena que ele resolveu desistir da carreira. Contudo, sabemos que isso é algo que acontece com frequência com atores mirins, inclusive, com alguns com carreiras destacadas durante a infância.

Convenção das Bruxas: Roteiro e direção não deixam a desejar

Outros dois aspectos destacados de Convenção das Bruxas são seu roteiro e sua direção. Primeiro o roteiro de Allan Scott, consegue construir uma trama muito bem amarrada que não deixa pontas soltas e nem nada a desejar. A história contêm fantasia, mesclado a doses de humor e terror muito bem misturadas. O que faz com que o filme seja, por vezes, assustador e engraçado ao mesmo tempo. Isso faz com que a história corra bem e sem dificuldades.

Tudo isso faz com que Convenção das Bruxas seja um filme fácil e agradável de se assistir ao mesmo tempo em que sua história é ambiciosa e muito criativa. O tempo passa rápido quando se está assistindo ao filme e quando o espectador percebe, ele já está no final. Tudo isso, sem abrir mão da qualidade da história, o que é realmente algo a se elogiar. É claro que não se espera menos de um roteirista do calibre de Allan Scott.

Nicolas Roeg, diretor de Convenção das Bruxas. Créditos: MUBI.
Nicolas Roeg, diretor de Convenção das Bruxas. Créditos: MUBI.

Entre os seus trabalhos mais famosos estão o roteiro do igualmente clássico Inverno de Sangue em Veneza (1973), também dirigido por Nicolas Roeg, e a co-criação da missérie O Gambito da Rainha, que fez bastante sucesso na Netflix há alguns poucos anos atrás. Isso sem falar em ínúmeros outros roteiros escritos por Scott. Portanto, estamos falando de um profissional experiente e que sabe o que faz.

A direção de Convenção das Bruxas também não fica atrás. O experiente diretor Nicolas Roeg sabe conduzir bem os atores e consegue fazer as escolhas exatas para levar o expectador para onde ele quer. Roeg consegue tirar o máximo de atores veteranos, como Mai Zetterling e Anjelica Huston e também de novatos, como Jasen Fisher e Charlie Potter. Não à toa, esse é um dos principais filmes de sua premiada filmografia, que inclui obras como, o já citado, Inverno de Sangue em Veneza (1973), A Longa Caminhada (1971), O Homem Que Caiu na Terra (1976) e Bad Timing: Contratempo (1980)

Sucesso com a crítica e com o público, mas não com Roald Dahl

Como dissemos acima, Convenção das Bruxas foi um sucesso moderado de bilheteria na época de seu lançamento, sendo produzido a um custo estimado de 11 milhões de dólares e arrecadando cerca de 15 milhões de dólares em bilheterias. Contudo, o filme foi um sucesso absoluto de crítica. Mesmo na época de seu lançamento, a produção recebeu elogios rasgados dos críticos e indicações em premiações importantes. Entre os críticos que mais gostaram da obra, estava Roger Ebert, um dos mais famosos críticos norte-americanos, que deu três de quatro estrelas para o filme e disse que a produção era “um filme intrigante, ambicioso e inventivo, e quase vale a pena assistir apenas pelo óbvio prazer de Anjelica Huston em interpretar uma vilã completamente descomprometida.”

Atualmente, Convenção das Bruxas mantêm uma taxa de aprovação de 93% no Rotten Tomatoes, principal agregador de críticas especializadas da internet. O filme também recebeu indicações a premiações importantes. Como já dissemos acima, ele foi indicado ao BAFTA de Melhor Maquiagem e Cabelo. Além disso, Anjelica Huston, foi escolhida Melhor Atriz do ano pelas Associações de Críticos de Cinema de Boston e de Los Angeles e pela Sociedade Nacional de Críticos de Cinema dos Estados Unidos por seus papéis em Convenção das Bruxas e Os Imorais (1990).

Roald Dahl em sua mesa de escrever. Créditos: The Roald Dahl Museum and Story Centre.
Roald Dahl em sua mesa de escrever. Créditos: The Roald Dahl Museum and Story Centre.

No Saturn Awards, que premia produções cinematográficas e televisivas dos gêneros de fantasia, terror e ficção científica, o filme “deitou e rolou”, sendo indicado em cinco categorias diferentes. A obra também recebeu indicações ao Hugo Award e ao Fantasporto. O mais interessante é que apesar de tudo isso, Convenção das Bruxas não agradou a Roald Dahl, que discordou fortemente do final no filme.

Isso porque, no livro, o personagem de Luke nunca volta a ser humano e continua sendo um rato para todo o sempre (como aliás, de alguma forma, tentou se fazer na adaptação do livro para cinema, lançado em 2020). Contudo, na época, Jim Henson e Nicolas Roeg resolveram criar um final um pouco mais feliz para a história, em que Luke volta a ser humano. A decisão irritou bastante Dahl. Como uma forma de agradar ao escritor, dois finais foram filmados, o final original do livro e um “final feliz”. Dahl, preferiu o final original e teria, inclusive, se emocionado ao ver a primeira versão do filme com esse final.

Contudo, apesar disso, Henson e Roeg decidiram que o público gostaria mais do final feliz e escolheram ele para a versão do filme que seria lançada comercialmente nos cinemas. A decisão enfureceu Dahl, que exigiu a retirada de seu nome dos créditos e ameaçou fazer uma campanha publicitária contra o filme. Jim Henson, no entanto, convenceu ele a não fazer isso. Contudo, Dahl ainda manifestou publicamente sua insatisfação com a obra, dizendo que a achou “totalmente terrível” e que a única coisa boa do filme era a atuação de Anjelica Huston.

A insatisfação de Roald Dahl com uma adaptação de sua obra, no entanto, não foi algo inédito na carreira do famoso escritor. Em 1971, Dahl também odiou a adaptação de A Fantástica Fábrica de Chocolate, apesar de ele próprio ter participado da construção do roteiro do filme. No entanto, outros roteiristas se envolveram na produção e o enredo do filme se desviou bastante da história apresentada no livro, o que teria enfurecido o escritor que era muito protetivo em relação a sua obra e, inclusive, pedia que as editoras não modificassem “uma vírgula sequer” de seus livros.

O mais interessante é que, assim como Convenção das Bruxas, A Fantástica Fábrica de Chocolate também foi um grande sucesso de crítica e depois se tornou um clássico que permanece na mente dos espectadores até os dias atuais. Assim, as mudanças, apesar de não terem agradado a Dahl, tiveram o efeito desejado pelos roteiristas e diretores à frente das adaptações desses seus dois livros.

Conclusão

E aí, gostou do nosso texto? Se sim, não se esqueça de deixar um comentário, pois isso é muito importante para nós. Nesse texto tentamos analisar, da forma mais completa possível, esse clássico do cinema mundial. Se você leu até aqui, é bem provável que agora você saiba muito mais de Convenção das Bruxas do que você sabia antes de ler o nosso texto.

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